Ilha de Gorgona
Ilha Gorgona (Toscana) | |
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Coordenadas: | |
Mapa do Arquipélago Toscano | |
Geografia física | |
País | Itália |
Arquipélago | Província de Livorno, Toscana |
Ponto culminante | Punta Gorgona 252 m |
Área | 2,23 km² |
Geografia humana | |
População | 63 [nota 1][1] (2010) |
Densidade | 21,6 hab./km² |
Vista da marina |
A Ilha de Gorgona é a menor ilha do arquipélago Toscano, localizada no mar Lígure, a 37 km da costa de Livorno, sendo uma fração desta comuna. Possui população em torno de 300 habitantes entre detentos, agentes policiais e moradores fixos.
Está a 40 km de Capraia, 60 km da Córsega e estende-se por uma área de 2,23 km².[2]
Gorgona em grego Γοργών ou Γοργώ, (transl. Gorgón ou Gorgó) antigamente também chamada de Urgon ou Marmorica, é mais conhecida pelo isolamento, fauna e flora.
História
[editar | editar código-fonte]História Pagã
A antiga Urgon, conhecida dos etruscos e dos gregos que a chamavam também de Egilora, foi certamente habitada pelos romanos. As evidências são restos de uma vila do século I d.C. [3]
O nome foi citado por Plínio, o Velho, que afirma estar próxima a Pianosa e Capraia.[4] Pmpônio Mela mencionou anteriormente (43 a.C.), mas apenas como um item em uma lista de ilhas nas imediações.[5]
A partir do século IV d.C., foi o local de um monastério, lugar de retiro de monges que não obedeciam às regras da época. [6]
História Monástica
A tradição diz que os monges de Gorgona resgataram as relíquias de Santa Julia da Córsega antes de serem transportadas para o continente no século VIII.
O monastério foi abandonado após a sua destruição pelos sarracenos e, no século XI, a República de Pisa retirou os muçulmanos do mar Tirreno prosseguindo contra seus redutos na África. [6]
Em 1051, pouco antes da ocupação pela República de Pisa, o monastério foi reconstituído, ainda beneditino, e foi declarado sob a proteção papal. Posteriormente aristocratas presentearam terras em Toscana (onde está localizada Pisa) e no norte da Córsega. [6]
A carta 130 de Catarina de Siena para um nobre florentino, encoraja-o a entrar para o mosteiro de Gorgona que necessitava ser remodelado segundo a Ordem dos Cartuxos. [7]
A ilha passou a pertencer a Florença em 1421 e, sujeita a freqüentes incursões bárbaras, foi abandonada em 1425, por poucos cartuxos que sobreviveram a intensos ataques e atrocidades.
História Moderna
A concessão da ilha foi dada em 1509 a um pisano, na tentativa de repovoá-la e torná-la mais segura com uma fortaleza.
Em 1564, a ilha foi doada aos basilianos e em 1567, sob o comando do grão-duque Cosmo de Médici, a antiga torre pisana foi fortalecida.[6]
Sob posse de Cartuxos, em 1701, foram construídas estruturas até hoje visíveis, como a igreja, pequenas lojas e casas de pescadores. [8]
Em 1777, o grão-duque da Toscana, Pietro Leopoldo I, incentivou a transferência de cidadãos, cedendo terrenos a eles e cancelando todos os contratos de débitos sobre assuntos não toscanos.
História Contemporânea
Gorgona se tornou uma colônia penal agrícola em 1869, após a unificação do Reino de Itália, em 1861.
No período entre o século XVIII até o início do século XX, as anchovas pescadas na ilha, se tornaram famosas e renderam receitas muito significativas para Livorno. [9]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Gorgona tem uma superfície de 2,23 km², costa com um pouco mais de cinco km. De norte a sul e mede cerca de 2,2 km e de leste a oeste aproximadamente 1,57 km. A altura máxima atinge 255 m acima do nível do mar, em Punta Gorgona.[2]
O território é montanhoso, com um declive mais acentuado no lado ocidental. Na parte oriental, possui um declínio mais suave, com três pequenos vales.
Geologia
[editar | editar código-fonte]Do ponto de vista geológico, a ilha é caracterizada principalmente por calcário antigo, gnaisse, xistos, micaxistos e ofiolitos. [2]
As ilhas do arquipélago são o resultado do aprofundamento de uma antiga cadeia montanhosa, segundo a lenda deTirrenide[nota 2] [10] As costas são em geral íngremes e sem praias significativas. [6]
O Instituto Superior pela Proteção e Pesquisas Ambientais (Ispra) possui um museu geológico com um modelo da ilha de Gorgona do ano de 1914. O valor científico, a diversidade econômica e cultural é notável. [11]
Clima
[editar | editar código-fonte]Não havendo um sistema de detecção contínua do clima local, as medidas e avaliações resultantes de pesquisas gerais do arquipélago, são relatadas em base de dados não aceitáveis no sentido científico, pois podem sofrer de uma provável margem de erro. [9]
Eurometeo Gorgona: Período 1961 a 1990 [12]
Mês | J | F | M | A | M | J | J | A | S | O | N | D |
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Máxima | 10 | 10 | 12 | 15 | 18 | 21 | 25 | 25 | 22 | 18 | 14 | 11 |
Mínima | 7 | 7 | 8 | 10 | 13 | 17 | 20 | 20 | 18 | 14 | 11 | 8 |
Média | 9 | 8 | 10 | 12 | 15 | 19 | 22 | 22 | 20 | 16 | 12 | 10 |
Meio ambiente
[editar | editar código-fonte]Assim como as ilhas de Capraia, Pianosa, Elba, Giglio, Giannutri e Montecristo, Gorgona também faz parte do Parque Nacional do Arquipélago Toscano, criado para proteger os ambientes naturais de valor cultural e científico.
Zonas protegidas da ilha:
No solo: 100% do território (maior parte na zona 1 e o restante na zona 2)
- Zona 1: totalmente protegida
- Zona 2: parcialmente protegida
No mar: quase a totalidade pertence a zona 1, com exceção de um pequeno trecho na Enseada Scalo, que pertence a zona 2.
- Zona 1: Proibido qualquer acesso, navegação, parada, ancoragem, pesca e mergulho.
- Zona 2: A navegação, parada, ancoragem e mergulho, são regulados pela Direção da Casa de Detenção. [2]
Fauna
[editar | editar código-fonte]São encontradas lagostas, garoupas, anchovas, homarus gammarus, Dentex dentex e outras espécies valiosas típicas de costas sem contaminação. [13]
É um refúgio ideal de gaivotas-de patas-amarelas, gavoitas-de-audouin, corvos-marinhos-de cristal, corvos comuns, águias de asas redondas, falcões peregrinos, coelhos-europeus, cobras e nenhuma víbora.Há muito tempo o bode foi extinto, assim como as focas-monge-do mediterrâneo.[6]
Desde 1989 os animais são cuidados com homeopatia.[14] Focas-monge-do-mediterrâneo foram filmadas, em abril de 2010, por pescadores em frente à ilha Marettimo.
Segundo a WWF, pode se tratar de uma pequena colônia. Existe apenas cerca de 400 exemplares distribuídos em outros locais. [15] A notícia trouxe esperanças de retornarem à ilha, após 50 anos de ausência. [16]
Flora
[editar | editar código-fonte]A vegetação que cobre quase 90% da ilha é caracterizada essencialmente pela maquis mediterrânea. A presença de árvores é notável, ajudada pela presença de um solo arenoso mais profundo, devido à erosão das rochas que compõem a ilha. Grande parte da atual vegetação não se identifica com a original cobertura vegetal.
A floresta de azinheiras, mais amplamente representada no passado, agora está reduzida a fragmentos esparsos, no sudoeste e lado oriental da ilha.
As florestas são caracterizadas por pinheiros-de-alepo. A vegetação rasteira é representada por ericaceae, como urzes-molares e em menor escala, medronheiros.
No coração da ilha há um reflorestamento de pinheiros-bravos e na mesma área um pequeno bosque de castanheiras que, baseado em uma particular situação microclimática, parece ter se adaptado a um ambiente não apropriado para a espécie.
Outras plantas caracterizadas pelo clima bastante úmido: fraxinus e ulmeiros.
Na maquis alta também são encontradas aroeiras, phllyreas e sabinas-negral. Arbustos e maquis baixa dominam a maior parte da área rochosa e falésias.
A ilha possui seis espécies de orquídeas, incluindo a interessante spiranthes spiralis.
Várias espécies de fungos e líquens contribuem para enriquecer os ecossistemas mais simples ou mais evoluídos da ilha.
Demografia
[editar | editar código-fonte]Em 1978, foram reportados 57 habitantes, entre policiais, detentos e moradores.
A população aumentou para 224 habitantes em 1984, passando a ser propriedade da Justiça do Estado. [17]
Em setembro de 2010 havia 75 detentos, 3 barcos patrulheiros diários com 52 pessoas e aproximadamente 70 agentes mobilizados em torno do presídio. [14]
Infra Estrutura
[editar | editar código-fonte]Não há qualquer tipo de hospedagem para turistas.É recomendado o contato com a associação local, que fornece todas as informações necessárias para quem deseja conhecer a ilha.[nota 3]
O cárcere: Gorgona é um "outro" mundo, e como tal tem regras rígidas e limitações. É prisão, parque, fazenda, comunidade de homens e natureza. É um lugar de qualidade e experimentação. O trabalho com a terra e os animais é uma parte fundamental do processo de reabilitação.[14]
Transportes
[editar | editar código-fonte]A antiga vila de pescadores está desaparecendo, pois a ilha transformou-se em sede de uma Colônia penal a céu aberto.
Em janeiro de 2011, a direção do presídio, por razões de segurança, suspendeu o serviço de ferry-boat e Gorgona ficou sem ligações com o continente.
Houve mobilização por parte dos poucos moradores, para que a ilha não ficasse fechada para sempre.[6]
Em abril de 2011, uma companhia de navegação voltou a efetuar o transporte entre Livorno e a ilha, duas vezes por semana, provisoriamente, garantindo o direito à mobilidade. [18]
Ciência e Tecnologia
[editar | editar código-fonte]Energia das ondas: Em 05 de julho de 2011, pesquisadores do Instituto Politécnico de Turim estudavam uma oferta integrada de energia para Gorgona, porém, para a instalação do sistema Iswec (Inertial Sea Wave Converter) há barreiras: a ilha tem proteção especial tanto no arquipélago, como no mar da União Europeia. [19]
Galeria de fotos
[editar | editar código-fonte]-
Vista parcial do pequeno porto.
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Vista da Ilha Gorgona.
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Vista mais próxima da torre.
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Uma das fortificações.
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Administração da colônia penal.
Notas
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «População italiana» (em italiano). Comune.livorno.it. Consultado em 16 de julho de 2011
- ↑ a b c d «Parque Nacional Arquipélago Toscano» (em italiano). islepark.it. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ «A antiga Gorgona» (em italiano). emmeti.it. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ «Plinio Il Vecchio, Naturalis Historia Liber XXXV-2» (em italiano). latin.it. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ «Descrição do Mundo» (em inglês). Description of the World. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ a b c d e f g «Ilha de Gorgona» (em italiano). gorgon.eu. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ «Santa Catarina de Siena» (em inglês). archive.org. Consultado em 19 de julho de 2011
- ↑ Touring Club Italiano, ed. (2004). Ilha de Elba e arquipélago Toscano (em italiano). [S.l.: s.n.] p. 140. ISBN 8836530419
- ↑ a b «Clima e pesca» (em italiano). smart.toscana.it. Consultado em 20 de julho de 2011
- ↑ «Tirrenide» (em italiano). entorama.it. Consultado em 20 de julho de 2011
- ↑ «Gorgona em 1914» (em italiano). isprambiente.gov.it. Consultado em 20 de julho de 2011
- ↑ «Clima Gorgona» (em inglês). eurometeo.com. Consultado em 20 de julho de 2011
- ↑ «Fauna-Ilha Gorgona» (em italiano). isoletoscana.it. Consultado em 21 de julho de 2011
- ↑ a b c «População 2010» (em italiano). loschermo.it. Consultado em 21 de julho de 2011
- ↑ «Foca-monge» (em inglês). monachus-guardian.org. Consultado em 21 de julho de 2011
- ↑ «Colônia de focas-monges» (em italiano). corriere.it. Consultado em 21 de julho de 2011
- ↑ «Gorgona: Ilha "Fechada"» (PDF) (em italiano). fratelli-della-costa.it. Consultado em 20 de julho de 2011
- ↑ «Segurança e transporte» (em italiano). nova.firenze.it. Consultado em 21 de julho de 2011
- ↑ «Energia do Movimento de Ondas» (em italiano). greenreport.it. Consultado em 21 de julho de 2011