Mateo Flecha
Mateo Flecha (1483-1553) foi um compositor de música renascentista nascido no Reino de Aragão, na região de Prades.[1] Outros nomes pelos quais é conhecido são Mateu Fletxa el Vell (em sua língua natal, o catalão), e Mateo Flecha el Viejo, sendo que "el Viejo" (o Velho) foi acrescentado ao seu nome para distingui-lo de seu sobrinho Mateo Flecha el Joven, também compositor, mas de madrigais.
Pouco se sabe de sua formação musical. Mateo Flecha foi diretor de música da catedral de Lleida[1] de setembro de 1523 a outubro de 1525. De lá mudou-se para Guadalajara ficando por seis anos a serviço do duque Diego Hurtado de Mendoza. Mudou-se então para Valença onde assumiu a direção do coro da capela do Duque da Calábria. No período em que lá trabalhou, três de suas obras foram incluídas em cancioneiros associados àquela Capela.
Em 1537 Flecha mudou-se novamente, indo para Sigüenza onde serviu como maestro di cappella por dois anos. De 1544 a 1548 viveu no castelo de Arévalo como professor das Infantas Maria e Joanna,[1] filhas do imperador Filipe II de Espanha (1527-1598). Próximo ao fim de sua vida, Mateo Flecha tornou-se um monge da Ordem Cisterciense, vivendo no monastério de Poblet (onde morreu em 1553[1]). Após sua morte, seu sobrinho homônimo, também compositor, publicou algumas obras suas postumamente.[1]
Obras
[editar | editar código-fonte]A música de Mateo Flecha foi publicada em parte por Fuenllana em seu Orphenica Lira. A maior parte de sua obra pode ser encontrada no Cancionero do Duque da Calábria (Veneza, 1556), popularmente conhecido como o “Cancioneiro de Upsala”.
Suas composições mais conhecidas são as ensaladas, um tipo de música para quatro ou cinco vozes escrita para o entretenimento dos cortesãos no palácio. A ensalada frequentemente misturava várias línguas: espanhol, catalão, italiano, francês e latim, vindo daí a origem do nome (ensalada significa "salada"). Além das ensaladas, Flecha é também conhecido por seus villancicos.
Em 1581 suas ensaladas foram publicadas por seu sobrinho homônimo em Praga. Das onze ensaladas, restam versões completas de somente seis: El jubilate, La bomba, La negrina, La guerra, El fuego e La justa. Das restantes, quatro têm uma das vozes faltando, e El cantate perdeu-se porque seu sobrinho não a quis publicar considerando-a longa demais.
Vários compositores espanhóis, como Enríquez de Valderrábano, Diego Pisador, e Miguel de Fuenllana adaptaram as obras de Flecha para a vihuela
Lista de obras
[editar | editar código-fonte]Embora ele tenha certamente escrito mais do que isto, as seguintes composições são conhecidas como sendo suas:
Ensaladas para 4 vozes:
- El fuego
- El jubilate
- La bomba
- La caça
- La guerra
- La justa
- La negrina
- La viuda
Ensaladas para 5 vozes:
- Las cañas
- Los chistes
- El cantate o dança despadas (perdida)
Villancicos para 3 vozes:
- Encúbrase el mal que siento
- O triste de mí
- Si sentís lo que yo siento
- Vella de vós som amorós (atribuído a Flecha)
Villancicos para 4 vozes:
- Mal haya quien a vos casó
- Que farem del pobre Joan
- Teresica hermana
- Tiempo bueno
Villancicos para 5 vozes:
- Si amores me han de matar
Obras sacras em Latim:
- Miserere (4 vozes)
- Doleo super te (perdida)
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Geoffrey Hindley, ed. (1982). «The Age of Polyphony: The music of Spain». The Larousse Encyclopedia of Music (em inglês) 2ª ed. Nova York: Excalibur. ISBN 0-89673-101-4