Tino Flores
Tino Flores (19 de Janeiro de 1947, Porto) é um músico e cantor de intervenção português. Foi um dos membros fundadores do GAC - Grupo de Acção Cultural.
Percurso na música
[editar | editar código-fonte]Nasceu no Porto, Portugal no ano de 1947.[1]
Em 1967 imigrou para França, numa tentativa de fugir ao serviço militar obrigatório na guerra colonial, e após o Maio de 68 fixa-se na cidade de Paris.[1]
A sua obra musical é conhecida pelo carácter marcadamente revolucionário e de protesto, onde prevalece o discurso político direto e antifascista, com acompanhamentos simples de guitarra.[2][3]
Iniciou o seu percurso na música ainda durante a juventude, mas foi em Paris que começou a tocar música de forma mais consistente, e aquando do Maio de 68 já actuava em grupos organizados de apoio a movimentos grevistas, juntamente com Luís Cília, Sérgio Godinho e José Mário Branco.[4][5][6]
Ao contrário de outros músicos de intervenção, que conseguiram ver editados, ainda que em alguns casos de forma clandestina, os seus álbuns por certas editoras nacionais, a música de Tino Flores foi apenas editada através de edições caseiras de autor, pelo que os seus álbuns são bastante raros de se encontrar. A sua principal intenção era que a sua música servisse a luta revolucionária, sem qualquer tipo de intenção comercial nas suas edições discográficas.[7][6]
O seu primeiro EP foi lançado no início da década de 70 e intitula-se Viva a revolução. Em 1972 lançou o seu segundo EP, Organizado o povo é invencível, e em 1974 editou o duplo EP O povo em armas esmagará a burguesia.[1]
Em Maio de 1974, logo após a revolução do 25 de Abril, foi um dos membros fundadores do GAC, juntamente com José Mário Branco, Afonso Dias e Fausto.[6][1] Participaram no Festival RTP da Canção em 1975, com o tema “Alerta”. A canção ficou em 5º lugar, com um total de 42 pontos.[8][9][10][11]
Em 1993 publicou o álbum “Mil fogueiras”, editado pela UPAV, editora de música fundada por José Mário Branco.[12][13]
Reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Em 2022 foi publicado o livro Tino Flores – Uma utopia bela e generosa, escrito pelo investigador Mário Correia e que contém mais de 200 páginas sobre a vida e carreia deste músico de intervenção. O livro foi apresentado em várias sessões, de norte a sul do país, tendo feito parte de várias iniciativas relativas às comemorações do 25 de Abril de 1974.[14][15][16]
Discografia
[editar | editar código-fonte]- Viva a revolução (EP, s.d)
- Organizado o povo é invencível (EP, 1972)
- O povo em armas esmagará a burguesia (Duplo EP, 1973)
- Isto só vai à porrada (LP, 1979)
- Mil fogueiras (CD, UPAV, 1993)[12]
Com o GAC:
- A cantiga é uma arma (LP, Vozes na luta, 1975) co-autoria da letra da canção "A luta do jornal do Comércio"[17]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e RAPOSO, Eduardo M. (2007). 1960-1974: Canto de intervenção. [S.l.]: Público. ISBN 972-8892-43-8
- ↑ «Tino Flores». Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Que é dos cantores de intervenção?». www.viriatoteles.net. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ Branco, Luís Freitas. «1971. José Mário Branco e a revolução da canção portuguesa gerada a partir de Paris». Observador. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ Silva, Octávio Fonseca (2000). José Mário Branco : o canto da inquietação 1. ed ed. Porto: Discantus. OCLC 163846908
- ↑ a b c d CASTRO, José Hugo (2012). «Dissertação de mestrado "Discos na luta: a canção de protesto na produção fonográfica em Portugal nas décadas de 1960 e 1970"» (PDF). RUN-UNL
- ↑ Jpar, Bairro Do Vinil- (25 de abril de 2012). «No Bairro do Vinil: Tino Flores - Organizado o povo é invencível». No Bairro do Vinil. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «GAC | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ Studio, Gen Design. «RUM». RUM (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Alerta | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Canção "Alerta" por José Mário Branco». Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ a b «Alinhamento e duração das faixas do álbum "Mil fogueiras", de Tino Flores (1993) | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Tino Flores | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Tino Flores: uma utopia bela…». AJA. 18 de março de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Porto abraça Tino em noite de utopias, de livros e música». sf. 7 de maio de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «Comemoração do 25 de Abril com programa até ao mês de Maio.». TerraNova. 19 de abril de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022
- ↑ «A cantiga é uma arma | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022