Vasco da Ponte
Esta página ou se(c)ção precisa de correção ortográfico-gramatical. |
Vasco da Ponte, nascido em 1470 e falecido em 1535, foi um historiador e genealogista galego, autor de Relación dalgunhas casas e liñaxes do Reino de Galiza, obra que constitui uma das fontes historiográficas básicas para a história medieval da Península Ibérica.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Os dados biográficos existentes sobre o autor são escassos, sendo mesmo a grafia de seu nome objeto de controvérsia. A forma mais utilizada foi Vasco de Aponte, seguida por Vasco da Ponte e, numa só vez, aparece citado como Vascus Aegidius de Aponte pelo erudito do século XVIII, Nicolás Antonio.[1]
Supõe-se que o autor era natural e residente da Corunha, pois lá se encontram documentos de personalidades que levavam por esta época o mesmo sobrenome, entre eles seus homônimos, pai e filho, dos que o primeiro era, a começos do século XVI, regedor da cidade herculana. Sabe-se com segurança que Vasco da Ponte estava à serviço de Fernando de Andrade, conde de Vilalba e de Andrade, da poderosa Casa de Andrade, já que ele mesmo o afirma: "don Fernando de Andrade, mi señor".[2] Os dados permitem estabelecer que viveu entre 1470 e 1535, data que se deduz das escassas datações que o autor inclui no texto, das que se induz que arredor dessa época estava a redigir o livro.[3] Contudo algum autor o dá como natural da vila de Pontedeume, ainda que não é evidente, por mais que o mesmo nome o vem ser da localidade[4] ou pelo menos no que respeita às origens familiares.
Desde que Benito Vicetto resgatou a sua obra em 1872, acredita-se que o lugar de nascimento de Vasco da Ponte foi Pontedeume. Porém, o antropólogo e investigador Carlos Alberto Lareo defende que os Vasco da Ponte foram uma linhagem familiar rica procedente do lugar da Ponte, na paróquia de Oseiro (Arteixo). O documento que o demostra encontra-se no Arquivo de Simancas, e foi titulado como Heredades de Vasco da Ponte[5]. Está datado de 28 de junho de 1483 em Santo Domingo de la Calzada e menciona claramente as possessões familiares ou "herdades" que este personagem baixo-medievo tinha nas paróquias de San Tirso de Oseiro e Santiago de Arteixo (ambas paróquias pertencentes ao concelho de Arteixo). Em concreto, o documento encontrado fala de uma herdade que está no lugar de Ponte (pertencente á paróquia de Oseiro), sendo este nome que lhe dará o apelido distintivo ao autor. Diz assim o documento:
A Relação
[editar | editar código-fonte]Manuscritos e edições
[editar | editar código-fonte]A obra de Vasco da Ponte conservou-se em diversos manuscritos, custodiados na atualidade em arquivos diferentes: Biblioteca de Ajuda de Lisboa, Biblioteca Nacional de Madrid, Fundación Barrié de la Maza, Arquivo Histórico Municipal da Coruña, Archivo Histórico Nacional em Simancas e Madrid etc. A primeira edição moderna foi realizada por Benito Vicetto na sua obra Historia de Galicia em 1872[6]. Em 1986 fizeram uma edição crítica, que confrontava as diversas variantes manuscritas e edições impressas. Em 2008, Clodio González fez uma nova edição em galego.
Idioma
[editar | editar código-fonte]Da Ponte escreveu sua obra em castelhano, bem, isso misturado com inúmeros galeguismos, que pode qualificar-se de interferências linguísticas, porque ela não cabe dúvida de que a sua língua materna era o galego. Não há, no entanto, provas documentais de que houve uma primitiva escrita em língua galega, que foram, então, transferidos para o espanhol, como às vezes se é suspeita.[3] Alguns autores, tais como Lareo, suspeitam que ele foi escrito em galego, sendo esse o real motivo do desaparecimento do manuscrito de que somente se mantem as cópias citadas que foram traduzidos ao copiar-los.
Título
[editar | editar código-fonte]Os títulos dos manuscritos são diferentes, sendo os mais utilizados Relación de las casas antiguas de Galicia e o Recuento de las casas antiguas de Galicia, mas nas edições impressas dominam esmagadoramente o primeiro. Porém em algum caso utilizaram-se outros, tal Linajes de Galicia, como no manuscrito custodiado na biblioteca da Real Academia de la Historia, em Madrid.
A obra
[editar | editar código-fonte]A análise da obra Relación mostra que Vasco da Ponte tentou estabelecer uma história genealógica das diversas casas nobres da Galiza, porém é uma obra inacabada e na que se presta uma maior atenção a certas linhagens, das que talvez tinha notícias mais completas. Faltando-lhe noticias das linhagens das províncias de Lugo e Ourense. Pois as datações são muito escassas, o que dificulta, em ocasiões, a compreensão correta dos acontecimentos.
Estruturou a sua obra por linhagens, e para cada uma delas expõe um esquema semelhante, que atende à ascendência e possessões da família, façanhas dos seus membros mais notórios e avaliação deles[3].
Metodologicamente, Vasco da Ponte utilizou quase que exclusivamente a fonte oral, e só em poucas ocasiões, parece que assina algum documento de apoio das suas afirmações, mais sempre de um modo genérico e carente de precisõe maiores, fenômeno que, por outro lado, era corrente entre outros genealogistas e cronistas da época.
Ainda que o autor participa da mentalidade medieval no relato dos eventos históricos, que responderiam a um designo divino, preludia o passo à mentalidade humanista que se está a difundir pela Europa da época, ao introduzir o indivíduo, o ser humano, como dono dos seus atos e motor da história que ele constrói.[7]
Obra
[editar | editar código-fonte]É citado só as edições mais importantes de Relación:
- Vasco de Aponte, Relación de algunas casas y linajes del Reino de Galicia. Ferrol, s.n., 1872, corresponde ao tomo VI da Historia de Galicia de Benito Vicetto, que leva por título "Apéndice General de la Historia de Galicia", e ocupa as páginas. 404-455. Esta obra foi reimpressa em 1979, e a partir dela efetuaram-se outras edições nos séculos XIX e XX, apesar de que continha erros.
- Vasco de Aponte, Recuento de las Casas Antiguas del Reino de Galicia. Santiago de Compostela. Junta da Galiza, Consellería de Presidencia. 1986. É uma edição crítica seguindo os parâmetros científicos, com introdução, notas e variantes, a cargo de Díaz y Díaz, Manuel; García Oro, José; Vilariño Pintos, Daría; Pardo Gómez, Mª Virtudes; García Piñeiro, Araceli e Oro Trigo, Mª Pilar - ISBN 84-505-3389-9
- Vasco da Ponte, Relación dalgunhas casas e liñaxes do Reino de Galiza. Noia. Editorial Toxosoutos. 2008. Edição de Clodio González Pérez. ISBN 978-84-96673-03-8
Referências
- ↑ Cfr. a Introdución á edición do Recuento, por Díaz y Días, García Oro, Vilariño Pintos, Pardo Gómez, García Piñeiro e Oro Trigo, Santiago de Compostela. 1986, páx. 51.
- ↑ cfr.
- ↑ a b c Cfr.
- ↑ Couceiro Freijomil, Historia de Puentedeume. 1981, p. 438; Armas Castro, José, s.v.
- ↑ "El origen de Vasco da Ponte", no blog Master Patrimonio UDC.
- ↑ Couceiro Freijomil, Historia de Pontedeume. 1981, páx. 438
- ↑ Cfr., Alfonso Mato Domínguez, s.v.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Couceiro Freijomil, A.: Historia de Puentedeume y su comarca. S.n., Pontedeume. 1981, reimpressão dum livro de 1927; ver em especial páginas. 438-439, ainda que cita ao autor em diversas páginas.
- Álvarez Blázquez, X. M.: Nota dos Editores, introdução à Pedro Madruga. Vigo. Edicións Castrelos. 1969, páginas. 7-10.
- Armas Castro, J.: "Vasco da Ponte", s.v., in Gran Enciclopedia Galega Silverio Cañada. Santiago / Gijón. Silverio Cañada Editor. D.L. 1974, t. XXIX, páxs. 245-246.
- Díaz y Díaz, M., García Oro, J., Vilariño Pintos, D., Pardo Gómez, M. V., García Piñeiro, A. e Oro Trigo, M. P.: "Introducción" à Recuento de las Casas Antiguas del Reino de Galicia. Santiago de Compostela. Junta da Galiza, Consellería de Presidencia. 1986, páginas. 11-98.
- Lareo Porral, C. A.: El origen de Vasco da Ponte. http://masterpatrimonio2013-udc.blogspot.com.es/2014/10/el-origen-de-vasco-da-ponte-master.html