Mostrar código-fonte de História da língua portuguesa

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{{mais fontes|data=agosto de 2020}}
{| align="right" border="0" style="margin: 10px;"
! align="left" | ''[[Trecho]] de poesia<br />medieval portuguesa''
|-
|<small>Das que vejo</small>
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|<small>nom desejo</small>
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|<small>outra senhor se vós nom,</small>
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|<small>tan sobejo,</small>
|-
|<small>mataria um leom,</small>
|-
|<small>senhor do meu coraçom:</small>
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|<small>fin roseta,</small>
|-
|<small>bela sobre toda fror,</small>
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|<small>fin roseta,</small>
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|<small>nom me meta</small>
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|<small>en tal coita voss'amor!</small>
|-
|''[[João de Lobeira]]''<br />(1270?–1330?)
|}
A '''história da língua portuguesa''' é a [[história]] da evolução da [[língua portuguesa]] desde a sua origem no noroeste da [[Península Ibérica]] até ao presente, como [[língua natural|língua]] [[Língua oficial|oficial]] falada em [[Portugal]] e em vários [[Geografia da língua portuguesa|países de expressão portuguesa]].

Em todos os aspectos — [[fonética]], [[Morfologia (linguística)|morfologia]], [[léxico]] e [[sintaxe]] — a língua portuguesa é essencialmente o resultado de uma evolução orgânica do [[latim vulgar]] trazido por [[Império Romano|colonos romanos]] no [[Século III a.C.]], com influências menores de outros idiomas e com um marcado substrato [[Línguas célticas|céltico]]. O [[português arcaico]] desenvolveu-se no [[Século V]] d.C., após a queda do Império Romano e as [[Invasões bárbaras da Península Ibérica|invasões germânicas]], ditas bárbaras, como um [[dialecto]] [[Línguas românicas|românico]], o chamado [[galego-português|galego português]], que se diferenciou de outras [[línguas ibero-românicas|línguas românicas ibéricas]]. Usado em documentos escritos desde o [[século IX]], o galego-português tornou-se uma linguagem madura no século XIII, com uma rica [[Literatura portuguesa|literatura]]. Em 1290 foi decretado [[língua oficial]] do reino de Portugal pelo rei D.[[Dinis I de Portugal|Dinis I]]. O salto para o português moderno deu-se no [[renascimento]], sendo o [[Cancioneiro Geral]] de [[Garcia de Resende]] (1516) considerado o marco. A normatização da língua foi iniciada em 1536, com a criação das primeiras [[Gramática da língua portuguesa|gramática]]s, por [[Fernão de Oliveira]] e [[João de Barros]].

A partir do século XVI, com a expansão da [[era dos descobrimentos]], a história da língua portuguesa deixa de decorrer exclusivamente em Portugal, abrangendo o [[português europeu]] e o [[português internacional]]. Em [[1990]] foi firmado um tratado internacional com o objetivo de criar uma [[Ortografia da língua portuguesa|ortografia]] unificada, o [[Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990]], assinado por representantes de [[Angola]], [[Brasil]], [[Cabo Verde]], [[Guiné-Bissau]], [[Moçambique]], [[Portugal]] e [[São Tomé e Príncipe]].

== Proto-história (séc. III a.C.- séc. XII) ==
Recentes estudos sugerem que o substrato linguístico dominante no ocidente peninsular possui forte relação com as línguas antigas do Próximo Oriente, como o ugarítico, o acádio, o hebraico antigo ou o assírio. É possível que essa língua tenha acompanhado os povos que migraram ao longo do Mediterrâneo ao longo de milhares de anos desde o Neolítico. Tanto a toponímia, como a própria língua Portuguesa (bem como a castelhana, a catalã, e provençal) parecem mostrar essa relação.<ref>{{Citation |título= A Origem da Língua Portuguesa |primeiro = Fernando R |último = Almeida |publicado= Chiado |ano= 2013}}</ref> Curiosamente já no século XIX o Cardeal D. Francisco de S. Luiz Saraiva, conhecido popularmente por "Cardeal Saraiva", publicou um trabalho intitulado ''Glossário de Vocábulos Portuguezes Derivados de Línguas Orientaes e Africanas Excepto a Árabe'', em que se demonstrava que muitas palavras do português encontram paralelo no hebraico antigo, no caldaico e mesmo no persa. Contudo este conhecimento foi ignorado, tendo--se retomado a tese da impossibilidade de encontrar a língua do povo que foi colonizado pelos romanos. Também no final do século  XX, Moisés Espírito Santo publicou vários e assinaláveis estudos sobre o tema, mas o meio universitário português tem sido reticente à mudança de paradigma. A visão tradicional, geralmente reproduzida, é fortemente latinista e quase ignora totalmente a língua falada pelo povo que foi conquistado por Roma. Os textos a seguir seguem essa linha de pensamento, estando portanto em desacordo com as ideias mais recentes.
[[Ficheiro:Prehispanic languages.gif|thumb|left|Mapa das [[Línguas paleo-hispânicas|línguas pré-romanas da Península Ibérica]]]]

O português tem um [[Estrato (linguística)|substrato]] [[Línguas celtas|céltico]]/[[Língua lusitana|lusitano]],<ref>{{Citation |publicado= Universidade do Minho | url = http://www.csarmento.uminho.pt/docs/ndat/rg/RGVE1999_015.pdf |último = FREIRE |primeiro = José Manuel de Amaral Branco |título= A Toponímia Céltica e os vestígios de cultura material da Proto-História de Portugal}}.</ref> originado nas línguas faladas pelos [[povos ibéricos pré-romanos|povos pré-romanos]] que habitavam a parte ocidental da Península. Várias [[escritas paleo-hispânicas|escritas]] testemunham a existência de [[línguas paleo-hispânicas]]. Em Portugal destaca-se a [[escrita do sudoeste]] dos séculos VII e V a.C. no Baixo Alentejo e Algarve. Não há acordo entre os especialistas sobre a origem destes sistemas de escrita, que poderá estar no [[alfabeto fenício]] ou no [[alfabeto grego]], provavelmente relacionados com os contactos comerciais destes povos.

Da [[língua lusitana]], uma língua [[Línguas indo-europeias|indo-europeia]] céltica<ref>{{Citation |último = Anderson |primeiro = JM |título= Pre-Roman Indo-European languages of the Hispanic Peninsula |títulotrad= Línguas prerromanas indoeuropéias da península hispânica |periódico= Revue des Études Anciennes |número= 87 |ano= 1985 |páginas= 319–26 |língua= en}}.</ref><ref>{{Citation |último = Untermann |primeiro = J |contribuição= Lusitanisch, Keltiberisch, Keltisch |editor-nome1 = J |editor-sobrenome1 = Gorrochategui |editor-nome2 = JL |editor-sobrenome2 = Melena |editor-nome3 = J |editor-sobrenome3 = Santos |título= Studia Palaeohispanica Actas del IV Coloquio sobre Lenguas y Culturas Paleohispánicas, 6-10 mayo 1985 (= Veleia 2-3, 1985–1986) |local= Vitoria-Gasteiz |ano= 1987 |páginas= 57–76}}.</ref> ou relacionada falada entre o Douro e o Tejo, apenas se conhecem cinco inscrições tardias em [[alfabeto latino]], incluindo as de [[Cabeço das Fráguas]],<ref>{{Citation |data=janeiro de 2011| url = http://www.portugalromano.com/2011/01/santuario-lusitano-romano-de-cabeco-das-fraguas/ |título= Santuário Lusitano-Romano de Cabeço das Fráguas |obra= Portugal romano}}.</ref> a [[inscrição do Penedo de Lamas]]<ref>{{Citation | url = http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/73184/ |título= Inscrição Gravada num Penedo |obra= Pesquisa de Património |publicado= IGESPAR}}.</ref> e de [[Arronches]].<ref>{{Citation | url = http://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/28/40/09carneiroetal.pdf |último1 = CARNEIRO |primeiro1 = André |primeiro2 = José |último2 = d’Encarnação |primeiro3 = Jorge |último3 = de Oliveira |primeiro4 = Cláudia |último4 = Teixeira |título= Uma inscrição votiva em língua lusitana |periódico= Palaeohispanica | volume = 8 |ano= 2008 |páginas= 167-78}}.</ref> Da [[língua galaica]],<ref>{{Citar web |url=http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf |titulo=PIEL, Joseph-Maria "Origens e estruturação histórica do léxico português" (1976) in Estudos de Linguística Histórica Galego-Portuguesa, Lisboa, IN-CM, 1989, pp. 9-16 |acessodata=2011-09-11 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20081024074548/http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf |arquivodata=2008-10-24 |urlmorta=yes }}</ref> também uma língua céltica<ref>([[Hipótese celta-Q|do tipo Q]]){{citar livro | sobrenome =PRÓSPER | prenome = BM |título = Lenguas y religiones prerromanas del occidente de la península ibérica|ano = 2002|editora = Ediciones Universidad de Salamanca|isbn= 84-7800-818-7|página = 422–427}}</ref><ref>VILLAR F., B. M. Prósper. (2005). ''Váscos, Celtas e Indoeuropeos: genes y lenguas. Ediciones Universidad de Salamanca''.  333-350. ISBN 84-7800-530-7.</ref> ou um grupo de línguas e dialetos aparentados com o [[Língua celtibera|celtibero]], conhecem-se numerosas palavras e frases curtas registadas em inscrições latinas de Oviedo e Mérida, ou glosadas por autores clássicos, que permanecem até hoje para nomear locais, rios ou montanhas. Após séculos de contacto com o [[latim]] estas línguas foram absorvidas,<ref>[http://www.uwm.edu/Dept/celtic/ekeltoi/volumes/vol6/6_16/lujan_6_16.pdf LUJÁN MARTÍNEZ, Eugenio The Language(s) of the Callaeci]</ref> mas deixaram a sua marca num [[dialecto]] determinante na evolução das línguas portuguesa e [[Língua galega|galega]].

A influência celta na língua portuguesa<ref>[http://www.csarmento.uminho.pt/docs/ndat/rg/RGVE1999_015.pdf FREIRE, José. A Toponímia Céltica e os vestígios de cultura material da Proto-História de Portugal. Revista de Guimarães, Volume Especial, I, Guimarães, 1999, pp. 265-275]</ref> pode ser detectada em várias centenas de palavras como ''abrunho, barra, bico, vidoeiro, bilha, borba, braga, brio, cais, caminho, camisa, canga, canto, carro, cerveja, choco, colmeia, crica, curro, embaixada, gorar, légua, lousa, menino, minhoca, peça, rego, tojo, tranca, vassalo,''<ref>WARD A. (1996), s.v.</ref> ''manteiga'' e ''tona'' (galaico-português: pele, odre);<ref>[http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=9162 Palavras celtas na língua portuguesa em www.ciberduvidas.com]</ref> os [[Topónimos celtas em Portugal|topónimos de origem céltica]] em Portugal destacam-se pelo elemento "briga", que significa “fortaleza”, com em ''[[Conímbriga]], Arcóbriga'' (antigo nome de Arcos de Valdevez), ''[[Lacóbriga]]'' (antigo nome da cidade algarvia de [[Lagos (Portugal)|Lagos]]) e ''[[Bragança (Portugal)|Brigantia]]'' (Bragança); o elemento "dunum", que significa “cidade” e surge no topónimo [[Caladunum]] (cidade antiga em Trás-os-Montes); frequentemente é também considerada de origem celta a etimologia do nome Portugal, de [[Portus Cale]], sendo Cale um desenvolvimento de "Gall-", com a qual os Celtas se referiam a si próprios (como em "[[Galiza]]", "[[Gália]]", "[[Galway]]") e o do [[rio Douro]] (Durus em latim), do celta "dwr", que significa água.<ref>[http://books.google.pt/books?id=xzcQAAAAIAAJ&printsec=frontcover&dq=the+origin+of+language+and+nations&source=bl&ots=HlsJY8kftr&sig=matZc7ms7UDXIhtbwfK1-xb0fk8&hl=pt-PT&ei=l-uzS7bcMsr-4AaigO25Dg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CAsQ6AEwAA#v=snippet&q=durius&f=false JONES, Rowland, The origin of language and nations ]</ref>

=== O latim: base linguística (III a.C - V d.C) ===
{{Artigos principais|[[Latim]] e [[Latim vulgar]]}}
[[Ficheiro:Geira Milha XXIX detalhe.jpg|245x245px|thumb|Inscrição em latim num [[marco miliário]] da [[Via Nova]], que ligava [[Braga]] a [[Astorga (Espanha)|Astorga]], [[Terras de Bouro]], Portugal]]
Em 218 a.C, os [[República Romana|romanos]] iniciaram a [[invasão romana da Península Ibérica|invasão da Península Ibérica]], onde viriam a fundar a [[província romana]] da [[Lusitânia]], atual centro e sul de Portugal. Quase 200 anos depois, terminadas as [[guerras Cantábricas]], foi constituída a [[Galécia]], atual norte de Portugal e Galiza.

A [[Hispânia|romanização]] afetou muitas áreas da vida, incluindo a língua. O [[latim]], [[língua oficial]] do [[Império Romano]], passou a ser usado na administração. A sua versão [[Linguagem coloquial|coloquial]], o [[latim vulgar]] falado em todo o império,<ref>CLARK, Victor Selden (1900). Studies in the Latin of the Middle Ages and the Renaissance. Lancaster: The New Era Printing Company, pp. 1–3</ref> foi difundido por soldados, colonos e mercadores vindos de várias províncias e colónias romanas. Estes estabeleceram-se em cidades perto de povoações nativas, [[Topónimos romanos em Portugal|mantendo frequentemente os mesmos nomes]].

Falar latim era mais um privilégio do que um dever, e começou pelas camadas mais altas da sociedade, que tinham de lidar com a administração romana.<ref>{{citar livro|autor=AZEVEDO, Milton Mariano|título=Portuguese: a linguistic introduction|url= http://books.google.com/books?id=tWk6gpv8ep0C&lpg=PA8&dq=latin%20language%20christian%20hispania&pg=PA8#v=onepage&q&f=false|editora=Cambridge University Press|ano=2005|páginas=8|id=}}</ref>
A evolução do latim no território correspondente a Portugal ocorreu a dois ritmos:<ref>{{citar livro|autor=PRICE, Glanville|título=Encyclopedia of the languages of Europe|editora=Wiley-Blackwell|ano=2000||url= http://books.google.com/books?id=29BAeKHwvuoC&lpg=PA368&dq=galician%20portuguese%20latin&pg=PA364#v=onepage&q=galician%20portuguese%20latin&f=false| páginas=364|id=}}</ref> no centro e sul, na [[Lusitânia]], foi adaptado cedo, acompanhando a rápida romanização e maior [[cosmopolitismo]]. A norte, na região da [[Galécia]], a tardia romanização, o carácter rural e o isolamento resultaram numa menor assimilação cultural e linguística, que levou ao desenvolvimento de uma variedade de latim com influências da [[língua galaica]].<ref>{{Citar web |url=http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf |titulo=Origens e estruturação histórica do léxico português (1976) |acessodata=2011-09-11 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20081024074548/http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf |arquivodata=2008-10-24 |urlmorta=yes }}</ref><ref>[http://www.uwm.edu/Dept/celtic/ekeltoi/volumes/vol6/6_16/lujan_6_16.pdf The Language(s) of the Callaeci. Luján Martínez, Eugenio]</ref>
A adesão ao [[cristianismo]], introduzido nas cidades da Hispânia a partir do século I e tornado religião oficial do império em 380 pelo imperador hispano [[Teodósio I]], contribuiu para popularizar o latim.

O uso das línguas paleo-ibéricas foi decrescendo, primeiro através do [[bilinguismo]] nos centros de ocupação romana, depois limitando-se às regiões isoladas. As línguas pré-romanas nativas acabaram por desaparecer,<ref>{{Citar web |url=http://www.arkeotavira.com/Mapas/Iberia/Populi.htm |título=Povos pré-romanos da Península Ibérica, ''Arkeotavira'' |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> mas supõe-se que o seu contacto com o latim contribuiu para o desenvolvimento de diversos [[dialetos]] nas diferentes regiões da [[Hispânia]]. Mesmo a elite educada de hispano-romanos parece ter tido um sotaque peculiar: entre outros, o imperador [[Adriano]], de origem bética, foi alvo de riso ao discursar no senado romano pelo ''"pronuntians agrestius"'', um sotaque rústico que o levou a aperfeiçoar o latim.<ref>{{citar livro|autor=ADAMS, James Noel|título=The regional diversification of Latin, 200 BC-AD 600|url=http://books.google.com/books?id=yu9zSREo0bkC&lpg=PA231&dq=latin%20hispania%20pronuntians&pg=PA232#v=onepage&q=latin%20hispania%20pronuntians&f=false| editora=Cambridge University Press|ano=2007|páginas=232|id=}}</ref><ref>[http://assets.cambridge.org/97805218/17714/sample/9780521817714ws.pdf Bilingualism and the Latin language, J.N. Adams. Cambridge University Press]</ref>

Para alguns autores o fato de a Lusitânia e Galécia estarem incluídas na [[Hispânia Ulterior]] (a "Hispânia afastada" na primeira divisão da Península), sob influência da [[Bética]], uma província antiga colonizada pela aristocracia senatorial, explica o latim conservador, que preservou formas arcaicas (como "pássaro"/"pájaro" (''passer'') e "comer" (''comedere'') em vez de formas latinas mais recentes ''ave'' (''avicellus'') manger/mangiare (''manducare''), e que pode explicar parte das [[diferenças entre o castelhano e o português]].<ref>{{citar livro|autor=BROWN, Keith, Sarah Ogilvie|título=Concise encyclopedia of languages of the world |editora=Elsevier|ano=2008||url= http://books.google.com/books?id=F2SRqDzB50wC&lpg=PA883&ots=SPjCzdvFYe&dq=portuguese%20ulterior%20conservative%20latin&pg=PA883#v=onepage&q=portuguese%20ulterior%20conservative%20latin&f=false| páginas=883|isbn= 0080877745}}</ref> Um dos fenómenos mais antigos nesta diferenciação é a [[betacismo|"troca dos b pelos v", ou betacismo]],<ref>[http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=8163 Ciberdúvidas: A troca do B pelo V = Betacismo ]</ref> provavelmente sob a influência das línguas pré-romanas, com o /v/ muito mais usado no português. No latim clássico não existia o actual som [v]: "via" pronunciava-se "uia" (semelhante ao W inglês). A partir do século I o latim vulgar transformou o /w/ em /β/, que se manteve no espanhol, e que evoluiu para /v/ no português. Exemplos antigos de betacismo incluem a grafia de [[Nabia]]/Navia, deusa da [[galaicos|mitologia galaica]] e [[Mitologia lusitana|lusitana]],<ref>"El nombre de la diosa lusitana Nabia y el problema del betacismo en las lenguas indígenas del Occidente Peninsular". Blanca M. Prósper. Ilu. Revista de ciencias de las religiones Nº2. pgs:141-149. 1997</ref> assim como [[La Habana]] (em castelhano) e [[Havana]] (em português).

O processo de diferenciação dos dialetos que levou ao desenvolvimento de diversos traços individuais das [[línguas ibero-românicas]] teria ocorrido ainda no período romano.<ref>{{Citar web|url=http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf|título=Origens e estruturação histórica do léxico português" (1976)|autor=|obra=|data=|acessodata=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081024074548/http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/origens_lex_port.pdf|arquivodata=2008-10-24|urlmorta=yes}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://assets.cambridge.org/97805218/17714/sample/9780521817714ws.pdf |título=Bilinguism and the Latin language, J.N. Adams.Cambridge University Press |língua=inglês |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://ling.cornell.edu/people/Weiss/CGL_34_Language_Contact_5.pdf |título=Comparative Grammar of Latin 34 |língua=inglês |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Origem de todas as [[línguas românicas]], o latim teria contribuido para quase 90% do léxico do português.

=== O românico de influência germânica sueva e visigótica ===
{{Artigos principais| [[Línguas ibero-românicas]], [[Línguas galaico-portuguesas]], [[Língua gótica]], [[Latim medieval]]}}
[[Ficheiro:MartindeBraga-Albelda.jpg|thumb|left|150px|Pormenor do [[Códice Albeldensis]] visigótico, c. 976, reprentando [[Martinho de Dume]], com a inscrição ''Martinus episcopus bracarensis''.]]

A partir de 409,<ref>{{Citar web|url=http://flaez.ch/hermannus/chronicon.html|título=Hermanni Contracti Chronicon|língua=|autor=|obra=|data=|acessodata=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140601132357/http://flaez.ch/hermannus/chronicon.html|arquivodata=2014-06-01|urlmorta=yes}}</ref> com o [[Queda do Império Romano|Império Romano em colapso]], a Península Ibérica foi [[Invasões bárbaras da Península Ibérica|ocupada por povos de origem germânica]], a que os romanos chamavam [[bárbaros]]. O território foi então cedido a alguns destes povos como [[federados (Roma Antiga)|federados]]: em 410 os [[suevos]] estabeleceram na Galécia o [[reino Suevo]], primeiro reino cristão (410-589). Na Lusitânia seriam os [[visigodos]] a dominar (411-711).

Estes povos adotaram em grande parte a [[cultura romana]], incluindo [[Leges Barbarorum|as leis]], o [[Cristianismo primitivo|cristianismo]] e a língua latina. Com as invasões desapareceram todos os quadros do estado, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica, que os suevos adoptaram ainda no século V, seguidos pelos visigodos, e que foi um importante instrumento de estabilidade. Como a maioria da população hispano-romana era cristã, a governação sueva – que se estendeu até [[Emínio]] (Coimbra) – baseou-se nas [[paróquia]]s, descritas no ''[[Parochiale suevorum]]'' de c. 569.

O latim escrito, com influências germânicas e românicas, manteve-se na Europa como ''[[língua franca]]'', litúrgica e jurídica: o [[latim medieval]]. No reino Suevo da Galécia, região correspondente ao norte de Portugal e Galiza, destaca-se na [[Latim eclesiástico|liturgia]] a partir da [[arquidiocese de Braga]], e no [[direito visigótico]]. Foi dessa liturgia, por iniciativa de [[Martinho de Dume]] – para reforçar a ortodoxia face a tendências pagãs e heréticas do [[priscilianismo]] e [[arianismo]] – a origem do português ser a única língua românica que usa a terminologia eclesiástica de numeração ordinal para os [[dias da semana]], de [[segunda-feira]] a sexta-feira, com registos desde 618.<ref>{{Citation |primeiro = Richard A |último = Fletcher | url = http://books.google.com/books?id=RB5aWgr7l-gC&lpg=PA257 |título= The barbarian conversion: from paganism to Christianity |página= 257 |língua= en |formato= Google books}}.</ref>

No entanto, uma vez que as escolas e administração romanas acabaram, o latim vulgar falado perdeu uniformidade, evoluindo de forma diferenciada nas comunidades isoladas. Acredita-se que por volta do ano 600 já não era falado na Península Ibérica,<ref name="lus">{{Citation | url = http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/brevesum/origens.html |título= As origens do romance galego-português |publicado= Instituto Luís de Camões |acessodata= 2011-09-13 |arquivourl= https://web.archive.org/web/20080703070609/http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/brevesum/origens.html|arquivodata=3 de julho de 2008 }}.</ref> substituído pela evolução das [[línguas românicas]]. Na Galécia, ganhou características locais levando à evolução de uma forma primitiva de [[galaico-português]].

A presença germânica, sobretudo os três séculos de domínio visigótico, deixou numerosas palavras na língua portuguesa, sobretudo na [[onomástica]]: nomes como ''[[Rodrigo]], [[Afonso]], [[Álvaro]], [[Fernando]], [[Gonçalo]], [[Henrique]]''; toponímia ''[[Adães]], [[Baltar (Paredes)|Baltar]], [[Gondomar]], [[Ermesinde]], [[Esposende]], [[Tagilde]], [[Guimarães]], Tresmonde, Trasmil''; o [[sufixo]] -engo (em solarengo, mostrengo) e palavras em regra poéticas ou guerreiras: [[guerra]], [[elmo]], [[bando]], guardar, agasalhar entre outras.<ref>{{Citation | url = http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=5397 |título= Palavras suevas e visigóticas |publicado= Ciberdúvidas |obra= Língua Portuguesa}}.</ref> Também a letra [[cedilha|ç (cê cedilhado)]] no português moderno teve origem na [[escrita visigótica]], resultando da evolução do Z (ʒ) visigótico.<ref>{{Citation | url = http://br.monografias.com/trabalhos/lingua-portuguesa/lingua-portuguesa2.shtml |título= História da Língua Portuguesa |página= 2 |primeiro = Mónica Graciela |último = Afonso |publicado= Monografias}}.</ref><ref>{{Citation |formato= Google books | url = http://books.google.com/books?id=0kAXcnhx1CMC&lpg=PA63 |título= Lletres asturianes |página= 63 |publicado= Academia Llingua Asturiana}}.</ref>

=== Influência árabe em Portugal ===
[[Ficheiro:Linguistic map Southwestern Europe-en.gif|thumb|[[Mapa]] [[cronologia|cronológico]] mostrando o desenvolvimento das línguas do sudoeste da Europa desde o ano 1000 até à actualidade, entre as quais o português.]]
{{Ver artigo principal|[[Língua moçárabe]]}}
Em [[711]] tropas muçulmanas vindas do Norte de África [[Invasão muçulmana da Península Ibérica|ocuparam a Península Ibérica]].  Rapidamente atravessaram o Douro, terminando o [[reino visigodo de Toledo|reino visigodo]]. Às suas investidas escapou um grupo de visigodos acantonado no [[reino das Astúrias]] a partir de 718. Os muçulmanos assenhorearam-se do território que designavam em língua árabe [[Al-Andalus]], o qual governaram por cerca de cinco séculos no caso português, e mais de oito séculos na [[Espanha]].

Com a invasão da Península, a [[língua árabe]] foi adotada como língua administrativa nas regiões conquistadas. Contudo, a população continuou a falar dialetos [[línguas românicas|românicos]], conhecidos coletivamente como [[Língua moçárabe|moçárabes]]. A principal influência árabe foi no léxico: o português moderno regista 945 palavras de origem árabe,<ref>{{Citation |obra= Ciber dúvidas | url = http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=5548 |título= Influência árabe na língua portuguesa}}.</ref> especialmente em relação à agricultura, comércio e administração, sem [[cognatos]] noutras línguas românicas, com exceção do [[castelhano]] língua da qual adotou aliás muitas dessas palavras.

A maioria das [[Lista de palavras portuguesas de origem árabe|palavras portuguesas de origem árabe]] é facilmente identificável pelos prefixos al- (correspondente ao artigo definido árabe o) ou uadi- (que significa rio).  Embora aquelas em que ''al'' não forme uma sílaba possam ter uma raiz distinta (casos de Alexandre e Alentejo). Entre elas: ''açúcar, alface, laranja, arroz, alfândega, armazém, bairro, almanaque, álgebra, almirante.'' A influência árabe é também visível  em [[topónimos árabes em Portugal]], principalmente no sul do país, tais como ''[[Algarve]]'' e ''[[Alcácer do Sal]]'' e ''[[Odemira]]'' que foram assimilados à medida que a [[reconquista]] foi avançando pelo que atualmente é o centro-sul (Lisboa, Santarém, Palmela) e sul de Portugal.

== Português arcaico (séc. XII - séc. XVI) ==
=== O galego-português ===
{{Ver artigo principal|[[Língua galego-portuguesa]]}}
[[Ficheiro:Lorvao2.jpg|thumb|150px|left|[[Apocalipse do Lorvão]], manuscrito iluminado de 1180 baseado no ''Comentário'' de [[Beato de Liébana]], [[Mosteiro de Lorvão]]]]
Entre 740 e 868 a região a norte do Douro foi reconquistada pelos cristãos hispano-góticos, que aí estabeleceram os seus reinos. O documento medieval com traços românicos mais antigo da Península Ibérica data de 775, o ''Diploma do rei [[Silo das Astúrias]]'',<ref>{{citar livro|autor=[[Academia das Ciências de Lisboa]]|título=Memórias, Volume 7|editora=Academia das Ciências de Lisboa|ano=1821|url=|página=38|id=}}</ref> encontrado na [[Galiza]] e preservado no arquivo da [[catedral de Leão]].<ref>{{citar livro|último =GARCÍA LEAL|primeiro =Alfonso|título=El diploma del Rey Silo|ano=2007|publicado=Fundación Pedro Barrié de la Maza|local=A Coruña|isbn=978-84-95892-36-2}}</ref><ref>O ''Diploma do rei [[Silo das Astúrias]]'', de 23 de Agosto de 775 o rei doou a vários religiosos propriedades no lugar chamado ''Tabulata'', actual [[Trabada]], aldeia da romana "Lucis" (Lugo). Este documento contratual de doação "pro anima" é estudado na carreira diplomática. [Media:  http://www.tabulata.com/linktrab.htm]</ref> Como este, muitos documentos escritos em [[latim medieval]] contêm palavras românicas.<ref>Norman  Sacks, ''The Latinity of Dated Documents in the Portuguese Territory'', Philadelphia: University of Pennsylvania, 1941</ref>

Em Portugal, os mais antigos textos com traços de [[galego-português]] são a ''Doação à Igreja de Sozello'', de 870,<ref>[http://www.novomilenio.inf.br/idioma/200009a.htm O mais antigo documento com traços de galego-portugues, a.D. 870]</ref> e a ''Carta de Fundação e Dotação da Igreja de S. Miguel de Lardosa'', de 882.<ref>[http://www.fcsh.unl.pt/philologia/CARTA882_EN.html ''Carta de Fundação e Dotação da Igreja de S. Miguel de Lardosa'', de 882]</ref> Entre os séculos XII e XIV o galego-português teve um papel especial nos reinos cristãos medievais da Península Ibérica como língua literária, semelhante ao [[occitano]] contemporâneo. Foi, quase sem exceção, a única língua usada na composição da [[poesia lírica]] [[trovadorismo|trovadoresca]] dos reinos de [[Reino de Leão|Leão]], [[Reino de Castela|Castela]], [[Reino da Galiza|Galiza]] e [[Reino de Portugal|Portugal]]. A sua importância foi tal que o chamado [[trovadorismo]] é considerado a segunda mais importante [[literatura medieval]] europeia. O rei de Leão e Castela [[Afonso X de Leão e Castela|Afonso X, o Sábio]] (1221-1284), mecenas do movimento trovadoresco e ele próprio trovador e poeta da língua galego-portuguesa, escreveu ou mandou escrever o cancioneiro sacro [[Cantigas de Santa Maria]] em galego-português, que reúne 430 composições musicadas para [[monofonia]].

''Ladinho'' ou ''linguagem ladinha'' era o nome que se dava ao puro romance português
derivado do Latim, sem mescla de Aravia ou da Gerigonça judenga.<ref>[http://books.google.co.uk/books?id=u4g_AQAAIAAJ&pg=PA140&dq=aravia&hl=pt-PT&sa=X&ei=nFuxUKzgKZKXhQfMwoGoBw&ved=0CDAQ6AEwAjgK#v=onepage&q=aravia&f=false Diccionario da lingua portugueza: recopilado de todos os impressos ..., Volume 2]</ref>

A poesia heroica tinha duas vertentes: a Aravia, usada pelo povo, e o Romance, empregado pelos eruditos. São numerosos os documentos em que a palavra Aravia significou a linguagem plebeia, a gíria e o canto do povo. Para os eruditos o Romance significava a linguagem vulgar.<ref>[http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_da_l%C3%ADngua_portuguesa&action=edit&section=7 CURSO DE HISTORIA DA LITTERATURA PORTUGUEZA]</ref>
"Para os eruditos do século XV e XVI, a Aravia é a linguagem corrupta com que cristãos e árabes se entendiam, é uma especie de gíria não escrita, e a própria designação de um canto do povo."
[...] a Aravia que os Mosarabes falavam eram os dialetos vulgares ou Ladinha cristenga que em breve se iam desenvolver como línguas nacionais. A designação de Aravia passava a significar o cantar-romance, que veio a servir de primeiro elemento tradicional da história." Na comédia Eufrósina, Jorge Ferreira de Vasconcelos refere-se ao termo "germania" como sendo uma forma de aravia, quando escreve :  "quando eles querem falam germania [...] senhora que viva convosco pera que me ensineis essa aravia."<ref>[http://archive.org/details/comdiaeufrosin00vascuoft Comédia Eufrosina]</ref>

=== Divergência do português e do galego ===
{{Ver artigo principal|Diferenças entre o galego e o português|Documentos mais antigos em galego-português}}
[[Imagem:Testamento de Afonso II de Portugal.jpg|thumb|Testamento de Afonso II de Portugal, de 1214]]
Em 1143, o [[reino de Portugal]] foi [[Tratado de Zamora|formalmente reconhecido pelo Reino de Leão e Castela]], no qual o Reino da Galiza estava então incorporado. Como resultado da divisão política, a língua que agora se denomina Galego-Português perdeu a unidade como língua nativa secular do noroeste peninsular. O vernáculo da Galiza e o de Portugal seguiram então caminhos evolutivos independentes, divergindo. O português incorporou elementos árabes durante a reconquista e, no período que se seguiu, dá-se a uniformização em ''-ão'' das terminações nasais. O [[Língua galega|galego]] foi influenciado pelas línguas [[Língua leonesa|leonesa]] e [[língua castelhana|castelhana]].<ref>LINDLEY CINTRA, Luís F. [http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/novaproposta.pdf ''Nova Proposta de Classificação dos Dialectos Galego-Portugueses''] {{Wayback|url=http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/biblioteca/novaproposta.pdf |date=20061102180041 }} (PDF) Boletim de Filologia, Lisboa, Centro de Estudos Filológicos, 1971.</ref>

Os textos escritos em português mais antigos conhecidos são a ''[[A Notícia de fiadores]]'' (1175),<ref name="Instituto Camões">[http://cvc.instituto-camoes.pt/tempolingua/07.html Os mais antigos textos escritos em português] - com imagens dos documento - Setembro 2011</ref> uma pequena lista de nomes que termina com uma única frase, "[[O Pacto dos irmãos Pais]]" de [[circa|c.]] 1175. Mas o documento que atesta o nascimento oficial da língua que seria o português data de 27 de Junho de 1214, ''[[Testamento de Afonso II|Testamento de D. Afonso II]]'',<ref name="Instituto Camões" /> terceiro Rei de Portugal, consensualmente considerado o texto em escrita portuguesa mais antigo conhecido. Em 1290, concluída a [[reconquista]] portuguesa, o rei [[Dinis I de Portugal]] decretou que a "língua vulgar" (o galego-português falado) fosse usada em vez do latim na corte. O rei trovador, neto e tradutor de Afonso X O Sábio, adotara uma língua própria para o reino, tal como o seu avô fizera com o [[castelhano]]. Em [[1296]] essa língua foi adaptado pela [[chancelaria régia]] e passou a ser usado não só na poesia, mas também na redação das leis e pelos notários.{{Carece de fontes}} Começaram então a aparecer referências à «linguagem português».<ref name="MNeves">{{Citar web|url=https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/quem-deu-o-nome-ao-portugues/4640|titulo=Quem deu o nome ao português?|data=2021-08-31|obra=Ciberdúvidas}}</ref>

Na Galiza, a documentação legal em galego-português remonta a 1231, data de um diploma de venda procedente do mosteiro de [[Melón]], no Minho.<ref>{{citar livro|último =Souto Cabo [edição]|primeiro =José António|título=Documentos galego-portugueses dos séculos XII e XIII|ano=2008|publicado=Universidade da Coruña|local=A Coruña|isbn=978-84-9749-314-7|páginas=51}}</ref> No entanto, o documento chamado ''Carta Foral do Boo Burgo'' é provavelmente mais antigo (c. 1228).<ref>{{citar livro|último =Monteagudo Romero|primeiro =Xosé Henrique|título=Letras primeiras: o foral do Burgo de Caldelas, os primordios da lírica trobadoresca e a emerxencia do galego escrito|ano=2009|publicado=Fundació Pedro Barrié de la Maza|local=A Coruña|isbn=978-84-95892-73-7}}</ref> Os primeiros textos poéticos datam de c. 1195 a c. 1225. O [[Língua galega|galego]] manteve-se a língua escrita mais empregada no [[Reino de Galiza]], tanto no uso legal como na criação literária, para o que contribuíram grandemente as ''[[scriptoria]]'' da nobreza e da igreja local, na ausência de uma corte real na Galiza. Mas as derrotas dos nobres galegos nas guerras [[Grande revolta irmandinha|irmandinhas]] provocaram o fim da autarquia do reino da Galiza, que passa a ser governada por uma delegação real castelhana, que impõe o [[castelhano]] como língua oficial. A partir de 1530 dá-se o desaparecimento oficial do galego como língua de cultura, que durou até finais do século XIX, nos chamados  "[[Séculos Escuros]]", ficando relegado a língua regional, oral, com pouco emprego escrito.<ref>{{citar livro|último =Mariño Paz|primeiro =Ramón|título=Historia da lingua galega|ano=1998|publicado=Sotelo Blanco|local=Santiago de Compostela|isbn=84-7824-333-X|páginas=195-329|edição=2.}}</ref> O português, por seu lado, desenvolveu-se no único território peninsular independente do domínio linguístico do castelhano, e, em 1430, é referido pela primeira vez simplesmente como "português" pelo [[Pedro de Portugal, 1.º Duque de Coimbra|Infante D. Pedro]], na introdução à sua tradução de ''[[De Officiis]]'', de [[Cicero]].<ref name="MNeves" />

O quadro seguinte mostra dois trechos em galego-português, um primeiro da cantiga de amor ''Pois ante vós estou aqui'', escrita pelo rei D. Dinis (1261-1325) (tal como foi compilada no [[Cancioneiro da Biblioteca Nacional]] e numa versão com a grafia normalizada) e, um segundo, a oração [[Avé Maria]] adaptada da [[Cantigas de Santa Maria|Cantiga de Santa Maria]] n.º 415. À direita, de modo comparativo, uma tradução correlativa em português e galego (sob a ortografia oficial<ref>Para fazer a comparação, escreve-se com ortografia da [[Real Academia Galega]] e sintaxe paralela à original; porém a oração é habitualmente rezada com outra ordem e parafrases dos conceitos, comum na língua religiosa. Uma versão atual pode ser vista em [[:gl:Avemaría|aqui]].</ref>), respectivamente:

{| class=wikitable style="margin:auto;"
|-
!|[[Galego-português]]<br />(grafia original)
!|[[Galego-português]]<br />(grafia normalizada)
!|[[Língua portuguesa|Português]]
!|[[Língua galega|Galego]]
|- e&771
|Poys ante uos eſtou aqui<br />
Senhor deſte meu coraçõ<br />
Por de<small>9</small> teede por razon<br />
Por quanto mal por uos ſofri<br />
De u<small>9</small> q̃rer de mĩ doer<br />
Ou de me leixardes morrer<br />
|Pois ante vos estou aqui,<br />
sennor deste meu coraçon,<br />
por Deus, tẽede por razon,<br />
por quanto mal por vos sofri,<br />
de vos querer de min doer<br />
ou de me leixardes morrer.<br />
|Pois ante v'''ó'''s estou aqui,<br />
se'''nh'''or'''a''' deste meu coraç'''ão''',<br />
por Deus, '''ten'''de por raz'''ão''',<br />
por quanto mal por v'''ó'''s sofri,<br />
de vos querer de mi'''m''' doer<br />
ou de me '''d'''eixardes morrer.<br />
|Pois ante v'''ó'''s estou aqu'''í''',<br />
se'''ñ'''or'''a''' deste meu cora'''zó'''n<br />
por Deus, '''te'''de por raz'''ó'''n,<br />
por '''ca'''nto mal por v'''ó'''s s'''u'''frí'''n''',<br />
de vos querer de min doer<br />
ou de me '''d'''eixardes morrer.<br />
|-
|
|<poem>Ave Maria, chẽa de graça,<br />Contigo e Deus.<br />Bẽeita/beenta es tu entre as molleres,<br />E bẽeito/beento e o fruito do teu ventre, Jesu.</poem>
|<poem>Ave Mar'''i'''a, ch'''ei'''a de gra'''ç'''a,<br />Contigo é Deus.<br />'''Benta''' és tu entre as mu'''lh'''eres,<br />E '''bento''' é o '''fruto''' do teu ventre, '''Jesus'''.</poem>
|<poem>''Ave'' Mar'''í'''a, ch'''e'''a de gra'''z'''a,<br />Contigo é Deus.<br />'''Bieita''' es ti entre as mu'''ll'''eres,<br />E '''bieito''' é o '''froito''' do teu ventre, '''Xesús'''.</poem>
|}

== Português moderno (séc. XVI - séc. XXI) ==
=== Normatização: as primeiras gramáticas no Renascimento ===
{{Artigos principais|[[Renascimento em Portugal]], [[Ortografia da língua portuguesa]]}}

[[Imagem:Grammatica da lingua portuguesa.jpg|thumb|150px|Frontispício da primeira edição da [[Grammatica da Língua Portuguesa]] de [[João de Barros]], 1540]]

A publicação do ''[[Cancioneiro Geral]]'' de [[Garcia de Resende]] em [[1516]] é frequentemente considerada o marco do fim do "português arcaico".

A partir do século XVI, o [[renascimento]] aumentou o número de palavras eruditas importadas para o português e a complexidade da língua. Tal como em várias outras línguas europeias, o interesse pelos [[Humanismo renascentista|estudos humanísticos]], em especial a [[filologia]], e o desenvolvimento da [[Prensa móvel|imprensa]] levou à procura da normatização da [[Língua natural|língua]] portuguesa.

Em 1536 [[Fernão de Oliveira]] publicou a primeira [[gramática da língua portuguesa]], a ''Grammatica da lingoagem portuguesa'',<ref name="BN1">[http://purl.pt/369/1/ficha-obra-gramatica.html Tesouros impressos da Biblioteca Nacional GRAMMATICA DA LINGOAGEM PORTUGUESA DE FERNÃO DE OLIVEIRATexto do link], texto adicional.</ref> em Lisboa, dedicada a [[Fernando de Almada, 4.º conde de Avranches|D. Fernando de Almada]]. A obra do [[heterodoxo]] frade dominicano, diplomata, escritor, filólogo e tratadista naval em breve seria seguida. Em 1540, [[João de Barros]], distinto funcionário da coroa e tesoureiro da [[Casa da Índia]], publicou a ''[[Grammatica da lingua portuguesa]]'' e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. Considerada a primeira obra didática ilustrada no mundo,<ref name="RHBN">CANTARINO, Nelson. ''O idioma nosso de cada dia'', in: Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, nº 8, fev/mar 2006 (Seção: Documento Por Dentro da Biblioteca) – [http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=941 Texto parcial] {{Webarchive|url=https://archive.is/20121208183539/http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=941 |data=2012-12-08 }}, sítio obtido em 31 de janeiro de 2008.</ref> dedicada a informar aos jovens [[aristocracia|aristocratas]], a quem se dirigia, incluia também fundamentos básicos da [[Igreja Católica Romana|Igreja Católica]].<ref name="RHBN"/>

O interesse pela [[filologia]] difundiu o uso de [[ortografia]]s [[Etimologia|etimológicas]], procurando justificar [[Língua vernácula|palavras vernáculas]] através de raízes latinas ou gregas, genuínas ou imaginadas. [[Duarte Nunes de Leão]], pioneiro no estudo da [[Ortografia da língua portuguesa|ortografia portuguesa]],<ref>Duarte Nunes de Leão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-10-13]. [http://www.infopedia.pt/$duarte-nunes-de-leao www.infopedia.pt duarte-nunes-de-leao].</ref> na obra ''Orthographia da lingoa portuguesa'', de 1576, foi um dos seus teóricos. O desenvolvimento da [[prensa móvel|imprensa]] contribuiu para tornar correntes as novas grafias, abundantes em ch, ph, rh, th e y nas palavras de origem grega (''archaico, phrase, rhetorica, theatro, estylo, etc.'') e ct, gm, gn, mn, mpt nas palavras de origem latina (''aucthor, fructo, phleugma, assignatura, damno, prompto''), incluindo até falsas etimologias, como a de tesoura escrita ''thesoura'', por sugestão de ''thesaurus'', quando o [[étimo]] é ''tonsoria''.

Durante o período da [[Dinastia Filipina|União Ibérica]] ([[1580]]-[[1640]]), em que os reinos de [[Portugal]] e [[Espanha]] estiveram unidos, linguistas espanhóis cogitaram em ser a língua portuguesa um dialeto do [[Língua castelhana|castelhano]]. Essa teoria foi descartada, visto que consistia em ser uma ideia de cunho [[Política|político]], na tentativa de uma maior dominação para com os portugueses, e por não possuir qualquer fundamento línguístico ou histórico.

=== Expansão com os Descobrimentos ===
{{Artigos principais|[[Lusofonia]], e [[Crioulos de base portuguesa]]}}
[[Ficheiro:Map of the portuguese language in the world.svg|thumb|left|200px|A língua portuguesa no mundo actual:
{{dividir em colunas}}
{{legenda|darkgreen|Língua materna}}
{{legenda|#32CD32|Língua oficial e administrativa}}
{{legenda|lightgreen|Língua cultural ou secundária}}
{{legenda|#00FF00|Minorias falantes do português}}
{{legenda|yellow|[[Crioulos de base portuguesa]]}}
{{dividir em colunas fim}}]]
Entre os séculos [[século XV|XV]] e [[século XVI|XVI]], com a expansão da [[era dos descobrimentos]], os portugueses levaram a língua portuguesa a muitas regiões da [[África]], [[Ásia]] e [[América]]. Simultaneamente importaram para o léxico português e de várias línguas europeias novas palavras, vindas de terras distantes.

Os primeiros contactos eram assegurados por [[intérprete]]s poliglotas, os chamados "lingoas", como [[Gaspar da Gama]] e [[Duarte Barbosa]]. O português tornou-se a ''[[lingua franca]]'' nas costas do [[Oceano Índico]] e em [[África]], usado não só pela administração colonial e pelos mercadores, mas também entre os oficiais locais e europeus de todas as nacionalidades. Vários reis do Ceilão (actual [[Sri Lanka]]) falavam português fluentemente, e os nobres normalmente tinham nomes portugueses. A propagação da língua foi ajudada por casamentos mistos entre portugueses e as populações locais.

A língua portuguesa continuou a gozar de popularidade no sudoeste asiático até ao [[século XIX]]. No [[Ceilão]] e na [[Indonésia]] a língua continuou popular mesmo com várias medidas contra ela levadas a cabo pelos [[Países Baixos|holandeses]]. Algumas comunidades cristãs que falavam português, na Índia, [[Malásia]], [[Indonésia]] e em [[Sri Lanka]], preservaram a sua língua mesmo depois de se isolarem de Portugal. Ao longo dos séculos desenvolveram-se vários [[Crioulo de base portuguesa|crioulos de base portuguesa]] em África, na Índia, no Sudeste Asiático e em Macau.

Topónimos como ''[[Serra Leoa]],<ref name="IC1">[http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/navegacoes-portuguesas.html Instituto Camões base temática navegacoes-portuguesas], Pero de Sintra «por ver uma terra tão áspera e brava lhe pôs nome Leoa, e nom per outra cousa».</ref> [[Lagos (Nigéria)]], [[Elmina]] (Gana), [[Ano Bom]], [[KwaZulu-Natal|Natal]], [[Gabão]], [[Camarões]], [[Brasil]], [[Cochinchina]],<ref name=Yule>{{citar livro|último = Yule|primeiro = Sir Henry Yule, A. C. Burnell, William Crooke |título= A glossary of colloquial Anglo-Indian words and phrases: Hobson-Jobson|publicado= Routledge |ano= 1995| url = http://books.google.com/books?id=20pdFRekGvMC&lpg=PA226&ots=9memaoeVIA&dq=cochin%20China%201516%20portuguese&pg=PA226#v=onepage&q=cochin%20China%201516%20portuguese&f=false| ISBN = 0700703217|página= 34}}</ref> [[Ilha Formosa|Formosa (Taiwan)]], [[Flores (Indonésia)]]'' atestam a passagem dos portugueses no século XVI. Várias palavras portuguesas entraram no léxico de outras línguas, tais como "sepatu" (sapato) em indonésio, "keju" (queijo) em malaio, "meza" (mesa) em swahili, "botan" (botão), "kompeitō" (confeito), "kappa" (capa), entre várias [[palavras japonesas de origem portuguesa]]. Simultaneamente foram importadas para a Europa palavras ligadas à marinharia e a produtos exóticos como ''banana, albatroz, cachalote, caju, crioulo, garoupa, sargaço, junco (navio), macaco, [[Língua mandarim|mandarim]],<ref name=Johnson>{{citar livro|último =Johnson|primeiro =Samuel|título=Dictionnary of the english language|ano=1827|publicado=Longman|local=Lyon Public Library|url=http://books.google.com/books?id=2dMJOBI0xukC&dq=mandarim%20portuguese%20word%20roots%20mando&pg=PT692#v=onepage&q&f=false}}</ref> [[monção]], [[Pagode (estilo musical)|pagode]]''.
Hoje, a maioria dos falantes do português encontram-se no Brasil, na [[América do Sul]].

=== Base dos primeiros estudos linguísticos fora da Europa ===
[[Ficheiro:Ricci-Ruggieri-Portuguese-Chinese-dictionary-page-1.png|thumb|150px|Página do manuscrito do Dicionário Português-Chinês, compilado por [[Matteo Ricci]] e [[Miguel Ruggieri]], 1583-1588.]]
Os esforços missionários do [[padroado português]], sobretudo a atividade missionária [[Sociedade de Jesus|jesuíta]], levou a que "língua cristã" fosse sinónimo da "língua portuguesa" em muitos locais da Ásia. A expansão de colégios e o pioneirismo das missões fez com que muitos dos primeiros estudos linguísticos europeus, incluindo gramáticas e [[dicionário]]s, fossem escritos em português.<ref>{{citar livro|url=http://books.google.com/books?id=-Zs-tpB2b3MC&lpg=PA141&dq=portuguese%20linguistic%20studies%20missionaries&pg=PA141|título=Missionary linguistics: selected papers from the First International Conference on Missionary Linguistics, Oslo, 13-16 March, 2003, Volume 1|primeiro=Otto|ultimo2=HOVDHAUGEN|primeiro2=Even|editora=John Benjamins Publishing Company|ano=2004|local=|página=141-160|isbn= 9027245975|acessodata=|autor=ZWRTJES}}</ref> É o caso do primeiro dicionário europeu de [[Língua chinesa|chinês]]-português, c. 1580 por [[Michele Ruggieri]] e [[Matteo Ricci]];<ref name="ricciDict">"Dicionário Português-Chinês : 葡汉辞典 (Pu-Han cidian): Portuguese-Chinese dictionary", por Miguel Ruggieri e Matteo Ricci; editado por John W. Witek. Publicado em 2001, Biblioteca Nacional. ISBN 9725652983. [http://books.google.com/books?id=A7h5YbM5M60C Parcialmente disponível] no [[Google Books]]</ref> do dicionário [[Língua japonesa|japonês]]-português "[[Nippo Jisho]]", de 1603 por [[João Rodrigues (missionário)|João Rodrigues]];<ref>Michael Cooper; “The Nippo Jisho” (review of the ''Vocabulario da Lingoa de Japam com Adeclaracao em Portugues, Feito por Alguns Padres, e Irmaos da Companhia de Jesu'') ''Monumenta Nipponica'' Vol. 31, No. 4 (Winter, 1976),  417–430</ref><ref>*{{link|en|http://www.joao-roiz.jp/about.html|Linguística dos Missionários, domínio da web japonesa com nome inspirado em João Rodrigues}}</ref> do dicionário [[Língua vietnamita|vietnamita]]-Português-latim publicado em Roma em 1651 por [[Alexandre de Rhodes]].<ref>''Researches Into the Physical History of Mankind'' By James Cowles p.501 [http://books.google.com/books?id=4CYXAAAAYAAJ&pg=PA501&dq=%22Dictionarium+Annamiticum+Lusitanum+et+Latinum%22#PPA501,M1]</ref>

Destacaram-se nesta ação o [[Colégio de São Paulo (Macau)]]<ref>Bray, Mark, Ramsey Koo, [http://books.google.com/books?id=lqw72rBNRZAC&lpg=PA114&dq=St.%20Paul's%20University%20College%20macao&pg=PA114#v Education and society in Hong Kong and Macao: comparative perspectives on continuity and change], 2005, ISBN 1402034059, p.114</ref> como sede dos primeiros [[sinólogo]]s, e o [[Colégio de São Paulo (Goa)]], que introduziu a [[prensa móvel|imprensa]] na Índia,<ref>Manohararāya Saradesāya, [http://books.google.com/books?id=1YILeUD_oZUC&lpg=PA16&dq A history of Konkani literature: from 1500 to 1992], Sahitya Akademi, 2000, ISBN 8172016646</ref> e levou à primeira impressão e estudos europeus da [[língua tâmil]].<ref>{{citar livro|autor =ZVELEBIL, Kamil|título=Companion studies to the history of Tamil literature |ano=1992|publicado=BRILL|isbn=9789004093652|página=151|url=http://books.google.com/books?id=qAPtq49DZfoC&pg=PA151}}</ref> Também sob alçada portuguesa, foram os estudos da [[língua concani]] (canarim) e da [[língua marata]] pelo linguista jesuíta [[Thomas Stephens]].<ref>http://www.digitalgoa.com/eg_disphp?cid=13&typ=eg History of Konkani language- Uday Bhembre ''Arte da lingoa Canarim composta pelo Padre Thomaz Estevão da Companhia de IESUS & acrecentada pello Padre Diogo Ribeiro da mesma Cõpanhia e nouemente reuista & emendada por outros quarto Padres da mesma Companhia. 1640.''</ref> Foram também pioneiros no estudo do [[sânscrito]]<ref name="Gaurinath Sastri">{{citation|contribuição=History of the study of Sanskrit in the West|autor =Gaurinath Sastri|título=A Concise History of Classical Sanskrit Literature|ano=1987|página=1|isbn=9788120800274|url=http://books.google.com/?id=QYxpvZLg4hAC&pg=PA1#PPA1,M1}}</ref> [[Roberto de Nobili]] e [[João de Brito]]. No Brasil, [[José de Anchieta]] e [[Luís Figueira]] desenvolveram os primeiros estudos da [[língua tupi]], incluindo a gramática e dicionário; [[Luís Mamiani]] estudou a língua [[Cariris|cariri]] (hoje extintas).<ref>{{citar livro|autor=CRAM, David, Andrew Robert Linn, Elke Nowak|título=History of linguistics 1996: selected papers from the Seventh international conference on the history of the languages sciences (ICHOLS VII), Oxford, 12-17 September 1996. Traditions in linguistics worldwide|editora=John Benjamins Publishing Company|ano=1999|url=http://books.google.com/books?id=QOdujFimvxUC&lpg=PA72&dq=portuguese%20missionary%20linguistic%20brazil&pg=PA72#v|páginas=72-73|isbn= 9027245827}}</ref> Em África, [[Mateus Cardoso]] fez a primeira tradução de [[quicongo]] c.1625.<ref>{{citar livro|autor=ANDERSON, Gerald H.|título=Biographical dictionary of Christian missions|url= http://books.google.com/books?id=oQ8BFk9K0ToC&lpg=PA114&dq|editora=Wm. B. Eerdmans Publishing|ano=1999|páginas=114|isbn= 0802846807}}</ref> Na Etiópia, foi estudada intensamente e feitas traduções de [[Língua ge'ez|ge'ez]], a língua litúrgica da Etiópia, até à expulsão dos Jesuitas em 1634.<ref>{{citar livro|autor=COHEN, Leonardo|título=The missionary strategies of the Jesuits in Ethiopia (1555-1632)|url=http://books.google.com/books?id=4Zs3CcC2eLoC&lpg=PA98&dq=portuguese%20ethiopia%20language%20missionary&pg=PA97#v|editora=Otto Harrassowitz Verlag|ano=1999|páginas=97-111|isbn= 0802846807}}</ref>

== Ver também ==
* Pequeno dicionário comparativo de ortografia em língua portuguesa
* Ward, A. (1996). ''A Checklist of Proto-Celtic lexical Items''. [http://www.scribd.com/doc/20623905/A-Checklist-of-Proto-Celtic-Lexical-Items Online at Scribd.]
{{referências|col=2}}

== Bibliografia ==
*Williams, Edwin B. (1968). From Latin to Portuguese: Historical Phonology and Morphology of the Portuguese Language. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

== Ligações externas ==
* {{Link|pt|http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/exposicoes-virtuais/o-tempo-da-lingua.html|O tempo da língua, exposições virtuais, Instituto Camões}}
* {{Link|pt|http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html|A história da língua portuguesa, bases temáticas, Instituto Camões}}
* {{Link|pt|http://revistaescola.abril.uol.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/como-surgiram-diferentes-sotaques-brasil-492066.shtml|Como surgiram os diferentes sotaques do Brasil?}}
* {{Link|pt|http://revistaescola.abril.uol.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/historia-lingua-portuguesa-brasil-425789.shtml|A história da língua portuguesa no Brasil}}
* [http://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxnYWJyaWVsb3RoZXJvfGd4OjY5N2RkMzYxZDEyZTYzZjU&pli=1 Introdução ao Estudo da História da Língua Portuguesa] Livro disponível online.
{{Língua portuguesa}}
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