Culturalismo
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Na sociologia, antropologia e filosofia culturalismo é a corrente que defende a importância central da cultura como uma força organizadora nos assuntos humanos.[1][2][3] O termo foi originalmente cunhado pelo filósofo e sociólogo polonês-americano Florian Znaniecki em seu livro Cultural Reality (1919). Znaniecki havia introduzido um conceito similar em publicações anteriores da língua polonesa, que ele descreveu como humanismo (humanizm).[3] O termo culturalismo também foi usado nos primeiros trabalhos do círculo de antropologia cultural inglesa e nos estudos culturais de Stuart Hall. Hall define o culturalismo como a ênfase do cultural em oposição ao social, econômico ou histórico.[4]
Origens
[editar | editar código-fonte]O culturalismo de Znaniecki foi baseado em filosofias e teorias como as de Matthew Arnold (Cultura e Anarquia), Friedrich Nietzsche (voluntarismo), Henri Bergson (evolucionismo criativo), Wilhelm Dilthey (filosofia da vida), William James, John Dewey (pragmatismo) e Ferdinand C. Schiller (humanismo).[5] Znaniecki criticou vários pontos de vista filosóficos então predominantes: intelectualismo,[6] idealismo,[7] realismo,[7] naturalismo[3][7][8] e racionalismo.[3] Ele também foi crítico do irracionalismo e intuicionismo.[6]
Características
[editar | editar código-fonte]Em resposta a essas críticas, Znaniecki propôs um novo marco teórico.[7][8][9] O "culturalismo" foi uma abordagem ontológica e epistemológica que visa eliminar os dualismos, como a crença de que a natureza e a cultura são realidades opostas.[8] Esta abordagem permitiu-lhe "definir fenômenos sociais em termos culturais".[1] Znaniecki defendia a importância da cultura, notando que nossa cultura molda nossa visão do mundo e de nosso pensamento.[10] Znaniecki observa que, embora o mundo seja composto de artefatos físicos, não somos realmente capazes de estudar o mundo físico a não ser pelas lentes da cultura.[11] Entre os aspectos fundamentais da filosofia do culturalismo estão duas categorias: valor e ação.[8] Elżbieta Hałas, que a chama de "antítese aos dogmas intelectuais do naturalismo", identifica as seguintes suposições:[6]
- "O dualismo sujeito-objeto deve ser superado e o pensamento deve estar unido à realidade";
- "A realidade não é uma ordem absoluta, mas muda em uma evolução criativa";
- "Todas as imagens do mundo são relativas";
- "É falso opor-se à natureza e à cultura ou subordinar a cultura à natureza";
- "O valor é a categoria mais geral da descrição da realidade".
A filosofia do culturalismo de Znaniecki lançou as bases para seu sistema teórico mais amplo, baseado em outro conceito de seu "coeficiente humanista".[12] Através de originalmente um conceito filosófico, o culturalismo foi desenvolvido por Znaniecki para informar suas teorias sociológicas.[5] O culturalismo de Znaniecki influenciou as visões sociológicas modernas do antipositivismo e antinaturalismo.[13]
A forte ênfase em fatores culturais - também na manifestação de signos semióticos (cultura como um sistema de símbolos e significados) - como postulado por Clifford Geertz e David M. Schneider, vem sendo estudada desde meados da década de 1980.[14]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Hałas (2010), p. 12.
- ↑ Hałas (2010), p. 214.
- ↑ a b c d Dulczewski (1984), pp. 186–187.
- ↑ Stuart Hall: Cultural Studies. Zwei Paradigmen. 1980
- ↑ a b Hałas (2010), p. 51.
- ↑ a b c Hałas (2010), p. 52.
- ↑ a b c d Piotr Kawecki (1999). «Heroism and Intimacy of Post-modern Morality». In: Bo Stråth; Nina Witoszek. The Postmodern Challenge: Perspectives East and West. [S.l.]: Rodopi. pp. 129–130. ISBN 978-90-420-0755-0
- ↑ a b c d Hałas (2010), p. 21.
- ↑ Sztompka (2002), pp. 52–53.
- ↑ Dulczewski (1984), pp. 187–188.
- ↑ Dulczewski (1984), p. 189.
- ↑ Hałas (2010), pp. 55, 172.
- ↑ Sztompka (2002), p. 2425.
- ↑ William H. Sewell: The Concepts of Culture. In: Victoria E. Bonnell and Lynn Hunt: Beyond the cultural turn – New directions in the study of society and culture. University of California Press, 1999, ISBN 0-520-21678-4, S. 51.