Camacan
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Camacan
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Município do Brasil | |
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Hino | |
Gentílico | camacaense |
Localização | |
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Localização de Camacan no Brasil | |
Mapa de Camacan | |
Coordenadas | 15° 25′ 08″ S, 39° 29′ 45″ O |
País | Brasil |
Unidade federativa | Bahia |
Municípios limítrofes | Itaju do Colônia, Jussari e Arataca (N), Potiraguá (S), Mascote e Santa Luzia (E), Pau Brasil (W). |
Distância até a capital | 525 km |
História | |
Fundação | 31 de agosto de 1936 (88 anos) |
Administração | |
Prefeito(a) | Paulo Cesar Bomfim de Oliveira (Paulo do Gás)[1][2] (Partido Social Democrático (PSD), 2025–2028) |
Vereadores | 11[3] |
Características geográficas | |
Área total IBGE/2022[4] | 584,848 km² |
• Área urbana IBGE/2019[5] | 3,62 km² |
População total (Estimativa 2024) [6] | 22 756 hab. |
• Posição | (BA: 137º) · (NE: 520°) · (BR: 1539º) (2022)[7] |
Densidade | 38,9 hab./km² |
Clima | Tropical |
Altitude | 170 m |
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) |
CEP | 45880-000 |
Indicadores | |
IDH (PNUD/2010[8]) | 0,581 — baixo |
PIB (IBGE/2020[9]) | R$ 332 257,93 mil |
• Posição | BA: 114º |
PIB per capita (IBGE/2020[9]) | R$ 10 381,11 |
Sítio | www.camacan.ba.gov.br (Prefeitura) www.camara.camacan.ba.io.org.br (Câmara) |
Camacan é um município brasileiro no interior e sul do estado da Bahia.
Na década de 1970, o município foi considerado como um dos maiores produtores de cacau;[10] no entanto, a praga da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa) devastou e destruiu sua lavoura, em 1989. Algumas alternativas, como a pecuária, o cultivo de café e seringa diversificaram a economia local. Contudo, a principal atividade continua sendo a cacauicultura, através da enxertia de cacaueiros resistentes a pragas, que substituem assim o cacaual doente.
Etimologia
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A palavra Camacã se origina da classe linguística Kamakã, do tronco macro-jê. Maria Hilda Paraíso, em seu trabalho Caminhos de ir e vir e caminho sem volta: índios, estradas e rios no Sul da Bahia, de 1982, subdivide os Kamakã em outros grupos como os Mongoyó, Kutaxó, Menian e Massacará.[11]
História
[editar | editar código-fonte]A história do município está diretamente ligada à expansão do cultivo do cacau. Segundo a tradição memorialista da região, o vale do rio Panelão começou a ser desbravado no ano de 1889, quando algumas famílias de Canavieiras, Bahia, passaram a buscar novas terras para o plantio de cacau por dois motivos principais: primeiro, por força das graves cheias do Rio Pardo que comprometiam a produção agrícola de Canavieiras e segundo, pelo declínio e desaparecimento dos diamantes do rio Salobro, tornando primordial a necessidade de novas fontes de produção.[12]
O distrito foi criado em 1938 com a denominação de Vargito e passou a ter sede em Camacã a partir de 1953, integrando o município de Canavieiras até ser emancipado, pela Lei Estadual nº 1.465, de 31 de agosto de 1961, com a denominação de Camacã.[13]
Os rios Panelão e Panelinha: segundo a tradição oral, essas denominações vem do encontro destes dois rios que, fisicamente, tem um aspecto que dá a ideia de um "panelão", daí terem sido batizados com estes nomes.
O primeiro foco da vassoura de bruxa em Camacan foi verificado exatamente na fazenda do prefeito, o maior produtor de cacau do município, em 1989. Luciano José de Santana era considerado o maior produtor individual de cacau, não só em Camacã, mas, no mundo. O conjunto de suas propriedades alcançava grandes marcas de produção anuais, aproximando-se de 100 mil arrobas de cacau em amêndoas, na década de 1980.[14]
Expedições da família Ribeiro
[editar | editar código-fonte]De acordo com a tradição memorialista, uma das famílias de Canavieiras que buscavam novas terras para o plantio de cacau, foi a de Leandro Ribeiro. Na realidade, a iniciativa de incursão na mata não foi do próprio Leandro, mas dos seus filhos e netos, nos últimos anos do século XIX. Do casamento com sua esposa, Felipa, o casal teve alguns filhos, entre eles João Elias Ribeiro. Nascido na fazenda Lagos, em Canavieiras, João Elias acompanhou o processo de expansão da cacauicultura e, mais ainda, experimentou as devastações provocadas pelas cheias do Pardo na propriedade de sua família. João Elias Ribeiro, sentindo a necessidade de melhores terras para expansão do cultivo de cacau da sua família, organizou uma expedição para o final do ano de 1888, e início de 1889, aproveitando assim o verão e as melhores condições do clima. O objetivo dessa empreitada era reunir 15 homens para subir de canoa o Rio Pardo até a confluência do Rio Panelão, semeando algumas sementes de cacau naquelas terras mais elevadas, protegidas de enchentes. Porém, João Elias Ribeiro adoece no período da expedição e transfere o comando desta para seu filho mais velho, Manoel Elias Ribeiro, que tinha apenas 19 anos em 1889. Para acompanhá-lo, pede a seu outro filho, Antonio Elias Ribeiro, com 16 anos, que embarque junto com o seu irmão e os outros 15 homens nessa jornada.
A marcha durou pouco mais de trinta dias e os expedicionários retornam à Fazenda Lagos com o sentimento de êxito. Em 1894, João Elias Ribeiro com a saúde recuperada, retorna com seus dois filhos, Manoel e Antonio, para verificar os resultados da primeira incursão. Comprovada a fertilidade das terras, a família Ribeiro abre as primeiras roças de cacau nesta região, ao longo do vale dos rios Panelão e Panelinha. O local da confluência do rio Panelão com o rio Panelinha passou a se chamar ‘Vargito’, por conta das vargens (várzeas) características da localidade, inspirando o nome de uma nova linhagem daquela família, adotado pelo médico João Ribeiro Vargens (filho de João Elias e irmão de Manuel e Antônio Elias Ribeiro).[12] Vale lembrar que João Vargens foi intendente em Canavieiras entre os anos de 1920 e 1923 e chefiou um grupo político na região.
Camacãs
[editar | editar código-fonte]De acordo com a tradição oral e a memória oficial do município, no período anterior à chegada dos plantadores de cacau, a área era habitada pelos índios da etnia Kamakã. O pesquisador João da Silva Campos[10] confirma a vertente de que os Kamakã residiam neste local. Desse grupo étnico originou-se o nome da cidade. A força da economia cacaueira foi significativamente superior à dos povos indígenas, como os Kamakã, que por se colocarem no caminho da propriedade e da monocultura dos cacauais, foram vítimas da depredação cultural e do extermínio.
Economia
[editar | editar código-fonte]Desenvolvimento pela força econômica do cacau
[editar | editar código-fonte]As obras de infraestrutura da cidade iam se consolidando nas gestões iniciais da prefeitura, todas elas representando o continuísmo político dos Moura no poder municipal. A facilidade de angariar recursos, permitia o desenvolvimento da cidade de maneira rápida. De 1977 a 1982, a gestão do prefeito Luciano José de Santana marcou pelas obras de estruturação municipal. Àquela altura, Luciano era considerado o maior produtor de cacau individual do mundo[10] e Camacan já possuía seis agências bancárias facilitando a linha de financiamento e crédito, três mil habitações rurais, dezesseis empresas privadas compradoras de cacau, duas cooperativas, além das presenças do ICB e CEPLAC. Luciano Santana iniciou uma série de implementos em Camacan. Ainda por cima, no mesmo ano que ele assumiu o poder executivo (1977) a cotação do cacau chegou a US$ 4.329/tonelada. Foi a maior cotação da história. Dessa forma, grandes obras de infra-estrutura como a urbanização da cidade, ampliação da Avenida Doutor João Vargens,[15] construção de escolas, pavimentação de ruas e esgotamento sanitário foram executadas. Foi também nessa gestão municipal que os caciques políticos camacaenses resolveram instituir a ‘Festa Camacã e o Cacau’,[12] em comemoração à data de emancipação política do município.
Referências
- ↑ «Prefeito de Camacã (BA) toma posse nesta quarta (1º); veja lista de vereadores eleitos». g1. Consultado em 5 de janeiro de 2025
- ↑ «Cidades e Estados». IBGE. Consultado em 5 de janeiro de 2025
- ↑ «Prefeito de Camacã (BA) toma posse nesta quarta (1º); veja lista de vereadores eleitos». g1. Consultado em 5 de janeiro de 2025
- ↑ «Cidades e Estados». IBGE. Consultado em 17 de maio de 2023
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Meio Ambiente». Consultado em 22 de fevereiro de 2023
- ↑ «POPULAÇÃO». IBGE. 2024. Consultado em 17 de setembro de 2024
- ↑ «População de Camacan (BA) é de 22.578 pessoas, aponta o Censo do IBGE». g1. Consultado em 11 de setembro de 2023
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 23 de agosto de 2013
- ↑ a b «Produto Interno Bruto dos Municípios». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 30 de janeiro de 2023
- ↑ a b c Campos, João da Silva. Crônica da capitania de São Jorge dos Ilhéus. Editus - Editora da UESC, 2006. Texto escrito em 1936, reeditada em 1981, por ocasião das comemorações do centenário de elevação a município da antiga vila de São Jorge dos Ilhéus, reunindo rico acervo de informações capazes de auxiliar pesquisadores e historiadores interessados no aprofundamento de estudos desde o início da colonização da capitania que teve como primeiro donatário Jorge de Figueiredo Correia.
- ↑ PARAÍSO, Maria Hilda Baqueiro. Caminhos de ir e vir e caminho sem volta: índios, estradas e rios no Sul da Bahia. Dissertação (Mestrado). Salvador: UFBA, 1982. Disponível em: http://www.ffch.ufba.br/IMG/pdf/1982maria_hilda_baqueiro_paraiso_Parte_1.pdf (primeira parte); http://www.ffch.ufba.br/IMG/pdf/1982maria_hilda_baqueiro_paraiso_Parte_2.pdf (segunda parte); http://www.ffch.ufba.br/IMG/pdf/1982maria_hilda_baqueiro_paraiso_Parte_3.pdf (terceira parte). Acesso em: 04 jul. 2017.
- ↑ a b c «Camacan. Histórico». IBGE. 2010. Consultado em 15 de novembro de 2012
- ↑ [1]
- ↑ «Assembleia Legislativa da Bahia - A Assembléia, História da ALBA». www.al.ba.gov.br. Consultado em 4 de julho de 2017
- ↑ Foto da Avenida João Vargens
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Clarice Gonçalves S. de Oliveira; Gilmar Alves Trindade; Maria Helena Gramacho (9 de março de 2010), Trajetória, Permanências e Transformações Têmporo-espaciais da Cidade de Camacan/BA: Interfaces com a Crise da Cacauicultura (PDF), ISBN 978-85-7455-157-9, Ilhéus: Editus, Wikidata Q123174689
- SANTOS, Renato Zumaeta Costa dos. "Contratempos: Cacau e Cacauicultura em Camacan (1980 - 1990)". In: Antônio Pereira Sousa; Janete Ruiz Macêdo; Carlos Roberto Arléo Barbosa. (Org.). Cacauicultura: A Ceplac e a Vassoura de Bruxa em Camacan (Cadernos do CEDOC). Ilhéus: Editus - UESC, 2007, v. 08, p. 109-194.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Sítio oficial»
- IBGE. Cidades @ Bahia: Camacan Informações. Histórico do município. Infográficos.