Saltar para o conteúdo

Rua Siqueira Mendes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Rua Siqueira Mendes (inicialmente chamada de Rua Norte ou Ladeira do Castelo)[1] é um logradouro público municipal que faz parte do complexo Feliz Lusitânia, localizado ao lado do Forte do Castelo no bairro da Cidade Velha, que faz ligação da praça da Sé com a Feira do Açaí.[1] É também a primeira via pública de trânsito aberta no então município de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" (atual cidade brasileira de Belém do Pará),[2][3][4][5] no contexto da criação da Capitania do Grão-Pará na década de 1620 durante o governo do capitão-mor Bento Maciel Parente durante a era do Brasil Colônia (1500–1815),[6] dando origem ao bairro Cidade (atual bairro da Cidade Velha).[1]

Os colonizadores chamaram a via de Rua Norte e a atual denominação é uma homenagem ao ex-presidente da província em 1868, o cônego e político Manuel José de Siqueira Mendes[7][8] (ex-senador imperial).[9]

Colonização europeia (Feliz Lusitânia)

[editar | editar código-fonte]

A região onde se encontra Belém do Pará era inicialmente a movimentada região indígena de Mairi, moradia dos Tupinambás e Pacajás (sob comando do cacique Guaimiaba),[10][11][12] um entreposto comercial do cacicado marajoara, onde em 1580 no período Brasil Colônia os portugueses chegaram com a expedição militar Feliz Lusitânia comandada por capitão Francisco Caldeira Castelo Branco e implantaram um núcleo colonial (a mando do rei da União Ibérica/Dinastia Filipina D. Manuel)[10][13] objetivando ocupar a então Conquista do Pará (ou Império das Amazonas, localizado na então Capitania do Maranhão) e assegurar o domínio na Amazônia Oriental e das drogas do sertão, que os estrangeiros disputavam.[11][12][14] Criando assim em 12 de janeiro de 1616 na foz do igarapé do Piry, o povoado colonial português (villa) Feliz Lusitânia[2][10][15] junto com um fortim denominado Forte do Presépio,[11][16][17][13] contendo a capela da padroeira Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém.[10]

Batalhas contra os estrangeiros e indígenas

[editar | editar código-fonte]

A fixação do povoado iniciou um período de batalhas contra os estrangeiros (holandeses, ingleses, franceses) para assegurar o domínio da região e contra os habitantes iniciais da região, em um processo de colonização e escravização tentando implantar um modelo econômico baseado na exploração do trabalho indígena e dos recursos primários.[18][19][20] Resultando na Revolta Tupinambá, que em janeiro de 1619 tomaram o Forte do Castelo, mas Gaspar Cardoso mudou o curso da guerra ao matar o cacique-guerreiro Guamiaba Tupinambá, resultando em suspensão dos ataques para realização do funeral.[20]

Outras revoltas indígenas ocorreram até julho de 1620, quando em 1621 Bento Maciel Parente, sargento-mor da capitania do Cabo Norte, investiu sobre a aldeia dos índios Tapajós, dizimando-os e dominando a Conquista do Pará.[21][22] Com a vitória foi nomeado Capitão-Mor do Grão-Pará, a Conquista foi transformada na então Capitania do Grão-Pará (junto a criação do Estado do Maranhão, com sede em São Luiz),[23][14] e o povoado foi elevado à categoria de município com a denominação de "Santa Maria de Belém do Pará" ou "Nossa Senhora de Belém do Grão Pará" (posteriormente "Santa Maria de Belém do Grão Pará" até à atual Belém)[24][25][26][5] quando foram abertas as primeiras ruas da região,[21] originando o histórico bairro da Cidade Velha. Bento Maciel durante seu governo fortificou o Forte do Presépio, rebatizado-o como "Forte Castelo do Senhor Santo Cristo".[22] E, posteriormente ordenou outras investidas contra os invasores holandeses, expulsando-os da colônia.  

O atual bairro da Cidade Velha, conhecido como Centro Histórico de Belém, o local tem como característica principal a herança arquitetônica portuguesa do período Brasil Colônia. Sendo o bairro referencia do patrimônio histórico e cultural do Pará, que nasceu com a construção do Forte do Presépio (atual Forte do Castelo), construído a mando da Coroa portuguesa, no início do século XVI.

Complexo Turístico Feliz Lusitânia

[editar | editar código-fonte]

A Rua Siqueira Mendes faz parte do Complexo Turístico Feliz Lusitânia, que é composto por:[27][28]

Notas e referências

  1. a b Belém, Agência. «Prefeitura visita casarões da Ladeira da Cidade Velha para revitalizá-los». Agência Belém de Notícias. Consultado em 4 de maio de 2022 
  2. «Pesquisa e exploração dos aromas amazônicos». Com Ciência. Consultado em 21 de abril de 2012 
  3. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  4. «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  5. a b «Histórico Belém do Pará». Ferramenta Cidades. IBGE. 2015. Consultado em 4 de maio de 2016 
  6. «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  7. «Siqueira Mendes St». Prefeitura Municipal de Belém. Ver-Belém. Consultado em 4 de maio de 2022 
  8. «Belém do Grão-Pará e suas ruas, 1616-1910». História das Cidades. Arquivado do original em 7 de setembro de 2010 
  9. Coimbra, Oswaldo; Neto, Alfredo Jorge Hesse Garcia (2008). Cidade velha, cidade viva. Col: Oficina Escola de Escritores. Grupo de Memória de Engenharia e Atividades Interdisciplinares da Faculdade de Engenharia Civil - Universidade Federal do Pará (UFPA). [S.l.]: Associação Cidade Velha Cidade Viva (CiVViva). Resumo divulgativo 
  10. a b c d Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  11. a b c «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  12. a b Pereira, Carlos Simões (28 de outubro de 2020). «Das origens da Belém seiscentista e sua herança Tupinambá». Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento (10): 146–160. ISSN 2448-0959. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  13. a b «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  14. a b «Capitania do Grão-Pará». Atlas Digital da América Lusa. Consultado em 27 de dezembro de 2017 
  15. Bol Listas (8 de janeiro de 2018). «Açaí, jambu e a Amazônia: 10 curiosidades sobre o Pará». Portal UOL. Consultado em 7 de março de 2018 
  16. da Costa TAVARES, Maria Goretti (2008). «A Formação Territorial do Espaço Paraense». Universidade Federal do Pará (UFPa). Revista ACTA Geográfica nº 3 - Ano II. ISSN 1980-5772. doi:10.5654/actageo2008.0103.0005. Consultado em 4 de maio de 2016 
  17. «Veja como foi a fundação de Belém em 1616 e conheça sua história». G1 Pará. 9 de janeiro de 2016. Consultado em 4 de maio de 2016 
  18. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  19. «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  20. a b «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  21. a b «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022 
  22. a b «Forte do Presépio Belém: História, Endereço e Localização». Encontra Belém. 26 de dezembro de 2019. Consultado em 4 de maio de 2022 
  23. «A formação territorial do espaço paraense: dos fortes à criação de municípios» 
  24. «Pesquisa e exploração dos aromas amazônicos». Com Ciência. Consultado em 21 de abril de 2012 
  25. Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo 
  26. «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018 
  27. «Folha Online - Turismo - Pará: Núcleo Feliz Lusitânia mantém arquitetura do além-mar - 10/02/2005». Jornal Folha de S.Paulo. Consultado em 13 de outubro de 2020 
  28. CARVALHO, Luciana; CAMPOS, Marcelo; OLIVEIRA, Thiago da Costa (Cur.). Patrimônios do Norte: Homenagem aos 81 anos do IPHAN. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 2018.
  29. Cybelle Salvador Miranda. «Cidade Velha e Feliz Luzitânia: Cenários do Patrimônio Cultural em Belém» (PDF). Consultado em 1 de março de 2013 
  • Ruas de Belém de Ernesto Cruz - editado pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Pará; 1970

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]