Bjørn Lomborg
Bjørn Lomborg | |
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Nascimento | 6 de janeiro de 1965 Frederiksberg |
Cidadania | Reino da Dinamarca |
Alma mater |
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Ocupação | economista, professor universitário, cientista político, escritor, ambientalista, estatístico, ecologista |
Empregador(a) | Copenhagen Business School, Universidade de Aarhus, Universidade de Copenhague, Copenhagen Consensus Center, Instituição Hoover |
Obras destacadas | Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming, The Skeptical Environmentalist |
Página oficial | |
http://www.lomborg.com | |
Bjørn Lomborg (6 de janeiro de 1965) é um escritor e cientista político dinamarquês, professor de estatística com doutorado em teoria dos jogos.[1]
Professor adjunto do Copenhagen Business Scholl, diretor do Centro de Consenso de Copenhague e ex-diretor do Instituto de Avaliação Ambiental em Copenhague, tornou-se conhecido internacionalmente por seu best-seller e polêmico livro O Ambientalista Cético, lançado em 2002.[2] Em 2006 editou How to Spend $50 Billion to Make the World a Better Place, em 2007 veio à luz seu outro livro, Cool It: The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming, e em 2010 editou Smart Solutions to Climate Change: Comparing Costs and Benefits.
Em 2002, Lomborg e o Instituto de Avaliação Ambiental criaram o Consenso de Copenhague, financiado pelo governo dinamarquês e pela revista The Economist, com o objetivo de estabelecer as prioridades para promover o bem-estar global, utilizando metodologias baseadas na teoria da economia do bem-estar. Em 2006, com o apoio do governo, foi criado o Centro do Consenso de Copenhague.[3] Em 2012 as verbas governamentais foram retiradas e o centro fechou, sendo reinstalado nos Estados Unidos.[4] Em 2015 a Universidade da Austrália Ocidental estabeleceu uma parceria para abrir um centro australiano, mas a medida gerou controvérsia e foi descoberto que a ideia havia partido do governo, que havia feito pressão sobre a universidade com a oferta de financiamento.[5] Os estudantes se reuniram para protestar não apenas pelos meios obscuros usados na transação, mas também porque a baixa reputação científica de Lomborg iria manchar a reputação do educandário. Parceiros científicos internacionais ameaçaram se retirar, formou-se um escândalo e o contrato foi anulado.[6] Foi tentado um acordo com a Universidade Flinders, também rejeitado pelo corpo acadêmico.[7]
Lomborg promove campanhas com uma posição anticientífica sobre as mudanças climáticas. Ele não nega a realidade do aquecimento global, mas se opõe ao Protocolo de Kyoto e outras medidas para reduzir as emissões de carbono no curto prazo,[5] argumentando que nós deveríamos nos adaptar à elevação da temperatura porque é inevitável, e investir em pesquisa e desenvolvimento de longo prazo de soluções para problemas que considera mais importantes, como a pobreza, a poluição, a SIDA, malária e desnutrição.[8][9] Lomborg acredita que a economia no futuro irá expandir e permitirá que as próximas gerações lidem as mudanças climáticas. Em entrevista a revista Veja ele defendeu suas posições, citando os seguintes exemplos:[10]
- No final do século XXI, nossos filhos estarão algumas vezes mais ricos que nós, e não seria com eles que deveríamos estar mais preocupados, mas com os três quartos da população mundial que são pobres e passam dificuldades.
- A situação dos 12 mil habitantes de Tuvalu é triste, eles terão que se mudar. Mas, lembra, um igual número de pessoas morre a cada 7 horas e meia, vítimas de doenças infecciosas facilmente curáveis.
- Os Países Baixos têm 60% de sua população vivendo abaixo do nível do mar. O custo para solucionar o problema não chega a 1% do PIB. Nem o Rio de Janeiro nem Nova Iorque irão ficar submersas.
Seus livros e suas declarações têm recebido larga divulgação, e ele tem sido levado a sério por um grande público porque suas obras trazem uma grande quantidade de referências. A despeito disso, seu conteúdo de maneira geral é um embuste e não tem valor científico, porque essas referências foram checadas uma a uma por especialistas, descobrindo que em sua vasta maioria elas não sustentam o que Lomborg diz.[11][12][13] O Comitê Dinamarquês para a Desonestidade Científica condenou O Ambientalista Cético como "claramente contrário aos padrões para prática da boa ciência", atendendo aos critérios para considerá-lo obra desonesta, embora pessoalmente o autor tenha sido considerado inocente por sua falta de competência científica.[14] A decisão causou um escândalo nacional e foi revogada pelo Ministério da Ciência. O Comitê foi intimado a rever seu parecer mas negou-se. Dois anos depois os estudos produzidos pelo Instituto de Avaliação Ambiental foram considerados seriamente falhos e sua diretoria demitiu-se em protesto contra a liderança de Lomborg.[15]
A respeitada revista Scientific American criticou O Ambientalista Cético convidando quatro especialistas para analisar os argumentos do autor. Suas conclusões concordam com as de inúmeros outros especialistas reputados, que consideram seus argumentos enganosos e indignos de crédito, usando dados limitados e interpretando-os distorcidamente fora do seu contexto, desprezando os consensos científicos internacionais, fazendo alegações sem base concreta e sem conhecimento do campo, e oferecendo uma visão otimista falsa sobre o real estado do mundo e do ambiente e as perspectivas futuras.[16][17][18]
Lomborg admitiu que não é um especialista em problemas ambientais[16] e tem uma carreira acadêmica paupérrima em termos de publicações científicas, publicando apenas um estudo em revista de peer review.[8] Apesar da maciça rejeição da comunidade científica, ele tornou-se uma celebridade e as suas publicações têm sido de grande utilidade como um apoio pseudocientífico para que políticos, negacionistas do aquecimento global, antiambientalistas e corporações econômicas justifiquem sua recusa em adotar medidas para um crescimento sustentável e reduzir as emissões dos gases estufa que provocam o aquecimento global.[11][18] Lomborg recebeu várias distinções de instâncias e organizações conservadoras ou financeiras, sendo eleito um dos Líderes Globais de Amanhã 2002 e Jovem Líder Global 2005 pelo Fórum Econômico Mundial, uma das 50 Estrelas da Europa pela revista Business Week,[19] em 2004 foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time,[20] e em 2009 a revista Business Insider o incluiu na lista dos 10 Mais Respeitados Céticos do Aquecimento Global.[21]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Antiambientalismo
- Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas
- Negacionismo climático
Referências
- ↑ Porrovecchio, Mark J. (ed.). Reengaging the Prospects of Rhetoric: Current Conversations and Contemporary Challenges. Routledge, 2010
- ↑ Bjørn Lomborg, O ambientalista cético: revelando a real situação do mundo, Rio de Janeiro, Campus, 2002, tradução de Ivo Korytowski e Ana Beatriz Rodrigues.
- ↑ Copenhagen Consensus Center. Our story.
- ↑ Kloor, Keith "Bjørn Lomborg: The resilient environmentalist". COSMOS Magazine, 21/10/2013
- ↑ a b Massola, James & Knott, Matthew. "Prime Minister Tony Abbott's office the origin for controversial Bjorn Lomborg centre decision". Sydney Morning Herald, 23/04/2015
- ↑ "Students praise UWA for ditching controversial $4m Bjorn Lomborg Consensus Centre think tank". ABC, 09/05/2015
- ↑ Milman, Oliver. "Bjørn Lomborg's $4m centre rejected by Flinders University academics". The Guardian, 28/07/2015
- ↑ a b "Bjorn Lomborg". SourceWatch
- ↑ Lomborg, Bjørn. "Wrongheaded in Rio". Project Syndicate, 13/06/2012
- ↑ França, Ronaldo. "Podemos fazer melhor". Veja, 23/12/2009
- ↑ a b Begley, Sharon. "Debunking Lomborg, the Climate-Change Skeptic". Newsweek, 22/02/2010
- ↑ Friel, Howard. The Lomborg Deception: Setting the Record Straight About Global Warming. Yale University Press, 2010
- ↑ Fog, Kåre. Lomborg errors
- ↑ Dingell, John (ed.). Perspectives on Climate Change: Hearing Before the Committee on Energy and Commerce and the Committee on Science and Technology, U. S. House of Representatives. US Government Printing Office, 2007, p. 110
- ↑ Hansen, Jens Morten. "The 'Lomborg case' on sustainable development and scientific dishonesty". In: 33rd International Geological Congress. Oslo, 2008
- ↑ a b Rennie, John (ed.). "Misleading Math about the Earth". Scientific American, jan/2002
- ↑ Vincent, Emmanuel M. (ed.). "Analysis of The Alarming Thing About Climate Alarmism". Climate Feedback, 10/02/2015
- ↑ a b "UCS Examines The Skeptical Environmentalist". Union of Concerned Scientists
- ↑ Nisbet, Matt. "The Skeptical Environmentalist: A Case Study in the Manufacture of News". Skeptical Inquirer, 23/01/2003
- ↑ "The 2004 TIME 100". Time, 26/04/2004
- ↑ Weisenthal, Joe. "The 10 Most-Respected Global Warming Skeptics". Business Insider, 30/07/2009
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Conferência TED». Bjorn Lomborg define quais são as prioridades globais (palestra em inglês)