Remedios Varo
Remedios Varo | |
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Nascimento | María de los Remedios Alicia Rodriga Varo y Uranga 16 de dezembro de 1908 Anglès (Restauração Bourbon na Espanha) |
Morte | 8 de outubro de 1963 (54 anos) Cidade do México (México) |
Residência | Madrid, Paris, Cidade do México, Barcelona |
Cidadania | Espanha |
Alma mater | |
Ocupação | pintora, escultora, desenhista |
Movimento estético | surrealismo |
Ideologia política | Segunda República Espanhola, Apolitismo, Spanish republicanism |
Página oficial | |
http://remediosvaro.com/ | |
María de los Remedios Alicia Rodriga Varo y Uranga (Anglès, 16 de dezembro de 1908 – Cidade do México, 8 de outubro de 1963) foi uma pintora espanhola surrealista e anarquista.
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Nascia em Anglès, na província de Girona, na Catalunha, em 1908, era filha de Rodrigo Varo y Zajalvo.[1] Seus pais já tinham perdido uma filha no parto, o que seria o motivo para seu nome ser tão longo e por "remediar" a dor do casal.[2] Sua mãe, Ignacia Uranga Bergareche, era católica praticante e dedicou o nome da filha à santa de Anglès, Virgem dos Remédios.[1]
Seu pai era intelectual e amante das artes, o que teria grande influência em seu desenvolvimento como artista.[3] Remedios copiava as plantas trazidas por seu pai do canteiro de obras, onde era engenheiro hidráulico, o que a ajudou a aprimorar técnicas de desenho. Foi encorajada desde tenra idade a ter pensamento independente e teve acesso a livros de ciência e aventura, como os livros de Alexandre Dumas, Jules Verne e Edgar Allan Poe.[1] Na adolescência, teve contato com livros de misticismo e filosofia.[1]
A família viajava muito por causa do trabalho de Rodrigo e para manter a filha ocupada, ele lhe pedia que reproduzisse plantas e gráficos. Ele discordava da educação religiosa que a filha recebia no colégio católico, acreditando que ela devia receber instrução liberal e universal, ideias que ele mesmo passava para Remedios.[1][4]
Formação
[editar | editar código-fonte]Seus primeiros trabalhos eram retratos da família e auto-retratos, datados de 1923, enquanto estudava. Aos 15 anos, em 1924, ela ingressou na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando, em Madri, onde também estudou Salvador Dalí e vários outros artistas renomados,[5] obtendo seu diploma em 1930.[1] Foi em Madri que ela teve contato com o Surrealismo através de palestras, exposições, filmes e peças de teatro. Era uma visitante regular do Museu do Prado, tendo um interesse particular nas pinturas de Hieronymus Bosch.[1][4]
No mesmo ano em que se formou, casou-se com o jovem pintor Gerardo Lizárraga. Ambos se mudaram para Paris de forma a escapar das crescentes tensões políticas na Espanha, bem como para ficar no centro artístico da Europa.[1][2] Convicta de que seu destino era ser artista, depois de passar um ano em Paris, ela mudou-se para Barcelona, onde formou um círculo artístico próximo, com Josep-Lluis Florit, Óscar Domínguez e Esteban Francés.[2] Logo ela se separou do marido e passou a dividir o estúdio com Francés em uma vizinhança repleta de artistas avant-garde.[1]
Quando a Guerra Civil Espanhola começou, o poeta surrealista francês, Benjamin Peret, mudou-se para Barcelona para militar na causa anti-Franco, onde conheceu Remedios Varo, logo iniciando com ela um intenso romance, do qual existem registros em cartas de amor e publicações dedicadas à ela. Em 1937, Peret voltaria para a França, junto de Remedios.[6] Ela nunca se divorciaria de seu primeiro marido e também não mais retornaria à Espanha controlada por Franco.[5]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Europa
[editar | editar código-fonte]Remedios dividia um estúdio em Paris com Peret e Francés. Foi através de Peret que ela conheceu André Breton e o círculo surrealista da cidade, que contava com artistas como Leonora Carrington, Dora Maar, Roberto Matta, Wolfgang Paalen e Max Ernst. Ela logo participou da Exposição Internacional de Surrealismo que aconteceu em 1934, participando da edição seguinte, em Amsterdã, em 1938.[1][4]
Apesar do agitado circuito de arte da cidade, Remedios e Peret viviam na pobreza, assim como vários artistas. No começo da Segunda Guerra Mundial Peret foi preso por suas convicções políticas e Remedios foi confundida como sua esposa, também sendo presa. Alguns dias depois, ela foi libertada, quando os alemães invadiram Paris e se viu forçada a se juntar a vários refugiados. Peret foi solto mais tarde e juntos obtiveram os documentos que lhes permitiram fugir para o México. Em 20 de novembro de 1941, Remedios, Peret e Rubinstein embarcaram no navio Serpa Pinto, em Marselha.[1][2]
Comparado sua produção no México, Remedios produziu pouco enquanto estava em Paris. Além da agitação política gerada pela Segunda Guerra, havia também o fato de que mulheres nunca eram levadas à sério nos meios artísticos.[1][5][7]
Morte
[editar | editar código-fonte]Remedios Varo morreu devido a um ataque cardíaco, em 8 de outubro de 1963, na Cidade do México, aos 55 anos de idade.[1]
Obras
[editar | editar código-fonte]- Planta insumisa (Planta insubmissa), 1961. Vendida em 18 de Novembro de 2008 pela Sotheby's de Nova Iorque por 1,42 milhões de dólares.[8]
- Hacia la Torre (Em direção à torre), 1930. Vendida em 24 de novembro de 2014, pela Sotheby's de Nova Iorque por 4,3 milhões de dólares, o segundo valor mais alto pago por um quadro de uma artista latino-americana.[9]
- Invocación (Invocação), 1963.
- Los Amantes (Os Amantes), 1963.
- La ciencia inútil (A Ciência Inútil), 1960
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Benjamin Péret
- Leonora Carrington
- Leonor Fini
- El Greco
- Ernst Fuchs
- Salvador Dalí
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m Arias-Jirasek, Rita, ed. (2008). Women Artists of Modern Mexico: Mujeres artistas en el México de la modernidad/Frida’s Contemporaries:Las contemporáneas de Frida (em inglês e espanhol). Alejandro G. Nieto, Christina Carlos and Veronica Mercado. Chicago/Mexico City: Frida National Museum of Mexican Art/museo Mural Diego Rivera. 165 páginas. ISBN 9781889410050
- ↑ a b c d Lupina Lara Elizondo. Visión de México y sus Artistas Siglo XX 1901-1950. Mexico City: Qualitas. pp. 216–219. ISBN 9685005583
- ↑ Hierophant (ed.). «A pintura surrealista de Remedios Varo». Hierophant. Consultado em 12 de abril de 2017
- ↑ a b c Deborah J Hayne (ed.). «The Art of Remedios Varo: Issues of Gender Ambiguity and Religious Meaning». Woman's Art Journal. Consultado em 9 de dezembro de 2014
- ↑ a b c Kaplan, Janet A. (1980). «Remedios Varo: Voyages and Visions». Woman's Art Journal. 1 (2): 13. JSTOR 1358078. doi:10.2307/1358078
- ↑ Zamora, Louis Parkinson (primavera de 1992). «The Magical Tables of Isabel Allende and Remedios Varo». Comparative Literature. 44 (2): 114–116. JSTOR 1770341. doi:10.2307/1770341
- ↑ Kaplan, Janet (1 de janeiro de 1980). «Remedios Varo: Voyages and Visions». Woman's Art Journal. 1 (2): 13–18. doi:10.2307/1358078
- ↑ «LOT 27». Consultado em 12 de abril de 2017
- ↑ Tonica Chagas (ed.). «Tela de Remedios Varo é recorde da temporada». O Estado de São Paulo. Consultado em 12 de abril de 2017