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Argumento ontológico

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Um argumento ontológico é qualquer argumento que defende a existência de Deus através da ideia de que Ele é obrigatoriamente um ser perfeito e, portanto, deve existir. Os critérios para a classificação de argumentos ontológicos não são exatos e amplamente aceitos, mas eles geralmente partem da definição de Deus e chegam à conclusão de que a sua existência é necessária e certa. Esse tipo de argumento é unicamente um raciocínio a priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de cunho empírico.

Acredita-se que o primeiro argumento ontológico foi proposto pelo teólogo Anselmo da Cantuária. Anselmo definiu Deus como sendo a maior coisa que a mente humana pode conceber e defendeu que, se o maior ser possível existe na imaginação, ele também deve existir na realidade. Ele colocou em seu argumento que uma das características de tal ser, o maior e menor que se pode imaginar, é a existência. No século XVII, o filósofo René Descartes propôs argumento similar. Descartes publicou diversas variações de seu argumento, cada uma centrada na ideia de que a existência de Deus é imediatamente deduzida de uma ideia "clara e nítida" de um ser supremo e perfeito. No início do século XVIII, o matemático Gottfried Leibniz retoma as ideias de Descartes para tentar provar que uma "supremacia perfeita" é um conceito coerente.

Um argumento ontológico recente veio de Kurt Gödel, que propôs um argumento matemático para a existência de Deus. Norman Malcolm trouxe de novo à discussão o argumento ontológico na década de 1960, quando ele pode localizar um segundo forte argumento na obra de Anselmo; Alvin Plantinga desafiou o argumento de Malcolm e propôs uma alternativa baseada na lógica modal. Tentativas para validar a prova de Anselmo também foram feitas utilizando um testador de teoremas automatizado. Outros argumentos têm sido classificados como sendo ontológicos, entre eles, as obras do filósofo islâmico Mulla Sandra.

A primeira crítica ao argumento ontológico veio de um contemporâneo de Anselmo, Gaunilo de Marmoutiers. Ele usou a analogia da ilha perfeita, sugerindo que o argumento ontológico poderia ser usado para provar a existência de qualquer coisa. Essa foi a primeira de muitas paródias a Anselmo, todas elas sendo concluídas em consequências absurdas. Mais tarde, Tomás de Aquino rejeitou o argumento ontológico de Anselmo baseado na ideia de que os humanos não podem entender a natureza de Deus.

David Hume ofereceu uma objeção empírica, criticando a falta de fundamentação racional e rejeitando a ideia de que algo precisa forçosamente existir. A crítica de Immanuel Kant foi baseada no que ele definiu como sendo a falsa premissa de que a existência é uma qualidade de algo. Ele propusera que a existência não é uma característica necessária para a perfeição e que uma ideia "supremamente perfeita" pode ser concebida sem que ela de facto exista. Finalmente, filósofos, incluindo C. D. Broad rejeitaram a coerência da máxima grandeza de um ser, propondo que alguns atributos da grandeza são incompatíveis com outros, tornando a expressão "máxima grandeza" incoerente. Muitos filosófos entenderam que o argumento ontológico era falso. Gottlob Frege buscou explicar por quê.[1]

A definição tradicional para argumento ontológico foi dada por Immanuel Kant.[2] Ele contrastou o argumento ontológico (literalmente qualquer argumento "preocupado com o ser")[3] com o cosmológico e argumentos físico-teóricos. De acordo com a visão de Kant, argumentos ontológicos são todos fundamentados em raciocínio a priori.[2]

Graham Oppy, filósofo australiano, que em outra situação expressou a posição de que ele "não vê razão urgente" para se afastar da definição tradicional, definiu argumentos ontológicos como aqueles que "começam com nada, mas são análises a priori de premissas necessárias" e concluem que Deus existe. Oppy admitiu, porém, que nem todas as "características tradicionais" de argumentos ontológicos (análise, necessidade e uma precedência) são encontrados em todos os argumentos[4] e, no seu trabalho Ontological Arguments and Belief in God, de 2007, sugeriu que a melhor definição empregaria "somente considerações inteiramente internas à visão de mundo teísta".[2]

Oppy sub-classificou argumentos ontológicos em: definicional, conceitual (ou hiper-intencional), modal, Meinongian, experimental, mereológico, de ordem superior ou hegeliano baseado na qualidade de suas premissas.[4] Ele definiu essas qualidades como segue: argumentos definicionais invocam definições; conceituais invocam a "possessão de certos tipos de ideias e conceitos"; modais consideram possibilidades; Meinongians defendem a "distinção entre diferentes categorias de existência"; experimentais usam a ideia de que Deus existe sozinho para aquelas pessoas que tiveram experiências dele; e hegelianos foram os utilizados por Georg Wilhelm Friedrich Hegel.[2] Mais tarde, ele criou outra categoria, dos argumentos mereológicos, que são os argumentos que "se cria ... a teoria de relação parte-todo".[2]

Referências

  1. Piotr Labenz (Outubro de 2006). «Does Frege's Definition of Existence Invalidate the Ontological Argument?». Sorites - Edição n º 17 -Pgs. 68-80 
  2. a b c d e Oppy, Graham (13 de agosto de 2007). Ontological Arguments and Belief in God. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 1–2. ISBN 978-0-521-03900-0. Consultado em 4 de janeiro de 2012 
  3. Ninian Smart (1969). Philosophers and religious truth. [S.l.]: S.C.M. Press. p. 76. Consultado em 4 de janeiro de 2012 
  4. a b Oppy, Graham (8 de fevereiro de 1996). «Ontological Arguments». Stanford Encyclopedia of Philosophy 

Ligações externas

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