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Pseudofilosofia

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Pseudofilosofia consiste em deliberações que se disfarçam de filosóficas, mas são ineptas, incompetentes, deficientes em seriedade intelectual e refletem um compromisso insuficiente com a busca da verdade.[1]

O termo "pseudociência" já foi usado contra muitos alvos diferentes, incluindo:

Segundo Christopher Heumann, a pseudofilosofia tem seis características:[28]

  1. A preferência por especulações inúteis;
  2. Apela apenas à autoridade humana;
  3. Apelo à tradição em vez da razão;
  4. Sincretiza filosofia com superstição;
  5. Tem preferência por linguagem e simbolismo obscuros e enigmáticos;
  6. É imoral.

De acordo com Michael Oakeshott, pseudofilosofia "é o teorizar que procede parcialmente dentro e parcialmente fora de um determinado modo de investigação".[29]

Josef Pieper observou que não pode haver um sistema fechado de filosofia e que qualquer filosofia que afirma ter descoberto uma "fórmula cósmica" é uma pseudofilosofia.[7] Nisso, ele segue Kant, que rejeitou a postulação de um "princípio mais alto" a partir do qual desenvolve o idealismo transcendental, chamando isso de pseudofilosofia e misticismo.[4]

Nicholas Rescher, no The Oxford Companion to Philosophy acrescenta que o termo é particularmente apropriado quando aplicado a "aqueles que usam os recursos da razão para substanciar a alegação de que a racionalidade é inatingível em questões de investigação".[1]

O termo foi usado pela primeira vez no século 16 pelo humanista Mario Nizolio, que em 1553 publicou a obra De veris prinicpiis et vera ratioone philosophandi contra pseudophilosophos; essa fonte foi considerada tão importante por seu admirador Gottfried Wilhelm Leibniz que Leibniz a relançou em 1670 sob o nome "Antibarbarus Philosophicus".[30]

Ernest Newman, um crítico de música inglês e musicólogo, que visava a objetividade intelectual em seu estilo de crítica, em contraste com a abordagem mais subjetiva de outros críticos, publicou em 1897 Pseudo-Philosophy at the End of the Nineteenth Century, uma crítica da escrita imprecisa e subjetiva.

Segundo Josef Pieper, para Pitágoras, a filosofia de Platão e Aristóteles é a busca humana "orientada para sabedoria tal como Deus a possui".[7] Sugere que a filosofia inclua, em sua essência, uma orientação para a teologia.[7] Pieper diz:

Algo está sendo expresso aqui que contradiz claramente o que na era moderna se tornou a noção aceita de filosofia; pois essa nova concepção de filosofia pressupõe que se desvencilhar da teologia, da fé e da tradição são uma característica decisiva do pensamento filosófico.[7]

Referências

  1. a b Honderich 1995, p. 765.
  2. Kearney & Rainwater 1996, p. 60.
  3. Taylor & Kelly 2013, p. 116-117.
  4. a b c Baur & Dahlstrom 1999, p. 37.
  5. Nichols 1997, p. 326.
  6. Inglis 1998, p. 31, 34-35.
  7. a b c d e f Pieper 2006.
  8. a b c d Bunge 2010, p. 260.
  9. Schopenhauer 1965, p. 15-16.
  10. a b Soccio 2011, p. 497.
  11. a b Kritzman & Reilly 2007, p. 368.
  12. Von Hildebrand 1960, p. 7.
  13. Fletcher Luther, Neumaier & Parsons 1995, p. 70.
  14. Kolinsky & Paterson 1976, p. 79.
  15. Wiener 2010, p. 76.
  16. Lepenies 2009, p. 110.
  17. Shermer, Michael (1993). «The unlikeliest cult in history». Skeptic. 2 (2): 74–81 
  18. Chait, Jonathan (25 de abril de 2011). «Ayn Rand's Pseudo-Philosophy». The New Republic. Consultado em 5 de julho de 2013 
  19. Clark, Leslie (17 de fevereiro de 2007). «The philosophical art of looking out number one». The Herald. Consultado em 2 de abril de 2010 
  20. Bunge 2012, pp. 10–11.
  21. Adler & Pouwels 2010, p. 545.
  22. Pigliucci & Boudry 2013, p. 206–207, 321–340.
  23. Pigliucci & Boudry 2013, p. 91.
  24. Clarke 1992, p. 4.
  25. a b McGrath 2006, p. 49.
  26. Clark 2013, p. 26.
  27. Irwin & Gracia 2007, p. 48.
  28. Hanegraaf 2012, p. 131-134.
  29. Nardin 2001.
  30. Garin 2008.

2

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Ligações externas

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