Bruno Pereira
Bruno Pereira | |
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Nome completo | Bruno da Cunha Araújo Pereira |
Nascimento | 15 de agosto de 1980[1] Recife, PE[2] |
Morte | 5 de junho de 2022 (41 anos) Atalaia do Norte, AM |
Causa da morte | Assassinato |
Nacionalidade | brasileiro |
Profissão | Indigenista |
Prêmios | Ordem de Rio Branco - Comendador (póstumo)[3] |
Bruno da Cunha Araújo Pereira (Recife,[2] 15 de agosto de 1980[1] – Atalaia do Norte, 5 de junho de 2022)[4] foi um indigenista brasileiro e servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai).[5]
Considerado um dos maiores especialistas em indígenas isolados do país, foi assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022.[6]
Infância e educação
[editar | editar código-fonte]Bruno nasceu no Recife e tinha dois irmãos. Era filho de um casal de paraibanos que veio morar na capital pernambucana.[1]
Foi aluno do antigo colégio Contato, onde se formou no ensino médio em 1998, na unidade do bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.[1] Bruno começou a estudar jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2000, mas deixou o curso em 2003.[2]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Depois de desistir da faculdade, trabalhou por um período no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Recife.[7] Após conseguir um trabalho no programa ambiental da Usina Hidrelétrica de Balbina, na Amazônia,[2] onde trabalhou até ser aprovado em um concurso da Fundação Nacional do Índio (Funai), quando escolheu ir para o Vale do Javari.[2]
Em 2018, Pereira se tornou o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai, quando chefiou uma das maiores expedições para contato com índios isolados já feita no país.[2]
Após pressão de setores ruralistas ligados ao Governo Jair Bolsonaro, foi exonerado do cargo em outubro de 2018 pelo então secretário executivo de Sergio Moro no Ministério da Justiça, Luiz Pontel.[5][8][9] De acordo com entidades indígenas, Bruno era constantemente ameaçado por garimpeiros, madeireiros e pescadores.[5][8][10]
Bruno também coordenou um projeto para equipar indígenas visando à defesa de seu território, por meio de drones, computadores e treinamento. Afirmava que os invasores se sentiam mais à vontade em decorrência da permissividade do poder público, tendo a vigilância passado por um processo de enfraquecimento contínuo.[11] Ele foi um dos principais nomes por trás do documentário A Invenção do Outro (2022), que segue o contato com os corubos.[12]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Bruno era casado com a antropóloga Beatriz Matos, com quem teve dois filhos, Pedro Uaqui e Luís Vissá.[13] Também teve um terceiro filho, fruto de outro relacionamento.[1] Era torcedor do Sport Club do Recife.[14]
Assassinato
[editar | editar código-fonte]Bruno e Dom visitaram o Lago do Jaburu, uma localidade próxima da Base de Vigilância da Fundação Nacional do Índio (Funai) no rio Ituí, para entrevistar indígenas e ribeirinhos para um livro sobre a Amazônia.[16][17][18] Mais tarde, com a expedição praticamente concluída, eles se deslocaram para a comunidade São Rafael, onde fariam uma reunião com um pescador local.[16]
O crime ocorreu no trajeto entre a comunidade e o município de Atalaia do Norte.[17] Após 10 dias de buscas, um dos suspeitos presos pela Polícia Federal (PF) confessou o envolvimento nos assassinatos e indicou a localização dos corpos.[19][20] Os restos mortais encontrados foram levados a Brasília,[21] periciados e confirmados como pertencentes a Bruno Pereira[22][23] e Dom Phillips.[24][25]
O crime gerou repercussão na imprensa internacional[26][27][28] e críticas ao enfraquecimento de instituições ambientais promovido pela gestão de Jair Bolsonaro.[29][30] O governo brasileiro reagiu tarde ao desaparecimento e não adotou medidas de buscas suficientes.[31][32][33][34]Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e Priscilla Aguiar (16 de junho de 2022). G1, ed. «Bruno Pereira recebe homenagens por trajetória de defesa de povos indígenas; 'comprometido com causas importantes', diz reitor da UFPE». Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b c d e f Priscilla Aguiar (15 de junho de 2022). G1, ed. «Bruno Pereira fez jornalismo na UFPE e participaria de filme inspirado no seu trabalho e na proteção de indígenas; 'Ele será uma inspiração', diz amigo». Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 220, terça-feira, 21 de novembro de 2023». Imprensa Nacional. 21 de novembro de 2023. p. 9. Consultado em 20 de janeiro de 2024
- ↑ RIBEIRO, Victor (18 de junho de 2022). «Bruno Pereira e Dom Phillips morreram vítimas de tiros». Agência Brasil. Consultado em 26 de junho de 2022. Cópia arquivada em 26 de junho de 2022
- ↑ a b c «Saiba quem é Bruno Pereira, indigenista e servidor da Funai dado como desaparecido no Amazonas». G1. 6 de junho de 2022. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 10 de junho de 2022
- ↑ Leandro Prazeres (13 de junho de 2022). «Treinado na selva, Bruno Pereira superou desconfiança e ganhou respeito de indígenas». BBC. Consultado em 14 de junho de 2022. Cópia arquivada em 14 de junho de 2022
- ↑ «Indigenista Bruno Pereira cursou jornalismo na UFPE e trabalhou no INSS em Recife». Diário de Pernambuco. 16 de junho de 2022. Consultado em 18 de junho de 2022
- ↑ a b Ana Luiza Albuquerque; João Gabriel (8 de junho de 2022). «Indigenista Bruno Pereira acumula anos de experiência e ameaças na Amazônia». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 11 de junho de 2022
- ↑ «Indigenista desaparecido pediu licença da Funai após ser exonerado por sub de Moro». UOL. 8 de junho de 2022. Consultado em 14 de junho de 2022. Cópia arquivada em 14 de junho de 2022
- ↑ Daniel Biasetto (6 de junho de 2022). «Bilhete com ameaça a indigenista da Funai partiu de pescadores invasores; veja». O Globo. Consultado em 14 de junho de 2022. Cópia arquivada em 10 de junho de 2022
- ↑ «Projeto equipa e treina indígenas para defenderem seu território em área ameaçada». WWF Brasil. 10 de dezembro de 2021. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022
- ↑ Monteiro, Lúcia. «'A Invenção do Outro' faz com cuidado cinema sobre os povos isolados». Folha de S.Paulo. Consultado em 2 de janeiro de 2024
- ↑ Mariana Gonzalez (16 de maio de 2023). «'Sofri o que mulheres indígenas sofrem historicamente', diz Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira». Revista Marie Claire. Consultado em 12 de novembro de 2024
- ↑ Camila Alves (24 de junho de 2022). ge (portal), ed. «Sport homenageia Bruno Pereira, indigenista e torcedor do clube, velado com bandeira do Leão». Consultado em 22 de maio de 2023
- ↑ Fontes incluem, mas não se limitam a
- Victor Ribeiro (18 de janeiro de 2022). «Bruno Pereira e Dom Phillips morreram vítimas de tiros». Agência Brasil. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- Elaíze Farias; Alícia Lobato (15 de junho de 2022). «Dom e Bruno foram mortos a tiros, confessa Pelado». Amazônia Real. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- «Saiba mais sobre Bruno Pereira e Dom Phillips». R7. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- «Dom Phillips e Bruno Araújo: Relembre cronologia do caso». TV Cultura. 17 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- «O que se sabe até agora sobre o assassinato de Dom e Bruno no AM». UOL. 16 de junho de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022
- ↑ a b «Dom Phillips estava escrevendo um livro sobre a Amazônia; Bruno Pereira auxiliava o jornalista». Jornal Nacional. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- ↑ a b Narley Resende (16 de junho de 2022). «Mapas mostram trajeto feito por criminosos após morte de Bruno e Dom». Rede Bandeirantes. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- ↑ Ana Luiza Albuquerque (9 de junho de 2022). «Entenda o que se sabe sobre desaparecimento de indigenista e jornalista no AM». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 13 de junho de 2022
- ↑ Tainá Andrade (16 de junho de 2022). «Caso Bruno e Dom: o trágico fim de defensores da Amazônia». Correio Braziliense. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- ↑ «Bruno Pereira e Dom Phillips: a cronologia do caso, desde o início da viagem». G1. 15 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022
- ↑ Julia Duailibi (16 de junho de 2022). «Caso Bruno e Dom: Avião com restos mortais chega a Brasília na noite desta quinta». G1. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022
- ↑ Vladimir Netto (18 de junho de 2022). «PF confirma que restos mortais encontrados na Amazônia são do indigenista Bruno Pereira». G1. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- ↑ Mirelle Pinheiro; Carlos Carone (18 de junho de 2022). «PF confirma que restos mortais encontrados são de Bruno Pereira». Metrópoles. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- ↑ Naiara Galarraga Gortázar (17 de junho de 2022). «La policía confirma que uno de los fallecidos en la Amazonia es el periodista británico Dom Phillips». El País (em espanhol). Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 18 de junho de 2022
- ↑ Vladimir Netto; Mara Puljiz (17 de junho de 2022). «Perícia da PF confirma que restos mortais encontrados na Amazônia são do jornalista Dom Phillips». G1. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 18 de junho de 2022
- ↑ «Desaparecimentos de Bruno e Dom geram repercussão na imprensa internacional». CNN Brasil. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 18 de junho de 2022
- ↑ «'Coração despedaçado': Imprensa internacional repercute caso Dom e Bruno». Veja. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 17 de junho de 2022
- ↑ «Morte de Dom e Bruno repercute na imprensa internacional». Terra. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022
- ↑ «Enfraquecimento da Funai agrava violência a indígenas e servidores». Extra. 12 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 13 de junho de 2022
- ↑ «O que o desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips revela sobre disputas na Amazônia». O Globo. 14 de junho de 2022. Consultado em 17 de junho de 2022. Cópia arquivada em 15 de junho de 2022
- ↑ «Brazil: Authorities must not waste another second in search for Dom Phillips and Bruno Pereira» (em inglês). Anistia Internacional. 9 de junho de 2022. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 9 de junho de 2022
- ↑ Pepita Ortega (8 de junho de 2022). «Justiça aponta 'omissão' do governo federal e manda reforçar buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira». Terra. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 10 de junho de 2022
- ↑ «Justiça determina que governo reforce buscas a Bruno Pereira e Dom Phillips». Jornal Nacional. 8 de junho de 2022. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 9 de junho de 2022
- ↑ João Gabriel (7 de junho de 2022). «Governo Bolsonaro é cobrado por omissão e minimiza desaparecimento enquanto anuncia ações». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de junho de 2022. Cópia arquivada em 8 de junho de 2022
- Nascidos em 1980
- Mortos em 2022
- Naturais do Recife
- Alunos da Universidade Federal de Pernambuco
- Ativistas dos direitos indígenas do Brasil
- Brasileiros assassinados
- Pessoas assassinadas no Brasil na década de 2020
- Fundação Nacional dos Povos Indígenas
- Indigenistas
- Pessoas desaparecidas encontradas mortas no Brasil
- Comendadores da Ordem de Rio Branco