Serra Vermelha
Reserva Biológica da Serra Vermelha | |
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Categoria Ia da IUCN (Reserva Natural Estrita) | |
País | Brasil |
Estado | Piauí |
Dados | |
Área | 273.547 ha |
Criação | 21 de abril de 2018 |
Visitantes | Não Permitido |
Coordenadas | |
A Serra Vermelha é uma formação florestal em meio a chapadões no extremo Sul do Piauí.
É uma área rica de biodiversidade, com presença de caatinga, cerrado e também Mata Atlântica, fatos que geraram confusão na determinação do tipo de bioma a que ela pertence. Inicialmente seria transformada em Parque Nacional no ano 2007, mas desde de 2016 é uma Reserva Biológica, incluída dentro do complexo: Parque Nacional da Serra das Confusões como um corredor natural.[1]
A Serra Vermelha localize-se entre as cidades de Bom Jesus, Redenção do Gurgueia, Curimatá e Morro Cabeça no Tempo. A região de Serra Vermelha possui 120.000 hectares e é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste com fenômenos raros de biodiversidade.[1]
Características
[editar | editar código-fonte]A Serra Vermelha situa-se no sul do Estado do Piauí, servindo de divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Parnaíba e São Francisco, recarga de aquíferos e manancial das nascentes dos rios Paraim, Gurgueia, Piauí e riachos temporários do São Francisco. Suas formações de arenito se sobrepõem ao embasamento cristalino, formando uma espécie de esponja que represa a água das chuvas no arenito e as libera lentamente na base, no contato junto às rochas do embasamento, tendo em vista que a água penetra apenas nas fendas e rachaduras destas rochas impermeáveis.[2]
A cobertura vegetal tem participação essencial neste processo de recarga, evitando o impacto direto da chuva sobre o solo, reduzindo a velocidade de escoamento e mantendo a umidade na camada superficial do solo, evitando uma maior evaporação. Sobre a serra se desenvolve uma das mais extensas áreas florestais do nordeste, que ao se unir aos parques nacionais de Serra das Confusões e Serra das Capivaras, forma uma das áreas mais importantes para a conservação do bioma caatinga e sua transição com o bioma cerrado e consequentemente, da fauna e flora regional. Em seus vales erodidos por milhões de anos de ação das forças da natureza, apresenta-se uma floresta mais úmida, com árvores de maior porte e de grande importância para a fauna, pois ali se encontram as fontes, os olhos d'água perenes que formam os brejos e, na época das chuvas, os riachos efêmeros.[2]
De acordo com o Mapa de Vegetação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a região da Serra Vermelha possui as seguintes formações vegetais: Floresta Estacional Decidual Montana, Floresta Estacional Sub Montana, Savana Estépica e Savana Estépica Arborizada. Os contatos entre tais formações representam zonas de tensão ecológica, refletindo numa grande diversidade de espécies da fauna e da flora, com destaque para a onça-pintada, suçuarana, paca, cutia, porco-do-mato, veado, macaco-prego, bugio-ruivo e tamanduá-bandeira, como representantes da fauna o angico, aroeira, ipê-amarelo, ipê-roxo, umburana de cheiro, jurema, como representantes da flora.[3]
Um mapeamento concluído em 2005, verifica-se que a Mata Atlântica do Piauí abrange uma área de 7.791 Km², correspondendo a 3,10% da superfície do Estado, compreendendo as seguintes formações vegetais: floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual, vegetação de dunas/restinga e manguezal.[4]
Destaca-se ainda, o porte (extremamente elevado) das árvores na região têm grande beleza cênica, criando um ecossistema todo peculiar, com grande potencial para preservação e visitação.[4]
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]Em 2006 o Ibama do Piauí chegou a autorizar ilegalmente, o manejo florestal sustentável, denominado "Energia Verde" da empresa JB Carbon. Um grande projeto de produção de carvão vegetal que iria alimentar os fornos da indústria siderúrgica do Brasil e do exterior. Pretendia-se derrubar grande parte da vegetação da chapada da Serra Vermelha para produzir carvão vegetal. Estima-se que essa ameaça derrubaria 78 mil hectares de área nativa, a destruição da Serra Vermelha acarretaria na perda dos últimos remanescentes de Mata Atlântica no Piauí.[5]
No entanto, com o apoio de diversas entidades nacionais, lançou-se a campanha "Ajude a salvar a Serra Vermelha", com a pressão das Organizações Não-Governamentais (ONGs) - como a Fundação Rio Parnaíba - demais ambientalistas e a sociedade, o Ministério Público Federal ingressou com uma ação civil pública na Justiça Federal visando suspender definitivamente o empreendimento da companhia.[6]
Agora os ambientalistas querem que o Ministério do Meio Ambiente (MMA), torne a Serra Vermelha uma nova unidade de conservação no Piauí.
Notas e referências
- ↑ a b Bárbara Rodrigues e Yala Sena (ed.). «Fusão da Serra Vermelha ao Parque Serra das Confusões acontece em meio a divergências». Cidade Verde. Consultado em 21 de setembro de 2023
- ↑ a b Instituto Chico Mendes (ed.). «Proteção da Serra Vermelha através da ampliação do Parque Nacional da Serra das Confusões, no Estado do Piauí - Resumo executivo» (PDF). Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 21 de setembro de 2023
- ↑ «Mapa de Vegetação» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 21 de setembro de 2023
- ↑ a b «A Mata Atlântica da Serra Vermelha». Apremavi. Consultado em 21 de setembro de 2023
- ↑ «SOS Serra Vermelha». Consultado em 21 de maio de 2019. Arquivado do original em 27 de maio de 2014
- ↑ Dalva Rodrigues Freire e Daniel Rio Lima (ed.). «Uma visão jurídica do conflito principiológico e da comunicação intersistêmica que irão decidir o futuro da Serra Vermelha piauiense». JUS Brasil. Consultado em 21 de setembro de 2023