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Seca em Portugal em 2019

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A seca em Portugal de 2019 refere-se ao período de falta de chuvas que ocorre no ano hidrológico 2018/2019, excepcionalmente seco, que continuou pelo ano hidrológico 2019/2020 (nas regiões do Interior, Alentejo e Algarve).

Depois de um outubro e um novembro chuvosos a Sul, dezembro de 2018 foi extremamente seco, chovendo apenas 38% do valor considerado como normal para o mês.[1] Os meses seguintes tiveram um padrão semelhante ao de dezembro: tempo muito seco e bastante soalheiro.

Depois de um dos invernos mais secos desde 2000, a seca severa estendia-se a 4,8% do território continental.[2]

Em março, a seca aumentou em Portugal. Cerca de 40% do território estava nos valores mais extremos de seca (seca severa e seca extrema), 37,6% e 0,5%, respetivamente, a 31 de março.[3]

No princípio de abril, o rio Tejo começou a mostrar um caudal muito baixo, devido à seca, levando muitos pescadores à ruína.[4]

Apesar de ter ocorrido uma ligeira melhoria em abril, em maio a seca voltou a piorar, sendo que 27,2% do país estava em seca severa e 2,5% em seca extrema no final do mês.[5]

Situação após o verão

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O verão de 2019, ao contrário de verões anteriores, foi mais fresco e teve mais precipitação a Norte, e, por isso, a seca não piorou muito em relação a maio. No final de agosto, 22,9% do território estava em seca severa e 12% estava em seca extrema.

No entanto, setembro foi um mês quente e seco. Inclusive começaram a haver restrições ao abastecimento em concelhos do interior do Alentejo.

Ocorrências de precipitações de carácter torrencial em Espanha e a sua relação com a seca em Portugal

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Durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2019, ocorreram múltiplos eventos de precipitação torrencial em Espanha, também designados de DANA (Depresión Aislada en Niveles Altos) ou Gota fría. A elevada ocorrência deste tipo de eventos meteorológicos deveu-se à persistência dum anticiclone no Atlântico. Devido à corrente de jato, o ar frio e húmido é desviado para o Mediterrâneo Ocidental, formando condições para este tipo de eventos.[6]

A gota fria de setembro de 2019 foi uma das mais destrutivas desde que há registos, resultando na morte de 7 pessoas.[7][8]

Caudal do Rio Tejo e polémica

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A 6 de outubro, a barragem de Cedillo encontrava-se com uma capacidade 70% menor que a que tinha 5 semanas antes.[9] O cais dos Lentiscais, em Idanha-a-Nova, ficou destruído com a seca.[10]

A 31 de outubro, o ministro do Ambiente negou a existência de falta de água e afirmou que o problema se tratava do rio Pônsul. Afirmou também que a convenção de Albufeira, acordada entre Portugal e Espanha, estava a ser cumprida. No entanto, uns dias depois, o Governo português veio a retratar a má gestão dos caudais em Espanha.[11]

Apesar das chuvas torrenciais causadas pelas DANA em Espanha, grande parte do interior espanhol encontrava-se em seca em outubro (sobretudo a Andaluzia Ocidental).[12] A existência de seca no país vizinho a Portugal fez com que muita água da barragem ficasse retida em Alcántara. A 15 de novembro, a Agência Portuguesa do Ambiente afirmou que Espanha poderia declarar o estatuto de emergência da Convenção e não cumprir os serviços mínimos.[13]

A 19 de novembro, o ministro voltou a negar a falta de caudal no Tejo, pondo de parte a questão da barragem de Cedillo.[14]

Contudo, na segunda semana de novembro, devido à chuva, o caudal do Rio Tejo voltou a aumentar, e com isso a capacidade da barragem de Cedillo aumentou, chegando aos 70% no final de novembro.

Melhorias da seca no Litoral Norte e Centro

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Após um outubro muito chuvoso no Norte, com recordes de precipitação, e um novembro também muito chuvoso pelo Norte e Centro, a seca acabou por melhorar nestas regiões, sendo que, no final de novembro, 23,8% do país estava em chuva fraca e 7,5% em chuva moderada.[15]

Seca no Baixo Alentejo e Algarve

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Em outubro e novembro, a seca extrema piorou no Baixo Alentejo e no Algarve: no final de outubro, 31,9% do país estava em seca severa e 4,3% estava em seca extrema.[16] A barragem de Odeleite, em Castro Marim, encontrava-se a 27%, um dos seus mínimos históricos. Algumas aldeias do Nordeste Algarvio ficaram sem água canalizada.[17][18] As outras barragens não estavam também melhores: Odelouca estava com 22% da sua capacidade máxima, Bravura com 34,4% e Arade com 30,2%.[18] No entanto, a empresa Águas do Algarve garantiu que haveria água até ao fim do ano.

Em novembro começaram a haver restrições na água para os campos de golfe no Vale do Lobo e para a agricultura. O aquífero do Algarve Central apresentava, em meados de novembro, níveis elevados de contaminação, devido à falta de água.[19]

A 20 de novembro, o Governo afirmou que iria restringir os furos no interior do Baixo Alentejo e do Algarve como uma forma de mitigar a seca.[20]

No início de dezembro, várias povoações do Nordeste Algarvio começaram a ser abastecidas por autotanques.[21] Neste mês, apesar de uma melhoria da seca, 0,6% do território continuava em seca extrema e 10,9% em seca severa (no Baixo Alentejo e Algarve).[15]

Ligações externas

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Referências

  1. «Relatório de dezembro de 2018 - IPMA» (PDF) 
  2. «Relatório do inverno de 2018/19 - IPMA» (PDF) 
  3. «Relatório de março de 2019 - IPMA» (PDF) 
  4. «A ameaça da seca. Rio Tejo ″por um fio″ entre o Alentejo e Ribatejo - DN». www.dn.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  5. «Relatório de maio - IPMA» (PDF) 
  6. Press, Europa (18 de outubro de 2018). «Qué es la gota fría, dónde y cómo se produce y cómo actuar». www.europapress.es. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  7. 20minutos (14 de setembro de 2019). «Suben a seis los muertos por la gota fría tras el hallazgo de un cadáver en Orihuela». www.20minutos.es - Últimas Noticias (em espanhol). Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  8. Burgos, Rafa; EFE (17 de setembro de 2019). «Hallado el cadáver del holandés desaparecido el domingo en la gota fría». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582 
  9. «Falta de água no rio Tejo provoca graves prejuízos». www.cmjornal.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  10. «A água já não corre no rio: as imagens da desolação provocada pela seca e por Espanha». Jornal Expresso. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  11. Dias, Carlos. «Governo diz que a gestão que Espanha fez do caudal do Tejo "não é aceitável"». PÚBLICO. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  12. Meteorología, Agencia Estatal de. «El Tiempo. - Vigilancia de la sequía meteorológica - 3 meses - Agencia Estatal de Meteorología - AEMET. Gobierno de España». www.aemet.es (em espanhol). Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  13. Gomes, João Francisco. «Espanha pode ficar isenta de cumprir caudais do rio Tejo por causa da falta de chuva». Observador. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  14. «Ministro põe de parte pedir mais água no Tejo a Espanha». www.sabado.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  15. a b «Resumo climatológico de novembro - IPMA» (PDF) 
  16. «Relatório de outubro de 2019 - IPMA» (PDF) 
  17. «SNIRH > Dados Sintetizados». snirh.apambiente.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  18. a b «Algarve desespera com seca extrema». www.cmjornal.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  19. Revez, Idálio. «Há sete meses que quase não chove no Algarve e a seca é extrema». PÚBLICO. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  20. Autarquia 360. «Seca: Governo quer restringir furos no Alentejo». diariodoalentejo.pt. Consultado em 14 de dezembro de 2019 
  21. Renascença (1 de dezembro de 2019). «Seca no Algarve. Há já populações a depender de autotanques - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 14 de dezembro de 2019