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Escrita à mão

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A escrita à mão ou escrita manual é a escrita feita com um instrumento de escrita, como uma caneta ou lápis, na mão. A escrita à mão inclui os estilos de letra de imprensa e letra cursiva e é distinta da caligrafia formal e da tipografia. Como a escrita manual de cada pessoa é única e diferente, ela pode ser usada para verificar o redator de um documento.[1] A deterioração da escrita manual de uma pessoa também é um sintoma ou resultado de várias doenças; por exemplo, a incapacidade de produzir manualmente uma escrita clara e coerente também é conhecida como disgrafia.

Originalidade

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Cada pessoa tem seu estilo próprio e único de escrita à mão, seja no dia a dia ou na sua assinatura pessoal. O ambiente cultural e as características da forma escrita da língua mãe em que se aprendeu a escrever são as principais influências no desenvolvimento do estilo.[2] Mesmo gêmeos idênticos que compartilham aparência e genética não têm a mesma caligrafia.

As características da escrita manual incluem:

  • a forma específica das letras, por exemplo, sua redondeza ou nitidez
  • espaçamento regular ou irregular entre letras
  • a inclinação das letras
  • a repetição rítmica dos elementos ou arritmia
  • a pressão contra o papel
  • o tamanho médio das letras
  • a espessura das letras

Condições médicas

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A disgrafia é muitas vezes acompanhada por outras dificuldades de aprendizagem e/ou transtorno do neurodesenvolvimento[3] como o TDAH. Da mesma forma, pessoas com ADD/ADHD apresentam maiores taxas de dislexia.  Não se sabe quantos indivíduos com ADD/ADHD que também tem dificuldade com a escrita manual realmente têm dificuldades de aprendizagem não diagnosticadas como dislexia ou se na verdade é a disgrafia que causa dificuldades de escrita à mão. 

Descobriu-se que crianças com TDAH são mais propensas a ter escrita menos legível, cometer mais erros de ortografia, mais inserções e/ou exclusões de letras e mais correções. Em crianças com essas dificuldades, as letras tendem a ser maiores com grande variabilidade de tamanho letras, espaçamento entre letras, espaçamento entre palavras e alinhamento das letras na linha base. A variabilidade da escrita manual aumenta com textos mais longos. A fluência do movimento é normal, mas as crianças com TDAH eram mais propensas a fazer movimentos mais lentos durante a tarefa de escrever e segurar a caneta por mais tempo no ar entre os movimentos, especialmente quando tinham que escrever letras complexas, implicando que o planejamento do movimento pode demorar mais. As crianças que têm TDAH tiveram maior probabilidade de ter dificuldade em parametrizar os movimentos de forma consistente. Isso foi explicado com o comprometimento da habilidade motora devido à falta de atenção ou à falta de inibição. Para antecipar uma mudança de direção entre os traços, a atenção visual constante é essencial. Com desatenção, as mudanças ocorrerão tarde demais, resultando em letras mais altas e alinhamento ruim das letras na linha de base. A influência da medicação na qualidade da escrita manual não é clara.[4]

Grafologia é o estudo pseudocientífico[5][6][7] e análise da escrita manual em relação à psicologia humana. A grafologia é usada principalmente como uma ferramenta de recrutamento no processo de seleção de candidatos para prever traços de personalidade e desempenho no trabalho, apesar de pesquisas mostrarem correlações consistentemente nulas para esses usos.[8][9][10]

Referências

  1. Huber, Roy A.; Headrick, A.M. (abril de 1999), Handwriting Identification: Facts and Fundamentals, ISBN 978-0-8493-1285-4, New York: CRC Press, p. 84, consultado em 27 de dezembro de 2015, cópia arquivada em 28 de setembro de 2011 
  2. Sargur Srihari, Chen Huang and Harish Srinivasan. On the Discriminability of the Handwriting of Twins. J Forensic Sci. 2008 Mar;53(2):430-46. http://www.cedar.buffalo.edu/~srihari/papers/TR-04-07.pdf.Retrieved[ligação inativa]
  3. Gargot, Thomas; Asselborn, Thibault; Pellerin, Hugues; Zammouri, Ingrid; Anzalone, Salvatore M.; Casteran, Laurence; Johal, Wafa; Dillenbourg, Pierre; Cohen, David (11 de setembro de 2020). «Acquisition of handwriting in children with and without dysgraphia: A computational approach». PLOS ONE. 15 (9): –0237575. Bibcode:2020PLoSO..1537575G. ISSN 1932-6203. PMC 7485885Acessível livremente. PMID 32915793. doi:10.1371/journal.pone.0237575Acessível livremente 
  4. Kaiser, M.L.; Schoemaker, M.M.; Albaret, J.M.; Geuze, R.H. (janeiro de 2015). «What is the evidence of impaired motor skills and motor control among children with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD)? Systematic review of the literature.». Research in Developmental Disabilities. 36: 338–357. PMID 25462494. doi:10.1016/j.ridd.2014.09.023 
  5. «Barry Beyerstein Q&A». Ask the Scientists. Scientific American Frontiers. Consultado em 22 de fevereiro de 2008  "they simply interpret the way we form these various features on the page in much the same way ancient oracles interpreted the entrails of oxen or smoke in the air. I.e., it's a kind of magical divination or fortune telling where 'like begets like.'"
  6. James, Barry (3 de agosto de 1993). «Graphology Is Serious Business in France : You Are What You Write?». New York Times. Consultado em 18 de setembro de 2010 
  7. Goodwin CJ (2010). Research in Psychology: Methods and Design. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-0-470-52278-3 
  8. Roy N. King and Derek J. Koehler (2000), «Illusory Correlations in Graphological Inference», Journal of Experimental Psychology: Applied, 6 (4): 336–348, doi:10.1037/1076-898X.6.4.336. 
  9. Lockowandte, Oskar (1976), «Lockowandte, Oskar Present status of the investigation of handwriting psychology as a diagnostic method», Catalog of Selected Documents in Psychology (6): 4–5. 
  10. Nevo, B Scientific Aspects of Graphology: A Handbook Springfield, IL: Thomas: 1986