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Samba-sincopado

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O samba-sincopado é um estilo de samba que acentua à síncopa do gênero musical. É por vezes chamado também de "samba do telecoteco".[1]

O termo síncope vem do grego syncopé, que significaria supressão, corte. Na medicina, síncope indica parada ou diminuição momentânea dos batimentos cardíacos, acompanhada da suspensão da respiração e da perda temporária da consciência. Na gramática, síncope significa a supressão de fonemas no interior da palavra, como por exemplo, mor ao invés de maior.[2] Tanto na medicina como na gramática, o termo síncope sugere modificação ou alteração no ritmo do corpo ou da língua.[2]

Na música, a sincope indicaria os desvios no padrão rítmico em que o som - articulado na parte fraca do tempo ou do compasso - prolonga-se para a parte forte do tempo seguinte. Ele indica a escrita de um tempo fraco de um compasso, prolongado até outro tempo de maior ou igual duração.[2] O samba moderno urbano, surgido no Rio de Janeiro na década de 1910, era bastante ligado ao maxixe. No final da década de 1920, o samba passou por grandes transformações rítmicas, que mudaram o jeito de tocar, cantar e dançar em relação a primeira geração de sambistas - como Sinhô, Donga e João da Baiana.[3][4][5] Suprimindo o velho samba amaxixado, este nova forma de samba tinha uma cadência mais sincopada e mais apoiada na percussão.[6] O samba em si tornou-se sincopado, mas no samba-sincopado a síncope (o deslocamento) foi levada às últimas consequências.[7]

O samba-sincopado é um tipo de samba muito relacionado ao samba-choro, pois ambos enfatizam o virtuosismo musical, com melodias elaboradas e ritmo quebrado.[8] É considerado samba-sincopado, por exemplo, aquele de fraseado sinuoso, rico em notas e acentuadamente gingado, com divisões rítmicas ziguezagueantes.[9] Com relação às temáticas e à inflexão linguística, costuma aproximar-se do samba-de-breque,[9] que resulta da exacerbação da ginga e do humor, cujas letras apresentam caráter humorístico e paradas repentinas, nas quais o cantor introduz comentários falados, referentes ao tema cantado.[8] Também é exemplo de samba-sincopado o samba-de-gafieira, sub-gênero musical mais voltado para a dança.[9]

O compositor Geraldo Pereira foi grande expoente do samba-sincopado.[1][10] Nei Lopes diz que são sincopadas as composições de Geraldo Pereira - "Bolinha de Papel", "Escurinha", "Escurinho", "Falsa Baiana".

Tem muita circulação comercial, mas também é muito associado à roda de samba (e até mesmo à roda de choro, exclusivamente instrumental).[8] O samba-sincopado teria grande influência nos músicos da Bossa Nova.[1]

Referências

  1. a b c Geraldo Pereira Raízes da MPB - Folha de S.Paulo, sem data
  2. a b c BARCELOS, Tânia Maia (2006). Re-quebros da subjetividade e o poder transformador do samba. [S.l.]: São Paulo: PUC (tese de doutorado). [1] 
  3. «Samba». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira 
  4. «Samba». Cliquemusic 
  5. SANDRONI, Carlos (2001). Transformação do Samba Carioca no Século XX. [S.l.]: Rio de Janeiro:Jorge Zahar. [2] 
  6. LOPES, Nei (2004). Enciclopédia brasileira da diáspora africana. [S.l.]: São Paulo: Summus Editorial/Selo Negro. 623 páginas 
  7. a b c BARBOSA, Flávio (2009). Palavra de bamba: estudo léxico-discursivo de pioneiros do samba urbano carioca. [S.l.]: Rio de Janeiro:UFRJ. [3] 
  8. a b c LOPES, Nei (2003). Sambeabá: O samba que não se aprende na escola. [S.l.]: Rio de Janeiro: Casa da Palavra 
  9. Crítica: Geraldo Pereira - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
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