Lagosta do Cabo
Lagosta do Cabo | |||||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||
![]() Dados deficientes (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Homarinus capensis (Herbst, 1792) [3] | |||||||||||||||||||
Sinónimos[4] | |||||||||||||||||||
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A lagosta do Cabo (Homarinus capensis) é uma espécie de lagosta pequena que vive na costa da África do Sul, da Ilha Dassen [en] até Haga Haga [en].[5] São conhecidas apenas algumas dezenas de espécimes, a maioria regurgitada por peixes que vivem nos recifes. Ela vive em recifes rochosos e acredita-se que põe ovos grandes que têm uma fase larval curta ou que eclodem diretamente como filhotes. A espécie atinge um comprimento total de 10 cm e se assemelha a uma pequena Homarus gammarus ou Homarus americanus. Anteriormente, era incluída no mesmo gênero, Homarus, embora não tenha parentesco muito próximo com essas espécies, e agora é considerada um gênero separado e monotípico - Homarinus. Seus parentes mais próximos são os gêneros Thymops [en] e Thymopides.
Distribuição e ecologia
[editar | editar código-fonte]A lagosta do Cabo é endêmica da África do Sul. Ocorre desde a Ilha Dassen, no Cabo Ocidental, a oeste, até Haga Haga, no Cabo Oriental, a leste, uma distância de 900 quilômetros.[5] A maioria dos espécimes conhecidos foi regurgitada por peixes capturados em recifes a profundidades de 20-40 metros.[5] Isso sugere que a lagosta do Cabo habita substratos rochosos e pode explicar sua aparente raridade, já que essas áreas não são passíveis de dragagem ou pesca de arrasto, e a espécie pode ser pequena demais para ser retida por armadilhas para lagostas.[5]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A espécie Homarinus capensis é consideravelmente menor do que as grandes lagostas do norte do Oceano Atlântico, Homarus gammarus e Homarus americanus, com 8 a 10 centímetros de comprimento total, ou 4 a 5 cm de comprimento da carapaça.[4][6] Os relatos sobre a coloração da H. capensis são muito variáveis, desde marrom, vermelho ou amarelo até “um tom de oliva bastante escuro”, semelhante à Homarus gammarus.[7]
Homarinus e Homarus são considerados os gêneros mais plesiomórficos da família Nephropidae.[8] No entanto, a lagosta do Cabo difere do gênero Homarus em vários caracteres. O rostro da lagosta do Cabo é achatado, enquanto o do Homarus tem seção arredondada e curva-se para cima na ponta.[5] Os três pares de garras[nota 1] são cobertos de pelos no Homarinus, enquanto os do Homarus não têm pelos.[4] O télson afunila ao longo de seu comprimento no Homarus, mas tem lados quase paralelos no Homarinus.[5] Embora nenhuma fêmea portadora de ovos tenha sido coletada, os gonóporos (aberturas dos ovidutos) das lagostas do Cabo fêmeas são muito maiores do que os do Homarus gammarus e do Homarus americanus.[5] Acredita-se que isso indique que o Homarinus produz menos ovos e maiores do que o Homarus, e que as larvas se desenvolvem rapidamente em filhotes após a eclosão, ou que os ovos eclodem diretamente em filhotes.[5][10]
Taxonomia e evolução
[editar | editar código-fonte]As lagostas do Cabo são esquivas e raras, com apenas quatorze espécimes coletados entre 1792 (a data de sua primeira descrição) e 1992.[7] Isso inclui cinco machos nas coleções do Museu Sul-Africano Iziko [en] (Cidade do Cabo), dois no Museu de História Natural de Londres (Londres), um em cada um dos museus de East London, Rijksmuseum van Natuurlijke Historie [en] (Leida) e Museu Albany [en] (Grahamstown), e um macho e uma fêmea no Museu Nacional de História Natural (Paris).[6] Em 1992, uma lagosta do Cabo foi descoberta na Ilha Dassen, e a publicidade gerada pela descoberta resultou em mais de 20 espécimes adicionais sendo relatados.[5]
A lagosta do Cabo foi descrita pela primeira vez por Johann Friedrich Wilhelm Herbst em 1792 como Cancer (Astacus) capensis[9][11] e foi descrita independentemente em 1793 por Johan Christian Fabricius como Astacus flavus, possivelmente com base no mesmo tipo nomenclatural.[9] Quando Friedrich Weber [en] criou o gênero Homarus em 1795, ele incluiu a espécie de Fabricius nele, mas essa colocação não foi seguida por autores posteriores.[9] A espécie alcançou sua classificação atual em 1995, quando o gênero monotípico Homarinus foi criado por Irv Kornfield, Austin B. Williams [en] e Robert S. Steneck.[7]
Embora as análises da morfologia sugiram uma relação próxima entre Homarinus e Homarus, as análises moleculares usando o DNA mitocondrial revelam que eles não são grupos irmãos.[8] Ambos os gêneros não têm ornamentação, como espinhos e carenas, mas acredita-se que tenham alcançado esse estado independentemente por meio de evolução convergente.[8] O parente vivo mais próximo de Homarus é Nephrops norvegicus, enquanto os parentes mais próximos de Homarinus são Thymops [en] e Thymopides.[8]
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Johann Friedrich Wilhelm Herbst relatou que a lagosta do Cabo tem cinco pares de garras, com base em uma ilustração enviada a ele de Copenhague.[9] Autores posteriores, incluindo Thomas Roscoe Rede Stebbing [en], concluíram que o ilustrador deve ter cometido o erro.[9]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ A. Cockcroft; M. Butler; T. Y. Chan; A. MacDiarmid; R. Wahle (2011). IUCNThe IUCN Red List of Threatened Species. 2011: e.T169982A6698791. doi:10.2305/IUCN.UK.2011-1.RLTS.T169982A6698791.en
- ↑ «Homarinus Kornfield, Williams and Steneck, 1995» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 25 de junho de 2011
- ↑ «Homarinus capensis (Herbst, 1792)» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 25 de junho de 2011
- ↑ a b c Lipke B. Holthuis (1991). «Panulirus interruptus». FAO Species Catalogue, Volume 13. Marine Lobsters of the World. Col: FAO Fisheries Synopsis No. 125. [S.l.]: Food and Agriculture Organization. pp. 142–143. ISBN 92-5-103027-8. Consultado em 12 de abril de 2010. Cópia arquivada em 7 de junho de 2011
- ↑ a b c d e f g h i Ryusuke Kado; Jiro Kittaka; Yasuhiro Hayakawa; D. E. Pollock (1994). «Recent discoveries of the "rare" species Homarus capensis (Herbst, 1792) on the South African coast». Crustaceana. 67 (1): 71–75. JSTOR 20104967. doi:10.1163/156854094x00305
- ↑ a b Torben Wolff (1978). «Maximum size of lobsters (Homarus) (Decapoda, Nephropidae)». Crustaceana. 34 (1): 1–14. JSTOR 20103244. doi:10.1163/156854078x00510
- ↑ a b c Irv Kornfield; Austin B. Williams (1995). «Assignment of Homarus capensis (Herbst, 1792), the Cape lobster of South Africa, to the new genus Homarinus (Decapoda: Nephropidae)» (PDF). Fishery Bulletin. 93: 97–102
- ↑ a b c d Dale Tshudy; Rafael Robles; Tin-Yam Chan; Ka Chai Ho; Ka Hou Chu; Shane T. Ahyong; Darryl L. Felder (2009). «Phylogeny of marine clawed lobster families Nephropidae Dana, 1852, and Thaumastochelidae Bate, 1888, based on mitochondrial genes». In: Joel W. Martin; Keith A. Crandall; Darryl L. Felder. Decapod Crustacean Phylogenetics. [S.l.]: CRC Press. pp. 357–368. ISBN 978-1-4200-9258-5. doi:10.1201/9781420092592-c18
- ↑ a b c d L. B. Holthuis (1986). «J. C. Fabricius' (1798) species of Astacus, with an account of Homarus capensis (Herbst) and Eutrichocheles modestus (Herbst) (Decapoda Macrura)» (PDF). Crustaceana. 50 (3): 243-256. doi:10.1163/156854086X00278
- ↑ Bruce F. Phillips (2006). Lobsters: Biology, Management, Aquaculture and Fisheries. [S.l.]: John Wiley & Sons. p. 62. ISBN 978-1-4051-2657-1
- ↑ Tin-Yam Chan (2010). Martyn E. Y. Low; S. H. Tan, eds. «Annotated checklist of the world's marine lobsters (Crustacea: Decapoda: Astacidea, Glypheidea, Achelata, Polychelida)» (PDF). Zootaxa. Suppl. 23: 153–181. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2012
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Tin-Yam Chan (2010). «Homarinus capensis (Herbst, 1792)». World Register of Marine Species