Conquista de Túnis (1574)
A Conquista de Tunes (português europeu) ou Túnis (português brasileiro) em 1574 terminou a disputa entre o Império Otomano e o Império Espanhol. Foi um acontecimento de grande significado que decidiu o domínio otomano do Norte de África nos séculos seguintes. Nela participou Mulei Moluco pelo lado turco, e esta foi uma das razões que levou à intervenção de D. Sebastião em Marrocos.
Conquista de Túnis (1574) | |||
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Parte das Guerras Otomanos-Habsburgos | |||
Ataque da frota otomana a La Goletta em 1574, com Túnis em segundo plano. | |||
Data | julho de 1574 (450 anos) | ||
Local | Túnis | ||
Desfecho | Os otomanos recuperam Túnis. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Antecedentes
editarTunis tinha sido conquistada em 1534 ao Reino Haféssida por otomanos liderados por Barba Ruiva. No ano seguinte Carlos V empreendeu uma reconquista cristã, ficando o Reino Haféssida como estado vassalo de Espanha. O almirante turco Ali Paxá recapturou Tunis em 1569, mas em 1571 dada a vitória cristã na Batalha de Lepanto, João de Áustria reconquistaria Tunis em 1573.[1]
Conquista de Tunis
editarEm 1574, Guilherme I, Príncipe de Orange, e Carlos IX de França, procuram o apoio do Sultão Turco Selim II para abrir uma frente contra Filipe II de Espanha.[2] Selim II manifestou o seu apoio colocando Mouriscos de Espanha em contacto com piratas de Alger.[3] Selim mandou ainda uma grande frota a Tunis no Outono de 1574, conseguindo assim reduzir a pressão do espanhóis na Holanda.[3]
Na batalha, Selim II usou uma frota com perto de 300 galeões e 75 000 homens.[4] A esquadra otomana foi comandada por Sinane Paxá e Uluje Ali.[4] e combinava tropas enviadas pelos governadores de Algiers, Tripoli e Tunis, numa força combinada de aproximadamente 100 000 homens.[4] Este exército atacou Tunis em La Goleta, defendida por 7 000 men, acabando por cair em 24 de Agosto de 1574.[4]
João de Áustria tentou aliviar o cerco, enviando galeões de Nápoles e da Sicília mas falhou no intento, devido a tempestades.[5] A coroa espanhola estando mais focada na guerra holandesa, deixou cair Tunis.[5]
Participação de Mulei Moluco
editarMulei Moluco sultão marroquino que defrontou D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir participou nesta conquista, apoiando o lado otomano.[6]
Participação de Cervantes
editarCervantes participou nestes acontecimentos como soldado, e estava nas tropas de João de Áustria que tentaram ajudar os sitiados.[7] Afirma que os otomanos lideraram 22 assaltos contra o forte de Tunis, perdendo 25 000 homens, e apenas 300 cristãos sobreviveram.[7]
Consequências
editarA batalha decidiu a futura presença turca em Tunis, pondo um fim ao Reino Haféssida e à presença espanhola em Tunis.[1]
A coroa espanhola entrou em falência em 1 de Setembro de 1575.[5] Este sucesso dos turcos permitiu ainda reduzir a pressão espanhola nos Países Baixos, levando depois a negociações na Conferência de Breda.[3] Os otomanos, depois da morte de Carlos IX em Maio de 1574, e de terem estabelecido um Consulado em Antuérpia (De Griekse Natie).
Depois da Batalha de Alcácer Quibir (4 de Agosto de 1578) os turcos estabeleceram paz com Espanha e focaram-se na Pérsia na guerra com os Safávidas (1578–1590), tendo Lala Mustafá Paxá iniciado a invasão da Geórgia, três dias depois, em 7 de Agosto de 1578.[3]
Ver também
editarBibliografia
editar- Geoffrey Parker, Lesley M. Smithː "The General crisis of the seventeenth century". Routledge, 1978 ISBN 0-7100-8865-5
- María Antonia Garcésː "Cervantes in Algiers: A Captive's Tale" Vanderbilt University Press, 2005 ISBN 0-8265-1470-7
Referências
- ↑ a b Peter N. Stearnsː The Encyclopedia of world history. William Leonard Langer, p.366 [ligação inativa]
- ↑ «The General Crisis of the Seventeenth Century - Google Boeken». Consultado em 18 de março de 2013
- ↑ a b c d Parker, p.61
- ↑ a b c d Cervantes In Algiers: A Captive's Tale - María Antonia Garcés (Google Books)
- ↑ a b c Garcés, p.221
- ↑ The last great Muslim empires: history of the Muslim world by Frank Ronald Charles Bagley, Hans Joachim Kissling p.103ff
- ↑ a b Garcés, p.222