Chacina do Guarujá
A Chacina do Guarujá ocorreu em 31 de julho de 2023, durante a Operação Escudo,[1] que deixou ao menos 28 mortos.[2][3][4][5] Essa operação ocorreu após a morte de um policial da ROTA, ocorrida no dia 27 de julho.[6] A Coalização Negra por Direitos mobilizou manifestações.[2]
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu a atuação dos policiais, afirmando que "não houve excesso" por parte dos agentes.[7] Entretanto, houve relatos de tortura por parte de testemunhas.[1]
Em 2 de agosto, o secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que denúncias de tortura e execuções durante ação da Polícia Militar no Guarujá, no litoral paulista, não passam de narrativas. Em discussão durante a CPI do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, na Câmara dos Deputados, em Brasília, ele disse que todos os exames do Instituto Médico Legal, as necrópsias não apontam nenhum sinal de violência, muito menos de tortura.[4]
Contexto
[editar | editar código-fonte]2023
[editar | editar código-fonte]Em 27 de julho de 2023, na Vila Zilda, no Guarujá, os policiais da ROTA Patrick Bastos Reis, que morreu, e Cabo Marin foram baleados enquanto faziam um patrulhamento. Nesse contexto, foi deflagrada a Operação Escudo, supostamente a fim de encontrar os autores do crime.[8]
A Operação Escudo tem duração previste de um mês e envolve toda a força de operações especiais do estado, incluindo cerca de 3 mil agentes da Polícia Militar. No dia 29 de julho, o ambulante Felipe Vieira Nunes, que não tinha registro de antecedentes criminais, foi morto pela Polícia. Testemunhas relatam que houve tortura e o corpo do ambulante tinha queimaduras de cigarro e marcas de tortura.[9]
Em 5 de setembro, o governo estadual de Tarcísio de Freitas anunciou o fim da Operação Escudo. Nos 40 dias de ação, segundo o balanço divulgado pelo secretário Guilherme Derrite, 958 pessoas foram presas e 28 indivíduos morreram em supostos confrontos com policiais.[5][10]
Em 12 de setembro, a Polícia Militar anunciou que uma nova fase da mesma operação inicia no litoral após a morte de um sargento aposentado assassinado pelos bandidos em duas motos em São Vicente, no dia 8 do mesmo mês.[11]
2024
[editar | editar código-fonte]Em 26 de fevereiro de 2024, as entidades de defesa dos direitos humanos e institutos ligados à segurança pública entregaram na noite ao procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, um relatório de denúncias de abusos e violência policial durante a Operação Escudo na Baixada Santista. O relatório entregue ao procurador-geral de Justiça de São Paulo apresenta, a partir de relatos de familiares e testemunhas, 'assassinatos, tortura, socorro dificultado, mudança de cena do crime', de 7 a 9 de setembro de 2023 nas cidades de Santos e São Vicente.[12]
Em 16 de abril, o porta-voz da Polícia Militar do Estado de São Paulo confirmou que o governo estadual retomou a Operação Escudo no litoral do estado após o soldado Luca Romano Angerami, de 21 anos, desaparecer na madrugada do dia 14 do mesmo mês na Baixada Santista.[13]
Em 17 de abril, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negou a retomada daquela operação um dia após a confirmação do porta-voz da Polícia Militar.[14]
Em 24 de abril, a Justiça de São Paulo tornou réus 2 policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, por matar um homem e simular que ele estava armado durante a Operação Escudo, em julho de 2023, na Baixada Santista. Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), na noite de 29 de julho de 2023, os policiais militares Rafael Perestrelo Trogillo e Rubem Pinto Santos mataram Jefferson Junio Ramos Diogo, de 34 anos, em uma favela localizada na Rua Quatro, número 1, em Guarujá.[15]
Em 23 de julho, dois policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) se tornaram réus por morte de um homem de 40 anos durante a Operação Escudo, que ocorreu em 28 de julho de 2023, na Rua Albino Masques Nabeto, no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, no litoral de São Paulo.[16]
Em setembro, o sargento Eduardo de Freitas Araújo e o soldado Augusto Vinícius Santos de Oliveira, da Rota, foram os primeiros réus da operação a receber uma sentença de pronúncia, quando a Justiça considera que há o mínimo de provas para encaminhar o caso a um tribunal de júri.[17] Os policiais militares são acusados de matar Rogério de Andrade Jesus, uma das vítimas da chacina, durante a ação realizada na Baixada Santista.[18]
Em setembro, um estudo produzido pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), do Rio de Janeiro, disse que 90 por cento dos casos em que houve remoção do cadáver na primeira fase da Operação Escudo, da Polícia Militar, na Baixada Santista, em julho e setembro de 2023, ocorreram sem necessidade, já que as vítimas chegaram mortas aos hospitais e não receberam atendimento médico.[19]
Referências
- ↑ a b «Operação da Polícia Militar em Guarujá deixa ao menos 10 mortos, diz Ouvidoria». CartaCapital. 30 de julho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ a b «Movimento negro de São Paulo convoca manifestação contra mortes no Guarujá». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Mortos em operação na Baixada Santista chegam a 13, diz governo de SP». UOL. 1 de agosto de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ a b «'Necrópsias não apontam sinal de violência', diz Derrite sobre denúncias de tortura e execuções em operação da PM no Guarujá». G1. 2 de agosto de 2023. Consultado em 3 de agosto de 2023
- ↑ a b «Após 28 mortos e pedidos de entidades de direitos humanos, governo de SP anuncia fim da Operação Escudo». G1. 5 de setembro de 2023. Consultado em 5 de setembro de 2023
- ↑ «Chacina no Guarujá: pistola tem precisão contra alvo a 50 m de distância?». UOL. 1 de agosto de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Tarcísio diz que 'não houve excesso' em operação que deixou mortos no Guarujá». CartaCapital. 31 de julho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Policial da Rota é morto a tiros em Guarujá, no litoral paulista». Folha de S.Paulo. 28 de julho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Operação da PM em Guarujá deixa ao menos 10 mortos, diz Ouvidoria». Folha de S.Paulo. 30 de julho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Polícia diz que jovem baleado e morto apontou arma para a PM; operação policial chega a 28 mortos no litoral de SP». G1. 5 de setembro de 2023. Consultado em 5 de setembro de 2023
- ↑ Lívia Martins (12 de setembro de 2023). «Uma semana depois de anunciar fim, PM diz que nova Operação Escudo está nas ruas após morte de policial em São Vicente». G1. Consultado em 13 de setembro de 2023
- ↑ «Entidades denunciam execuções, invasões ilegais de casas e abusos durante operação da PM na Baixada Santista». G1. 26 de fevereiro de 2024. Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ «Governo de SP retoma Operação Escudo após soldado desaparecer, diz porta-voz da PM». G1. 17 de abril de 2024. Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ «Governador de SP nega retomada da Operação Escudo após soldado desaparecer: 'não faz sentido', diz». G1. 17 de abril de 2024. Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ Arthur Stabile (24 de abril de 2024). «Dois policiais da Rota viram réus na Operação Escudo acusados de matar homem desarmado e plantar pistola na cena do crime». G1. Consultado em 25 de abril de 2024
- ↑ «Capitão e cabo da PM se tornam réus por homicídio na Operação Escudo no litoral de SP». G1. 23 de julho de 2024. Consultado em 23 de julho de 2024
- ↑ «PMs réus por mortes na Operação Escudo são levados a júri popular». Folha de S.Paulo. 10 de setembro de 2024. Consultado em 10 de setembro de 2024
- ↑ «PMs que viraram réus por homicídio na Operação Escudo vão a júri popular». G1. 10 de setembro de 2024. Consultado em 10 de setembro de 2024
- ↑ Cíntia Acayaba, Marco Antônio Martins e Isabela Leite (19 de setembro de 2024). «90% das remoções de corpos na 1ª fase da Operação Escudo ocorreram sem necessidade e vítimas chegaram sem vida ao hospital, diz estudo». G1. Consultado em 19 de setembro de 2024