Parque Estadual do Rio Peixe
Parque Estadual do Rio Peixe | |
---|---|
Categoria II da IUCN (Parque Nacional) | |
Localização | |
País | Brasil |
Estado | São Paulo |
Mesorregião | Presidente Prudente |
Microrregiões | Presidente Prudente e Dracena |
Localidades mais próximas | Ouro Verde, Dracena, Presidente Venceslau, Piquerobi |
Dados | |
Área | 7 712,68 hectares (77,1 km2) |
Criação | 18 de setembro de 2002 (22 anos) |
Gestão | Fundação Florestal |
Coordenadas | |
O Parque Estadual do Rio Peixe é uma unidade de conservação do estado de São Paulo criado pelo Decreto Estadual nº 47.095, de 18 de setembro de 2002, e possui uma área de 7.720 hectares (essa área será aumentada em cerca de 2.000 hectares) abrangendo os municípios de Presidente Venceslau, Piquerobi, Dracena e Ouro Verde.[1] O parque, juntamente com o Parque Estadual Aguapeí, cumpre a função de preservar os últimos trechos dos ecossistemas de várzeas, que outrora existiam em grande parte dos rios paulistas que desembocavam no rio Paraná. É de suma importância também, por ser um dos últimos locais em São Paulo, onde ainda reside o cervo-do-pantanal.[2] Foi criado pela CESP como forma de compensação pela construção da UHE Porto Primavera.[3]
História
[editar | editar código-fonte]A região da foz do rio do Peixe, juntamente com a do rio Aguapeí era conhecida localmente por "Pantaninho Paulista", visto as extensas várzeas encontradas na área que conferiam grande semelhança com o Pantanal. Apesar de sua enorme biodiversidade, a região foi praticamente esquecida pelas autoridades, apenas com a implantação, em 1942, da Reserva Lagoa São Paulo, que nunca foi efetivada.[3]
Na década de 1970, a CESP decide a construção da UHE Porto Primavera, inciando as obras na década de 1980, dando-se pouca atenção à questões ambientaisa.[4] Entretanto, houve diversos atrasos nas obras, o que acabou suscitando na população da região, a consciência do desastre ambiental e socioeconômico que estava por vir. Visto a grande pressão da sociedade, o Ministério Público de São Paulo e o Federal iniciaram medidas para que obrigassem a CESP a cumprir as medidas mitigatórias do EIA/RIMA. Dentre as medidas, estava a criação de unidades de conservação no estado de São Paulo que abrangessem uma área mínima de 16.438 hectares, e assim foram criados o Parque Estadual do Rio do Peixe e o Parque Estadual Aguapeí.[3]
Caracterização Ambiental
[editar | editar código-fonte]Clima
[editar | editar código-fonte]O clima é o mesmo de grande parte do interior de São Paulo: clima tropical com estação seca (Aw), seguindo a classificação climática de Köppen-Geiger.[5] A precipitação anual é de cerca de 1.250mm e temperatura média superior a 18ºC, sendo o mês de janeiro o mais chuvoso.[3]
Geologia
[editar | editar código-fonte]- Bacia do rio Paraná: depósitos sedimentares da Era Mesozoica e aluvionares da Era Cenozoica. Da base para o topo da coluna estratigráfica é o Grupo Bauru e os depósitos Cenozoicos.[3]
Hidrografia
[editar | editar código-fonte]- Bacia hidrográfica do rio do Peixe(UGRHI21): localizado em sua totalidade nessa bacia e sofre influencia de 8 tributários(levando em consideração a área de ampliação de 2.000 hectares): 6 localizados ao Norte; Ribeirão dos Caingangues, Córrego Santa Flora, Córrego do Prado, Córrego Apiaí, Ribeirão São Bento, Ribeirão da Capivara; e dois localizados ao Sul; Ribeirão Claro e Ribeirão dos Índios.[3]
Vegetação
[editar | editar código-fonte]O parque localiza-se na região Oeste do estado de São Paulo e está no domínio da Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Atlântica do Alto Paraná),[6] numa região que teve sua cobertura original bastante alterada. Ao redor da zona núcleo existem inúmeras pastagens, tal como canaviais e alguns fragmentos de floresta de 10 a 1000 hectares, que são muito importantes do ponto de vista de conservação da biodiversidade, visto que muitos deles são usados como refúgio por animais de médio a grande porte, como a onça-parda e a anta. A vegetação dentro da unidade é composta por matas ciliares inundáveis, tal como por floresta estacional semidecidual e alguns trechos de pastagens cultivadas. Foram registradas espécies como: peroba-comum, amendoim-bravo, guapuruvu, ipê-do-cerrado, ipê-felpudo.[3]
De acordo com o Plano de Manejo foram descritas 5 fitofisionomias, que são muito parecidas com as fitofisionomias encontradas no Parque Estadual Aguapeí:[3]
Apresentam-se como fragmentos isolados, ou conectados a mata ciliar, fora das áreas de inundação, em estágios que vão do médio ao avançado de regeneração. Destacam-se 2 fragmentos dessa vegetação, sendo que o maior deles está relativamente isolado por pastagens. Associada a essa vegetação está a floresta ripícola, que é uma denominação a todos os tipos associados ao ambiente ripícola (margem do rio). Essa vegetação se encontra principalmente nas várzeas.
Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de recuperação
[editar | editar código-fonte]Áreas antes antropizadas, que foram abandonadas e agora passa por estágios de sucessão ecológica.
Vegetação Secundária da Floresta Estacional Semidecidual
[editar | editar código-fonte]Representa trechos qu foram alterados pelo homem, principalmente aqueles submetidos ao efeito de borda.
Formação Arbustiva de Várzea
[editar | editar código-fonte]Se localiza em áreas que são suscetíveis às inundações permanentes ou temporárias. A vegetação possuo porte baixo, com estrutura variável. Esta formação se distribui ao longo do parque, em meio às florestas ripícolas.
Vegetação de Macrófitas
[editar | editar código-fonte]Restritas às lagoas marginais, com grande diversidade de espécies.
Fauna
[editar | editar código-fonte]A fauna do parque é muito semelhante a encontrada no Pantanal e ao Parque Estadual Aguapeí, principalmente a avifauna, como é o caso do jaburu, colhereiro, o cabeça-seca,o maguari, visto conservar grandes extensões da várzeas.[7] Também foram registradas espécies da herpetofauna muito características de regiões pantaneiras, como o jacaré-do-papo-amarelo e o jacaré-anão (este último consta na lista de Espécies Ameaçadas do Estado de São Paulo), no entanto, é a mastofauna que apresenta extrema relevância, principalmente por ser usada como um índice do grau de conservação do local, já que a ausência de grandes felinos e ungulados acarreta mudanças na integridade da cadeia alimentar e da diversidade do ambiente.[3]
Conservação do Cervo-do-Pantanal
[editar | editar código-fonte]É a espécie símbolo do parque e é preocupante a situação dela, visto que sua área de distribuição está bastante reduzida, não só pela destruição de seu habitat, como por um forte pressão de caça e doenças introduzidas pelo gado doméstico. No estado de São Paulo, a situação é crítica, restando apenas duas populações nas bacias do rio Aguapeí e do Peixe, próximo a foz desses rios.[3] É preponderante ações para a conservação dessa espécie no parque, visto que a espécie, antes encontrada no estado de São Paulo como um todo, com exceção da região leste e da Serra do Mar, hoje está praticamente restrito ao Parque Estadual Aguapeí e ao Parque Estadual do rio do Peixe, e com suas populações declinando.[8][9] Há projetos de reintrodução da espécie, mas poucos resultados animadores.[10] No Parque Estadual do Rio do Peixe, as populações sofrem com o isolamento, a pressão de caça e atividades agropecuárias, já que a proximidade com o gado doméstico expõe os cervos à doenças como a febre aftosa.[3]
Referências
- ↑ «Compensação Ambiental beneficia os Parques do Aguapeí e do Peixe». Cetesb. Consultado em 3 de abril de 2012
- ↑ «Unidades de Conservação» (PDF). CESP. Consultado em 3 de abril de 2012
- ↑ a b c d e f g h i j k «Plano de Manejo o Parque Estadual do Rio do Peixe» (PDF). Fundação Florestal. Consultado em 3 de abril de 2012[ligação inativa]
- ↑ «Plano de Manejo o Parque Estadual do Aguapeí» (PDF). Fundação Florestal. Consultado em 29 mar. 2012[ligação inativa]
- ↑ «Clima do Estado de São Paulo». CONFINS. Consultado em 29 mar. 2012
- ↑ «Manual Técnico da Vegetação Brasileira» (PDF). IBGE. Consultado em 27 mar. 2012
- ↑ «Projeto divulga fauna do Parque Estadual do Aguapeí». Impacto Online. Consultado em 31 mar. 2012. Arquivado do original em 8 de junho de 2015
- ↑ «O cervo-do-pantanal corre risco de extinção». Ambienta Brasil. Consultado em 29 mar. 2012
- ↑ Duarte, J. M. B.; Vogliotti, A. (2009). Blastocerus dichotomus. Em Bressan, P.M.; Kierulff, M.C. & Sugieda, A.M. (Orgs), Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente.
- ↑ «Estudo de caso: Cervo-do-pantanal». http://www.lapa.ufscar.br/. Consultado em 31 mar. 2012. Arquivado do original em 26 de outubro de 2007