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Língua asurini do Xingu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Asurini do Xingu

Awaeté

Pronúncia:[a.wa.e.'te]
Falado(a) em: Pará,  Brasil
Região: Terra Indígena Koatinemo , Pará,  Brasil, América do Sul
Total de falantes: 219 (Siasi/Sesai, 2020)[1]
Família: Tupi
 Tupi-Guarani
  Kayabí
   Asurini do Xingu
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: asn
Terra Indígena Koatinemo, lar da tribo Asurini do Xingu

A língua asurini do Xingu, ou ainda, assurini do Xingu, assurini do Koatinemo, asurinikin, surini ou asonéri (da língua Juruna), é uma língua indígena falada pelo povo de mesmo nome (autodenominados awaeté, de pronúncia [a.wa.e.'te]), localizada na Terra Indígena Koatinemo, à margem direita do Rio Xingu, no estado do Pará, Brasil. É importante ressaltar as diferenças geográficas, culturais, e, consequentemente, linguísticas entre os dois grupos asurini existentes: os asurini do Xingu e os asurini do Tocantins (ou asurini do Trocará).[2]

A língua asurini do Xingu é pertencente ao tronco linguístico tupi-guarani, no sub-ramo V[3] e possui cerca de 219 falantes, em sua maioria, nativos da Aldeia Assurini do Xingu. É considerada uma língua ativa e apresentou relativo crescimento nas últimas décadas: após sofrer um intenso decréscimo populacional devido ao contato com a sociedade externa, a população de 150 falantes em 1930 reduziu-se a 66 em 1994; em 2002, este número subiu para 106 falantes; atualmente, os falantes de asurini do Xingu ultrapassam a marca de 200. Apesar disso, o asurini do Xingu corre risco de extinção, e sua perpetuação está ligada à alta taxa de natalidade e casamentos interétnicos.[2]

As duas principais nomenclaturas para a etnia indígena asurini do Xingu (ou asurini do Koatimeno) são composições entre uma palavra de origem juruna e o local onde o povo asurini se consolidou. O termo asurini é originado do juruna asonéri, cujo significado é "vermelho", referente ao grande uso do urucum no cotidiano, documentada pela primeira vez pelo etnógrafo Curt Nimuendajú em 1948.[2] Já os termos locacionais, Xingu e Koatinemo, referem-se às margens do Rio Xingu e à Terra Indígena Koatinemo.

Indígena Asurini

Entre outros exônimos, há divergências entre as denominações dada pelos kayapós: Kub(ẽ)-Kamrég-ti, segundo o etnólogo Curt Nimuendajú, que significa "grande índio vermelho" (Kub(ẽ) = "índio" + Kamrég = "vermelho" + ti = aumentativo); ou Krã-akâro que significa "cabeça redonda", segundo os xikrin do Bacajá, um subgrupo kayapó. Há ainda os nomes: Adgí Kaporuri-ri ("vermelho selvagem"), em xipáia; e Nupánunupag ("índio vermelho"), em kuruaia.[2]

Entretanto, a etnia se autodenomina de, ainda, outra forma. O endônimo dos asurini do Xingu, especificamente, é awaeté, cuja tradução é próxima de "gente de verdade", com awa- significando "pessoas" e -eté sendo um sufixo enfático para "muito" ou "verdadeiro". Apesar disso, os asurini do Xingu chamam-se de asurinis quando em contato com a sociedade não-indígena.[2]

Distribuição

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Atualmente, há apenas um povo falante da língua asurini do Xingu: a aldeia homônima localizada na Terra Indígena Koatinemo, à margem direita do Rio Xingu no estado do Pará, entre as cidades de Altamira e Senador José Porfírio.[2]

Tradicionalmente, os asurini, divididos em duas aldeias distintas, ocuparam a área entre a margem esquerda do Rio Bacajá e a margem direita do Rio Xingu. Por volta dos anos 40, deslocaram-se, para a região dos Igarapé Piranhaquara e Igarapé Ipiaçava devido a pressões extrativistas locais e conflitos com grupos indígenas kayapós, dividindo-se e originando as diferentes aldeias asurini: Xingu e Tocantins. Pelo mesmo motivo, os asurini do Xingu deslocaram-se novamente, desta vez para o Igarapé Ipixuna, onde permaneceram até a década de 60, quando outros conflitos surgiram, com os araweté que ali se estabeleceram. Voltaram, então, para as margens do Igarapé Ipiaçava.[4]

Asurini em sua comunidade

As primeiras informações sobre a etnia vieram à tona no final do século XIX, e o primeiro contato com a sociedade brasileira se deu em 1971. Entre 1972 e 1985, os asurini do Xingu ocupavam a margem direita do Rio Igarapé Ipiaçava, afluente do Rio Xingu, e com a homologação de Koatinemo, em 1986, o rio passou a ser fronteira da terra indígena, que se tornou lar oficial dos asurini, numa área de 387 834 hectares.[2]

Línguas relacionadas

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A língua asurini do Xingu é pertencente ao tronco linguístico tupi, da família tupi-guarani, no sub-ramo V, mesmo grupo do kayabi. Os asurini já estabeleceram relações com os kayapós (cuja língua pertence ao tronco macro-jê) e com os araweté (cuja língua pertence à família tupi-guarani), visto que dividiram espaço geográfico.[2]

Há estudos comparativos entre as línguas asurinis do Xingu e do Tocantins, como feito por Velda C. Nicholson em "Breve estudo da língua asurini do Xingu"[5], apontando a anterior união das aldeias, a separação destas após atritos com extrativistas e outras etnias da região[4], e as semelhanças e diferenças entre asurini do Xingu (asn[6]), do Tocantins (asu[7]) e o proto-tupi-guarani (PTG) indicam interações periódicas entre os povos.[8] Em sua pesquisa, Nicholson cita que a língua asurini do Xingu, em comparação ao asurini do Tocantins, tem:[5]

Além de tais regras fonéticas e gramaticais, há variações de vocabulário entre as duas línguas, como nos exemplos abaixo:[9]

Exemplos de variação de vocabulário nas línguas Asurini
pt-br asn (Xingu) asu (Tocantins)
lua djahy sahya
carangueijo ohã oha
cipó (fino) korema korawa
muito ete oho/ete
civilizado akarai'i toria
mulher kuñỹ/mirika kosoa
nuvem amynivaka ywaŋa-hon/ywaŋa-siŋ
amanhã arimo ose'iwe
1 (um) moi epẽn osepesowe

É importante ressaltar as diferenças geográficas, culturais, e, consequentemente, linguísticas entre os dois grupos asurini existentes: os asurini do Xingu e os asurini do Tocantins (ou asurini do Trocará).[2]

História do contato

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As primeiras informações sobre a etnia asurini do Xingu vieram à tona no final do século XIX, sendo muitos ataques locais acima do Rio Bacajá atribuídos a eles, mas também muitos sofridos por eles de povos vizinhos e homens brancos. Devido a esses conflitos, os asurinis se repartiram e deslocaram uma série de vezes no século decorrente. O primeiro contato com a sociedade brasileira se deu em 1971, com a expansão mineradora e agropecuária e a construção da Rodovia Transamazônica, pelos padres Anton e Karl Lukesch e, posteriormente, pela Funai. Com todos os embates interétnicos envolvidos e a presença branca na região, o contato com a sociedade externa foi inevitável.[2][4]

Entretanto, tal contato desregulado, com diversas ações negligentes da Funai na época, junto aos diversos conflitos nos quais os asurini se envolveram, impactaram negativamente a sua população. Devido a instabilidade que a aldeia passou durante o século XX, houve queda da natalidade, intenso aumento da taxa de mortalidade e decorrente decréscimo populacional devido aos ataques intertribais e epidemias trazidas da sociedade externa, o que, consequentemente, prejudicou a organização política e doméstica tradicionais considerando a redução da aldeia e a morte dos membros mais velhos e anciões. A população de 150 falantes em 1930 sofreu uma redução de 40% nos anos 70, devido aos contágios de gripe, malária e tuberculose somados à não vacinação dos agentes e pesquisadores da Funai e à ausência de assistência médica, situação agravada ao seu ápice em 1982, quando os asurinis do Xingu eram apenas 52 indivíduos. A recuperação demográfica da etnia veio aos poucos, e em 2002 a população asurini subiu para 106 no Xingu.[2][4] Atualmente, os falantes do assurini do Xingu ultrapassam a marca de 200, com a etnia e a língua ainda correndo risco de extinção, e sua perpetuação dependente de casamentos interétnicos e alta taxa de natalidade, sendo a maioria da população composta por jovens e crianças.[2]

História da documentação

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"Oficina Jejeyga – Introdução ao Tupi Guarani dos Awaeté"

Sendo o asurini um povo por muito tempo isolado, em conjunto com as desavenças entre a aldeia e a Funai nos primeiros contatos, o histórico de registro, estudo e transmissão da língua asurini do Xingu não são cronologicamente bem definidos, apesar de, atualmente, já haverem diversos estudos sobre o povo e sua língua, como, por exemplo, as obras "Breve Estudo da Língua Asurini do Xingu" (1982), de Velda Nicholson[10]; "Estudo Morfossintático do Asurini do Xingu" (2009), de Antônia Pereira Alves[11]; e "Mito e arqueologia: a interpretação dos Asurini do Xingu sobre os vestígios arqueológicos encontrados no parque indígena Kuatinemu - Pará" (2002) de Fabíola Andréa Silva[12]. Os demais artigos, em específico sobre a língua, que se tem registro são dos pesquisadores Lukeschi (1996), Monserrat e as Irmãzinhas de Jesus (1998), e Silva (1998).[13]

Cultura material asurini: Arte gráfica em vaso de cerâmica.

Além disso, entre outubro e novembro de 2019, ocorreu uma oficina sobre a língua indígena na Casa da Linguagem do Pará, em Belém, a "Oficina Jejeyga - Introdução ao Tupi Guarani dos Awaeté", com cinco aulas ministradas por um pajé aprendiz asurini, Timei Assurini, ressaltando a importância da linguagem para os povos indígenas e contando com a participação de linguistas e pesquisadores envolvidos com o povo.[14]

Cultura Material e Arte Gráfica

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Arte gráfica asurini: pintura corporal tradicional

A cultura material asurini engloba cerâmica, tecelagem, cestaria, armas, enfeites corporais, bancos de madeira e flautas. Além da utilidade cotidiana de tais instrumentos, há a decoração destes itens com a arte gráfica asurini, composta por formas geométricas nas cores amarelo, vermelho e preto que seguem uma gramática própria com diversos sistemas de significação e registram o cotidiano, a tradição e as entidades simbólicas e ritualísticas da etnia. Tal arte gráfica também se dá de forma corporal através de tatuagens, representando a organização hierarquica interna da aldeia e a realização de cerimônias.[2]

O asurini do Xingu apresenta um sistema fonético de 16 consoantes, divididas entre surdas, sonoras e labializadas, com um total de 28 variações consonantais, e 10 vogais, sendo metade delas nasalizadas.[15]A sílaba tônica, em geral, recai sobre a última sílaba e a língua não apresenta tons.[16]

O asurini do Xingu apresenta um sistema fonético de 16 consoantes, sendo 5 oclusivas, 3 nasais, 3 fricativas e 2 africadas, 2 aproximante e 1 tepe, divididas entre surdas, sonoras e labializadas. Possui um total de 28 variações consonantais, que se dão em:[17]

As variações consonantais do asurini do Xingu estão representados na tabela abaixo. As consoantes padrão da língua estão marcadas em negrito, enquanto suas variações estão representadas em itálico.[18]

Variações consonantais da língua asurini do Xingu
Bilabial Alveolar Pós-Alveolar Palatal Velar Glotal
Plosiva Surdas p t k ʔ
Sonoras b d g
Labializadas kw
Africada Surdas t͡ʃ
Sonoras d͡ʒ
Pré-nasal b d g
Nasal m n ɲ ŋ
Vibrante ɾ
Fricativa Surdas ɸ ʃ h
Sonoras β ʒ
Aproximante w j

O sistema vocálico do asurini do Xingu é bem definido e sem alofonia, apresentando 10 vogais: 5 orais e suas 5 correspondentes nasalizadas. Entretanto, em alguns casos, o fonema /e/ varia livremente com /ɛ/.[19]

Os fonemas vocálicos estão representados na tabela abaixo:[19]

Fonemas vocálicos da língua camaiurá
Anterior Central Posterior
Fechada i ĩ ɨ ɨ̃ u ũ
Semifechada e
Aberta a ã

A sílaba tônica recai sobra a última sílaba do radical na maioria dos casos, como a tendência nas línguas tupi-guarani. Quando em palavras compostas, mantém-se o acento principal na sílaba final, com um secundário no primeiro radical. Em alguns casos excepcionais, os acentos aparecem antes do fim da palavra e, apesar de não se caracterizarem como empréstimos, fogem do padrão previsível do tupi-guarani. Além disso, o asurini do Xingu não apresenta tons.[20]

Exemplos de variação de sílabas tônicas no Asurini do Xingu
Acento final Acento anterior
pt-br asn pt-br asn
casca de pau [ɨβɨ'ɾa] vento 'βɨɾa]
rosto [-u'βa] pai [-'uβa]
ir embora [aha'ka] tapuru [a'haka]
gente [a'βa] cabelo ['ʔaβa]
eu quebro [a'ka] casa ['aka]

A língua asurini do Xingu é originalmente uma língua ágrafa, ou seja, não apresenta um alfabeto ou sistema de escrita próprio, utilizando de transcrições fonéticas para registros escritos. As transcrições deste artigo se baseiam do trabalho de Antônia Alves Pereira em "Estudo Morfossintático do Asurini do Xingu" (2009).[21]

Transcrição fonética da língua asurini do Xingu
Letra Som (IPA) Pronúncia
Consoantes p /p/ [p] como em "pato"
t /t/ [t] como em "taça"
k /k/ [k] como em "como"
' /ʔ/ [ʔ] como na pausa da expressão de negação "ã-ã"
kw /kw/ [kw] como em "quatro"
m /m/ [m] como em "mão"
n /n/ [n] como em "não"
g /ŋ/ [ŋ] como em "manga"
f /ɸ/ [ɸ], como em "fu" (ふ) (フ), em japonês
v /β/ [β], como em "lava", em espanhol
dj /d͡ʒ/ [d͡ʒ] como em "dia", no dialeto paulista/carioca
tx /t͡ʃ/ [t͡ʃ] como em "tchau"
h /h/ [h] como em "hat", em inglês
r /ɾ/ [ɾ] como em "arame"
w /w/ [w] como em "mau"
j /j/ [j] como em "cai"
Vogais i /i/ [i] como em "ilha"
ĩ /ĩ/ [ĩ] como em "cinto"
y /ɨ/ [ɨ] como em "roses", em inglês
/ɨ̃/ sem correspondente
u /u/ [u] como em "suco"
ũ /ũ/ [ũ] como em "muito"
e /e/ [e] como em "estrela"
/ẽ/ [ẽ] como em "sempre"
a /a/ [a] como em "pá"
ã /ã/ [ã] similar a "lã"

O asurini do Xingu é uma língua que utiliza aglutinação. Uma das suas principais características é o recorrente uso de partículas para caracterizar um radical, criando um extenso vocabulário. Possui 7 classes: nome, pronomes pessoais e demonstrativos, verbo, advérbio, posposição e partícula. Apresenta orações transitivas e intransitivas, seguindo a estrutura locuções-sujeito-objeto-verbo.

Os nomes do asurini do xingu são definidos por três critérios: semântico (conceitos estáveis no tempo, como seres, eventos e coisas em geral), morfológico (sufixação casual e temporal), e sintático (núcleo de sintagma nominal). São subdivididos entre possessivos, prefixos relacionais, além das subclasses de pronomes.[22]

Número e Gênero

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Em geral, não há marcação de número no asurini do Xingu, com os nomes expressos em sua forma do singular. Apesar disso, há elementos que indicam plural usados em alguns casos:[23]

Nomes - Número
Singular Plural
kunimi menino kunimi-mera os meninos
mani'aka mandioca mani'aka-tyra mandiocal
ure rayra nossa filha ure rayra amu nossos filhos

Os nomes do asurini também não recebem marcação de gênero, de forma que existem diferentes expressões para cada gênero. Quando não se há tal diferenciação, o sexo é subentendido pelo contexto ou explicitado, em alguns casos específicos, lexicalmente com kudjema'e para sexo masculino e kujĩ para feminino após o nome.[23]

Nomes - Gênero
kujĩ maja udjuka kunimi maja kujĩ udjuka
kujĩ maja u-djuka kunimi maja kujĩ u-djuka
mulher cobra 3-matar menino cobra mulher 3-matar
a mulher matou a cobra o menino matou a cobra fêmea

Na família tupi-guarani, é possivel estabelecer relações de dependência em uma frase com o uso de um prefixo relacional no núcleo do sintagma nominal, que é possuído pelo termo da sentença que o antecede. Os relacionais do asurini do Xingu são:[24]

Exemplo: dje ryja (minha filha; lit. eu relac.-filha)

Relacional u-
ga umaniaka uerut
ga u- maniaka u- erut
3sg.masc relac. mandioca 3 trazer
ele carregou sua própria mandioca

Exemplo: ipa ifuku (a mão dele é comprida; lit. relac.-mão relac.-comprida)

  • t-: marca nomes inalienavelmente possuíveis, quando o possuidor não é especificado, variando também entre o prefixo m- (nomes iniciados com a letra p) e a ausência de marcação (nomes iniciados com consoantes, exceto a letra m).
Relacional t-
tyru erut dje ve
t- yru e- rut dje ve
relac. roupa 2III- trazer 1sg pospos
traga roupa para mim

Pronomes Pessoais

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Há oito pronomes pessoais no asurini do Xingu, sendo quatro no singular e quatro no plural, divididos entre 1ª, 2ª e 3ª pessoas do discurso, com gêneros masculino e feminino diferenciados na 3ª pessoa do singular e com inclusão ou exclusão do ouvinte na 1ª pessoa do plural. Pertencem a uma classe fechada e são divididos entre pronomes livres (tônicos) e pronomes clíticos (átonos), entretanto, sem diferenciação fonológica, interpretando diferentes funções sintáticas a depender do contexto.[25]

A lista dos pronomes pessoais da língua asurini do Xingu encontra-se na tabela abaixo.[25]

Pronomes pessoais da língua asurini do Xingu
Pessoa Pronomes pessoais
Singular Plural
dje djane (inclusivo)
ure (exclusivo)
ene pene
ga (masc.) gy
(fem)
Pronomes pessoais na forma livre
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Os pronomes pessoais do asurini do xingu assumem a função livre em dois contextos: como enfatizador do sujeito não obrigarório nas orações, e como resposta simples a uma pergunta. Observe os exemplos abaixo.[25]

Exemplo - ênfase do sujeito
com ênfase sem ênfase
ene ere-pen ere-pen
ene ere-pen ere-pen
2sg 2-passa 2-passa
você passa
Exemplo - Resposta
Pergunta Resposta
mepy u-'at? dje
mepy u-'at dje
interrog 3-cair 1sg
quem caiu? eu
Pronomes pessoais na forma clítica
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Os pronomes pessoais do asurini do xingu assumem a função clítica nos seguintes contextos:[25]

Exemplo: dje ruva (meu pai; lit. eu relac.-pai)

Exemplo - Posposição
a-aha ene rupi ne
a- -aha ene r- ene ne
1sg ir 2sg relac. pospos futuro
eu irei contigo

Exemplo: dje ga udjuka (eu o matei; lit. eu ele matar)

Exemplo: ene rurip (você está alegre; lit. ele relac.-alegre)

Exemplo - Construções dependes
jara pype ga ruti
jara pype ga r- ut -i
canoa pospos 3sg.masc relac. vir circ
ele veio de canoa

Demonstrativos

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Os pronomes demonstrativos indicam referência em relação a um ponto no espaço (o falante ou o ouvinte). No asurini do Xingu, são uma classe fechada determinada pela proximidade, visibilidade, audibilidade e posição corpórea do ser referenciado. Alguns dos prinicpais demonstrativos do asurini estão listados abaixo:[26]

  • ka: referente próximo ao falante visível;
  • aui: referente a algo visível, palpável, em posição curvada, e é restrito aos pronomes ga e ;
  • au: referente a algo visível, palpável, e em posição reta ou esticada;
  • irainũ: referente a algo perdido e, depois, achado;
  • ke: referente a algo não visível nem palpável, restrito ao singular;
  • irui: referente a algo distante e visível, em posição curvada;
  • a'e, ga, : pronomes que assumem função de demonstrativos no meio de sentenças, com uso anafórico.
Ex: pronome como demostrativo
ga a'e py'pe ahaw arew
ga a'e py'pe aha -w arew
3sg.masc p.demonst pospos ir -circ durante o dia
ele, aquele (menino), foi durante o dia

Tais demonstrativos podem assumir função de núcleo de sintagma nominal, modificador de um nome, objeto de posposição, além de receberem noção de gênero, número, e o atributivo -ramũ.[26]

Os verbos na língua asurini do Xingu são classificados de acordo com as seguintes propriedades morfossintáticas: distribuicional, associada a funções semântico-sintáticas desempenhadas pelas palavras; e a estrutural, que reflete a estrutura interna das palavras. Assim, os verbos assumem a função de núcleo de um predicado (função distribucional) e são flexionados por prefixos pessoais, prefixos relacionais, pronomes pessoais clíticos, morfemas modais e, possivelmente, pelo nominalizador -tap. Os prefixos relacionais e os pronomes pessoais ligados ao radical do verbo atuam na definição das características de atividade e inatividade, fortes do tupi-guarani. Tal característica define a divisão entre verbos transitivos, intransitivos ativos, intransitivos descritivos, e cópula (verbos de ligação) sendo:[27]

  • Pronomes pessoais clíticos: usadas em objetos de verbos transitivos e em verbos descritivos;
  • Série I: usada em transitivos e intransitivos ativos ;
  • Série II: exclusiva de intransitivos;
  • Série III: usada em transitivos;
  • Série IV: usada em transitivos;
Marcadores de pessoas no verbo
Pessoa Pronomes pessoais Prefixos ativos
Série I Série II Série III Série IV
1ª sg dje a- te- - -
2ª sg ene ene e- ere- uru-
1ª pl incl. djane txa- djare - -
1ª pl excl. ure uru- uru- - -
2ª pl pene ee- pedje- pe- uru-
3ª sg masc/sg fem/pl ga//gy u- u- - -

Modo, tempo, aspecto e evidencialidade

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Modo, tempo e aspecto são características verbais universais globais, e são expressas no asurini do Xingu através de partículas anexadas aos radicais dos verbos. O mesmo é válido para a evidencialidade verbal.[28]

Há 7 modalidades verbais no asurini, sendo 4 independentes (indicativo, imperativo, exortativo e gerúndio) e 3 dependentes (subjuntivo, consecutivo e circunstancial), além dos modos desiderativo e irrealis,definidos por:[29]

  • Indicativo: marcação de pessoa através de prefixos clíticos ou relacionais, das séries I e IV. A negação é expressa pelo morfema descontínuo ni(a)-...-i e suas variações n-...-i, na-...-i, ne-...-i.
  • Imperativo: é expresso apenas em segunda pessoa, marcadas pelos prefixos da série III e- e pe-, com negação expressa pelo afixo -ju.
  • Exortativo: marcado pelo morfema t- antes do marcador de pessoa (prefixos clíticos ou relacionais, das séries I e IV) com negação expressa pelo afixo -ju.
  • Gerúndio: marcado pelos morfemas -a (depois de consoante), -w(depois de vogal oral) e -w̃ (depois de vogal nasal), a marcação de pessoa se dá através de pronomes da série II, com sujeito co-referencial ao marcador de pessoa. A negação se dá pelo morfema -eỹma.
  • Circunstancial: é iniciada por um elemento adverbial com um pronome clítico ou relacional em terceira pessoa, marcado pelo morfema -i após consoante e sem marcação após vogal.
  • Subjuntivo: marcado logo após o radical verbal pelos morfemas -ramu após vogal e -amu após consoante. a marcação de pessoa se dá através da série II.
  • Consecutivo: marcado pelos morfemas -rire ou -ire após o radical verbal, com marcação de pessoa dada pela série II.
  • Desiderativo: formado pelos sufixos verbais "querer, poder" (-futat) e "querer, ter vontade" (-wei).
  • Irrealis: marcado com rame (para radicais verbal terminados em vogal) ou ame (para radicalis verbais terminados em consoante) acompanhado do subjuntivo ramũ, indicando uma hipótese possível no futuro.

O tempo verbal no asurini do Xingu é dividido entre presente, passado e futuro, entrento, não é flexionado ,de forma que as diferenciações de tempo se dão pelo contexto e são marcadas por expressões temporais, partículas e aspectos apenas em situações onde o momento da ação é de extrema relevância, com myve para passado, e ne (após vogal) e ane (após consoante) para futuro, sem marcação para presente.[30]

Tempos verbais no asurini do Xingu - Exemplos
Presente Passado Futuro
dje arakuri amu'in dje myve arakuri amu'in dje arakuri amu'in ane
dje arakuri a- mu'in dje myve arakuri a- mu'in dje arakuri a- mu'in ane
1sg galinha 1sg- cozinhar 1sg pass galinha 1sg- cozinhar 1sg galinha 1sg- cozinhar fut
eu cozinho galinha eu cozinhei galinha eu cozinharei galinha

Os aspectos verbais são divididos em compactos (ex: vyky/"bater"; munik/"puxar"; nimun/"cuspir"), completivos (ex: pap/"terminar"; reraa/"levar"; ut/"chegar, vir"), verbos de atividade (ex: furaai/"dançar"; futuka/"lavar", etxak/"ver") e verbos estativos (ex: urip/"estar alegre"; djerutxi/"estar triste"; fuku/"ser alto"). Alguns verbos tem sua aspectualidade inerente, como os exemplos supracitados, mas também há partículas que os evidenciam em outros casos:[31]

A evidencialidade é expressa pelo uso de partículas como raka (atestação, fato vicenciado pelo locutor), vi (atestação, fatos reais não vivenciados pelo locutor), aipa (indica base em barulho, cheiro, ou fatos existentes, mas não vistos pelo locutor), nipa e ra'uva (sem diferenciação identificada).[32]

Verbos transitivos

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Os verbos transitivos na língua asurini do Xingu são definidos por:[33]

  • Sintaticamente, admitem sujeito e objeto;
  • Concordância entre marcador de pessoa, sujeito (séries I e III) e objeto (função clítica);
Ex: Verbos Transitivos
tajmira mani'aka umu'in
tajmira mani'aka u- mu'in
nome mandioca 3- cozinhar
sujeito objeto m.p. verbo
Taimira cozinhou peixe

Exemplo: uruetxak (eu vi você; lit. eu ver)

  • Recebem os causativos -mu, e -ukat;
  • Recebe os nominalizadores agentivo -tat, paciente -ipyt, e paciente/objeto -emi;
  • Recebe os prefixos reflexivo -dje e recíproco -dju;
  • São marcados com prefixos da série I nas orações.

Exemplo: adjemu'uk (eu me banho; lit. eu-reflex-banhar)

Verbos intransitivos ativos

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Os verbos intransitivos ativos na língua asurini do Xingu são definidos por:[34]

Exemplo: ga uata (ele anda/ele caça; lit. ele ele-andar/caçar)

  • Recebem os nominalizadores atributivos -ama'e e seu negativo -ima'e;
  • Marcados pela série II (excluisiva de intransitivos) no gerúndio;
Ex: Verbos Intransitivos - gerúndio
dje dji aim'ẽ tedjata
dje dji a- im'ẽ te- djat -a
1sg machado 1I- amolar 1III- vir ger
eu amolei o machado para vir

Os verbos descritivos são característicos na família tupi-guarani e expressam estado, qualidades ou propriedades do sujeito, com características tanto verbais quanto nominais, sendo muitas vezes confundidos com adjetivos. Na língua asurini do Xingu, os descritivos são definidos por:[35]

Ex: Descritivos
Myra kawĩ akuva u'u
Myra kawĩ akuv -a u- u
nome mingau quente arg 3 beber
Myra bebeu mingua quente

Exemplo: aka idjuvuu (a casa amarelona; lit. casa ralac.-amarelo-aum)

Exemplo: Myra ifuku (Myra é alta; lit. Myra relac.-grande)

  • Receber o morfema de negação, igualmente aos demais verbos;
Ex: Descritivos - negação
dje nedjekatui
dje ne- dje- 'katu -i
1sg neg- 1sg- bonito neg
eu não sou bonito

Exemplo: etxipe (quieto!; lit. você quieto)

  • Ligar-se à cópula -ka num aspecto de estado em processo;
  • Receber o nominalizador atributivo -ama'e.

Os verbos cópula, ou verbos de ligação, são expressos pela forma -ka e sua variação -ika, e se assemelham ao "ser, estar, ficar" do português. São prefixados por elementos da série I para a primeira e segunda pessoa, e por pronomes pessoais e relacionais.[36]

Ex: Cópula
locativo "ser"
dje aka ki ava pe ereka
dje a- -ka ki ava pe ere -ka
1sg 1- cop. estar aqui quem interrog 2sg cop
eu estou aqui quem é você?

Também atuam como auxiliares, flexionados pelos marcadores da série II.[36]

Ex:Cópula - auxiliar
akaru teka papanema
a- karu te- -ka papanema
1- comer 1II- cop primeiro
vou comer primeiro

A língua asurini do Xingu apresenta orações com predicado verbal (transitivas, intransitivas ativas, intransitivas descritivas e copulativas) e com predicado nominal (possesivas, equativas, locativas, existenciais e suas negativas). [37] Apresenta características tanto de alinhamento nominativo-acusativo quanto de ergativo-absolutivo, formando o chamado sistema cindido Split-S, devido à estrutura ativa/estativa dos verbos intrasitivos (Dixon, 1994).[38] Em geral, seguem a estrutura sujeito-objeto-verbo, sujeito-verbo, ou sujeito-nome.

As orações negativas são dadas pela anexação de morfemas aos verbos, como descrito em cada caso da sessão "modo".[29]

Orações transitivas

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São aquelas que apresentam um verbo transitivo com núcleo do predicado, com dois argumentos: sujeito e objeto. Existem três estruturas possíveis, sempre com o objeto marcado externamente ao verbo: sujeito indicado com prefixação da série I no verbos; verbo marcado com um relacional antecedido por um pronome pessoal que indica o objeto, sem marcação de sujeito (subentendendo-se 3ª pessoa); verbo prefixado pela série II, com sujeito em 1ª pessoa e objeto em . Em geral, as orações transitivas no asurini seguem a estrutura locuções-sujeito-objeto-verbo prefixado.[39]

Ex: Orações Transitivas
tajmira mani'aka umu'in dje retxak
tajmira mani'aka u- mu'in dje r- etxak
nome mandioca 3- cozinhar 1sg relac. ver
sujeito objeto m.p. verbo obj. relac. verbo
Taimira cozinhou peixe ele me viu

Orações intransitivas

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São aquelas que apresentam um verbo intransitivo como núcleo do predicado, divididas entre ativas e descritivas.[40]

Os verbos das orações intransitivas ativas apresentam um prefixo da série I anexado ao verbo, na estrutura sujeito-verbo prefixado.[40]

Exemplo: ga uata (ele anda/ele caça; lit. ele ele-andar/caçar)

Os verbos das orações intransitivas descritivas apresentam um prefixo relacional anexado ao verbo, antecedidos por um pronome clítico ou uma locução nominal. Seguem a estrutura sujeito-verbo prefixado.[40]

Exemplo: aka idjuv (a casa amarela; lit. casa ralac.-amarelo)

Orações copulativas

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São formadas a partir do verbo cópula, fazendo ligação entre sujeito e predicado, com complemento nominal ou pronominal sem posição fixa.[41]

Ex: Orações Copulativas
dje aka gy raryvamũ
dje a- -ka gy r- aryv -amũ
1sg 1I- -cop 3sg relac chefe atr
eu estou como chefe deles

Orações possessivas

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Possuem predicado nominal, estabelecendo uma relação de posse entre sujeito e predicado, com um núcleo nominal prefixado pelo relacional -r, na estrutura sujeito-nome.[42]

Exemplo: dje ruva (meu pai/eu tenho pai; lit. eu relac.-pai)

Orações equativas

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Possuem predicado nominal, estabelecendo relação de identidade entre sujeito (pronome pessoal ou nome) e predicado (nome), na estutura sujeito-nome.[43]

Exemplo: ga kunimi (ele é menino; lit. ele menino)

Orações locativas

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São aquelas que apresentam um nome como sujeito e um advérbio como predicado, podendo ser expressos, na estrutura sujeito-advérbio, por:[44]

Exemplo: aka mujte (a roça é longe; lit. roça longe)

Orações existenciais

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Formadas por um sujeito nominal que implica uma interpretação existencial, com predicado nominal.[45]

Ex: Orações Existenciais
djajtuta ivaka re myve asurini aiverete
djajtyta ivaka re myve asurini aiverete
estrela céu pospos antes asurini muito
há estrelas no céu antes, havia muito asurini

As existenciais negativas são formadas por um nome e possíveis modificadores como sujeito seguidos de uma negação, sendo essa no sentido de não existir (imãme) ou de ausência (natyvi).[46]

Ex: Orações Existenciais - negativas
myve tataẽny imame ki ita natyvi
myve tataẽny imame ki ita natyvi
antes lanterna neg aqui pedra neg
antes não existia lanterna aqui não tem pedra

Lista de Swadesh

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Abaixo, encontra-se a uma Lista de Swadesh com o vocabulário principal do asurini do Xingu e seus respectivos significados em português, baseada nos estudos de Velda Nicholson, "Breve estudo da língua asurini do Xingu"(1982) e de Antônia Alves Pereira, "Estudo morfossintático do asurini do Xingu"(2009).[47][11]

Lista de Swadesh: Português Brasileiro - Língua Asurini do Xingu
pt-br asn
eu dje
tu, você ene
nós (inclusivo) djane
nós (exclusivo) ure
vós, vocês pene
este, isto ka, aui, au
esse, isso (visível) irui
aquele, aquilo ke
aquele (perdido e, depois, achado) irainũ
aqui ki, karamo, katy
eovi, ao'mi, áwamo
quem ava
o que ma'e
onde mo me pe
quando moi pe
como ramũ
não natywi
todos akaite, eta
muito eta, eté, akaite
alguns -----
poucos, pequeno pipi
outro amo
um mudjepẽj
dois mukũj
três iruma'ẽ
quatro udjeruik
cinco udjeruik kaim
grande ohuete, ohu, ohuhu
comprido ipoko
largo, amplo -----
grosso, expesso yypa
pesado(a) ipohoi
curto -----
estreito, apertado -----
delgado, fino korema
mulher kunỹ
homem kujama'e, koimara
pessoas, gente ava
criança konomi
esposa mirika
marido rerakwara
mãe ehy
pai eroa
animal, bicho romawa
peixe ipira
ave, pássaro wyra
cachorro, cão dja'wara
piolho kywa
cobra mbai'a
verme, minhoca ewó'i
árvore ywyra
mato ka'a
pau ywyra
fruta i'a, ywyra'a
semente ha'ypa
folha ka'a
raiz ywypaʰ
casca ywyra-pirera
flor ifotyra, ipotyrỹg
capim, grama ka'api'i
corda topam
pele pirera
carne mama'ea'a, ma'eta'a, ra'a
sangue ohy
osso 'ikyg
gorduras, banha 'kav
ovo opi'a
chifre hatxi
rabo wai
pena, pluma ipepa
cabelo 'ava
cabeça akyg
orelha nambi
olho eha
nariz txi
boca joro
dente ỹja, ipirãjã
língua ko
unha foapé
py
perna tamakyg, uwa
joelho kanawa
mão pa
asa pepa
barriga (humana) rawera, pyapyt
entranhas, tripas, intestinos -----
pescoço jora
costas ape
peito potxi'a
coração ny'a, jy'a
fígado pu'a
beber 'u
comer karu
morder oo'o, mamaka
chupar otykot
cuspir nimun
vomitar oo'en
sobrar -----
respirar ipytohem
rir opoka
ver oesʰak
ouvir, escutar oendop
saber okohap
pensar odjapyaka
cheirar etũn
temer, ter medo okyyje
dormir okit
viver -----
morrer manu
matar djuka
brigar oje'eg-aty
caçar ata
golpear, bater vyki, nopyg
cortar manak
rachar -----
esfaquear, apunhalar -----
raspar, coçar -----
cavar oywykai
nadar uvevuj
voar owewe
andar oata
vir ut, ur djat
ser mentiroso mej
sentar-se oapyk
ficar em pé opo'am
voltar, dar a volta odjywyt, djevĩ, ur, opekine, openenu, opekinenu
cair o'at, o'anda
dar omana, omut
pegar, segurar opy'yk
apertar -----
esfregar ojeayp
lavar omohin, opyhei, futuka
limpar o'yp
enxugar omotywyn
puxar munik, omondyk
empurrar, jogar etyk, omonyryk, omamat, mabak
atar, amarrar oapytxi
coser, costurar mũmũgỹ, omombyk
contar omorogeta
falar, conversar oje'eg, omoryggyta
cantar marakajĩg, emi
brincar odjembarai
boiar uvevuj
água corrente 'y onỹn
gelar, congelar, refrigerar -----
inchar ejũn
sol kwara
lua dja'i
estrela djajtyta
água 'y
chuva amyna
rio 'y, parany
lagoa -----
mar ------
sal myryní
pedra ita
areia yja
poeira, pó yja
terra yvy, yja
nuvem amynivaka
neblina -----
céu ivaka
vento ywyto, ivira
neve -----
gelo -----
fumaça tatatxigga
fogo tata
cinza tatapỹn
queimar okaj, apy
caminho pe
montanha, monte, morro ywytyra
vermelho pirũg, pirãg, pirĩg
verde djukyry
amarelo djup
branco txig
negro, preto un, pan
noite ipyarew, ipyton, karuka
dia 'ara
ano -----
morno, quente akupʰ
frio iro'y, irowyg
cheio tynohem
novo i'yaho, penu
velho myne
bom ikato
mau nikatoi, ikato'yp
cruel ------
sujo pion, yaw
úmido, molhado iakym
seco itywyn
correto, certo -----
perto rowaki, pe, awave
longe mujte, awaite
direita -----
esquerda -----
a, em pype
e, com nite, romoi, eve, pyri
se ramẽ
por que ma'eramũ
nome hera

Expressões cotidianas

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Além disso, Nicholson listou algumas expressões simples e cotidianas em seu estudo sobre a língua asurini do Xingu:[48]

Expressões da Língua Asurini do Xingu
asn pt-br
djeny'a meu coração
gajora pescoço dele
jandetxi nossos narizes (meu e seu)
ipoko o pescoço é comprido
ujo pa pyyk nós estamos apretando a mão
hahy o joelho está doendo
opyhei ele está lavando os pés
orokyyje nós, eu e você, temos medo
ipohoi o osso é pesado
djawara pinima onça
oy'o a onça está bebendo
konomi omandyk o menino está puxando o rabo do macaco
oveve os pássaros estão voando
gapepa txig as asas são brancas
opyhyk ele pega a mandioca
oapy a árvore está queimando
ohueté a lua é grande
ipoko/ipokoite a lagoa é longe
eta yja tem muita poeira
ka'a-pype aka amote o outro está no mato
ita omamat ele está jogando pedras
pe-ropi oata ele está andando no caminho
aka-yaho a casa é nova
o'ywó ele esfregou o arco
o'ywa flecha
aimbe a faca está afiada
tynohem a panela cheia de banha
oapyk tata-rawaki ele está sentado perto do fogo
omarakanĩg este menino está cantando
ava pe omonyryk quem está empurrando?
odjembarai onde estão brincando as crianças?
owewoi a'e rame iakym ele está molhado porque nadou
nopokai ele não está rindo
odjoka ele matou jacarés
yhara-pype aka ele está na canoa
o'ap okit ele deitou-se para dormir
ojeayp ele está esfregando
omajarak ele está rachando
iaivera estragada, não presta mais
endepirãg você está vermelho
edjoka mate a cobra!

Referências

  1. «Quadro geral dos povos». Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 13 Mar 2024 
  2. a b c d e f g h i j k l m «Asurini do Xingu». Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 12 Mar 2024 
  3. Eberhard, David M., Gary F. Simons e Charles D. Fennig (2024). «Tupian». Ethnologue: Languages of the World. Consultado em 13 Mar 2024 
  4. a b c d Silva 2002, pp. 176-177.
  5. a b Nicholson 1982, pp. 1-12.
  6. «Xingu Asuriní [asn]». SIL - ISO 639-3. Consultado em 16 Mar 2024 
  7. «Tocantins Asurini [asu]». SIL - ISO 639-3. Consultado em 16 Mar 2024 
  8. Harrison, Carl H. (1975). «Gramática Asurini» (PDF). Série Lingüística, Nº 4, Sociedade Internacional de Lingüística (N° 4): Pág. 7 
  9. Nicholson 1982, pp. 13-28.
  10. Nicholson 1982.
  11. a b Pereira 2009.
  12. Silva 2002.
  13. Pereira 2009, p. 57.
  14. Matos, Vivianny (14 Out 2019). «Assurini do Xingu será o primeiro a dar oficina de língua indígena na Casa da Linguagem do Pará». Amazônia Real. Consultado em 16 Mar 2024 
  15. Pereira 2009, pp. 60-68; 72-79; 79-81.
  16. Pereira 2009, pp. 91-92.
  17. Pereira 2009, pp. 60-68; 72-79.
  18. Pereira 2009, p. 60-79.
  19. a b Pereira 2009, pp. 79-81.
  20. Pereira 2009, pp. 91-93.
  21. Pereira 2009, pp. 37-38.
  22. Pereira 2009, p. 98.
  23. a b Pereira 2009, pp. 111-113.
  24. Pereira 2009, pp. 104-110.
  25. a b c d Pereira 2009, pp. 115-124.
  26. a b Pereira 2009, pp. 124-129.
  27. Pereira 2009, pp. 130-131.
  28. Pereira 2009, pp. 216-217.
  29. a b Pereira 2009, pp. 217-228.
  30. Pereira 2009, pp. 228-234.
  31. Pereira 2009, pp. 234-239.
  32. Pereira 2009, pp. 171-188.
  33. Pereira 2009, pp. 131-135.
  34. Pereira 2009, pp. 135-136.
  35. Pereira 2009, pp. 136-146.
  36. a b Pereira 2009, pp. 149-151.
  37. Pereira 2009, p. 255.
  38. Pereira 2009, p. 144.
  39. Pereira 2009, pp. 255-259.
  40. a b c Pereira 2009, pp. 259-261.
  41. Pereira 2009, pp. 261-263.
  42. Pereira 2009, pp. 263-265.
  43. Pereira 2009, p. 266.
  44. Pereira 2009, pp. 267-269.
  45. Pereira 2009, p. 269.
  46. Pereira 2009, p. 270.
  47. Nicholson 1982, pp. 13-28; 32-41.
  48. Nicholson 1982, pp. 32-41.

Bibliografias

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