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Chouto

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Portugal Chouto 
  Freguesia portuguesa extinta  
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Símbolos
Brasão de armas de Chouto
Brasão de armas
Gentílico Choutense
Localização
Chouto está localizado em: Portugal Continental
Chouto
Localização de Chouto em Portugal Continental
Mapa
Mapa de Chouto
Coordenadas 39° 16′ 17″ N, 8° 21′ 11″ O
Município primitivo Chamusca
Município (s) atual (is) Chamusca
Freguesia (s) atual (is) Parreira e Chouto
História
Extinção 2013
Características geográficas
Área total 205,30 km²
População total (2011) 577 hab.
Densidade 2,8 hab./km²
Outras informações
Orago Nossa Senhora da Conceição

Chouto é uma povoação portuguesa do Município de Chamusca que foi sede da extinta Freguesia de Chouto, freguesia que tinha 205,34 km² de área e 577 habitantes (2011), e, por isso, uma densidade populacional de 2,8 hab/km².

A Freguesia de Chouto foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à Freguesia de Parreira, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Parreira e Chouto com a sede em Parreira.[1]

Chouto esteve integrada no antigo concelho de Ulme, extinto em 24 de Outubro de 1855, tendo passado para o da Chamusca (atual município) nessa data.[2]

População da freguesia do Chouto [3]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
602 677 768 716 999 976 1 210 1 795 1 791 1 986 1 587 1 127 945 715 577
Distribuição da População por Grupos Etários
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 78 98 344 195 10,9% 13,7% 48,1% 27,3%
2011 64 46 281 186 11,1% 8,0% 48,7% 32,2%

Média do País no censo de 2001: 0/14 Anos-16,0%; 15/24 Anos-14,3%; 25/64 Anos-53,4%; 65 e mais Anos-16,4%

Média do País no censo de 2011: 0/14 Anos-14,9%; 15/24 Anos-10,9%; 25/64 Anos-55,2%; 65 e mais Anos-19,0%

A nova Freguesia de Parreira e Chouto engloba as seguintes 12 localidades:[4]

  • Parreira
  • Salvador
  • Moinho de Vale de Flores
  • Murta
  • Chouto
  • Gavião
  • Gaviãozinho
  • Gorjão
  • Marmeleiro
  • Marvila
  • Pego da Curva
  • Tojeiras de Baixo

Muito pouco se sabe da História do Chouto, como acontece em Portugal com a generalidade das povoações pequenas e interiores.

Desconhece-se a data da sua fundação e a proveniência dos seus primeiros habitantes, do mesmo modo que se ignora a origem do seu nome. “Chouto” significa “trote miúdo e sacudido” o facto de toda a zona envolvente da povoação ser terra onde se cria gado pode ter alguma coisa a ver com o nome que se lhe deu; “ Chouto” era também um antigo imposto agrário, muito divulgado na Índia, que correspondia ao quarto das terras agricultadas, é admissível que tenha sido essa a origem do nome da povoação se alguma vez foi confiada “a Chouto” a alguém.

O que se sabe ao certo é que o Chouto foi pertença dos Condes da Castanheira, mas desconhece-se a época em que foi doado a essa Casa Aristocrática. O 1º. Conde da Castanheira foi D. António de Ataíde, que nasceu por volta de 1500 e morreu em 1563. Foi figura muito influente da Corte de D. João III que, para além de lhe conceder o título de Conde da Castanheira, o nomeou para diversos cargos, como Conselheiro de Estado, Vedor da Real Fazenda, Alcaide-Mor de Colares, Embaixador em França, em Castela, na Alemanha, etc…, etc.

D. António de Ataíde foi ainda comendador da Ordem de Cristo. Como se sabe, toda esta vasta região onde o Chouto se insere esteve durante séculos sob a administração ou pelo menos a influência da Ordem de Cristo. É, portanto, de admitir que o Chouto tenho sido cedido ao comendador da Ordem a qualquer título e, nesse caso, remontaria ao século XVI a sua integração no Património dos Condes da Castanheira.

Posteriormente, o Chouto passou para a Casa do Infantado. A “Sereníssima Casa do Infantado” foi criada por D. João IV em 1654 com o objectivo de assegurar uma base patrimonial aos filhos segundos dos Reis, do mesmo modo que a Casa das Rainhas assegurava os rendimentos às esposas dos monarcas. Enquanto a Chamusca e Ulme foram incorporadas no património da Casa das Rainhas, ao Chouto coube a integração na Casa do Infante.

É praticamente seguro que a integração do Chouto na casa do Infante se deu em 1705, no reinado de D. Pedro II, uma vez que foi nesse ano que a Castanheira, Povos e Cheleiros (as propriedades mais significativas dos Condes da Castanheira ) foram objecto de igual integração. Na origem da mudança de Senhor deve ter estado o processo de progressiva centralização do poder então em curso que atingiu algumas das mais poderosas Casas Senhoriais do Reino.

Data dessa época, concretamente de 1712, a primeira contagem da população da Freguesia de que há notícia. Foram contados nessa ocasião 86 fogos, o que deveria corresponder a pouco mais de 300 Habitantes.

Um dos documentos mais interessantes da História do Chouto, depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual se encontram também algumas fotografias , é a resposta do cura da Freguesia, Padre Manuel da Costa Temudo, ao inquérito nacional a que mandou proceder o Marquês de Pombal na sequência do terramoto de 1755. Redigido de uma forma que não abona muito a favor da cultura literária do cura, o documento é todavia um retrato precioso do Chouto de meados do século XVIII – não muito diferente porventura do que terá sido um século antes ou um século depois.

Por ele ficamos a saber que a Freguesia tinha então 90 fogos com 330 habitantes, sensivelmente o mesmo que meio séculos antes. O lugar do Chouto, esse não contava mais de 12 vizinhos, ou seja, talvez menos de 50 pessoas ao todo.

É muito interessante a descrição que nesse documento se faz da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, templo modesto, de uma nave só, mas sem dúvida a mais imponente construção de toda a Freguesia. O curo nada mais encontrou digno de memória para incluir na resposta ao inquérito do Marquês. Do mesmo modo que não vislumbrou um nome que fosse, de entre os filhos da terra, que por qualquer razão merecesse destaque aos olhos da época; “Nam há memoria de que floreçeçem ne (la) homens de Agraduaçam nem porvirtudes (em?) Letras nem Armas”. O Chouto era, como sempre fora e continuaria a ser, uma terra pacata e discreta, vivendo de uma agricultura rudimentar e da criação de gado.

Muito provavelmente ligada à comercialização do gado (sobretudo ovelhas, cabras e porcos) surgiu muito cedo uma feira anual, “em dia de Sam Pedro”. Esta feira, que nos nossos dias ainda é o acontecimento mais importante da Freguesia, tem, portanto, pelo menos uns 250 anos de tradição. Parece que em tempos se realizava também uma outra feira anual no dia 1 de Maio. Há referências à sua efectivação por volta de 1930. Mas, fosse qual fosse a sua dimensão, esta feira nunca atingiu a projecção e a importância económica da Feira de S. Pedro.

Na sequência da revolução liberal de 1820, a Casa do Infantado foi extinta e os seus bens nacionalizados e vendidos à burguesia ascendente a preços de favor. Foi por esta forma que as terras da Freguesia do Chouto foram adquiridas por umas quantas famílias de grandes proprietários rurais que detiveram a sua posse até bem recentemente.

Na 2ª. metade do século XIX a população da Freguesia aumentou consideravelmente. Esse crescimento demográfico inseriu-se num fenómeno idêntico verificado a nível nacional e europeu, mas teve certamente também muito a ver com o arroteamento de terras da charneca e com a correspondente atracção de colonos às novas áreas desbravadas. Assim, dos 86 fogos de 1712 passara-se para 136 em 1869 e 183 em 1890. Em termos de habitantes, a Freguesia mais do que duplicou a sua população em pouco mais de um século, dos 330 indivíduos que o curo Temudo contou em 1758, passou-se para 525 em 1862 e 774 em 1890. Nos princípios do século XX, com ligeiras oscilações, a população continuou a aumentar, tendo atingido os 1207 habitantes, em 318 fogos, no censo de 1930. Estes números evidenciam as condições que a Freguesia tem revelado para a fixação humana, apesar de todos os problemas relacionados com a relativa pobreza de certos terrenos envolventes e as dificuldades de acesso.

Do ponto de vista administrativo, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Chouto pertenceu inicialmente ao termo (isto é, ao concelho) de Santarém e, por volta de 1818, transitou para o de Ulme. Com a extinção do concelho de Ulme, em 1855, o Chouto passou então para o concelho de Chamusca.

A República mudou o nome à Freguesia, que passou a designar-se simplesmente “do Chouto”. De facto, a primeira vez que surge documentada a actual designação é em 23 de Outubro de 1910, escassos 18 dias depois da revolução republicana, quando se reuniram os membros da comissão paroquial para tomarem posse e se declararem “fieis às leis do Governo Provisório da Republica Portuguesa”.

Parece que a República abriu à população do Chouto algumas perspectivas de progresso material, em 1913, através de uma proposta enviada ao ministro do Interior e primorosamente redigida, a Junta de Paróquia solicitou a concessão de uma verba de 300 escudos para reparação de uma casa destinada a edifício escolar – o que constituía um “grande melhoramento para esta pobríssima e ignorada terra”. A proposta foi bem acolhida e, em Fevereiro de 1918, a braços com tremendos problemas económicos causados pela Grande Guerra, a professora oficial da escola mista do Chouto escrevia à Junta “pedindo livros de leitura, papel, tinta e penas para os alunos pobres da sua escola, porque sem eles esses alunos abandonarão a aula por lhes ser absolutamente impossível comprar esses artigos que, em virtude do actual estado de coisas subiram a um preço excessivo para as suas posses, o que será mais um meio para o crescimento do analfabetismo desta Freguesia”. É de supor que as crianças continuaram a ir à escola, visto que apenas três meses depois a Câmara de Chamusca aprovou a canalização de 3% do produto das contribuições directas para a Instrução.

Em 1920 a Câmara de Chamusca endereçou ao Presidente da Junta de Freguesia do Chouto um ofício que é uma preciosidade documental: por um lado porque deve ter sido o primeiro texto dactilografado que chegou ao Chouto e porque ostenta o selo branco da Câmara Municipal com as armas da República; por outro lado, porque nele se solicita à Junta uma relação das “obras de mais utilidade para esta Freguesia, com a suficiente indicação das mesmas e seu custo provável”. Em resposta, a Junta de Freguesia do Chouto pouco pediu: uma visita médica semanal ao Sábado e a construção de uma casa, ainda que pequena, para as consultas médicas e para local das sessões da Junta, tudo orçado em 1200 escudos; e ainda o calcetamento “da única rua deste lugar” que deveria importar em cerca de 1500 escudos. Não era muito o que pedia, mas parece que o Chouto teve de esperar largos anos até ver realizadas estas e outras aspirações.

Quando, em 1925, a Câmara Municipal votou por unanimidade o contrato de levantamento de um empréstimo de 170 contos para a montagem da luz eléctrica na vila da Chamusca, a Junta de Freguesia do Chouto protestou vigorosamente contra tal resolução “em face do mal económico que isso vem trazer ao Município, sem vantagem alguma para o concelho, sendo considerado como uma coisa de luxo que só os habitantes da sede aproveitam, sendo tantas e tão grandes as necessidades de melhoramentos em todas as Freguesias”. Em face do exposto, a Junta reprovou “por completo” tal aprovação e resolveu “fazer sentir que até hoje ainda a Câmara não cumpriu o que prometeu fazer na sede desta Freguesia”.

Atitudes como esta, de preterir os interesses das populações das diversas Freguesias em favor dos melhoramentos na sede do Concelho, continuaram, infelizmente, por longos anos ainda. Só de há bem pouco tempo a esta parte, nomeadamente nas duas últimas décadas, é que se tem procurado corrigir este tipo de actuação, na certeza de que o progresso da Freguesia passa inevitavelmente pelo desenvolvimento harmonioso, de todas as suas partes constituintes.

Referências

  1. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013.
  2. «Paróquia de Chouto». Arquivo Distrital de Santarém. Consultado em 31 de Outubro de 2013 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. Val, Paula (2018). «Especial Chamusca - Retrato da União de Freguesias de Parreira e Chouto». Médio Tejo 

Ligações externas

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