*Rangel Alves da Costa
O radinho
de pilha ainda é uma paixão interiorana, e disso não há que se duvidar. Ainda
que a televisão tenha surgido para arrebatar olhos e corações e o telefone
celular tenha aparecido para aproximar as pessoas, grande parte das pessoas,
principalmente as mais envelhecidas, ainda nutrem verdadeira paixão pelos
radinhos de pilha. As solteironas gostam de se debruçar nas janelas e, sempre
chorosas, ouvir músicas apaixonadas. Muitas delas mandam cartinhas aos
locutores pedindo músicas aos amores secretos. Também as donas de casa não
desgrudam de seus radinhos, seja enquanto varrem a casa ou lavam roupas. Nestas
também as saudades afloradas pelas músicas antigas e melodiosas. Mas é defronte
das casas, nas calçadas ou nos troncos das malhadas, que os radinhos são mais
avistados. As mãos envelhecidas levam os radinhos ao pé do ouvido e os olhos
começam a brilhar ao som da música caipira, da viola de raiz e pinho. Alguns
até se preocupam em ouvir a Voz do Brasil. E uma tristeza danada quando as
pilhas vão acabando. Correm a comprar outras porque sem radinho de pilha não se
vive pelos sertões e pelas distâncias interioranas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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