Nuno Teotónio Pereira
Nuno Teotónio Pereira | |
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Nome completo | Nuno Teotónio Pereira |
Nascimento | 30 de janeiro de 1922 Lisboa, Portugal |
Morte | 20 de janeiro de 2016 (93 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Arquitecto |
Prémios | Lista dos Prémios Valmor e Municipal de Arquitectura Prémio de Cultura Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes (2012 |
Nuno Teotónio Pereira GCIH • GCL (Lisboa, 30 de janeiro de 1922 – Lisboa, 20 de janeiro de 2016) foi um arquitecto português.
Formou-se em Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Singular arquitecto com predominância na segunda metade do século XX.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido em Lisboa a 30 de janeiro de 1922, filho de Luís Theotónio Pereira (Lisboa, Coração de Jesus, 17 de março de 1895 – Lisboa, 13 de fevereiro de 1990), neto materno dum alemão, e de sua mulher Alice de Azevedo Gomes de Bettencourt (Porto, 31 de dezembro de 1895 – Lisboa, 11 de junho de 1957). Nuno Theotónio Pereira (que mais tarde mudou o seu nome para Nuno Teotónio Pereira) formou-se como arquitecto a 19 de abril de 1949, diplomado com 18 valores pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Colaborou no Atelier do Arq.° Carlos Ramos entre 1940 e 1943. Ainda antes de concluir o seu curso, participou, em 1948, no 1.º Congresso Nacional de Arquitectura, como arquitecto estagiário. Fez com Costa Martins a comunicação Habitação Económica e Reajustamento Social e em 1949 foi proposto para sócio do Sindicato Nacional dos Arquitectos, havendo fundado em 1952 o Movimento para a Renovação da Arte Religiosa. Entre 1948 e 1972, foi consultor de Habitações Económicas na Federação das Caixas de Previdência, havendo realizado o primeiro concurso para habitações de renda controlada.[1] Foi presidente do Conselho Directivo Nacional da A.A.P. nos mandatos 1984/86 e 1987/89 e em 1966 foi presidente da Secção Portuguesa da U.I.A. — S.P.U.I.A. A nível internacional, foi o primeiro delegado português ao Comité do Habitat da União Internacional dos Arquitectos em Bucareste, 1966.
Faleceu a 20 de janeiro de 2016, na sua casa de Lisboa, a poucos dias de completar 94 anos de idade, após um longo período de doença.[2]
Projectos e obras
[editar | editar código-fonte]Ao longo da sua carreira foi condecorado por diversas vezes tendo ganho vários prémios de arquitectura: Prémio da I Exposição Gulbenkian, 1955,[3] com o Bloco das Águas Livres; 2.º Prémio Nacional de Arquitectura da Fundação Gulbenkian, 1961. Prémio AICA de 1985. Prémios Valmor de 1967, 1971, 1975, respectivamente com a Torre de Habitação nos Olivais Norte, o Edifício Franjinhas na Rua Braamcamp e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Obteve ainda as Menções Honrosas de 1987 e 1988,[4] com o edifício ao n.º 18 na Rua Diogo Silves, e os edifícios aos números 31 a 45 na Rua Gonçalo Nunes, ambos no Restelo. Prémio I.N.H. de Promoção Municipal 1992, com o empreendimento de 144 fogos em Laveiras, Oeiras. Prémio Espiga de Ouro da Câmara Municipal de Beja, 1993 e Prémio Municipal Eugénio dos Santos da CML, 1995. Foi membro honorário da Ordem dos Arquitectos desde Novembro de 1994, e Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 2003 [5] e Doutor Honoris Causa, pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa em 2005.
Entre os seus projectos de arquitectura destacam-se:
- Edifício de habitação na Rua General Silva Freire, números 55 a 55 A (Olivais Norte), em Lisboa (com António Pinto Freitas) — Prémio Valmor, 1967.
- Edifícios de habitação de renda económica, na Avenida da Liberdade, na freguesia de São José de São Lázaro, em Braga 1947.
- Edifício de escritórios e comércio na Rua Braamcamp n.º 9, em Lisboa (conhecido por Edifício Franjinhas) (com João Braula Reis) — Prémio Valmor, 1971.
- Igreja do Sagrado Coração de Jesus (com Nuno Portas) — Prémio Valmor, 1975.
- Bloco das Águas Livres em Lisboa (com Bartolomeu Costa Cabral), 1956.
- Igreja Nova de Almada — «Igreja de Nossa Senhora da Assunção»,
Reconhecimento e Homenagens
[editar | editar código-fonte]Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a 9 de junho de 1995 e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique a 4 de outubro de 2004.[6]
Recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal de Lisboa.
Em 2012 recebeu o Prémio Árvore da Vida.[7]
Em abril de 2015, Nuno Teotónio Pereira foi distinguido com o Prémio Universidade de Lisboa 2015 pelo exercício “brilhante” na área da Arquitectura e como “figura ética”.
A propósito do seu centenário foi criado um site, em 2022, com vista a dar a conhecer o seu trabalho e promover a investigação em torno da sua obra e a época em que viveu. Este projecto teve, para além do apoio da familia, o apoio da Fundação Gulbenkian e de várias figuras portuguesas, nomeadamente: a arquitecta e politica Helena Roseta, o geógrafo João Ferrão, o músico Júlio Pereira, Natércia Coimbra e o arquitecto Victor Mestre. [8]
Percurso Político
[editar | editar código-fonte]Foi figura de destaque nos chamados Católicos Progressistas que demonstrava uma revolta em relação as posições da Igreja Católica desde os primeiros anos da década de 60 e até ao 25 de Abril de 1974.
Envolveu-se na fundação da cooperativa Pragma (1964), nas vigílias pela paz (igreja de S. Domingos, 1969, e capela do Rato, 1972), nos cadernos GEDOC (1969), na Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (1970) e no Boletim Anti-Colonial (1972).[9]
Também se apresentou como candidato pelo Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral ao distrito de Portalegre nas eleições legislativas de 1969.[10]
Foi detido pela DGS em maio de 1970, junto com os padres José da Felicidade Alves e Abílio Tavares Cardoso, e o Manuel de Azevedo Mendes Mourão, por causa do envolvimento com o movimento GEDOC[11] e em finais de 1973, quando ficou em Caxias até o 25 de Abril 1974.
Após o 25 de Abril, Nuno Teotónio Pereira foi um dos oradores do comício do Primeiro de Maio de 1974, em Lisboa.[12]
Além disso, foi candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, pelo GDUP, uma aliança entre a UDP e o MES, criados para apoiar a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho nas eleições presidenciais de 1976.[13] Nesses eleições obteve 4,89% mas não conseguiu eleger nenhum vereador.[14]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Capela do Rato
- Lista de arquitectos de Portugal
- Entrevista a Nuno Teotónio Pereira, RTP, 1 de Julho de 1989
- Entrevista a Nuno Teotónio Pereira, RTP, 24 de Junho de 2003
Fontes
[editar | editar código-fonte]- COELHO, Fátima. Exposição Bibliográfica: Selecção de Obras Existentes no Acervo da Biblioteca Keil do Amaral[ligação inativa]. Lisboa: Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos, 2010.
- ROSAS, Fernando. Entrevista de Fernando Rosas a Nuno Teotónio Pereira na Antena 2, em 15 de Maio de 1998. Texto disponibilizado pelo Centro de Documentação 25 de Abril.
- TOSTÕES, Ana (concep., coord. e textos); ALVES, José Manuel Costa (fot.). Arquitectura e cidadania: atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera, 2004. ISBN 972-589-127-9.
Referências
- ↑ Tostões, Ana (2004). Arquitectura e Cidadania - Atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera Editores, Lda. p. 63-66. ISBN 972-589-127-9
- ↑ Morreu o arquitecto Nuno Teotónio Pereira com 93 anos - Diário Económico, 20.1.2016
- ↑ Tostões, Ana (2004). Arquitectura e Cidadania - Atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera Editores, Lda. p. 292. ISBN 972-589-127-9
- ↑ Tostões, Ana (2004). Arquitectura e Cidadania - Atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera Editores, Lda. p. 302. ISBN 972-589-127-9
- ↑ Tostões, Ana (2004). Arquitectura e Cidadania - Atelier Nuno Teotónio Pereira. Lisboa: Quimera Editores, Lda. p. 309. ISBN 972-589-127-9
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Nuno Teotónio Pereira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 20 de janeiro de 2016
- ↑ Cf. «Nuno Teotónio Pereira: um arquiteto da justiça social» no Youtube.
- ↑ Salema, Isabel. «Nos cem anos de Nuno Teotónio Pereira, a família lança "site" dedicado ao "arquitecto e activista"». PÚBLICO. Consultado em 30 de janeiro de 2022
- ↑ «Nuno Teotónio Pereira (1922-2016)». Esquerda. Consultado em 23 de abril de 2019
- ↑ Afonso, João (1 de dezembro de 2010). «O Encontro Nacional de Arquitectos: Tomar consciência da sociedade». Revista Crítica de Ciências Sociais (91): 27–39. ISSN 0254-1106. doi:10.4000/rccs.3729
- ↑ Gomes, Ana R. (2024). Padre Felicidade: O oposicionista praticante. Lisboa: Tinta da China. p. 164. ISBN 978-989-671-829-9
- ↑ «Visão | A força do 1º de Maio». Jornal visao. Consultado em 23 de abril de 2019
- ↑ Marujo, António. «O 25 de Abril dos padres». PÚBLICO. Consultado em 5 de maio de 2022
- ↑ «Veja a votação no seu concelho desde 1976». JN. 20 de setembro de 2017. Consultado em 5 de maio de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Site | Nuno Teotónio Pereira (criado nas comemoração do centenário de Nuno Teotónio Pereira
- Reabi(li)tar | O Meu Bairro — Alvalade: Arquitecto Teotónio Pereira (2013)
- «Teotónio Pereira considera que igreja do Restelo é uma aberração». Público. Ana Henriques. 18 de novembro de 2009
- Igreja Nova de Almada
- Nascidos em 1922
- Mortos em 2016
- Portugueses de ascendência alemã
- Naturais de Lisboa
- Católicos de Portugal
- Arquitetos de Portugal
- Doutores honoris causa pela Universidade do Porto
- Grã-Cruzes da Ordem da Liberdade
- Grã-Cruzes da Ordem do Infante D. Henrique
- Alumni da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa
- Arquitetos de Portugal do século XX
- Antifascistas de Portugal
- Opositores da ditadura portuguesa