Final da Copa do Mundo FIFA de 1958
Evento | Copa do Mundo FIFA de 1958 | ||||||
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Data | 29 de junho de 1958 | ||||||
Local | Estádio Råsunda, Solna | ||||||
Árbitro | Maurice Guigue | ||||||
Público | 49 737 | ||||||
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A Final da Copa do Mundo FIFA de 1958 foi disputada em 29 de junho no Estádio Råsunda, na cidade de Solna na Suécia, entre a Seleção Sueca e a Seleção Brasileira. Foi a primeira vez que uma final de Copa do Mundo pôs frente a frente uma equipe europeia contra uma equipe sul-americana. Foi ainda a primeira vez que ambas as equipes chegaram a uma final de Copa do Mundo, já que em 1950 não houve uma final propriamente dita, e sim uma rodada final de um quadrangular.
Ao final dos 90 minutos, o Brasil derrotou a equipe anfitriã por 5–2, e se tornou pela primeira vez campeão do mundo de futebol. Desta forma, essa foi a primeira vez — e por enquanto única — que a equipe anfitriã foi derrotada numa Final de Copa do Mundo (já que em 1950 não houve uma final propriamente dita, e sim uma rodada final de um quadrangular), e também a única vez que uma equipe europeia não conquistou uma Copa do Mundo disputada na Europa.
Esta partida detém o recorde de mais gols marcados em uma final de Copa do Mundo (sete gols), e os três gols de diferença pra equipe vencedora fazem esta partida dividir o recorde de vitória com maior margem de gols em uma final de Copa do Mundo (as outras finais com três gols de diferença foram a de 1970 e a de 1998. Curiosamente, nas três o Brasil estava presente). Além destes, esta partida ainda detém o recordes de "jogador mais jovem a marcar gol em uma final de Copa do Mundo (Pelé, com 17 anos e 249 dias)" e "jogador mais velho a marcar gol em uma final de Copa do Mundo (Nils Liedholm, com 35 anos e 263 dias)".
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]As Seleções do Brasil e da Suécia se enfrentaram em dois jogos oficiais das equipes nacionais adultas antes de jogarem a final da Copa do Mundo de 1958. Curiosamente, os dois compromissos anteriores entre as duas equipes eram válidos pela Copa do Mundo. A de 1938, na França, decidiu o terceiro lugar na Copa do Mundo, enquanto a de 1950 fazia parte do local final com o qual o campeão foi definido.
Partida | Encontros Anteriores em Copas do Mundo | ||||
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Edição | Fase | Local | Resultado | Ref. | |
Brasil vs. Suecia | 1938 | Disputa de 3º lugar | Burdeos | Brasil 4:2 Suécia | [1] |
1950 | Quadrangular final | Rio de Janeiro | Brasil 7:1 Suécia | [2] |
Caminho até a Final
[editar | editar código-fonte]Brasil | Fase | Suécia | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Oponente | Resultado | Fase de grupos | Oponente | Resultado | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Áustria | 3–0 | Rodada 1 | México | 3–0 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Inglaterra | 0–0 | Rodada 2 | Hungria | 2–1 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
União Soviética | 2–0 | Rodada 3 | País de Gales | 0–0 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Resultado final |
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Oponente | Resultado | Fase final | Oponente | Resultado | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
País de Gales | 1–0 | Quartas de final | União Soviética | 2–0 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
França | 5–2 | Semifinais | Alemanha Ocidental | 3–1 |
Partida
[editar | editar código-fonte]Pré-jogo
[editar | editar código-fonte]O árbitro principal foi o francês Maurice Guigue (o segundo francês, até o momento, a dirigir a partida decisiva para a conquista do título depois de Georges Capdeville, em 1938), o Assistente 1 foi o alemão Albert Dusch e o Assistente 2 foi o espanhol Juan Gardeazabal.
Em 27 de junho, dois dias antes da final, foi realizado o sorteio das camisas da final, já que ambas as seleções usavam a jaqueta amarela com shorts azuis como primeiro uniforme. Desapontados, os representantes da delegação brasileira não compareceram ao sorteio por considerarem um gesto de descortesia impedir que os visitantes mantivessem o seu uniforme principal.
O sorteio definiu que a Suécia jogaria com o primeiro uniforme.[3] Restava aos brasileiros definirem que cor de uniforme usariam naquele dia 28 de junho: branco, verde ou azul. O branco foi reprovado por maioria absoluta por ter sido a cor da camiseta símbolo do Maracanaço. O azul foi aprovado por todos por ser a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Porém, as camisas azuis levadas pela delegação já tinham sido utilizadas em treinos e não parecia digno utilizá-las em uma final. Com isso, eles tiveram que ir a uma loja de roupas sueca situada nos arredores do hotel onde os brasileiros estavam hospedados para comprá-las, e depois costurar os escudos da CBD.[4]
O Brasil obteve uma proibição da FIFA para a Suécia de empregar líderes de torcida à margem na final porque, de acordo com os sul-americanos, eles proporcionavam uma vantagem injusta aos anfitriões.[5]
O desfalque nesta partida foi apenas do lado brasileiro. Na lateral direita, De Sordi, contundido, deu lugar a Djalma Santos, que pela sua única atuação foi eleito o lateral da Copa.[6]
Resumo
[editar | editar código-fonte]A final foi disputada no Estádio Råsunda entre Brasil e Suécia em frente a um público de 49 737 pessoas.
A Seleção Brasileira disputou todos os jogos anteriores com a camisa amarelinha, mas na final teve pela frente a Suécia, também amarela. O sorteio determinou que os donos da casa jogariam com a camisa principal. Então, o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho, comprou um jogo de camisas azuis na véspera e mandou bordar o escudo da CBD e os números amarelos.[7] Os jogadores ficaram preocupados, mas Paulo motivou o time dizendo que eles seriam campeões usando a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.[7] E acabaram, de fato, sendo.
Mesmo jogando contra a torcida, o Brasil entrou como favorito. Para esta partida, o técnico Vicente Feola foi obrigado a fazer uma substituição. Na lateral-direita, Nílton De Sordi, contundido, deu lugar a Djalma Santos, que pela sua única atuação foi eleito o lateral da Copa.[6]
Acostumados a jogar de amarelo, os brasileiros, nos primeiros minutos da partida, erraram alguns passes por confundirem companheiros de equipe com os suecos.[4] Isso permitiu que, logo aos 4 minutos, os suecos saíssem na frente com um gol de Nils Liedholm.[6]
Este gol sueco que inaugurou o placar, porém, não abalou a equipe.[6] Numa das cenas mais emblemáticas desta Copa, Didi, o Príncipe Etíope, certamente uma das peças mais importantes do time brasileiro, pegou a bola de dentro do gol brasileiro e, enquanto os suecos ainda comemoravam, foi calmamente andando com ela debaixo dos braços, lembrando a todos que o Botafogo, base daquela seleção, tinha dado uma goleada na Suécia, de forma que não ia ser a Seleção Brasileira que perderia pra eles.
Ainda na primeira etapa o Brasil virou: Garrincha, aberto na linha de fundo, cruzou para Vavá marcar duas vezes, aos 9 e aos 32 minutos, respectivamente.[6] Antes do segundo gol, Pelé havia acertado a trave da Suécia.[8]
No inicio do segundo tempo, Pelé deu um chapéu no zagueiro e quase marcou o terceiro do Brasil.[8] Logo depois, aos 10 minutos, o jovem astro marcou um dos gols mais bonitos da história das Copas, fazendo 3–1 com direto a um chapéu no marcador Bengt Gustavsson. Jogando com autoridade e dominando a partida, o Brasil aumentou com Zagallo aos 23, transformando o placar em goleada. A Suécia chegou a diminuir com Agne Simonsson, aos 35, mas Pelé, aos 45 do segundo tempo, deu números finais a partida: goleada brasileira por 5–2.[6]
Após o apito final, já comemorando o título, a Seleção Brasileira deu a tradicional volta olímpica carregando a bandeira sueca, em homenagem ao país sede.[9]
Estatísticas
[editar | editar código-fonte]Geral | Suécia | Brasil |
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Gols marcados | 2 | 5 |
Ataques | 21 | 46 |
Finalizações certas | 13 | 20 |
Bolas na trave | 0 | 2 |
Escanteios | 13 | 8 |
Impedimentos | 1 | 2 |
Faltas cometidas | 13 | 9 |
Ficha técnica
[editar | editar código-fonte]29 de junho de 1958 | Brasil | 5 – 2 | Suécia | Estádio Råsunda, Suécia |
15:00 |
Vavá 9', 32' Pelé 55', 90' Zagallo 68' |
Relatório | Liedholm 4' Simonsson 80' |
Público: 49 737 Árbitro: FRA Maurice Guigue (FFF) |
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Regras do jogo
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Curiosidades
[editar | editar código-fonte]- Em 2012, o áudio original da transmissão da partida via rádio para o Brasil foi recuperada pela equipe do Museu da Imagem (MIS) do Rio de Janeiro a partir dos acetatos (espécie de disco de vinil) originais. Cerca de 25 minutos (parte do 1º tempo), porém, não foi possível de ser recuperada.[8]
- Em 2013, pela primeira vez, foram divulgadas imagens a cores da partida. A gravação feita pelo cinegrafista sueco Folke Wännströms foi achada e virou sucesso na web. O video possui cerca de sete minutos.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ FIFA.com. «Copa Mundial de Fútbol Francia 1938 - Brasil vs Suecia»
- ↑ FIFA.com. «Copa Mundial de Fútbol Brasil 1950 - Brasil vs Suecia»
- ↑ «1958 Svezia - Diario». La Gazzetta dello Sport. Consultado em 9 de abril de 2016
- ↑ a b «Brasil foi campeão mundial pela 1ª vez com camisas fabricadas na Suécia». Exame. 27 de junho de 2018. Consultado em 15 de maio de 2024
- ↑ «World Cup history - Sweden 1958» (em inglês). BBC. Consultado em 9 de abril de 2016
- ↑ a b c d e f «Copa do Mundo 1958 - Suécia». ge. 2014. Consultado em 15 de maio de 2024
- ↑ a b «Além de craque, "estilista": Maradona escolheu camisa da Argentina em 86». ge. 17 de maio de 2014. Consultado em 15 de maio de 2024
- ↑ a b c Edgard Matsuki (30 de novembro de 2012). «Escute a final da Copa do Mundo de 1958 entre Brasil e Suécia». Memória EBC. Consultado em 15 de maio de 2024
- ↑ a b «Túnel do Tempo: Final da Copa de 1958 em cores cai na web». UOL. 22 de maio de 2013