Operação Rodes
Operação Rodes | |||
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Guerra de Desgaste | |||
Paraquedistas israelenses em combate durante a incursão.
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Data | 22 de janeiro de 1970 | ||
Local | Ilha de Shadwan, Golfo de Suez | ||
Desfecho | Vitória israelense | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A Operação Rodes (em hebraico: מבצע רודוס; romaniz.: Mivtza Rodos) foi uma incursão helitransportada israelense contra a ilha egípcia de Shadwan, em 22 de janeiro de 1970, durante a Guerra de Desgaste. A operação foi realizada por paraquedistas israelenses e comandos navais do Shayetet 13, que assumiram o controle da ilha por mais de um dia antes de partir com 62 soldados egípcios capturados e equipamentos de radar.[1]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]O Egito tinha lançado a Guerra de Desgaste, a fim de enfraquecer o domínio de Israel sobre os territórios no Sinai, que foi capturado na Guerra Dos Seis Dias em 1967. Enquanto a guerra se desenrolava principalmente ao longo do Canal de Suez, Israel esperava assegurar um cessar-fogo mostrando ao Cairo que poderia atacar em qualquer parte do Egito e apresentando à liderança egípcia a perspectiva de um conflito total para o qual o país não estava preparado.[2] Recusando-se a limitar a guerra à frente do canal, em janeiro de 1970, Israel lançou a Operação Priha, uma série de ataques da Força Aérea Israelita contra alvos no coração do Egito, enquanto suas forças terrestres foram encarregadas de uma incursão à ilha de Shadwan, isolada e levemente guarnecida. O objetivo do raide era capturar prisioneiros de guerra egípcios para serem trocados por prisioneiros israelitas no Egito e sabotar um posto de radar local que era considerado uma ameaça para a navegação israelita no Golfo de Suez.[3]
A tarefa de tomar Shadwan foi atribuída à 35.ª Brigada Paraquedista sob o comando de Haim Nadal. O seu 202º Batalhão, comandado pelo Tenente-Coronel Ya'acov Hasdai, e a companhia de reconhecimento de elite da Brigada (Sayeret Tzanhanim), comandados pelo Capitão Motti Paz, deveriam desembarcar na ilha. Estes deveriam ser assistidos por operadores do Shayetet-13, enquanto pára-quedistas adicionais deveriam estar à mão em Sharm El-Sheikh e nas proximidades trazidos por navios da Marinha Israelense.
A guarnição egípcia em Shadwan estava aquartelada no farol da ilha, na sua ponta sul. O farol era defendido por um perímetro fortificado composto por 9 postos avançados periféricos e guarnecidos por uma companhia de comandos da Força Sa'ka. Ao todo, 100 soldados egípcios estavam presentes em Shadwan, dos quais 60 eram comandos e o resto militares da Marinha Egípcia e pessoal técnico.
Batalha
[editar | editar código-fonte]A operação Rodes começou na manhã de 22 de janeiro de 1970, com um ataque de doze A-4 Skyhawks dos 109º e 115º Esquadrões, o qual matou vários soldados egípcios, incluindo o oficial comandante da guarnição local.[2] Com os defensores assim engajados, as forças terrestres israelitas começaram a desembarcar em Shadwan, transportadas para a ilha por um par de helicópteros Bell 205S e Aerospatiale Super Frelons do 114º Esquadrão. Pousando às 09:15h, as forças desembarcaram uma milha ao norte do farol e se dividiram em vários elementos. O Batalhão de Hasdai moveu-se para capturar os postos avançados no lado leste da ilha e aqueles que conduziam ao farol, lutando contra soldados egípcios que recusaram os apelos israelenses à rendição. Dentro de uma hora após o desembarque, quase todo postos avançados - exceto três - haviam caído nas mãos dos pára-quedistas. Um soldado israelense, o Cabo Haim Isrovich, foi morto por tiros de franco-atiradores.
As tropas de Paz, tentando flanquear as forças egípcias pelo oeste, encontraram resistência no lado oeste do perímetro defensivo, apenas para entrar em um campo minado. Um oficial, o Tenente Israel Bat-Lev, foi morto e vários ficaram feridos, e a força retirou-se, deixando os postos de codinome "Dafna" e "Dvora" em mãos egípcias. Às 10:30h, a força de reserva em Sharm El-Sheikh, liderada pelo Tenente-Coronel Amos Yaron, foi então despachada para a ilha.
Uma força liderada pelo Tenente Yitzhak Kotler, enquanto isso, chegou ao farol. Apesar de esperar resistência significativa, pouco movimento foi detectado no local e, às 12:00h, as tropas israelenses tomaram de assalto o edifício. Algumas salas foram inicialmente consideradas vazias, mas o fogo logo irrompeu de um edifício no lado oeste do complexo, atingindo Kotler e deixando a força sem liderança. Hasdai instruiu um dos grupos de combate de Kotler a flanquear a estrutura e limpá-la usando granadas. Por volta das 12:57h, estes conseguiram proteger o edifício, que estava sendo defendido por apenas um par de soldados egípcios, um dos quais foi morto e o outro ferido. Um helicóptero israelense logo chegou para transportar o oficial egípcio e Kotler para o hospital, embora este último tenha morrido de seus ferimentos.
Desembarcando na ilha às 11:30h, Amos Yaron foi despachado por Nadal para superar a resistência remanescente na borda oeste do perímetro defensivo da ilha. Liderando um aassalto em três frentes, Yaron, auxiliado por um par de aeronaves de ataque da Força Aérea Israelense, tomou o posto de codinome "Dafna" às 14:15h. O posto de "Dvora" foi logo tomado também e por volta das 15:30h a luta havia cessado: 14 egípcios foram capturados e 17 mortos. Várias dúzias de prisioneiros de guerra foram encontrados na subsequente limpeza da ilha.
Participação da Força Aérea
[editar | editar código-fonte]Após o apoio inicial aos desembarques, as aeronaves da Força Aérea Israelense forneceram apoio aéreo aproximado para as forças no terreno, enquanto os caças da FAI patrulhavam o espaço aéreo ao redor da ilha para impedir o reforço egípcio. A operação também viu a estreia do reabastecimento aéreo com os A-4S, com 109º Esquadrão fornecendo reabastecimento em vôo para outras aeronaves israelenses em estação.
Enquanto a batalha estava em andamento, uma formação mista de dois Skyhawks dos 109º e 115º Esquadrões avistou um par de torpedeiros egípcios rumo à ilha a partir de Hurgada. As aeronaves atacaram os barcos com foguetes ar-solo, afundando ambos.[2] Uma tentativa ligeiramente mais bem sucedida de intervenção ocorreu pouco depois da meia-noite de 23 de janeiro, quando um único bombardeiro Ilyushin Il-28 da Força Aérea Egípcia conseguiu fugir das aeronaves israelenses em patrulha. A aeronave fez uma única passagem de bombardeio, mas não causou nenhum dano.
Evacuação
[editar | editar código-fonte]Mantendo a ilha durante toda a noite, as forças israelenses receberam a ordem de evacuação às 11:50h da manhã de 23 de janeiro. Todas as estruturas, exceto o farol, foram demolidas e as forças se retiraram com 62 prisioneiros de guerra egípcios e um Radar Decca britânico capturado. O último helicóptero, com Haim Nadal, partiu da ilha às 17:40h. Três israelenses foram mortos e 7 feridos, enquanto os porta-vozes israelenses estimaram o número de mortos egípcios em 70, incluindo soldados em Shadwan e nos torpedeiros afundados.[4]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Apesar do êxito da operação, as suas consequências não foram tão louváveis. Em 24 de Janeiro, dois dias após a operação, um caminhão que transportava munição capturada em Shadwan explodiu enquanto este era desembarcado em terra em Eilat: 21 pessoas morreram no acidente, embora militantes palestinos tenham tentado assumir a responsabilidade pela explosão.
O Egito admitiu 80 soldados mortos, feridos ou desaparecidos, mas tentou pintar a incursão israelense da melhor maneira possível. Inicialmente, informou que os israelenses "tentaram pousar" na ilha e sofreram 30 baixas e perderam 2 aeronaves,[4] e mais tarde afirmou que as forças israelenses não conseguiram permanecer na ilha "devido à forte resistência em terra e ataques aéreos maciços".[5] A imprensa egípcia centrou-se nas ações do Capitão Hosni Hamad, que perdeu a vida ao conduzir os torpedeiros para a ilha por sua própria iniciativa.
A Operação Rodes teve lugar poucos dias após o lançamento da Operação Priha, que sublinhou a incapacidade do Egito de combater a supremacia aérea israelense. O presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, em vez de optar por um cessar-fogo, voltou-se para a União Soviética para assistência militar. No mesmo dia da Operação Rodes, Nasser saiu secretamente do Cairo para Moscovo para uma série de conversações clandestinas. Em poucas semanas, equipamento e militares soviéticos começaram a chegar ao Egito, sinalizando uma nova fase na Guerra de Desgaste.
Referências
- ↑ Gawrych, George W. (2000). The Albatross of Decisive Victory: War and Policy Between Egypt and Israel in the 1967 and 1973 Arab-Israeli Wars. Col: Contributions In Military Studies, No. 188 (em inglês). Westport, Connecticut: Bloomsbury Academic. p. 115-116. ISBN 978-0-313-31302-8. OCLC 42289902
- ↑ a b c Aloni, Shlomo (2013). Israeli A-4 Skyhawk Units in Combat. Col: Combat Aircraft 81 (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. p. 24. ISBN 978-1849081290. OCLC 650248745
- ↑ Gawrych, George W. (2000). The Albatross of Decisive Victory: War and Policy Between Egypt and Israel in the 1967 and 1973 Arab-Israeli Wars. Col: Contributions In Military Studies, No. 188 (em inglês). Westport, Connecticut: Bloomsbury Academic. p. 114. ISBN 978-0-313-31302-8. OCLC 42289902
- ↑ a b Associated Press (23 de janeiro de 1970). «Israeli Commandos remove radar from Egyptian isle». Google News. Eugene Register-Guard (em inglês): 2A. Consultado em 18 de dezembro de 2024
- ↑ McClure, Hal (24 de janeiro de 1970). «Egyptians Bomb in Sinai, Israelis Quit Spy Island». Google News. The Evening News (em inglês). Consultado em 18 de dezembro de 2024
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Aloni, Shlomo (2009). Israeli A-4 Skyhawk Units in Combat. Col: Combat Aircraft 81 (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 96 páginas. ISBN 978-1849081290. OCLC 650248745
- Gawrych, George Walter (2000). The Albatross of Decisive Victory: War and Policy Between Egypt and Israel in the 1967 and 1973 Arab-Israeli Wars. Col: Contributions In Military Studies, No. 188 (em inglês). Westport, Connecticut: Bloomsbury Academic. 281 páginas. ISBN 978-0-313-31302-8. OCLC 42289902
- Norton, Bill (2004). Air War on the Edge – A History of the Israel Air Force and its Aircraft since 1947 (em inglês). North Branch, Minnesota: Midland. 432 páginas. ISBN 978-1857800883. OCLC 55628179