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Dias Duarte

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Dias Duarte
Nascimento 30 de agosto de 1949 (75 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Orientador(es)(as) Gilberto Cardoso Alves Velho
Instituições Museu Nacional
Campo(s) antropologia
Tese Da Vida Nervosa, pessoa e modernidade entre as classes trabalhadoras urbanas (1985)

Luiz Fernando Dias Duarte (Rio de Janeiro, 30 de agosto de 1949)[1] é um antropólogo brasileiro, que trabalha nas áreas de antropologia da pessoa, da saúde, da família, da sexualidade e da religião.

Graduado em direito (1972) pela Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Antropologia Social (1978) e doutor em ciências humanas (1985) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Museu Nacional da UFRJ). Fez pós-doutorado no Groupe de Sociologie Politique et Morale, da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris (1991). Atua como pesquisador nas áreas de antropologia da pessoa, da saúde, da família, da sexualidade e da religião.[1]

Entre outros cargos acadêmicos, foi diretor do Museu Nacional da UFRJ [2][3] (1998-2001). Nessa condição, coordenou a elaboração do projeto da sua Nova Exposição, ainda em curso.[4] Foi professor visitante na Universidade de Brasília, Universidade Paris X - Nanterre, Universidade de Buenos Aires, Universidade de Liège e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foi membro do conselho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MINC), entre 1998 e 2004, tendo sido relator do primeiro processo de registro de patrimônio imaterial.

É pai de João de Azevedo e Dias Duarte, Professor de História Moderna na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Realizações

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A visão de mundo das classes trabalhadoras brasileiras é o principal tema de pesquisa do antropólogo, a partir do trabalho de campo realizado na década de 1970 com pescadores do bairro de Jurujuba, em Niterói. Na década seguinte ele publica Da Vida Nervosa nas Classes Trabalhadoras Urbanas, como resultado de sua tese de doutorado.[5] A obra, considerada de referência e presente na bibliografia de diversos trabalhos sobre o assunto,[6][7] retrata como a noção de "nervos" e "nervoso" é importante para as camadas populares brasileiras, servindo de mediação entre o modelo individualista dos saberes psi e as antigas concepções físico-morais sobre pessoa, corpo e doença.[7][8]

Sua pesquisa sobre a psicologização no Brasil resultou na elaboração e disponibilização do Psico-Rio, base de dados sobre a história e a institucionalização do campo psi (psiquiatria, psicologia e psicanálise) no Brasil.[9] Tem trabalhado com pesquisas relacionadas à família, sexualidade e religião[10][11][12][13] e aos horizontes de construção da pessoa e da natureza modernas.[14][15][16][17][18][19] Mais recentemente, dedica-se à história do pensamento antropológico, a propósito das influências do romantismo e do vitalismo em sua constituição[20].

  • As Redes do Suor. A reprodução social dos trabalhadores da pesca em Jurujuba. Rio de Janeiro: Editora da UFF, 1999 ISBN 85-228-0274-2
  • Da Vida Nervosa (nas classes trabalhadoras urbanas). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/CNPq, 1986 (2ª edição, 1988). 290 p. Disponível para visualização no Google Livros. ISBN 978-8571100589
  • Três Famílias. Identidades e Trajetórias Transgeracionais nas Classes Populares (Luiz F. D. Duarte e Edlaine Campos Gomes). Rio de Janeiro: FGV, 2008. Disponível para visualização no Google Livros. ISBN 978-8522506989

Coletâneas organizadas

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  • Doença, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. (Luiz F. D. Duarte e Ondina Fachel Leal – orgs.), Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1998, 210 p.
  • Psicologização no Brasil. Atores e Autores. (Luiz F. D. Duarte, Jane Russo e Ana T. Venancio - orgs.) Rio de Janeiro: Editora Contracapa, 2005
  • Sexualidade, Família e Ethos Religioso (Maria L. Heilborn, Luiz F. D. Duarte, Myriam Lins de Barros e Clarice Peixoto – orgs.). Rio de Janeiro: Garamond, 2005
  • Família e Religião (Luiz F. D. Duarte, Maria L. Heilborn, Myriam Lins de Barros e Clarice Peixoto – orgs.). Rio de Janeiro: Contracapa, 2006
  • Valores Religiosos e Legislação no Brasil. A tramitação de projetos de lei sobre temas morais controversos (Luiz F. D. Duarte, Edlaine Campos Gomes, Rachel A. Menezes e Marcelo Natividade – orgs). Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2008 - ISBN 978-85-7617-163-8
  • Gerações, família, sexualidade (Gilberto Velho e Luiz F. D. Duarte – orgs.) 2009. Rio de Janeiro: Editora Sete Letras. ISBN 978-85-7577-640-7
  • Juventude Contemporânea. Culturas, gostos e carreiras. (Gilberto Velho e Luiz F. D. Duarte – orgs.). Rio de Janeiro: 7 Letras. 2010. ISBN 978-85-7577-672-8
  • Horizontes das ciências sociais no Brasil: antropologia. ( Luiz F. D. Duarte e Carlos Benedito Martins – orgs). São Paulo: ANPOCS, 2010. ISBN 978-85-98233-53-6
  • Culturas, gostos e carreiras na juventude contemporânea (Luiz F. D. Duarte e Gilberto Velho – orgs.). Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010. ISBN 978-8575776728
  • Antropologia e ética: desafios para a regulamentação (Luiz F. D. Duarte e Cynthia Sarti – orgs.). Brasília: ABA Publicações, 2013
  • O corpo moral: fisicalidade, sexualidade e gênero no Brasil (Luiz F. D. Duarte e Carlos Guilherme do Valle – orgs.) São Paulo: Annablume Editora, 2018. ISBN 978-8539108923

Referências

  1. a b c «Perfil de Dias Duarte». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 13 de setembro de 2018. Arquivado do original em 19 de maio de 2003 
  2. «Novas tecnologias sob o olhar da antropologia». Revista ComCiência. Consultado em 13 de setembro de 2018. Arquivado do original em 20 de novembro de 2008 
  3. «Conheça melhor o antigo Egito». Ciência Hoje. Consultado em 13 de setembro de 2018. Arquivado do original em 6 de setembro de 2008 
  4. Projeto da Nova Exposição
  5. PPGAS Relação de Teses de Doutorado
  6. Núcleo de Antropologia Urbana da USP
  7. a b «Medicina Popular e Medicina Científica». Revista Espaço Acadêmico On-line. ISSN 1519-6186. Consultado em 13 de setembro de 2018. Arquivado do original em 15 de setembro de 2008 
  8. Pessoa, Maria Lídia Medeiros de Noronha; Araujo, Mônica da Silva; Chaves, Lilian Leite; Santos, Potyguara Alencar dos (2018). «Antropologia, Psicanálise e reflexões sobre o campo antropológico na contemporaneidade: Entrevista com Luiz Fernando Dias Duarte». Revista EntreRios do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (2): 64–69. ISSN 2595-3753. doi:10.26694/rer.v1i2.9288. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  9. «Psico-Rio». Consultado em 20 de outubro de 2008. Arquivado do original em 9 de maio de 2008 
  10. Construção social da pessoa: família, reprodução e ethos religioso no Brasil Site do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos
  11. Sensibilidades religiosas contemporâneas comparadas[ligação inativa] Protestantismo em Revista ISSN 1678-6408
  12. The home sanctuary - Personhood, family and religiosity Religião & Sociedade ISSN 0100-8587
  13. Religião e psicanálise no Brasil contemporâneo: novas e velhas Weltanschauungen Revista de AntropologiaISSN 0034-7701
  14. Núcleo de Pesquisa sobre Sujeito, Interação e Mudança Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/MN-UFRJ
  15. Distanciamento, reflexividade e interiorização da pessoa no ocidente Mana ISSN 0104-9313
  16. A psicanálise como linguagem social: o caso argentino Mana ISSN 0104-9313
  17. A pulsão romântica e as ciências humanas no Ocidente Revista Brasileira de Ciências Sociais ISSN 0102-6909
  18. Pungente retrato do universalismo apunhalado Horizontes Antropológicos ISSN 0104-7183
  19. Indivíduo e pessoa na experiência da saúde e da doença Ciência & Saúde Coletiva ISSN 1413-8123
  20. Duarte, Luiz FD (junho de 2021). «The vitality of vitalism in contemporary anthropology: Longing for an ever green tree of life». Anthropological Theory (em inglês) (2): 131–153. ISSN 1463-4996. doi:10.1177/1463499620923546. Consultado em 13 de julho de 2023 
  21. «Concurso ANPOCS de Obras Científicas, Teses e Dissertações Universitárias». ANPOCS. 2009. Consultado em 2 de janeiro de 2022 
  22. «Prêmio ANPOCS de Excelência Acadêmica». ANPOCS. Consultado em 24 de dezembro de 2021 
  23. «Medalha Roquette Pinto | ABA». Consultado em 2 de janeiro de 2022 

Precedido por
Janira Martins Costa
Diretor(a) do Museu Nacional
1998 — 2002
Sucedido por
Sérgio Alex Kugland de Azevedo