O Senhor dos Anéis | |
Martins Fontes, 2000 | |
Informações | |
Autor | J.R.R. Tolkien |
Editora | George Allen and Unwin Arquivo:USAFlag.png Houghton Mifflin |
Lançamento | vol.1: 29 de julho 1954 vol.2: 11 de novembro 1954 vol.3: 20 de outubro de 1955 |
Idioma(s) | Inglês Português |
O Senhor dos Anéis (título original em inglês: The Lord of the Rings) é uma saga de livros de alta fantasia escrita pelo britânico J.R.R. Tolkien. A história começa como sequência de um livro anterior de Tolkien, O Hobbit, e logo se desenvolve numa história muito maior. Foi escrito entre 1937 e 1949, apesar de muitos detalhes presentes na obra já terem sido pensados pelo autor anos antes.
Embora Tolkien tenha planejado realizá-lo em volume único, foi originalmente publicado em três volumes, A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei (no original, The Fellowship of the Ring, The Two Towers e The Return of the King, respectivamente), sendo que cada volume compilava dois livros. Os lançamentos na Grã-Bretanha ocorreram entre 1954 e 1955, e o formato de trilogia se consolidou no mercado, mas edições únicas podem ser encontradas tanto no idioma original como em português.
Desde então, O Senhor dos Anéis foi traduzido para mais de 40 línguas e vendeu mais de 160 milhões de cópias no mundo todo, tornando-se um dos trabalhos mais populares da literatura do século XX e grande fonte de inspiração para outros autores.
Sinopse[]
A história se passa na fictícia Terra-média, onde habitam criaturas fantásticas como Elfos, Anãos e Orques. O protagonista é um hobbit chamado Frodo Bolseiro que recebe de seu tio um anel mágico criado por Sauron, o Senhor Sombrio. Encarregado por Gandalf, o Mago Cinzento, de destruir o objeto no único local onde ele pode ser desfeito, Frodo e seus companheiros embarcam numa grande jornada por locais de beleza exuberante e seres benevolentes e lugares macabros tomados pelas criaturas cruéis.
Escrita e criação[]
O Senhor dos Anéis foi iniciado como uma sequência para O Hobbit, história publicada em 1937 e voltada para o público infantil. A popularidade de O Hobbit levou o editor de Tolkien a pedir por mais histórias sobre os pequenos e carismáticos hobbits, de modo que ainda no mesmo ano Tolkien, com 45 anos de idade, começou a escrever a história que se transformaria em O Senhor dos Anéis. Mas a obra não seria finalizada até doze anos mais tarde, em 1949, e não foi publicado antes de 1954, quando Tolkien já tinha 63 anos de idade.
No começo, ele planejou escrever uma outra história em que Bilbo Bolseiro, protagonista de O Hobbit, tinha esgotado todo o seu tesouro e procurava uma outra aventura para ganhar mais; entretanto, recordou-se do Anel e de seus poderes e decidiu escrever preferivelmente sobre ele. Começou com Bilbo como o personagem principal, mas percebeu que a história era séria demais para ter um hobbit divertido e amoroso, e por isso Tolkien procurou usar um membro da família de Bilbo. Pensou num filho de Bilbo, mas isto gerou algumas perguntas difíceis, tais como o local onde encontrou sua esposa e se esta deixaria seu filho entrar em perigo. Assim, procurou um personagem alterno para carregar o Anel. Nas lendas gregas, era o sobrinho do herói que ganhava o artigo de poder, e foi desta forma que Frodo Bolseiro surgiu.
Tolkien originalmente não pretendia escrever uma sequência para O Hobbit, e nesse tempo publicou outras histórias infantis, tais como Roverandom e Mestre Gil de Ham. Porém, atendendo ao pedido, ele primeiro decidiu colocar em ordem seu trabalho principal: a história de Arda, das Silmarils e da guerra travada entre os Elfos e o Senhor Sombrio Morgoth. Só após esboçar boa parte dessas histórias Tolkien se dedicou a O Senhor dos Anéis. E após a publicação de sua mais famosa obra, ele ainda continuou a elaborar as histórias primárias de seu mundo, voltando aos contos antigos sempre que podia e alterando detalhes a todo momento. Em suas cartas, ele mesmo diz que as revisões de erros e negociações de formatos para publicações de O Senhor dos Anéis ao longo dos anos, além de seu próprio emprego na universidade de Oxford e eventuais trabalhos acadêmicos, o tomaram muito do tempo que gostaria de ter usado para trabalhar na Primeira Era de Arda. J.R.R. Tolkien faleceu em 1973, antes de finalizar e unir todo o seu trabalho.
Seu filho e herdeiro literário, Christopher Tolkien, dedicou a vida para organizar o que podia dos escritos do pai. Graças a ele, muitos dos eventos que antecedem O Hobbit e O Senhor dos Anéis foram publicados postumamente em livros como O Silmarillion e Contos Inacabados. Alguns biógrafos de Tolkien consideram O Silmarillion como o verdadeiro "trabalho de seu coração", pois fornece o contexto histórico e linguístico que permeia O Senhor dos Anéis. Em consequência, O Senhor dos Anéis terminou acima dos últimos movimentos do Legendário de Tolkien e em sua própria opinião "muito maior, e eu espero também na proporção do melhor, do ciclo inteiro".
A escrita de O Senhor dos Anéis foi lenta, por causa de outros trabalhos de Tolkien e por seu perfeccionismo. Ele chegou a parar de escrever durante a maior parte de 1943 e voltou somente em abril de 1944. O filho Christopher e o grande amigo de Tolkien, C.S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia, recebiam notícias sobre a história frequentemente. Para o filho, Tolkien enviava uma série de cópias dos capítulos enquanto os escrevia, quando Christopher estava servindo na Força Área do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, na África do Sul. Já Lewis geralmente o visitava em sua casa nos finais de semana, quando discutiam sobre a obra e diversos outros assuntos. Tolkien mostrou uma cópia do manuscrito a seus editores em 1947. A história foi eficazmente terminada no ano seguinte, mas Tolkien não terminou de revisar as últimas partes do trabalho até 1949.
Publicação[]
Uma disputa com seus editores da Allen & Unwin fez com que Tolkien oferecesse o livro à editora HapperCollins em 1950. Tolkien pretendia que O Silmarillion (com a maior parte ainda não revisada até este momento) fosse publicado conjuntamente com O Senhor dos Anéis, mas a Allen & Unwin se recusava a fazer isto, e ainda queriam que O Senhor dos Anéis fosse dividido em três partes (três volumes lançados separadamente) para baratear os custos de impressão, uma vez que, na Inglaterra do pós-guerra, o papel era bem caro. Depois que seu contato na HarperCollins, Milton Waldman, expressou a opinião de que O Senhor dos Anéis "necessitava urgentemente de uma redução", exigiu finalmente que o livro fosse publicado em 1952. Não fizeram isso, e assim Tolkien escreveu a Allen & Unwin novamente, dizendo que consideraria "satisfatória a publicação de qualquer parte do material". Desse modo, "A Sociedade do Anel" foi publicado em 29 de julho de 1954, "As Duas Torres" em 11 de novembro do mesmo ano e o terceiro e último volume, "O Retorno do Rei", foi publicado finalmente em 20 de outubro de 1955, seguido de seis apêndices que explicavam o fundo histórico e linguístico presentes na saga.
Os livros foram publicados sob um arranjo de "partipação nos lucros", por meio do qual Tolkien não receberia um adiantamento ou direitos autorais até que os livros cobrissem os gastos, depois do qual teria uma parte grande dos lucros. Um índice para os três volumes, que viria no fim do último, já fora prometido à época do lançamento do primeiro volume, mas provou-se ser imprático para compilá-lo num período razoável. Em 1966, quatro índices, não compilados por Tolkien, foram adicionados a O Retorno do Rei.
Apesar de tudo, Tolkien nunca deixou a obra de lado, e seguiu boa parte da vida realizando correções de erros das edições tanto britânicas quanto estrangeiras, além de lidar com versões pirateadas nos Estados Unidos. Os leitores também enviavam muitas cartas ao autor com dúvidas e perguntas sobre aquele estranho mundo, e ele se dedicou a responder todas elas. Estas podem ser encontradas em As Cartas de J.R.R. Tolkien (publicado em 1981 na Grã-Bretanha), com republicação em português prometida pela HarperCollins há alguns anos depois de esgotar por volta dos anos 2010 no Brasil. Tolkien publicou, de forma complementar, guias para tradução de nomes e topônimos que apareciam na história após se irritar com traduções errôneas de diversos termos.
A primeira edição em português, publicada no Brasil pela extinta editora Artenova do Rio de Janeiro — com a tradução de Antônio Rocha e Alberto Monjardim —, era constituída por seis volumes (tendo sido cada um dos três livros da série dividido em dois tomos, vendidos separadamente). Eram intitulados Terra Mágica, O Povo do Anel (que formavam A Sociedade do Anel), As Duas Torres, A Volta do Anel (que formavam As Duas Torres), O Cerco de Gondor e O Retorno do Rei (que fechavam a série formando o terceiro e último volume original, O Retorno do Rei). Todos esses seis livros foram lançados no país entre 1974 e 1979. A segunda edição em português foi editada e publicada em Portugal durante os anos 1980, pela editora Europa América, com os três volumes em separado. Uma terceira edição em língua portuguesa foi realizada pela editora brasileira Martins Fontes em 1991 e publicada em 1994. Nessa nova edição, a Martins Fontes corrigiu o "erro" da editora anterior em publicar seis tomos, unindo-os como publicado originalmente na Grã-Bretanha, sob os mesmos títulos, devidamente traduzidos. Atualmente a HarperCollins Brasil é a editora oficial de Tolkien nas terras brasileiras, com edições em três volumes e edições em volume único de O Senhor dos Anéis.
Estrutura da obra e pano de fundo[]
Já foi dito que a obra deveria ser lançada em um único volume, mas foi dividido em três como forma de baratear os custos (havia racionamento de papel na Inglaterra do pós-guerra). Cada volume é dividido em dois tomos ou "livros".
- O primeiro volume, A Sociedade do Anel, publicado em 1954, contém um prólogo, no qual são dadas as características dos Hobbits, e inicia a narrativa introduzindo o mundo e os personagens;
- O segundo volume, As Duas Torres, publicado também em 1954, continua a história original com mais personagens enquanto os sinais de uma guerra se desdobram;
- O terceiro volume, O Retorno do Rei, finaliza a grande saga e, ao final, apresenta diversos apêndices explicativos sobre a história, as línguas, a cronologia da narrativa e outras informações adicionais sobre a mitologia criada por Tolkien para a sua Terra-média.
O pano de fundo da história é revelado enquanto o livro progride, e elaborado também nos apêndices e nos livros póstumos, tais como O Silmarillion e Contos Inacabados, além de obras complementares, a exemplo A Queda de Númenor e A História da Terra-média.
Recepção[]
O Senhor dos Anéis sempre foi um livro bastante controverso. Sob rótulos de "lixo juvenil", mas também alumiado por elogios fervorosos, essa obra ainda sobrevive para que possa receber as mais diversas opiniões.
Começando pelas críticas favoráveis, algumas das mais importantes foram:
- O jornal Sunday Telegraph se manifestou, à época do lançamento do livro, dizendo que ele estava "entre os maiores trabalhos de ficção do século XX". À conclusão parecida, conquanto mais teatral, chegou o Sunday Times, afirmando que "o mundo do Inglês está dividido entre aqueles que leram O Senhor dos Anéis e O Hobbit, e aqueles que ainda vão ler";
- W.H. Auden escreveu ao The New York Times: "A primeira coisa que pedimos é que a aventura seja […] empolgante; sob este aspecto a inventividade do Sr. Tolkien é incansável […] e o leitor exige que pareça real […]. O Sr. Tolkien tem a sorte de possuir um espantoso dom de dar nomes e um olho […] exato para descrições. […] O conto mostra no espelho a única natureza que conhecemos: a nossa própria; também nisto o Sr. Tolkien teve um êxito soberbo. O que ocorreu no Condado […] na Terceira Era […] não somente é fascinante em A.D. 1954, mas é também um alerta e uma inspiração." Sobre a capacidade de inventar nomes, O Senhor dos Anéis conta com 301 nomes de pessoas e animais, e 433 nomes de lugares;
- Donald Barr falou, no The New York Times também, sobre uma coisa que Tolkien muito amava: "O Sr. Tolkien é um afamado filólogo britânico, e a linguagem de sua narrativa nos recorda que um filólogo é um homem que ama a língua";
- E John Gardner escreve sobre o livro, falando sobre "a rica caracterização, o brilho imagético, um senso de lugar vigorosamente imaginado e detalhado, e [a] aventura brilhante".
Mas nem tudo era elogios. Richard Jenkyns escreveu ao The New Republic que os personagens e o próprio trabalho de Tolkien são "anêmicos, e carentes de fibra".
A crítica mais ácida veio talvez de Edmund Wilson, ao The Nation: "Ficamos perplexos ao pensar por que o autor terá suposto que escrevia para adultos. […] Exceto quando é pedante e também aborrece o leitor adulto, há pouca coisa no Senhor dos Anéis acima da inteligência de uma criança de sete anos. […] A prosa e o verso estão no […] nível de amadorismo profissional. […] Os personagens falam uma língua de livro de histórias […] e não se impõe como personalidades. Ao final deste […] romance, eu ainda não tinha uma concepção do mago Gandalph [sic]. […] Esses personagens estão envolvidos em intermináveis aventuras, a pobreza de invenção demonstrada nas quais, é […] quase patética. […] Como é que esses extensos volumes de […] baboseiras provocam tais tributos […]? A resposta […] é que certas pessoas […] têm um apetite vitalício por lixo juvenil".
Ronald Kyrmse, um dos maiores especialistas brasileiros em Tolkien e autor do livro "Explicando Tolkien", além de ser um dos principais tradutores da obra atualmente, rebate a crítica da "língua de livro de histórias" dizendo que: "Não só Tolkien cria nomes e frases como ninguém, mas os idiomas élficos são testemunha da sua habilidade linguística". E sobre a tal "pobreza de imaginação patética", Kyrmse afirma que "Tolkien não fez outra coisa na sua vida literária senão criar uma mitologia. […] O problema de Tolkien é que os críticos não têm com o que compará-lo, pelo menos na literatura contemporânea. Isso gera uma incompreensão que os leva a rejeitá-lo".
Influência[]
O Senhor dos Anéis começou como uma exploração pessoal de Tolkien de seus interesses na Filologia, religião (especificamente Igreja Católica), contos de fadas, assim como mitologias de forma geral, mas também foi influenciado, de forma crucial, pelos fatos que ocorreram em seu serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Tolkien criou um universo fictício completo e altamente detalhado (Eä), onde O Senhor dos Anéis se passa, e muitas partes deste mundo eram, como ele admitia livremente, influenciado por outras origens.
Uma vez Tolkien descreveu O Senhor dos Anéis ao seu amigo, o padre jesuíta Robert Murray, como "um trabalho fundamentalmente religioso e católico, inconscientemente no início, mas ciente disso na revisão [do livro]." Há muitos temas teológicos subjacentes na narrativa, incluindo a luta do bem contra o mal, o triunfo do excesso de vaidade na humanidade e a atividade da Graça Divina. Além disso, o trecho do Pai Nosso "e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal" esteve sempre presente na mente de Tolkien quando descreveu a luta de Frodo contra o poder do Um Anel.
Os motivos religiosos não-cristãos também tiveram fortes influências na Terra-média de Tolkien. Por exemplo, os Ainur, uma raça de seres angelicais que tiveram participação na origem do Mundo, incluíam os Valar, que formam um panteão de "deuses" responsáveis por toda a manutenção do Mundo em seus aspectos materiais e abstratos. O conceito dos Valar ecoa nas mitologias grega e nórdica, embora os próprios Ainur e a concepção original do Mundo tenham sido criados por apenas uma divindade: Ilúvatar ou Eru, "O Único". Tolkien diz em uma carta que queria trazer em suas obras o equivalente aos deuses mitológicos, mas que ao mesmo tempo sentia que devia justificar isso através de um pensamento cristão. Portanto, fez com que os "deuses" fossem originados por um único Deus.
As mitologias do norte europeu são talvez as mais bem conhecidas influências não-cristãs em Tolkien. Seus elfos e anões são parecidos e muito baseados na mitologia nórdica e relacionados à mitologia germânica. Os nomes tais como "Gandalf", "Gimli" e "Terra-média" são derivados diretamente da mitologia nórdica. A figura de Gandalf é particularmente influenciada pela divindade germânica Odin em sua encarnação como "O Viajante", um homem velho com uma longa barba branca, um chapéu de bordas largas e um cajado; Tolkien declarou que pensava em Gandalf como um "Odin errante" em uma carta de 1946. As influências específicas incluem o poema Anglo-Saxão Beowulf. Além disso o próprio nome "Gandalf" possui origem finlandesa, idioma pelo qual Tolkien era muito apaixonado, e sendo "alf" o equivalente a "elf" [elfo] em inglês, então o nome do Mago significa "elfo do cajado", traduzindo do finlândes.
O Senhor dos Anéis foi fortemente influenciado pelas experiências de Tolkien durante a Primeira Guerra Mundial, quando lutou em batalhas como a Batalha do Somme, uma das mais cruéis da história, e perdeu muitos de seus melhores amigos. A partida de seu filho para lutar na Segunda Guerra também pode ter gerado grande impacto na sua escrita simultânea do livro. Apesar disso, no prefácio de A Sociedade do Anel, ele próprio afirma o seguinte: "Quanto a qualquer significado oculto ou 'mensagem' na intenção do autor, estes não existem. O livro não é nem alegórico e nem se refere a fatos contemporâneos. [...] Suas fontes são coisas que já estavam presentes na mente muito antes, ou em alguns casos já escritas, e pouco ou nada foi modificado pela guerra que começou em 1939 ou suas sequelas". O autor ainda fala sobre as comparações feitas entre a realidade e sua obra afirmando que "muitos confundem 'aplicabilidade' com 'alegoria', mas a primeira reside na liberdade do leitor, e a segunda na dominação proposital do autor". Mesmo assim, ele mesmo admite que "um autor não consegue evitar ser afetado por sua própria experiência, mas os modos pelos quais os germes da história usam o solo da experiência são extremamente complexos, e as tentativas de definição do processo são, na melhor das hipóteses, suposições feitas a partir de evidências inadequadas e ambíguas".
Alguns locais e suas características foram inspiradas em locais da infância de Tolkien como Sarehole (então uma vila de Worcestershire, agora parte de Birmingham) e Birmingham. Tolkien sugeriu que o Condado e suas redondezas eram baseados nos campos em torno da faculdade de Stonyhurst em Lancashire, que Tolkien frequentou durante a década de 1940.
Impacto na cultura popular[]
O Senhor dos Anéis promoveu uma grande mudança na cultura popular desde os anos 1950, quando foi publicado, mas principalmente nos anos 1960 e 70. Pode-se encontrar tal influência em exemplos como jogos de tabuleiro baseados no livro e em paródias como Bored of the Rings (no Brasil, O Fedor dos Anéis), o episódio de South Park; O Retorno do Senhor dos Anéis às Duas Torres; e o musical da Revista Mad nomeado O Anel e Eu. Graças ao trabalho de Peter Jackson, muita dessa influência voltou a ser sentida hoje.
Produção editorial[]
Ainda hoje O Senhor dos Anéis influencia muito da produção editorial em todo o mundo. O exemplo mais recente é a série Ciclo da Herança, de Christopher Paolini, onde temos um enredo que se passa em uma terra que em muito lembra aquela descrita por Tolkien. Além de Paolini, há influência de Tolkien em muitas outras obras, como a Trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, e até mesmo, segundo alguns críticos, Harry Potter, de J.K. Rowling. Praticamente todas as histórias de fantasia têm alguma inspiração ou origem em Tolkien, seja com a política sanguinolenta de George R.R. Martin ou com a complexidade mágica de Brandon Sanderson.
Música[]
Muitos músicos e bandas também inspiraram-se não só no Senhor dos Anéis como em outras obras de Tolkien. As letras de músicas de algumas bandas dos anos 1970 é recheada de referências à obra do autor. Led Zeppelin é provavelmente o mais famoso grupo diretamente inspirado em Tolkien, e possui quatro músicas com referências explícitas, como Misty Mountain Hop, Ramble On e The Battle of Evermore. Outras bandas dos anos 1970 inspiradas no autor são Camel, Rush e Styx.
The Beatles podem até não ter sido musicalmente influenciados, mas eles tinham a intenção de fazer um filme baseado em O Senhor dos Anéis. A ideia não saiu do papel, se é que chegou a ele. A banda alemã Improved Sound Limited, em seu segundo álbum, gravou a música "The Dark Lord", referência direta ao Senhor dos Anéis e Tolkien.
Mais tarde, nos anos 80 e 90, bandas de metal encontraram lugar para Tolkien em suas músicas, muitas vezes usando a parte má da obra dele, os personagens e hostes ruins. Summoning fora a pioneira dentre as mais marcantes bandas de Black Metal/Melódico, pois além de ser completamente fiel aos padrões criados pela Mitologia Fantástica de Tolkien, foi uma das bandas mais inovadoras no sentido sonoro e ambiental. Passando o clímax desde as Terras Imortais seguindo à Beleriand, Númenor, e em fim a Terra-média. Mas nem só Summoning fica com o cargo em Black Metal, pois muitas bandas como Gorgoroth, Lugburz, Morgoth, Sammath Naur, também tiveram os seus nomes e algumas músicas usurpadas pelo misticismo. Battlelore também é uma banda bastante influenciada em suas faixas sonoras.
As bandas alemãs Blind Guardian, com o álbum Nightfall in Middle-Earth, e a banda Helloween, com o álbum Master of the Rings, também referenciam Tolkien. Também tem a finlandesa Nightwish, que possui a música Elvenpath e Wishmaster, que fazem alusão a Bilbo, Goblins, Elbereth e a Lórien.
Fora do rock, muitos artistas New Age foram influenciados pelo trabalho tolkieniano. Enya escreveu uma música chamada Lothlórien, e compôs duas músicas para o filme A Sociedade do Anel: May It Be (indicada para a categoria "Melhor Canção Original" no Oscar de 2002), cantada em inglês e em alto-élfico, e Aníron, cantada em élfico-cinzento. Além dela outros muitos artistas encontraram na obra de Tolkien a inspiração para sua música.
Role Playing Games (RPG)[]
Os primeiros jogos de interpretação de personagens (RPG) surgidos entre as décadas de 70 e 80 tiveram grande inspiração no ambiente medieval-fantástico de O Senhor dos Anéis, incorporando os elementos geográficos como suas montanhas fabulosas, florestas densas, grandes fortalezas e redes de túneis sobre a terra e também elementos étnicos, como as diferentes raças civilizadas que ambientam toda a obra, como os Elfos, Hobbits e Anões.
Esses primeiros jogos inspiraram outros mais modernos e foi ao longo do tempo que o RPG ficou diretamente ligado a um cenário de fantasia medieval. Pode-se perceber no D&D (Dungeons & Dragons), um dos mais famosos sistemas de RPG, uma clara semelhança com O Senhor dos Anéis, embora adaptada à própria realidade do jogo. Apesar de toda a difusão do RPG e da variada gama de assuntos abordados por seus jogos, ainda hoje um dos mais populares jogos de RPG do mundo é primariamente ambientado em um cenário que em muitos aspectos lembra a terra criada por Tolkien.
Adaptações do livro[]
O livro já foi adaptado para rádio, cinema e televisão e para os palcos, além de jogos e seriados de streaming.
Direitos de adaptação[]
Os direitos de adaptação das obras de Tolkien pertencem, em geral, ao The Tolkien Estate, um órgão criado exclusivamente para gerir e autorizar qualquer reprodução dos livros. Seu representante é Simon Tolkien, neto de J.R.R. Tolkien, sucedendo Christopher após seu falecimento em 2020. É o The Tolkien Estate que possui os direitos de adaptação de obras como O Silmarillion. No entanto, quando se fala em O Hobbit e O Senhor dos Anéis, estes foram vendidos pelo próprio Tolkien à United Artists por 250 mil dólares, valor bastante adequado para 1969. No ano de 1976, a United Artists vendeu os direitos de adaptação para o produtor americano Saul Zaentz, que fundou a Middle-earth Enterprises (formalmente conhecida como The Tolkien Enterprises), uma subdivisão da The Saul Zaentz Company, para gerenciar tais direitos.
Os famosos filmes de Peter Jackson tiveram autorização concedida pela Middle-earth Enterprises à New Line Cinema, estúdio comandado pela Warner Bros. Discovery. Vale lembrar que essa autorização é parcial, e que a Warner não possui os direitos definitivos de adaptação de O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
Em 2022, a Middle-earth Enterprises foi comprada pelo Embracer Group, um conglomerado sueco que trabalha principalmente com jogos eletrônicos. Existem muitas polêmicas sobre a adaptação das obras de Tolkien para esse meio, visto que eles fazem parte da chamada "zona cinzenta" do contrato inicialmente feito na venda dos direitos. Muitas disputas legais se desenrolam entre Warner, Saul Zaentz Co. e Embracer.
Rádio[]
O livro foi adaptado para o rádio três vezes. Em 1955-56, a BBC passou O Senhor dos Anéis, uma adaptação em doze partes da história, para o rádio, da qual nenhuma gravação sobrou. Em 1979, uma dramatização da história foi transmitida nos Estados Unidos e depois colocada em fita e CD. Em 1981, a BBC transmitiu uma nova dramatização em 26 partes de meia hora.
Cinema[]
As adaptações para a tela incluem uma animação em 1978, quando Ralph Bakshi produziu a primeira versão em desenho animado sobre O Senhor dos Anéis. A produção não foi um sucesso. Seguindo o enredo de A Sociedade do Anel e de As Duas Torres, devia ser dividido em duas partes. O desenho tinha muitos cortes e a qualidade da animação não era muito boa, mas serviu como uma alavanca para uma maior abrangência dos livros. Porém, mesmo, e principalmente, entre os fãs, nunca houve grande aceitação sobre essa animação. A outra parte, O Retorno do Rei, em 1980, foi um especial animado para a TV por Rankin-Bass, que tinha produzido uma versão similar a O Hobbit em 1977.
Em 1999, o diretor Peter Jackson resolveu adaptar O Senhor dos Anéis para o cinema, tarefa considerada impossível por muitos. A trilogia foi filmada simultaneamente, e hoje está entre os maiores recordes de bilheteria, além de ter acumulado dezessete estatuetas do Oscar, a mais famosa premiação da indústria do cinema nos Estados Unidos: 4 para o primeiro, 2 para o segundo e 11 para o terceiro (sendo este, O Retorno do Rei, o filme mais premiado em um único Oscar ao lado de Titanic e Ben-Hur). A empresa que realizou os filmes chama-se WETA Workshop Ltd. O sucesso da trilogia de Peter Jackson foi tão grande que cerca de dez anos depois ele adaptou O Hobbit para o cinema, dividindo a história em três filmes. Essa segunda trilogia não teve o mesmo sucesso de crítica nem de aprovação do público, especialmente entre os fãs da obra original, comparado à primeira, considerada por muitos até hoje como obras revolucionárias na história do cinema.
Série[]
Em 2017, a Amazon comprou do The Tolkien Estate os direitos de adaptação dos apêndices de O Retorno do Rei para produzir uma série de cinco temporadas localizada temporalmente na Segunda Era da Terra-média. O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder teve seu primeiro episódio lançado no Amazon Prime Video no dia 1º de setembro de 2022, e a primeira temporada contou com oito episódios ao todo.
Em 2021, a Warner e a New Line Cinema anunciaram, em parceira com Sola Entertainment, um estúdio de animação japonês, a produção de um anime intitulado O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim, prometido para estrear em 2024.
Jogos[]
Inúmeros jogos já deram vida à grande obra de Tolkien, desde os mais básicos de ação e aventura nos anos 2000 até os nichados RTS (Real Time Estrategy, Estratégia em Tempo Real). Mas dentre tantas adaptações, merece destaque o famoso Terra-média: Sombras de Mordor (Middle-earth: Shadow of Mordor), de 2014, desenvolvido pela Monolith Productions e publicado pela Warner Bros. Interactive Entertainment. O jogo teve grande aceitação entre o público e a crítica, vencendo a categoria "Melhor Jogo de Ação e Aventura" e sendo indicado à categoria "Melhor Jogo do Ano" no The Game Awards de 2014, maior evento de anúncios e premiações internacionais de jogos digitais. O sucesso foi tão grande que rendeu uma continuação, intitulada Terra-média: Sombras da Guerra (Middle-earth: Shadow of War), em 2017. Esta sequência teve recepção positiva da crítica, mas desagradou aos fãs, segundo notas do Metacritic. O maior desapontamento dos críticos em relação ao jogo foi seu enredo "fraco, de tamanho excessivamente longo e que desrespeitava a obra original". Contudo, Shadow of War foi um dos maiores sucessos de vendas do ano, superando seu antecessor e se igualando com outros gigantes do mercado.
Anunciado em 2019 pela Daedalic Entertainment, a desenvolvedora e publicadora, The Lord of the Rings: Gollum deixou muitos fãs temerosos com a qualidade do jogo desde o lançamento de seu primeiro trailer. As críticas se basearam muito em seus gráficos abaixo do padrão da geração e a aparência de sua gameplay. Lançado oficialmente em 2023, logo nos primeiros dias, a crítica especializada deu várias notas negativas ao jogo.
Teatro[]
Já houve muitas produções teatrais baseadas nos livros. Três foram apresentadas em Cincinnati, Ohio, nos Estados Unidos: A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003). Um musical de O Senhor dos Anéis foi apresentado em 2006 em Toronto, Ontário, no Canadá.