Cerveja trapista
A cerveja trapista é um tipo de cerveja produzida sob a supervisão de monges da Ordem Trapista. Dos 171 mosteiros trapistas existentes no mundo apenas onze são autorizados a marcar suas cervejas com o selo de autenticidade trapista, garantindo a origem monástica de sua produção. Esses onze monastérios estão assim distribuídos,[1][2]
- seis na Bélgica: Rochefort (Namur), Achel, Orval, Westmalle, Vleteren Oester (Westvleteren, Chimay; sendo as principais cervejas Dubbel, Tripel, Quadrupel, Belgian Ale,
- dois na Holanda - Abadia de Koningshoeven - cerveja La Trappe, Abdij Maria Toevlucht (em Klein-Zundert)
- uma na Áustria - Engelszell
- uma nos Estados Unidos - St. Joseph’s Abbey (Spencer- Massachusetts)
- uma na Itália - Abadia das Três Fontes (Roma)
- uma na Inglaterra - Mount St Bernard Abbey (Tynt Meadow)
Existe ainda a cerveja Mont des Cats fabricada solidariamente pela Cervejaria Chimay[3] para a abadia de Mont des Cats. No entanto por não ser fabricada dentro do próprio monastério não pode receber o selo ATP. O monastério também não tem planos de fazê-lo atualmente.[4]
Em situação parecida com a Mont des Cats, existe a Cerveja Cardeña da Abadia de São Pedro de Cardeña, na Espanha, cuja cerveja é produzida off-site[5] e também não pode receber o selo ATP.
Em Janeiro de 2021, a cervejaria Achel da Abadia de São Benedito em Hamont-Achel perdeu o selo ATP, uma vez que seu processo de produção não é mais supervisionado por monges on site. No entanto ainda é considerada uma cerveja trapista, uma vez que a Abadia de São Benedito está sob controle da Abadia de Westmalle e o abade da Westmalle visita semanalmente e supervisiona o processo de produção da Achel e outras atividades da abadia.[6]
História
[editar | editar código-fonte]A Ordem Católica Trapista se originou no monastério Cisterciense de La Trappe, na França. Diversas congregações Cisterciense existiram por vários anos, quando em 1664 o Abade de La Trappe sentiu que os Cistercienses estavam ficando muito liberais. Ele então introduziu novas regras estritas na abadia e assim nascia a Estrita Observância. Desde então, muitas dessas regras foram relaxadas. No entanto, um princípio fundamental de que os mosteiros devem ser autossustentáveis ainda é mantido por esses grupos.[carece de fontes]
Cervejas trapistas reconhecidas pela International Trappist Association
[editar | editar código-fonte]Em 1997, oito mosteiros trapistas - seis na Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren, Rochefort, Westmalle e Achel), um na Holanda (Koningshoeven) e um na Alemanha (Mariawald) - fundaram a International Trappist Association ITA (Associação Trapista Internacional) para evitar que empresas comerciais não-trapistas abusassem do nome Trappist (trapista).
Em Janeiro de 2021, treze monastérios trapistas membros do ITA possuíam cervejas sob seu nome — cinco na Bélgica, dois na Holanda, um na Áustria, Itália, França, Espanha e Estados Unidos cada.[7]
Selo Authentic Trappist Product (ATP)
[editar | editar código-fonte]Esta associação privada criou o logotipo "Authentic Trappist Product" que é atribuído aos produtos (queijo, cerveja, vinho, geléia, etc.) que respeitem critérios de produção precisos. Para as cervejas, os critérios são os seguintes:
- A cerveja deve ser fabricada dentro dos muros de um mosteiro trapista, pelos próprios monges ou sob sua supervisão.
- A cervejaria tem de ser de importância secundária dentro do mosteiro e deve seguir práticas de negócios adequada para o modo de vida monástico.
- A cervejaria não se destina a ser um empreendimento lucrativo. A renda deve cobrir o custo de vida dos monges e a manutenção dos edifícios e terrenos do mosteiro. O que quer que sobre deve ser doado a instituições de caridade para o trabalho social e para o auxílio de pessoas necessitadas.
- Cervejarias trapistas são constantemente monitoradas para garantir a qualidade irrepreensível das suas cervejas.
Lista de cervejarias Trapistas
[editar | editar código-fonte]Existem atualmente quatorze[8] cervejarias que produzem cervejas trapistas, onze das quais possuem permissão de exibir o selo de Produto Trapista Autêntico (Authentic Trappist Product) em seus produtos:
Cervejaria | Localidade | Aberta | Produção Anual (2004) |
---|---|---|---|
Brasserie de Rochefort | Bélgica | 1595 | 18 000 hectolitros (1 800 000 L) |
Brouwerij der Trappisten van Westmalle | Bélgica | 1836 | 120 000 hL (12 000 000 L) |
Brouwerij Westvleteren/St Sixtus | Bélgica | 1838 | 4 750 hL (480 000 L) |
Bières de Chimay | Bélgica | 1863 | 123 000 hL (12 000 000 L) |
Brasserie d'Orval | Bélgica | 1931 | 45 000 hL (4 500 000 L) |
Brouwerij der Sint-Benedictusabdij de Achelse Kluis (Achel)‡ | Bélgica | 1998 | 4 500 hL (450 000 L) (não ATP) |
Brouwerij de Koningshoeven (La Trappe)‡‡ | Países Baixos | 1884 | 145 000 hL (15 000 000 L) |
Brouwerij Abdij Maria Toevlucht (Zundert) | Países Baixos | 2014 | 5 000 hL (500 000 L) |
Stift Engelszell | Áustria | 2012 | 2 000 hL (200 000 L) (capacidade) |
St. Joseph’s Abbey | Estados Unidos | 2013 | 4 694 hL (470 000 L) (estimado)[9] |
Tre Fontane Abbey | Itália | 2014 | 2 000 hL (200 000 L) (capacidade) [10] |
Mount St Bernard Abbey (Tynt Meadow) | Reino Unido | 2018 | 2 000 hL (200 000 L) |
Mont des Cats | França | 1826 | N/A (não ATP) |
Cerveza Cardeña Trappist | Espanha | 2016 | N/A (não ATP) |
‡ — O reconhecimento da cervejaria Achel foi suspenso em 2021.
‡‡ — O reconhecimento da cervejaria La Trappe foi suspenso entre 1999 e 2005.
Cerveja de Abadia
[editar | editar código-fonte]A designação "cervejas de abadia" (Bières d'Abbaye ou Abdijbier) foi originalmente concebida por cervejarias belgas para qualquer cerveja monástica ou de estilo monástico não produzida em um mosteiro real. Após a introdução da designação oficial de cerveja trapista pela ITA em 1997, passou a significar produtos semelhantes em estilo ou apresentação às cervejas monásticas.[11] Em outras palavras, uma cerveja Abbey pode ser:
- Produzido por um mosteiro não trapista, por exemplo, Cisterciense, Beneditino; ou
- produzido por uma cervejaria comercial sob um acordo com um mosteiro existente; ou
- marcado com o nome de uma abadia extinta ou fictícia por um cervejeiro comercial; ou
- recebeu uma marca vagamente monástica, sem mencionar especificamente o mosteiro, por um cervejeiro comercial.
Referências
- ↑ «Trappists and beer» (em inglês)
- ↑ Revista Gosto (Editora Rickdam) Junho 1013 - "habemus cervesian"
- ↑ «Mont des Cats». RateBeer (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2020
- ↑ «Beer Mont des Cats» (em inglês)
- ↑ Barnes, Christopher (25 de maio de 2016). «The Brewing Monks: A Potential 12th Trappist Brewery Begins the Process in Spain». I Think About Beer (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2020
- ↑ https://achelsekluis.org/nl/trappist-achel-brouwt-verder
- ↑ «International Trappist Association - Beers». Trappist.be. Consultado em 27 de janeiro de 2019
- ↑ «International Trappist Association». Trappist.be. Consultado em 11 de maio de 2015
- ↑ Woolhouse, Megan; Dzen, Gary (10 de janeiro de 2014). «Monks in Spencer launch brewery». Boston Globe Media Publishers. Boston Globe. Consultado em 7 de maio de 2015 approx. 4,000 barrels
- ↑ «Dall'Abbazia Tre Fontane di Roma la prima birra trappista italiana». Repubblica. 10 de maio de 2015. Consultado em 11 de maio de 2015
- ↑ McFarland, Ben (2009). World's Best Beers: One Thousand Craft Brews from Cask to Glass. [S.l.]: Sterling Publishing Company, Inc. p. 38. ISBN 978-1-4027-6694-7. Consultado em 13 de janeiro de 2011