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Ganguelas

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(Redirecionado de Ganguela)
Mapa étnico de Angola em 1970 (área dos povos designados como ganguelas marcada a verde)

Ganguelas ou nganguela é um grupo etnico que vive no leste e a sudeste do Planalto Central de Angola. O seu nome é desde os tempos coloniais usado para designar, não apenas esta etnia, mas um conjunto de povos que habitam a região em questão.[nota 1] As principais línguas faladas são o ganguela-luchazi e a mbunda.

Este grupo de povos inclui, de forma genérica e coletivamente, povos diferentes, como os vambundas (ou mbunda ou bundas)[nota 2], os luvales, os luenas (ou lwena), os luchazes (ou lutchaze, ou lucazi), os luimbes (ou lwimbi) e outros. Todos são tradicionalmente agricultores que fazem alguma ré-colecção e criação de pequenos animais. Estes povos distinguem-se entre eles pelas suas identidades sociais e pelas respectivas línguas (embora estas sejam aparentadas).

A sua existência começou a ser conhecida dos europeus já no século XVII, por um duplo envolvimento nas redes comerciais desenvolvidas por estes: por um lado, no tráfico de escravos a partir de Luanda e Benguela[1], por outro lado, no comércio das caravanas organizadas pelos ovimbundos nos séculos XIX e XX, onde entraram como fornecedores de cera, mel, marfim e outros bens transaccionáveis.[2]

Enquanto os povos vizinhos — por exemplo, os chócues, os lundas e os ovimbundos — os identificam perfeitamente, muitos europeus, e também alguns angolanos urbanos de hoje, têm tendência a considerar estes povos como ovimbundos, dos quais no entanto se distinguem pelas suas línguas e culturas, bem como pelas suas identidades sociais.

A ocupação colonial destes povos fez-se relativamente tarde, havendo no caso dos bundas uma resistência armada.[3] Nalgumas áreas, povos ganguelas foram afectados, em grau maior pela guerra anticolonial e pela Guerra Civil Angolana.[nota 3] Uma das consequência foi o êxodo maciço dos bundas para a Zâmbia.

Notas

  1. Uma visão geral destes povos é dada no livro de José Redinha (1975). Etnias e Culturas de Angola. Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola .
  2. A não confundir com os ambundos nem com os ovimbundos.
  3. Ver Samuel Chiwale, Cruzei-me com a história, Lisboa: Sextante, 2008 e Inge Brinkman, A War for People: Civilians, Mobility and Legitimacy in South-East Angols during the MPLA's War for Independence, Colónia/Alemanha: Rüdiger Köppe Verlag, 2005, ISBN 978-3-89645-302-4

Referências

  1. Joseph Miller (1988). Way of Death: Merchant Capitalism and the Angolan Slave Trade 1730-1830. Madison: University of Wisconsin Press 
  2. Hermann Pössinger (1986). «A transformação da sociedade umbundu desde o colapso do comércio das caravanas». Lisboa. Revista Internacional de Estudos Africanos (Revista) (4/5): 75-158 
  3. René Pélissier, Les guerres grises: Résistance et revoltes en Angola (1845-1941, Montamets/Orgeval: Éditions Pélissier, 1977