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Elvira Gonçalves de Toronho

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Elvira Gonçalves de Toronho
Rica-dona/Senhora
Elvira Gonçalves de Toronho
Túmulo inscrito de Elvira Gonçalves no Mosteiro de Alcobaça.
Senhora consorte de Eixo
Reinado 1192-1239
Predecessor(a) Maria Rodrigues Veloso
Sucessor(a) Teresa Anes de Lima
Nascimento 1180
Morte 16 de janeiro de 1245 (65 anos)
Sepultado em Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça, Leiria, Portugal
Cônjuge Garcia Mendes II, Senhor de Eixo
Descendência Mem Garcia, Senhor de Sousa
João Garcia, Senhor de Alegrete
Gonçalo Garcia, Senhor de Sousa
Fernão Garcia, tenens
Pedro Garcia de Sousa
Maria Garcia de Sousa
Sancho Garcia de Sousa
Dinastia Toronho
Pai Gonçalo Pais, Senhor de Toronho
Mãe Ximena Pais da Maia
Religião Catolicismo romano

Elvira Gonçalves de Toronho (c.1180 – 16 de janeiro de 1245) foi uma rica-dona do Reino de Portugal.

Primeiros anos

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Elvira era filha do magnata galego Gonçalo Pais, dito Curvo, senhor de Toronho e da sua esposa, Ximena Pais da Maia, irmã do célebre Pedro Pais da Maia, Alferes-mor de Portugal e senhor da Maia, e que o albergara no período conturbado que se seguira ao Cerco de Badajoz (1169)[1].

Por volta de 1211, já estaria casada com o importante magnate português Garcia Mendes II de Sousa, dito o de Eixo, trovador, senhor de importantes bens no Entre-Douro-e-Minho e na Beira, mas sobretudo na região do rio Vouga, onde se incluía a localidade de Eixo, local no qual o seu paço estaria situado e do qual o marido terá herdado o cognome[2].

O testamento de Sancho I e o conflito sucessório

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Antecedentes: o testamento e a divergência nobiliárquica

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Companheiro de armas e mordomo de Sancho I de Portugal, o cunhado de Elvira e então chefe da Casa de Sousa, Gonçalo Mendes II de Sousa, foi, juntamente com outros importantes ricos-homens, como Lourenço Soares de Ribadouro, Gonçalo Soares, Pedro Afonso de Ribadouro, e Martim Fernandes de Riba de Vizela, executor testamentário daquele rei. Teria de fazer valer os direitos do rei no caso de o seu testamento não se cumprisse como o mesmo havia estipulado. O infante Afonso não concordou com o testamento deixado pelo pai, no qual teria de ceder terras às suas irmãs, equiparadas a ele em título, e recusou cumpri-lo.

Desta forma, os primeiros anos do reinado de Afonso II foram marcados por violentos conflitos internos entre o rei e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal, a quem Sancho legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos. Ora, Afonso, tentando evitar a supremacia da influência dos nobres no seu governo, pretendia centralizar o seu poder, mas para isso incorria contra as irmãs e em último caso contra o testamento paterno, do qual o Sousão ficara encarregue de defender. Este, como executor testamentário, e talvez por ter sido um grande companheiro do rei, foi o que mais agiu em defesa das últimas vontades de Sancho, empenhando-se em fazê-las cumprir e jurá-las solenemente[3]. Assim é perfeitamente compreensível que os Sousas tivesse defendido a posição das infantas, inaugurando um período no qual os Sousas, firmes apoiantes da realeza portuguesa, se lhe opunham pela primeira vez.

Alguns dos cinco grandes nobres citados juntaram-se a ele na defesa da posição das três rainhas de Portugal: Teresa, Sancha e Mafalda. Mas alguns permaneceram do lado do rei: sabe-se que Lourenço Soares de Ribadouro se terá mantido do lado do novo rei, sendo esta posição também compreensível dado o estreito vínculo que unia a Casa de Ribadouro à Casa Real: Afonso I de Portugal fora pupilo de Egas Moniz, o Aio; e mais tarde várias damas daquela família haviam educado infantes (como o caso de Urraca Viegas de Ribadouro, tia de Lourenço, que educara a Rainha Mafalda).

A posição dos Sousas teve consequências imediatasː aquele foi retirado do cargo de mordomo, e a sua hegemonia na corte viu também um fim, sendo afastado. Na mordomia é substituído por Martim Fernandes, um dos executores testamenteiros que, como se pode depreender, terá ficado do lado do rei, como Lourenço Soares. Despeitado, e talvez até então receoso de se opor ao rei, Gonçalo encontrou neste ato a justificação para se assumir abertamente como dedicado defensor dos direitos das infantas irmãs do rei, e como acérrimo inimigo da política centralizadora de Afonso II[4].

Este conflito seria resolvido com intervenção do Papa Inocêncio III; o rei indemnizaria as infantas com uma soma considerável de dinheiro, e a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas. Porém os Sousas seriam renegados durante todo o reinado, e assim sendo saíram de Portugal, refugiando-se em outras cortes peninsulares.[5]

É possível que Elvira e o marido se tenha reunido com Gonçalo Mendes em Leão ou tenham mesmo seguido para Aragão, acompanhando o infante Pedro Sanches, irmão do rei. Uma outra possibilidade é que Elvira tenha abrigado o marido nos domínios da sua família, em Toronho[6][7].

O florescer da corte sousã

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Esta cantiga foi feita a Roi d'Espanha,
[c]a mi faliu con'[o] condado.
"Alá u nazq la Torona,
e los pavéns son [au]tan[s]
e la terra é tro bona!
E já quites son los mans!
C'ora me volho tornar
a Sousa, a lo mon logar,
que me adosa e me saudona.
La auga, que ten, me sona
que corre i, u é Natal,
e la folha assi verdona
que nul temp non lhi faz mal;
(?) (ar)
tod'om se deu a pagar
de l'odor que de si dona
[L]a chontene é tro bona
que nulh'om non lhi acha par;
que malos son d'asembrar
los faisons en la Tor[o]na
a quen non porta culhar."
Garcia Mendiz d'Eixo

A morte prematura de Afonso II em 1223 permitiu o regresso dos Sousas, aproveitando a menoridade de Sancho II de Portugal para readquirirem influência[8]. No entanto, Garcia e Elvira haviam regressado mais cedo, pois o marido da galega já surgia na documentação curial desde 1217, testemunhando o acordo entre Afonso e as irmãs[2][6], mas evita os conflitos nobiliárquicos que marcaram o período de menoridade de Sancho II, saindo definitivamente da corte em 1224. Há, por volta de 1230[7], notícias de uma doação do casal ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Com a morte de Afonso II, volta a afastar-se da corte, evitando os conflitos nobiliárquicos que marcaram o período de menoridade de Sancho II. Morre a 27 de fevereiro de 1239, sendo sepultado no panteão dos Sousa, no Mosteiro de Alcobaça, onde se juntaria a sua viúva, alguns anos depois.

O patrocínio da cultura

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A família de Sousa seria a maior patrocinadora da trovadorismo, e o próprio marido de Elvira estava ligado a variados trovadoresː ele próprio, os seus filhos Gonçalo Garcia e Fernão Garcia, e um genro de Gonçalo Mendes, Afonso Lopes de Baião. O trovador D. Abril confirma uma doação do chefe da família, que ainda arma cavaleiro Gonçalo Gomes de Briteiros, irmão do trovador Rui Gomes de Briteiros[9].

O ambiente geralmente régio em que se centrava esta atividade deparava-se em Portugal com um ambiente mais senhorial, que era o que de facto recebia e fazia florescer o trovadorismo, na língua vernácula (galego-português), em oposição à preferência da cúria régia pelo latim tradicional que continuava a manifestar-se em documentos desta proveniência[9].

Últimos anos

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Elvira enviúva de Garcia a 27 de fevereiro de 1239[10]. Conhece-se uma doação, feita por Elvira e os filhos logo após a morte de Garcia Mendes, na qual os mesmos doam à Sé do Porto os direitos que detinham na igreja de Santa Cruz de Riba de Leça[10]. A própria Elvira Gonçalves falece a 16 de janeiro de 1245, e faz-se sepultar junto do marido, na abadia de Alcobaça[10]

O seu sobrinho, Mem Gonçalves, filho de Gonçalo Mendes, falecera antes do pai, pelo que, a partir de 1231, passaram a ser os filhos de Elvira os principais herdeiros do chefe da família. De facto, o sucessor de Gonçalo Mendes II será Mem Garcia de Sousa, filho primogénito de Garcia e Elvira

Descendência

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Trovadores, representados no Cancioneiro da Ajuda.

Elvira desposou Garcia Mendes II de Sousa (m. 27 de fevereiro de 1239), filho do magnate português Mendo Gonçalves I de Sousa e da galega Maria Rodrigues Veloso, de quem teve:

Referências

  1. Calderón Medina 2004, pp. 39-50.
  2. a b Sotto Mayor Pizarro 1997.
  3. GEPB 1935-57 vol.17, p. 889.
  4. Sottomayor-Pizarro 1997.
  5. Há várias referências, neste período, a membros da família em outras cortesː há notícias do seu filho, Gonçalo Garcia, na corte aragonesa.
  6. a b Oliveira 1992.
  7. a b García Mendiz d' Eixo
  8. GEPB 1935-57 vol.17, p. 889.
  9. a b Oliveira 2001.
  10. a b c Sottomayor-Pizarro 1997, p. 215.
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