Corredor bioceânico
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O Corredor Bioceânico e a Ferrovia Bioceânica[1][2][3] são projetos da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que visam interligar os litorais do Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico no Cone Sul da América do Sul.
Corredor Bioceânico
[editar | editar código-fonte]A ideia inicial era de que o Corredor Bioceânico constituir-se-ia de aproximadamente 4 mil km de rodovias que atravessariam o continente sul-americano no sentido leste-oeste, a partir do Porto de Santos, cortando a Bolívia e chegando aos portos chilenos como o Porto de Arica e o Porto de Iquique. Assim os bolivianos poderiam dispor de maior facilidade de transporte e acesso para o mar[4].
Em agosto de 2017 ocorreu a 2ª Expedição da Rota da Integração Latino Americana, partindo de Campo Grande e percorrendo toda sua extensão até os portos chilenos de Iquique e Antofagasta, parada final. A rota passou por 4 países: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A 1ª Expedição percorreu o trajeto atravessando pela Bolívia, até os portos chilenos. Devido ao histórico recente com o governo boliviano, decidiu-se que a rota deve seguir via Paraguai e Argentina. A ideia era de que o corredor fosse terminado em 2022. A maior parte do trabalho deverá ser realizada pelo Paraguai, que precisará implantar e/ou asfaltar mais de 600 km de rodovias (a maioria do trecho tendo que ser implantado do zero). O trajeto terá 2400 km entre Campo Grande e Antofagasta.[5][6]
Benefícios
[editar | editar código-fonte]- Economia: A rota deve diminuir em até 2 semanas o tempo de viagem das exportações do Centro-Oeste do Brasil até a China e Japão. Com a rota, parte da produção brasileira, que atualmente deixa o país pelos portos de Santos e Paranaguá, será exportada pelos portos chilenos a preços mais baixos.[7]
- Turismo: Servirá de ligação para vários destinos turísticos: o Pantanal sul-mato-grossense, a entrada das Cordilheiras dos Andes, em Jujuy, Argentina; o Deserto de Atacama, no Chile (ligando a área mais alagada do planeta, o Pantanal, à área mais árida do planeta), entre outros.[8]
Obras em andamento
[editar | editar código-fonte]Para viabilizar a rota, está sendo construída com os recursos oriundos de Itaipu Binacional uma ponte sobre o Rio Paraguai entre a cidade brasileira de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, no Paraguai.[9] Também será ampliada a BR-267 no Mato Grosso do Sul e construído o acesso à cabeceira da ponte.[10][11]
Já o Governo Paraguaio dividiu a obra em seu território em 3 lotes:
- O primeiro já foi finalizado, de cerca de 270 km, ligando Carmelo Peralta, na divisa com o Brasil, a Loma Plata, no meio do país.[12]
- O segundo trecho liga Loma Plata a Mariscal José Félix Estigarribia,
- O terceiro trecho liga Mariscal José Félix Estigarribia a Pozo Hondo, na divisa com a Argentina, trecho de 227 km.[13][14]
Obras futuras
[editar | editar código-fonte]- Nova ponte sobre o rio Pilcomayo, ligando Pozo Hondo (Paraguai) a Misión La Paz (Argentina);
- Trecho rodoviário ligando Missión La Paz a Tartagal, na província de Salta, Argentina;
- Ampliação portuária e rodoviária no acesso dos portos chilenos: Porto de Antofagasta, Porto de Mejillones, Porto de Iquique e Porto de Arica.
Ferrovia Bioceânica
[editar | editar código-fonte]Já a Ferrovia Bioceânica tem como antecedentes e alternativas, estudos de 1938 sobre a Estrada de Ferro Brasil-Bolívia partindo do Porto de Santos, e segue pela Linha Tronco (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), que passa por Corumbá, no Mato Grosso do Sul e segue por Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Há também o projeto de conexão entre os dois litorais pelo "Corredor Ferroviário Bioceânico Paranaguá–Antofagasta", do Eixo Capricórnio da IIRSA, que parte do Porto de Paranaguá, no litoral paranaense e chegará ao Porto de Antofagasta, no litoral chileno, passando pelo Paraguai e pelo norte da Argentina[15].
Ferrovia Transoceânica
[editar | editar código-fonte]No Brasil, a ideia do corredor bioceânico remonta ao projeto de ferrovia denominada Ferrovia Transulamericana, idealizada na década de 1950, com o objetivo de ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, entre o Peru e o litoral da Bahia. A concepção incluía a implantação de um porto em Campinho, na baía de Camamu, pelas características oceanográficas favoráveis.[16] O trajeto ligando o litoral baiano e a região oeste foi defendido por Vasco Azevedo Neto durante sua vida como deputado federal, engenheiro civil e professor universitário.[17]
O projeto não avançou durante décadas até ser incluído no Plano Nacional de Viação por meio da Lei 11 772, de 17 de setembro de 2008, durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como "Ferrovia Transoceânica".[18] Entretanto, foi dividido nas seguintes partes: Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL, EF-334, Ilhéus/BA–Figueirópolis/TO),[19] Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO, EF-246 ou EF-354, Uruaçu/GO–Vilhena/RO)[20] e um trecho entre Campinorte (GO) até o Porto do Açu (RJ).
Designada como EF-354 (também identificada como EF-246), uma ferrovia diagonal em bitola larga (de 1,6 metro), foi dividida em três grandes trechos no território brasileiro:
- O primeiro entre o Porto do Açu, no litoral do Rio de Janeiro e a Ferrovia Norte-Sul;
- O segundo trecho entre a Ferrovia Norte-Sul, em Campinorte (GO) e Porto Velho (RO), as margens do Rio Madeira;
- O terceiro entre Porto Velho (RO) e Cruzeiro do Sul (AC) (Fronteira Brasil-Peru).
A Lei 11.772 também outorgou à VALEC a construção, uso e gozo do trecho da ferrovia entre Campinorte (GO) e Porto Velho (RO), chamada Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), que foi tratado como trecho prioritário devido a outros interesses nacionais envolvidos. Entre Campinorte (GO) e Vilhena (RO) são 1 641 quilômetros, além da extensão de aproximadamente 770 quilômetros até Porto Velho.[21]
Até 2009 somente o trecho entre Campinorte (GO) e Vilhena (RO) teve seu pré-projeto concluído e foram estimados que a extensão desse trecho será de 1 641 quilômetros a um custo de 5,25 bilhões de reais em bitola larga, permitindo uma velocidade de até 120 quilômetros por hora.[22] O início da construção da ferrovia, estava previsto para o mês de abril de 2011, segundo o presidente da VALEC (que está a cargo da construção)[23] Mas atualmente as obras não começaram.[21]
Em 2014, uma parceria foi acertada pela ex-presidente Dilma Rousseff e os governos peruano e chinês, para o financiamento e o compartilhamento dos estudos da construção da ferrovia.[24] Em junho de 2015, o governo chinês aprovou o financiamento da obra pelo AIIB (banco de infraestrutura chinês), porém aceitou financiar somente o trecho entre a Ferrovia Norte-Sul e o litoral do Oceano Pacífico, deixando de fora o trecho entre a FNS e o litoral fluminense (até o Porto do Açu).[25] A construção seria iniciada ainda em 2015, porém o prazo previsto não foi cumprido.[26]
Após as reuniões de governantes do G20, na China em setembro de 2016, o Governo Chinês entrou em acordo com o Governo Brasileiro, prometendo investimentos múltiplos no país sul-americano, entre os quais, a efetiva construção da Ferrovia Transoceânica,[26] a qual naquele momento já possuía o projeto de análise de viabilidade econômica concluído, que abrirá a rota de exportação pelo Pacífico, barateando custos de transporte de minérios e grãos para o país asiático.[26][27]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Estrada do Pacífico
- Estrada de Ferro Brasil-Bolívia
- Ferrovia Transoceânica
- Rodovia Pan-Americana
- Canal do Panamá
Referências
- ↑ «Ferrovia Bioceânica, que liga Brasil ao Pacífico, enfrenta problemas para implantação». Senado Federal. 8 de agosto de 2017
- ↑ «Goiás terá rota para o Oceano Pacífico»
- ↑ «Brasil sugere percurso alternativo para a Ferrovia Transoceânica». Macauhub. 9 de fevereiro de 2018
- ↑ "Pour le Brésil, l'Amérique du Sud est déjà un partenaire commercial plus important que les États-Unis". (em francês)
- ↑ Expedição percorre rota que encurta distâncias para exportações de MS
- ↑ Cronograma da Rota Bioceânica segue com obras em ritmo acelerado no Paraguai
- ↑ Encontro do Corredor Bioceânico avança em projetos turísticos, culturais e comerciais
- ↑ Brasil planeja estímulo ao turismo pelo Corredor Bioceânico
- ↑ «Rota Bioceânica • Mato Grosso do Sul». Rota Bioceânica. 4 de janeiro de 2024. Consultado em 4 de janeiro de 2024
- ↑ Rota Biocêanica deve começar a ser construída em 2021
- ↑ Bioceanica, Rota (28 de dezembro de 2023). «Rota Bioceânica por Mato Grosso do Sul já é uma realidade, avalia Instituto de Comércio Exterior • Rota Bioceânica». Rota Bioceânica. Consultado em 4 de janeiro de 2024
- ↑ «Paraguai assina contratos para a pavimentação de terceiro trecho da Rota Biocêanica». G1. 2 de março de 2023. Consultado em 4 de janeiro de 2024
- ↑ Paraguay: Solo faltan 72 km para culminar el Corredor Bioceánico
- ↑ «Rota Bioceânica: Paraguai inaugura 1º trecho asfaltado - PP». primeirapagina.com.br. 25 de fevereiro de 2022. Consultado em 4 de janeiro de 2024
- ↑ [1]
- ↑ «Transportes e Logística: os modais e os desafios da multimodalidade.» (PDF). Salvador: FUNDAÇÃO LUÍS EDUARDO MAGALHÃES. Cadernos FLEM (4). 2002. Consultado em 1 de outubro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 28 de dezembro de 2013
- ↑ «Morre o grande idealizador da Ferrovia Oeste-Leste». Tribuna da Bahia. 2 de outubro de 2010[ligação inativa]
- ↑ «EMI-3-MT-MP-MF-Mpv-427-08». www.planalto.gov.br. Consultado em 26 de novembro de 2018
- ↑ «Ferrovia bioceânica é viável, dizem chineses em audiência pública». Senado Federal. 18 de abril de 2017
- ↑ «Governo Federal apresenta projeto de nova ferrovia entre Uruaçu/GO e Vilhena/RO». DNIT
- ↑ a b CanalRural (5 de outubro de 2013). «ANTT apresenta três alternativas de traçado da Ferrovia de Integração Centro-Oeste». Canalrural. Consultado em 13 de outubro de 2018. Arquivado do original em 16 de março de 2014
- ↑ [2][ligação inativa]
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 13 de outubro de 2018. Arquivado do original em 16 de março de 2014
- ↑ Mundo, Gerardo Lissardy Da BBC. «A polêmica ferrovia que a China quer construir na América do Sul». BBC News Brasil. Consultado em 26 de novembro de 2018
- ↑ «Países fecham acordo para a criação da ferrovia bioceânica Peru-Brasil». uol.com.br. 11 de dezembro de 2014
- ↑ a b c http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/brasil-china-complementaridade-ou-dependencia
- ↑ «Ferrovia Bioceânica, para ligar o Brasil ao Pacífico, é viável, indica estudo». Folha de S.Paulo