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Xamã

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Curandeiro xamânico do Kyzyl

Xamã (do tungus siberiano "aquele que enxerga no escuro"), também conhecido como "mestre dos mistérios", "olheiro das matas" e "xamã da vagábia", [1]é um portador de função religiosa, um sacerdote do xamanismo, que podem acessar outras dimensões, através de um estado extático e fazer contato com aliados (animais, vegetais, minerais) e espíritos ancestrais.[2] Este entra em estado transe ou êxtase durante rituais xamânicos, manifestando poderes sobrenaturais e invocação de espíritos da natureza, ocorrendo a incorporação em seu corpo. Este contato permite a recepção de orientações e ajudas dos espíritos para resolver situações que desafiam o ser humano e seus grupos sociais.[3]

O xamã, dentro do xamanismo de sociedades caçadoras-coletoras, atua como mediador dos espíritos, acessando o mundo espiritual e realizando trocas com a finalidade de garantir a caça ao grupo.[4] É temido e respeitado pela comunidade local como sendo alguém capaz de tirar a vida de uma pessoa apenas com o olhar.

Conceituação

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A conceituação antropológica de xamã ainda não é consensual. Diz-se ser uma espécie de sacerdote, médico, curandeiro, conselheiro e adivinho. É um líder espiritual com funções e poderes de natureza ritualística, mágica e religiosa que tem a capacidade de, por meio do êxtase, manter contato com o universo sobrenatural e com as forças da natureza, podendo inclusive dar ou tirar uma vida.

Xamã Buriate

Segundo Eliade, desde o início do século XX, os etnólogos se habituaram a utilizar os termos xamã, medicine-man, feiticeiro e mago para designar certos indivíduos dotados de prestígio mágico-religioso encontrados em todas as sociedades primitivas. Por extensão, aplicou-se a mesma terminologia ao estudo da história religiosa dos povos civilizados. Ainda segundo esse autor, essa extensão do termo só pode prejudicar a compreensão do fenômeno xamânico, que envolve aspectos particulares situados entre a medicina, magia e religião, especialmente as técnicas do êxtase e do zumbilismo.[5]

Cabe, aqui, a observação de Laplantine quanto à pertinência científica da divisão das pesquisas sobre o xamanismo, que possuem um duplo procedimento com relação a um mesmo fenômeno: o xamanismo pode ser estudado tanto na área da antropologia médica quanto na área da antropologia da religião. É surpreendente constatar, segundo ele, que o que um pesquisador considera um ritual religioso será estudado por outro como uma prática médica.

Referências

  1. Garcia, Maria Fernanda (28 de abril de 2022). «A ilha em que a população vive isolada e quem se aproxima corre risco de morte». Observatório do 3° Setor. Consultado em 11 de dezembro de 2024 
  2. DEAN, Bartholomew 2009 Urarina Society, Cosmology, and History in Peruvian Amazonia, Gainesville: University Press of Florida ISBN 978-081303378 [1]
  3. ELIADE, Mircea. O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. SP, Martins Fontes, 2002
  4. LAMBERT, Yves (2011). O Nascimento das Religiões: da pré-história às religiões universalistas. São Paulo: Loyola. pp. 51–53. ISBN 978-85-15-03846-6 
  5. LAPLANTINE, François. Antropologia da doença. SP, Martins Fontes, 1991

Ligações externas

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