Victor Palla
Victor Palla | |
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Nome completo | Víctor Manuel Palla e Carmo |
Nascimento | 13 de março de 1922 Lisboa |
Morte | 28 de abril de 2006 (84 anos) Lisboa |
Nacionalidade | portuguesa |
Cônjuge | Leocádia Zulcides Baptista Nunes Maria Emília Cabrita Maria Antónia Palla Ivone Ballete |
Ocupação | arquitecto, fotógrafo, pintor, designer, escritor e editor |
Prémios | Prémio Nacional de Fotografia (1999) |
Magnum opus | Lisboa, Cidade Triste e Alegre (1959) |
Victor Manuel Palla e Carmo, conhecido como Victor Palla (Lisboa, 13 de Março de 1922 - Lisboa, 28 de Abril de 2006) foi um arquitecto, fotógrafo, pintor, designer, escritor e editor português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filho de Vítor Manuel do Carmo e de sua mulher Virgínia Ramos Palla, nascido em 1922. Era irmão do escritor José Palla e Carmo, também conhecido literariamente como José Sesinando.
Em 1939 ingressa na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, no mesmo ano de José Dias Coelho, Júlio Pomar, Marcelino Vespeira, Fernando Azevedo, Jorge de Oliveira, Vitório David e Rolando Sá Nogueira. Conclui o curso de arquitectura em 1945, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
Casamentos
[editar | editar código-fonte]Foi casado com Leocádia Zulcides Baptista Nunes, Maria Emília Cabrita, Maria Antónia Palla e Ivone Ballete.
Actividade Política
[editar | editar código-fonte]Junta-se ao Movimento de Unidade Democrática desde muito novo, no MUD Juvenil, através do qual entra em contacto com o Partido Comunista Português do qual se torna militante nos anos quarenta.[1][2][3] Integra as comissões de organização das Exposições Gerais de Artes Plásticas com José Dias Coelho, que nos anos 40 e 50 do século XX em Portugal desempenharam um papel central no combate ao fascismo no meio artístico.[4]
Obra
[editar | editar código-fonte]Arquitectura
[editar | editar código-fonte]Entre 1946 e 1973 tem atelier de arquitectura com Joaquim Bento de Almeida. Desta parceria resulta um vastíssimo conjunto de obras, como por exemplo os primeiros snack-bares de Lisboa (entre eles o Galeto, o Pique-Nique, o Noite e Dia, o Tique-Taque ou a Pam-Pam), múltiplas moradias unifamiliares, edifícios de escritórios ou de habitação, unidades industriais ou edifícios públicos como a Escola do Vale-Escuro em Lisboa. A obra desta dupla de arquitectos foi revisitada em 2017, numa vasta exposição no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.[5]
Desde sempre a sua profissão de arquitecto convive com todas as outras artes que experimentou, conduzindo-o à pluralidade que caracterizará todo o seu percurso.
A título póstumo recebe a distinção de membro honorário da Ordem dos Arquitectos Portugueses.[6]
Fotografia
[editar | editar código-fonte]É, aliás, na década de 50 que mais tempo dedica à fotografia. Nesta data publica com Costa Martins, o livro Lisboa, cidade triste e alegre,[7] mais tarde declarado como uma das grandes obras de fotografia do século XX, e a única portuguesa a ser reconhecida internacionalmente como tal. No livro de referência The Photobook: A History,[8] é referido como um dos 100 melhores livros de fotografia do século XX. É também nesta fase que surgem as fotografias de modelo, de retrato ou – consideradas por muitos as mais marcantes da sua obra – as das suas três filhas na casa onde viviam, projecto do próprio. Esta época é igualmente de um experimentalismo intenso nas provas: a conjugação de figuras, forma, espaço, luz, tempo e escala, resulta num conjunto notável de peças singulares, únicas e irrepetíveis.
O Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian exibiu em 1992 uma retrospectiva do seu trabalho fotográfico. Em 1999 foi o vencedor do 1º Prémio Nacional de Fotografia, pelo Centro Português de Fotografia / Ministério da Cultura.
Design gráfico e outras artes
[editar | editar código-fonte]Se a obra de Victor Palla é importante ao nível da arquitectura ou da fotografia, não o é menos ao nível do design gráfico.[9] Aliando o seu trabalho como editor ou tradutor à intensa devoção que sempre teve pela literatura, acaba por ser no grafismo das capas que se distingue e pelo qual ficará sempre associado a uma grande modernidade.
A pintura e o desenho são as actividades que o acompanham durante mais tempo e que são mais transversais a toda a sua carreira. Desde o início da década de 40 - altura de que datam os primeiros quadros - até ao final da década de 90, encontra-se uma obra vastíssima, densa de modernidade e inquietude.
Do grafismo à pintura, da arquitectura à fotografia, estas foram as artes a que mais se dedicou. No entanto, a multidisciplinaridade que sempre o caracterizou impeliu-o a experimentar todo o tipo de actividades, e foi assim que também acabou por se tornar - ainda que por períodos mais limitados - galerista, tradutor ou ceramista.
A sua obra de pintura e fotografia encontra-se presente em algumas das mais notáveis colecções do país, como seja a Fundação Calouste Gulbenkian, a Museu Colecção Berardo ou o Museu do Chiado.
Nas palavras de Lígia Afonso "Victor Palla, protagonista de um dos mais importantes e versáteis percursos do século XX português, desapareceu (...) sem que a dimensão da sua obra global tenha sido verdadeiramente entendida. A originalidade e o carácter inédito do seu percurso documenta uma sensibilidade profundamente plástica que reinventa, reinterpreta e cruza sucessivamente os diferentes media, sem determinação hierárquica, numa experimental vontade de contaminação e consequência".
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Afonso, Lígia - Victor Palla in Um Tempo e um Lugar. Dos anos 40 aos anos 60. Dez exposições gerais de artes plásticas, Museu do Neo-Realismo / CM de Vila Franca de Xira, 2005.
AA.VV. - Victor Palla, Lisboa, Centro de Arte Moderna / Fundação Calouste Gulbenkian, 1992.
MAH, Sérgio - Victor Palla: Procurar, Ver e Exprimir o Mundo in “Arte Ibérica”, ano 4, nº 40, Out/Nov 2000.
Marques, Lúcia - Victor Palla in “Roteiro da Colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão”, Lisboa, Centro de Arte Moderna/Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
Marques, Lúcia - A construção fotográfica da cidade - Lisboa, cidade triste e alegre (1956/1982), revista Insi(s)tu #7 e #8, pp 106 –113, Porto, 2004.
Palla, Victor - “O lugar da Tradição” in “Arquitectura”, 2ª série, nº 28, Jan. 1949.
Palla, Victor; Martins, Costa – “Lisboa, Cidade Triste e Alegre”, Lisboa, edição autores, [1959].
Palla, Victor; Martins, Costa – “Lisboa e Tejo e Tudo” (1956/1959), Lisboa, Ether, [1989].
Pomar, Alexandre - Victor Palla (1922-2006) in “Expresso” – Revista “Actual”, 6.05.06.
Sena, António - História da Imagem Fotográfica em Portugal (1839-1997), Porto, Porto Editora, 1998.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Vitor Palla / Sempre uns Passos à Frente do seu Tempo». Vitor Palla / Sempre uns Passos à Frente do seu Tempo. Consultado em 20 de setembro de 2022
- ↑ «Morreu Vítor Palla». Jornal Avante! de 25-5-2006. Consultado em 20 de setembro de 2022
- ↑ «Morte de Vítor Palla 1922-2006». Estudos Sobre o Comunismo. Consultado em 20 de setembro de 2022
- ↑ «85 Momentos da História do PCP». Organização Regional de Lisboa do Partido Comunista Português. Consultado em 20 de setembro de 2022
- ↑ architecture),, Ferreira, Jorge (Editor of books on; Belém,, Centro Cultural de. Victor Palla, Bento d'Almeida : arquitectura de outro tempo. Casal de Cambra, Portugal: [s.n.] ISBN 9789896584139. OCLC 1002691591
- ↑ «Arquitectos Informação» (PDF). Outubro de 2006
- ↑ Victor,, Palla,; Costa,, Martins,. Lisboa : "cidade triste e alegre". [Lisboa, Portugal]: [s.n.] ISBN 9789899776395. OCLC 922881714
- ↑ 1952-, Parr, Martin, (2004–2014). The photobook : a history. London: Phaidon. ISBN 0714842850. OCLC 56658197
- ↑ PH. «Victor Palla, arquitecto, fotógrafo, designer». tipografos.net. Consultado em 22 de abril de 2018
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nascidos em 1922
- Mortos em 2006
- Naturais de Lisboa
- Alumni da Universidade do Porto
- Arquitetos de Portugal
- Fotógrafos de Portugal
- Pintores de Portugal
- Designers de Portugal
- Escritores de Portugal
- Antifascistas de Portugal
- Políticos do Partido Comunista Português
- Comunistas de Portugal
- Revolucionários de Portugal
- Opositores da ditadura portuguesa