Cagu
(Rhynochetos jubatus) Cagu | |||||||||||||||||||
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Ilustração do cagu (Rhynochetos jubatus) por P. Wytsman: Genera Avium (1913).
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||
Em perigo | |||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Rhynochetos jubatus Verreaux & Des Murs, 1860[2] | |||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||
Kagu[3] |
O cagu[4] (Rhynochetos jubatus[5]; em francês denominada kagou huppé[6] ou cagou[7]; em inglês e alemão: kagu, seu nome nativo)[2][3][5] é uma ave da família Rhynochetidae, endêmica da ilha de Grande Terre, no arquipélago da Nova Caledônia; situado na Melanésia, Oceania; sendo sua ave nacional e adotada como emblema em sua terra[8][9], habitando densas florestas de montanha entre os 100 a 1.400 metros de altitude.[5][7] Foi classificada em 1860, por Verreaux & Des Murs[2], e está listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie em perigo[5], sendo muito abundante no passado[4] e quase extinta, no século XIX, por suas penas de crista, apreciadas pelos criadores de extravagantes chapéus femininos dos anos c.1870–1910[9], além de ter seu habitat ameaçado por espécies invasoras.[8]
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]Esta é a única espécie atual da monotípica família Rhynochetidae e do gênero Rhynochetos[10], acrescido da extinta Rhynochetos orarius[7]; antes pertencentes aos Gruiformes[9] e atualmente colocadas na ordem Eurypygiformes, juntamente com o pavãozinho-do-pará.[11] Possui "calos nasais", estruturas que cobrem suas narinas e que não são compartilhadas por nenhuma outra ave. Tais estruturas deram à espécie o seu nome genérico, Rhynochetos, que é derivado do grego: rhyno, que significa nariz, e chetos, que significa milho.[7]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie de coloração uniforme, semelhante a uma garça e do tamanho de uma galinha (cerca de 50 centímetros), com plumagem cinza-pérola-esbranquiçada (conhecida localmente como o "fantasma da floresta"), pernas e bico laranja-avermelhado, ligeiramente curvo, e olhos de íris vermelha; com uma crista em sua cabeça, similar à de uma cacatua, e com listras enegrecidas nas pontas de suas asas. Suas penas formam um pó, que limpa e impermeabiliza o cagu em seu habitat úmido e insular.[4][8][9][7][10][12][13][14]
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Ilustração de um par de cagus (Rhynochetos jubatus), por Albin Mesnel e Felix-Jean Gauchard.
Vocalização
[editar | editar código-fonte]Com uma variedade de notas ásperas e estridentes[10], os sons feitos pelo cagu podem ser ouvidos a mais de um quilômetro de distância[8] e são diferentes para os machos e fêmeas, podendo lembrar um canto de galo ou o latido de um cão; mas a vocalização da fêmea é mais curta e rápida que a do macho. Pares cantam um dueto, no início da manhã, para avisar outras aves de seu território, podendo durar, tais avisos, até 15 minutos. Também assobiam e fazem sons suaves e estridentes.[9]
Nidificação e reprodução
[editar | editar código-fonte]O comportamento nupcial destas aves envolve um elaborado pavonear, com o levantar de suas cristas e com movimentos de asa semelhantes a uma capela. Os cagus são monogâmicos e, apesar de defenderem o seu território em conjunto, macho e fêmea podem passar a maior parte do tempo sozinhos, criando apenas um filhote por ano, que nasce a partir de de um ovo com manchas marrons-claras em um ninho constituído de um montículo de folhas de 10 milímetros de espessura, no solo; com pai e mãe se reunindo para compartilhar as tarefas de incubação e nidificação. Após mais de um mês de incubação, o ovo eclode e o filhote, com os olhos fechados, não se desloca até os três dias de idade; parecendo diferente de seus pais, dotado de penas castanho-claras e castanho-escuras para se camuflar contra a folhagem do chão da floresta. Os pais alimentam seus filhotes até as 14 semanas de idade, podendo estes permanecer no território por até seis anos.[9][10]
Alimentação e hábitos
[editar | editar código-fonte]O cagu tem asas, mas só consegue voar uns poucos metros[4] (pois falta-lhe a musculatura para voar)[7], preferindo viver sempre no solo, em bandos soltos, muitas vezes perto de riachos; sendo um animal solitário e predominantemente diurno, predando e se alimentando de insetos e suas larvas, aranhas, lacraias, milípedes, moluscos, vermes e lagartos; fazendo escavações rasas na serrapilheira e entre rochas em busca de seus alimentos. Possui a característica de se mover rapidamente para, em seguida, permanecer em pé, imóvel. Escolhe um lugar para habitar, no solo, naturalmente protegido por rochas ou sob raízes de árvores, em buracos e bancos de terra. Geralmente se empoleira em galhos baixos ou troncos, mas também usam raízes elevadas ou pedras para locais de repouso.[9][10][15] Eles são altamente territoriais, participando de confrontos, por vezes ferozes, acompanhados de gritos estridentes.[8]
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Cabeça de um cagu (Rhynochetos jubatus), com terra em seu bico. Seus olhos grandes, com boa visão binocular, são úteis para encontrar presas na serrapilheira e para ver na escuridão das florestas.[7]
Conservação
[editar | editar código-fonte]O cagu experimentou um declínio em seus números populacionais durante os anos 1900, principalmente devido à predação por espécies invasoras, como cães e gatos, perda de seus ovos por porcos e ratos e também perda de habitat pela expansão humana e caça; agora listado em perigo, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).[5][8][9]
Uso humano
[editar | editar código-fonte]Sua carne é considerada de excelente qualidade para a alimentação humana.[4]
Cagu-das-terras-baixas
[editar | editar código-fonte]Uma segunda espécie 15% maior e extinta, no gênero Rhynochetos, o cagu-das-terras-baixas (em inglês: lowland kagu; Rhynochetos orarius), foi descrita a partir de restos de subfósseis do Holoceno, encontrados na costa oeste de Grande Terre (na caverna Pindai). O holótipo está no Museu Nacional de História Natural, em Paris. O específico epíteto vem do latim orarius (da costa), vindo de sua presumível distribuição em terras de baixa altitude, ao contrário de seu congênere, Rhynochetos jubatus.[7][17]
Referências
- ↑ Bock, Walter J. (outubro de 1994). «History and Nomenclature of Avian Family-Group Names» (PDF) (em inglês). Bulletin of the American Museum of Natural History, Nº 222. (CORE). p. 136. 281 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c «Rhynochetos jubatus» (em inglês). GBIF. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b «Definição de 'kagu'» (em inglês). Collins English Dictionary. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c d e «Cagu». Portal São Francisco. 1 páginas. Consultado em 22 de junho de 2019
- ↑ a b c d e IUCN. «Kagu - Rhynochetos jubatus» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ «Kagou huppé - Rhynochetos jubatus - Kagu» (em francês). Oiseaux.net. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c d e f g h «Kagu or Cagou» (em inglês). Beauty of Birds. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c d e f «5. Kagu - Rhynochetos jubatus» (em inglês). EDGE of Existence. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c d e f g h «Kagu - Rhynochetos jubatus» (em inglês). San Diego Zoo. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ a b c d e CAMPBELL, Bruce; LACK, Elizabeth (2013). A Dictionary of Birds (em inglês). London: A&C Black / Bloomsbury - Google Books. p. 314. 700 páginas. ISBN 978-1-4081-3840-3. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ «eurypygiformes» (em inglês). YourDictionary. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019.
A taxonomic order within the class Aves — the sunbittern and kagu.
- ↑ Lussignol, Margaux (10 de agosto de 2012). «Kagou huppé (Rhynochetos jubatus)» (em francês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ Wiley, Chris (5 de dezembro de 2014). «Kagu» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019.
Riviere Bleue, New Caledonia.
- ↑ Huppertz, Klaus (20 de outubro de 2017). «A walk in the rain» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019.
Captured at the bird park "Weltvogelpark Walsrode" (Borg, Baixa Saxônia, Alemanha).
- ↑ Morris, Tony (4 de abril de 2012). «048001-IMG_3277 Kagus (Rhynochetos jubatus)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019
- ↑ «Nouméa (Municipality, New Caledonia, France)» (em inglês). FOTW (Flags of the World). 19 de julho de 2017. 1 páginas. Consultado em 3 de junho de 2019
- ↑ Balouet, Jean Christophe; Olson, Storrs L. (janeiro de 1989). «Fossil Birds from Late Quaternary Deposits in New Caledonis» (em inglês). Smithsonian Libraries, 469(469). (ResearchGate). p. 28-32. 38 páginas. Consultado em 4 de junho de 2019