Santiago em Oração
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Maio de 2022) |
Santiago em Oração | |
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Autor | Rembrandt |
Data | 1661 |
Técnica | óleo sobre tela |
Dimensões | 92,1 × 74,9 |
Localização | Colecção particular |
Santiago em Oração é uma obra-prima de Rembrandt Harmenszoon van Rijn, pintada pelo autor em 1661, na sua última década de vida. É um óleo sobre tela, encontra-se assinado Rembrandt f. 61 e tem as medidas de 92,1 por 74,9 cm.
A tela, pouco conhecida até 2007, encheu páginas e capas de jornais e revistas de todo o mundo, por ter sido leiloada, a 25 de Janeiro, em Nova Iorque, na casa Sotheby's, pela quantia de 25 800 000 dólares.
A pintura do Apóstolo Santiago como um peregrino em oração, pertence a um grupo de retratos bíblicos pintados por Rembrandt nas décadas de 1650 e 1660, referidos como retratos religiosos.
Este período foi extremamente tumultuado e agitado para Rembrandt, mas também um dos mais notáveis, da sua vida artística. Em 1656, a vida luxuosa e dispendiosa que Rembrandt levava desde que começou a ter sucesso chegara ao fim. Agora, as suas finanças estavam em declínio, juntamente com a sua vida sentimental. Desde a morte de Saskia que Rembrandt se achava triste e enfadado, tristeza que não se alienou à morte prematura de dois dos seus filhos.
Nesse ano leiloou a sua vasta colecção de arte, depois a sua casa e seguidamente o seu próprio estúdio, o seu atelier. Tudo para quitar as suas vastas dívidas.
Depois de A lição de anatomia do Dr. Tulp, a sua mais importante encomenda após A Ronda Nocturna, decidiu aliar-se de novo à pintura retratista. Criou um novo estilo, sagaz, intenso e emotivo, fulminante de verdade, de realismo, fundido com a Pintura Histórica.
Neste período final da sua vida, Rembrandt quebrou barreiras nas diferentes categorias da pintura e criou algumas convenções na sua obra. O termo «retratos religiosos» sugere-nos a pintura de cenas e/ou individualidades bíblicas, normalmente com inspirações clássicas e muitas vezes com recorrência à representação da tragédia e do sofrimento e da dor. Esses quadros são fulminantes de emoções. Mas Rembrandt nunca apreciou muito essa alegoria, e muito menos essas tristeza e tragédia. Ele era um boémio. Basta observar a magnífica Ronda Nocturna para o sabermos.
Mas quando fazia um retrato, o artista sabia o que queria: realidade. Rembrandt gostava de expressar através da pintura, tudo o que os seus modelos sentiam, pensavam, ou seja, a forma como realmente eram. Em cada traço, em cada olhar, em cada ruga, Rembrandt expressa a realidade por de trás de uma face, de um corpo aparentemente vulgar.
Juntamente com Santiago em oração, Rembrandt criou outras várias pinturas com o mesmo teor.
O rico creme, o vermelho e o castanho aplicados na figura do apóstolo, foram aplicados como uma pasta, grossa e borbulhante. Com inúmeras rugas, e a marca de uma vida longa exposta ao sol, sofrida de trabalho, a pele do Apóstolo adquire uma forma quase real. Com esta técnica de pintura, o artista holandês cria um quase baixo-relevo, devido à quantidade de tinta aplicada.
A técnica não foi muito apreciada pelos seus contemporâneos, que preferiam trabalhar com pinceladas refinadas e elegantes. Rembrandt decidiu esquecer o sentido decorativo da arte, em especial da pintura, e concentrou-se no significado do seu trabalho. Neste caso, a vida interior e a essência de um homem, foram o objectivo que o pintor aspirou conseguir. E conseguiu quase perfeitamente. É por isso que esta é considerada uma das últimas obras-primas do holandês seiscentista.
É também uma raridade, visto que, por esta altura, Rembrandt não costumava fazer retratos de perfil. Aqui, Santiago surge retratado de perfil, com uma postura curva, relaxada, com a face erguida para a frente, de olhar terno, cansado e crente, deixando antever a fervorosa devoção religiosa. Uma expressão devota, intensificada pelas vestes cor-de-palha do santo.
As suas mãos, rugosas, surgem erguidas à medida do pescoço, cruzadas, em oração perene, de cotovelos apoiados sobre uma pedra gasta, onde repousa o chapéu de abas do apóstolo. Um chapéu debruado com elegância, que contrasta com a pobreza das vestes do santo, que, inclusive, se encontram remendadas. No fundo da composição, encostado às rochas, está o cajado que acompanhou Santiago ao longo da sua vida peregrina.
Mas Rembrandt primou também pela pintura dos pormenores da figura, com grande destreza na representação das costuras dos remendos sobre a capa do santo e na plasticidade do camiseiro branco, retido pelo traje castanho, e que se deixa mostrar na gola e nos pulsos.
Uma pintura dos últimos anos de Rembrandt, já não aparecia publicamente em leilões desde 1961. Em 1955, esta pintura foi adquirida por Stephen Carlton Clark, e doada posteriormente à Fundação Shippy para a Justiça Social e Serviço Humanitário e Educativo. Esta fundação de caridade resolveu levar o quadro a leilão. Assim, este tornou-se o segundo quadro mais caro de Rembrandt, ofuscando o recorde de 29 000 000 de dólares, obtido em 2001. O quadro foi então vendido por 25 800 000 dólares, passando a sua estimativa máxima em 800 000 dólares. O comprador da tela decidiu manter o seu anonimato.
Juntamente com este, outra tela de Rembrandt foi vendida por 9 000 000 de dólares: Retrato de uma senhora com capa preta. Todavia, na venda estiveram representados também pintores como Peter Paul Rubens, Anthony van Dyck, Bassano e El Greco.