Mostrar código-fonte de Gyromitra esculenta

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{{Info/Taxonomia
 |nome = ''Gyromitra esculenta''
 |imagem = Frühjahrslorchel.JPG
 |reino = [[Fungi]]
 |filo = [[Ascomycota]]
 |classe = [[Pezizomycetes]]
 |ordem = [[Pezizales]]
 |família = [[Discinaceae]]
 |género = ''[[Gyromitra]]''
 |espécie = '''''G. esculenta'''''
 |binomial = ''Gyromitra esculenta''
 |binomial_autoridade = ([[Christian Hendrik Persoon|Pers.]] ex [[Christian Hendrik Persoon|Pers.]]) [[Elias Magnus Fries|Fr.]]
}}
'''''Gyromitra esculenta''''' é um fungo [[Ascomycota|ascomicete]] do género ''[[Gyromitra]]'', com ampla distribuição na [[Europa]] e [[América do Norte]]. Ocorre normalmente em solos arenosos sob árvores de [[coníferas]] durante a primavera e início do verão. O [[Ascocarpo|corpo frutífero]], ou cogumelo, é um [[Píleo (micologia)|píleo]] com forma de cérebro de cor castanha-escura que pode atingir os 15&nbsp;cm de largura, suportado por um [[Estipe (micologia)|estipe]] grosso com até 6&nbsp;cm de altura.

Apesar de potencialmente fatal se ingerido cru, ''Gyromitra esculenta'' é um petisco popular na [[Escandinávia]], [[Europa de Leste]], e na região dos [[Grandes Lagos da América do Norte]]. Apesar de popular em alguns distritos dos [[Pirenéus]] orientais, a sua venda é proibida na [[Espanha]]. Pode ser vendido fresco na [[Finlândia]], mas tem de ser acompanhado de avisos e instruções sobre a sua correta preparação. Na [[culinária da Finlândia]] é consumido em [[omelete]]s, [[sopa]]s, ou [[Saltear|salteado]].

Embora seja, em geral, parcialmente cozinhado antes de ser preparado, evidências recentes sugerem que mesmo este procedimento pode não tornar o cogumelo inteiramente seguro,<ref name="dart">{{citar livro|último =Dart|primeiro = Richard C. |capítulo=Mushrooms |título=Medical toxicology |publicado=Williams & Wilkins|local=Philadelphia |ano=2004|páginas=1719–35| isbn=0-7817-2845-2}}</ref> criando assim alguma preocupação sobre os riscos associados ao seu consumo mesmo quando preparado de modo correto. Quando consumido, o agente ativo principal do fungo, a [[giromitrina]], é [[Hidrólise|hidrolisada]] formando-se um composto tóxico chamado [[monometilidrazina]]. Esta toxina [[Hepatotoxicidade|afeta o fígado]], [[Neurotoxicidade|sistema nervoso central]], e por vezes os [[Nefrotoxicidade|rins]]. Os sintomas de envenenamento incluem vómitos e diarreia várias horas após a ingestão, seguidos de tonturas, letargia e [[cefaleia]]. Casos graves podem levar ao [[delírio]], [[coma]] e até à morte após cerca de 5-7 dias.

== Taxonomia e nomenclatura ==
O fungo foi descrito pela primeira vez pelo [[micologista]] [[Christiaan Hendrik Persoon]], como ''Helvella esculenta'',<ref>Persoon CH (1800) ''Comm. Schaeff. Icon. Pict.'': 64</ref> e recebeu o seu [[nome binomial]] atual quando o micologista sueco [[Elias Magnus Fries]] o colocou no género ''Gyromitra'' em 1849.<ref>Fries EM (1849) ''Summa veg. Scand., Section Post''. (Stockholm):p. 346</ref> O nome do género é derivado dos termos em [[grego antigo]] ''gyros''/γυρος "redondo" e ''mitra''/μιτρα "testeira".<ref name="Liddell 1980">{{citar livro|autor =Liddell, Henry George e Robert Scott |ano= 1980 |título= A Greek-English Lexicon |edição=Abridged |publicado= Oxford University Press |local=Oxford | isbn= 0-19-910207-4}}</ref> O seu epíteto específico é derivado do [[latim]] ''esculentus'', "comestível".<ref>{{citar livro|último = Simpson  |primeiro = D.P.  |título= Cassell's Latin Dictionary  |publicado= Cassell   |ano= 1979   |edição= 5th |local= London  |páginas= 883  | isbn= 0-304-52257-0}}</ref>

Nos países anglófonos é conhecido por uma variedade de nomes descritivos comuns tais como ''cogumelo cérebro'',<ref name="arora86">{{citar livro|último =Arora |primeiro =David|autorlink =David Arora |ano=1986 |título=Mushrooms Demystified: a comprehensive guide to the fleshy fungi |edição=2nd |local=Berkeley |publicado=Ten Speed Press |isbn=0-89815-169-4|páginas=801–02}}</ref> ''fungo turbante'',<ref name=Lamaison05/> ''orelhas de elefante'',<ref>{{citar periódico|último =Dearness |primeiro =J |ano=1924|título=''Gyromitra'' poisoning |periódico=Mycologia |volume=16|páginas=199 |doi=10.2307/3753381 |número=4 |url=http://jstor.org/stable/3753381 |publicado=Mycological Society of America}}</ref> ou ''cogumelo bife'', apesar desta última poder referir-se também ao muito menos tóxico ''[[Fistulina hepatica]]''.<ref name=Ammir85>{{citar livro|último =Ammirati |primeiro =Joseph F.|coautor= James A Traquair and Paul A Horgen |título=Poisonous mushrooms of the northern United States and Canada |ano=1985 |publicado=University of Minnesota Press |local=Minneapolis |isbn=0-8166-1407-5 |páginas=122}}</ref> Datando do século XIX, o termo alemão ''lorchel'' é um resultado do termo mais antigo ''lorche'', do [[baixo-alemão]] do século XVIII ''Lorken'', alinhando com o termo foneticamente (e graficamente) similar ''morchel'' (referente a ''[[Morchella]]'').<ref>{{citar livro|editor= |others= |título=Duden 07 – Das Herkunftswörterbuch – Etymologie der deutschen Sprache |ano=2001|publicado=Dudenverlag |isbn= 3411040742 |autor = Dudenredaktion,  Bibliographisches Institut, Mannheim}}</ref><ref>{{citar livro|último = North|primeiro = Pamela |ano= 1967 |título= Poisonous Plants and Fungi in colour |publicado= Blandford Press & Pharmacological Society of Great Britain |página=109|oclc=955264}}</ref>

''Gyromitra esculenta'' é membro de um grupo de fungos que se assemelham aos muito apreciados ''Morchella''. Este grupo inclui outras espécies do género ''Gyromitra'', como ''[[Gyromitra infula|G. infula]]'', ''[[Gyromitra caroliniana|G. caroliniana]]'' e ''[[Gyromitra gigas|G. gigas]]''. Enquanto algumas destas espécies contêm pouca ou nenhuma giromitrina, muitos guias recomendam tratá-los a todos como venenosos, dado que as suas aparências similares e grande variação intraespecífica podem tornar difícil uma identificação confiável.<ref name="Gencat">{{ca}} {{Citar web | autor = Departament de Salut, [[Generalitat de Catalunya]] | título = Bolets | url = http://www.gencat.cat/salut/depsalut/html/ca/dir2155/csam_6.htm | acessodata = 20 de março de 2009 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20090308071936/http://www.gencat.cat/salut/depsalut/html/ca/dir2155/csam_6.htm | arquivodata = 2009-03-08 | urlmorta = yes }}</ref>

Os mais distantemente aparentados cogumelos ascomicetes do género ''[[Verpa]]'', como ''[[Verpa bohemica|V. bohemica]]'' e ''[[Verpa conica|V. conica]]'', tal como os ''[[Gyromitra]]'', são consumidos por alguns, e considerados venenosos por outros.<ref name=Benj267>Benjamin, p. 267</ref>

O género ''Gyromitra'' foi durante muito tempo considerado parte da família [[Helvellaceae]], juntamente com o género ''[[Helvella]]''. As análises do [[ADN ribossómico]] de muitos dos membros de [[Pezizales]] mostraram que ''Gyromitra esculenta'' e outros cogumelos de aspeto similar eram apenas distantemente aparentados com os restantes membros de Helvellaceae e outrossim bastante próximos do género ''[[Discina]]'', formando um [[clado]] que também inclui ''[[Pseudorhizina]]'', ''[[Hydnotrya]]'', e ''[[Gymnohydnotrya]]''. Assim, os cinco géneros são agora incluídos na família [[Discinaceae]].<ref name=Kirk2008>{{citar livro|autor =Kirk PM, Cannon PF, Minter DW, Stalpers JA. |título=Dictionary of the Fungi. 10th ed |publicado=CABI |local=Wallingford |ano=2008|página=214–15|isbn=0-85199-826-7}}</ref>

== Descrição ==
[[Ficheiro:Giftlorchel.jpg|direita|thumb|Um espécime jovem com [[Píleo (micologia)|chapéu]] menos enrugado.]]
O [[Píleo (micologia)|chapéu]] de forma irregular, fazendo lembrar um cérebro, pode ter até 10&nbsp;cm de altura e 15&nbsp;cm de largura. Inicialmente liso, torna-se progressivamente mais enrugado à medida que cresce e envelhece. A cor do chapéu pode ser de vários tons de castanho (avermelhado, purpurado, escuro, etc.). Os espécimes oriundos da [[Califórnia]] podem ter chapéus mais avermelhados.<ref name="arora86"/> Unido ao chapéu em vários pontos, o [[Estipe (micologia)|estipe]] tem 3 a 6&nbsp;cm de altura e 2 a 3&nbsp;cm de largura. O estipe de ''Gyromitra esculenta'' é sólido enquanto que os de ''[[Morchella]]'' spp. são ocos.<ref name="Nilper77"/> O odor pode ser agradável e tem sido descrito como frutado, e o fungo tem sabor suave. A [[esporada]] é esbranquiçada, com esporos transparentes que são elípticos e com 17–22&nbsp;[[micrómetro (unidade de medida)|μm]] de comprimento.<ref name="Zeitl">{{citar livro|último =Zeitlmayr|primeiro = Linus|ano=1976|título=Wild Mushrooms:An Illustrated Handbook|páginas=112|publicado=Garden City Press|local=Hertfordshire|isbn= 0-584-10324-7}}</ref>

''G. esculenta'' assemelha-se às várias espécies de ''Morchella'', apesar de estas últimas serem mais simétricas e assemelharem-se mais a [[esponja]]s de cor cinza, ou castanha. O seu chapéu é geralmente mais escuro e maior.<ref name=Ammir121>Ammirati, Joseph F. p. 121</ref>

== Distribuição e habitat ==
''Gyromitra esculenta'' desenvolve-se em solos arenosos de [[floresta temperada de coníferas]] [sobretudo debaixo de [[pinheiro]]s (''[[Pinus]]'' spp.)] e ocasionalmente em [[floresta temperada decídua|bosques decíduos]] [por exemplo sob choupos (''[[Populus]]'' spp.)].<ref>{{citar livro|título=How to Know the Non-Gilled Fleshy Fungi |autor =Smith HV, Smith AH |ano=1973 |publicado=Wm. C. Brown Co. |local=Dubuque, Il |isbn=0697048667}}</ref> O período de apanha estende-se de abril a julho, antes daquele de outras espécies, e o fungo pode até surgir com o derretimento da neve.<ref name="arora86"/> Pode ser abundante em algumas áreas e raro noutras. É mais comumente encontrado em locais onde o solo foi perturbado, como em covas, zonas desmatadas, zonas de escorrência, e bermas de estrada.<ref name="Nilper77">Nilsson S, Persson O.(1977) ''Fungi of Northern Europe 1: Larger Fungi (Excluding Gill Fungi)''. pp. 34–35. Penguin Books. isbn 0-14-063-005-8</ref> Há relatos de entusiastas finlandeses enterrarem papel de jornal inoculado com o fungo no outono, regressando na primavera seguinte para colher os cogumelos.<ref>{{en}} {{Citar web|url=http://www.mushroomexpert.com/gyromitra_esculenta.html  |título=Gyromitra esculenta |acessodata=11-05-2008 |autor=Kuo M |data=Janeiro de 2005 |obra=MushroomExpert.Com Web site |publicado=self}}</ref>

Apesar de ser mais abundante nos bosques coníferos [[montano]]s e setentrionais como a [[Serra Nevada (Estados Unidos)|Serra Nevada]] e a [[Cordilheira das Cascatas]] no noroeste da América do Norte, ''Gyromitra esculenta'' é encontrado um pouco por todo o continente,<ref name="arora86"/> e para sul até ao [[México]].<ref>{{citar periódico|último =Medel |primeiro =Rosario|ano=2005|título=A review of the genus ''Gyromitra'' (Ascomycota, Pezizales, Discinaceae) in Mexico |periódico=Mycotaxon |volume=94|páginas=103–10}}</ref> É também comum na Europa Central, menos abundante a leste, e mais em áreas de montanha que em terras baixas.<ref name=Lamaison05>{{citar livro|título=The Great Encyclopedia of Mushrooms |último =Lamaison |primeiro =Jean-Louis |coautor=Polese, Jean-Marie |ano=2005 |publicado=Könemann |isbn=3-8331-1239-5|páginas=230}}</ref> Está registada a sua ocorrência na [[Irlanda do Norte]],<ref>{{en}} {{Citar web|título = Northern Ireland's Herbarium Specimens|publicado = Northern Ireland Fungus Group|ano = 2007|url = http://www.nifg.org.uk/herbarium.htm|acessodata = 06-03-2008|arquivourl = https://web.archive.org/web/20190207015333/http://www.nifg.org.uk/herbarium.htm|arquivodata = 2019-02-07|urlmorta = yes}}</ref> na [[província de Uşak]] na Turquia Ocidental,<ref>{{citar periódico|autor=Türkoglu A, Alli H, Iṣiloğlu M, , Yağiz D, Gezer K|ano=2008|month=fevereiro|título=Macrofungal diversity of Uşak province in Turkey|periódico=Mycotaxon|volume=103|páginas=1–11|url=http://egitim.selcuk.edu.tr/fen/yagiz/pdf/mycotaxon08-002.pdf|formato=PDF|acessodata=2008-03-07|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090225142515/http://egitim.selcuk.edu.tr/fen/yagiz/pdf/mycotaxon08-002.pdf|arquivodata=2009-02-25|urlmorta=yes}}</ref> e na vizinhança de [[Kaş]] na [[província de Antalya]] na costa sul da Turquia.<ref name=Gez00>{{citar periódico|autor=Gezer K|ano=2000|título=Contributions to the Macrofungi Flora of Antalya Province|periódico=Turkish Journal of Botany|volume=24|número=5|páginas=293–98|url=http://mistug.tubitak.gov.tr/bdyim/abs.php?dergi=bot&rak=97069|acessodata=2008-02-16|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090323134146/http://mistug.tubitak.gov.tr/bdyim/abs.php?dergi=bot&rak=97069|arquivodata=2009-03-23|urlmorta=yes}}</ref>

== Toxicidade ==
[[Ficheiro:False morels for sale - don't touch.jpg|thumb|À venda com aviso, Praça do Mercado, Helsínquia.]]
Reações tóxicas são conhecidas há pelo menos cem anos. Devido à grande variedade dos efeitos observados, os peritos especulavam que a reação era sobretudo [[Reação alérgica|alérgica]] e específica do consumidor, ou uma má identificação, e não tanto consequência da toxicidade inata do fungo. Algumas pessoas sofriam gravemente ou pereciam enquanto outras não exibiam quaisquer sintomas após ingerirem quantidades semelhantes de cogumelos do mesmo prato. Outras pessoas eram envenenadas após ingerirem ''Gyromitra esculenta'' durante anos sem quaisquer efeitos nefastos.<ref name=Benj264>Benjamin, p. 264</ref>  Contudo, o fungo é agora amplamente reconhecido como potencialmente fatal.<ref name=Benj265>Benjamin, p. 265</ref>

''Gyromitra esculenta'' contém quantidades do veneno [[giromitrina]] que variam localmente entre as populações; apesar de estes fungos estarem apenas raramente envolvidos em envenenamentos tanto na América do Norte como na Europa Ocidental, as intoxicações são frequentes na Europa de Leste e Escandinávia.<ref name="diaz">{{citar periódico|autor =Diaz JH |título=Syndromic diagnosis and management of confirmed mushroom poisonings |periódico=Critical Care Medicine |volume=33 |número=2 |páginas=427–36 |ano=2005 |pmid=15699849|doi=10.1097/01.CCM.0000153531.69448.49}}</ref> Um estudo polaco de 1971 relatava que nessa altura esta espécie era responsável por até 23% das mortes por [[envenenamento por cogumelos|envenenamento com cogumelos]] registadas todos os anos.<ref name="Lampe"/> As taxas de mortalidade diminuíram desde meados do século XX; na [[Suécia]] o envenenamento é comum, apesar de não terem sido relatados casos de envenenamento grave ou mortes entre 1952 e 2002.<ref name="Karlson"/> O envenenamento por ''Gyromitra'' é raro na Espanha, devido à prática bastante disseminada de secar os cogumelos antes da preparação e consumo,<ref>{{es}} {{Citar web | url = http://tratado.uninet.edu/c101102.html | título = Intoxicaciones por setas (micetismos) | acessodata = 20 de março de 2009 | autor = Palomar Martínez, M.; Piqueras Carrasco, J. | ano = 1999 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20090322112813/http://tratado.uninet.edu/c101102.html | arquivodata = 2009-03-22 | urlmorta = yes }}</ref> mas tem uma taxa de mortalidade próxima de 25%.<ref name="SantaCreu">{{citar livro|autor = Lloret i Carbó, Josep |título= Protocolos terapéuticos de urgencias | url = http://books.google.com/?id=XUcDIfU6yxAC&pg=PA649&lpg=PA649&dq=bolet+de+greix |página= 649 | isbn = 8445814184 |edição= 4ª |publicado= Elsevier |ano= 2004}}</ref>

Estima-se que a dose letal de giromitrina seja entre 10–30&nbsp;[[miligrama|mg]]/[[Quilograma|kg]] para crianças e 20–50&nbsp;mg/kg em adultos. Tais doses correspondem a cerca de 0.2–0.6&nbsp;kg e 0.4–1&nbsp;kg de cogumelos frescos respectivamente.<ref name="Michelot"/> Porém, as respostas individuais podem variar e pessoas que ingerem quantidades semelhantes podem sofrer qualquer grau de intoxicação desde mínimo a grave.<ref name="coulet"/> As evidências conhecidas sugerem que as crianças são afetadas mais seriamente; não está claro se tal se deve a um quociente maior entre o peso de cogumelos ingerido e o peso corporal ou a diferenças nas atividades enzimática e metabólica.<ref name=Benj272/> Apesar de a quantidade de giromitrina presente poder ser significativamente reduzida por escaldamento, existem evidências de que o consumo repetido pode aumentar o risco de intoxicação.<ref name="coulet"/>

=== Variação geográfica ===
As populações de ''Gyromitra esculenta'' parecem variar geograficamente no que à sua toxicidade diz respeito. Um estudo francês mostrou que cogumelos colhidos em altitudes mais elevadas têm concentrações menores de toxina do que aqueles de elevações menores,<ref name=Benj272>Benjamin, p. 272</ref> e existem algumas evidências de que os fungos a oeste das [[Montanhas Rochosas]] na América do Norte contêm menos toxina do que aqueles a leste.<ref name=Benj140>Benjamin, p. 140</ref> Porém, foram relatados envenenamentos a oeste,<ref name="Leathem"/> embora menos frequentemente que na Europa.<ref>{{citar periódico|autor =Balterowich L, Blaney B, White S |ano=1996|título=Acute hepatotoxicity following ingestion of ''Gyromitra esculenta''(false morel) mushrooms|periódico= Journal of toxicology. Clinical toxicology |volume=34 |número=5 |páginas=602}}</ref>

=== Bioquímica ===
[[Ficheiro:Methylhydrazine-3D-balls.png|thumb|direita|[[Monometilidrazina]] ([[Carbono|C]][[Hidrogénio|H]]<sub>3</sub>[[Nitrogénio|N]]<sub>2</sub>H<sub>3</sub>), um metabolito tóxico.]]
A identidade dos constituintes tóxicos eludiu os investigadores até 1968, quando a acetaldeído ''N''-metil-''N''-formilidrazona, mais conhecida como [[giromitrina]], foi isolada.<ref>{{citar periódico|autor =List PH, Luft P |título=[Gyromitrin, the poison of Gyromitra esculenta. 16. On the fungi contents] |língua=alemão |periódico=Archiv der Pharmazie und Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft |volume=301 |número=4 |páginas=294–305 |ano=1968 |pmid=5244383}}</ref> A giromitrina é um composto de [[hidrazina]] [[Volatilidade (química)|volátil]] [[Solubilidade|solúvel em água]] hidrolisado pelo corpo humano em [[monometilidrazina]]. Outros derivados de ''N''-metil-''N''-formilidrazona foram isolados nas pesquisas subsequentes, embora estejam presentes em quantidades menores. Estes outros compostos poderiam também produzir monometilidrazina quando hidrolisados, embora permaneça por esclarecer quanto cada um deles contribui para a toxicidade de ''Gyromitra esculenta''.<ref>{{citar periódico|autor =Pyysalo H |título=Some new toxic compounds in false morels, Gyromitra esculenta |periódico=Naturwissenschaften |volume=62 |número=8 |páginas=395 |ano=1975 |pmid=1238907 |doi=10.1007/BF00625355}}</ref>

As toxinas reagem com o piridoxal-5-fosfato - a forma ativada da [[piridoxina]] - e formam uma hidrazona. Isto reduz a produção do neurotransmissor [[ácido gama-aminobutírico]] (AGAB) por via da diminuição da atividade da [[descarboxilase do ácido glutâmico]],<ref>{{citar periódico|autor =Cornish HH |título=The role of vitamin B6 in the toxicity of hydrazines |periódico=Annals of the New York Academy of Sciences |volume=166 |número=1 |páginas=136–45 |ano=1969 |pmid=5262010|doi=10.1111/j.1749-6632.1969.tb54264.x}}</ref> produzindo os sintomas neurológicos. A monometilidrazina causa também [[Stress oxidativo|tensão oxidante]] conduzindo a [[metemoglobinemia]].<ref name="Michelot"/> Adicionalmente, durante o [[metabolismo]] da monometilidrazina, é produzida, ''N''-metil-''N''-formilidrazina;  esta sofre metabolismo oxidante regulado pelo [[citocromo p450]] o qual, por meio de intermediários reativos de nitrosamida, conduz à formação dos radicais de metilo que levam à necrose do fígado.<ref>{{citar periódico|autor =Braun R, Greeff U, Netter KJ |título=Indications for nitrosamide formation from the mushroom poison gyromitrin by rat liver microsomes |periódico=Xenobiotica |volume=10 |número=7-8 |páginas=557–64 |ano=1980 |pmid=7445522 |doi=10.3109/00498258009033790}}</ref><ref name="Braun">{{citar periódico|autor =Braun R, Greeff U, Netter KJ |título=Liver injury by the false morel poison gyromitrin |periódico=Toxicology |volume=12 |número=2 |páginas=155–63 |ano=1979 |pmid=473232|doi=10.1016/0300-483X(79)90042-8}}</ref> A inibição da [[diamina oxidase]] (histaminase) aumenta os níveis de [[histamina]] resultando em dores de cabeça, náuseas, vómitos e dor abdominal.<ref>{{citar periódico|autor =Biegański T, Braun R, Kusche J |título=N-methyl-N-formylhydrazine: a toxic and mutagenic inhibitor of the intestinal diamine oxidase |periódico=Agents and Actions |volume=14 |número=3-4 |páginas=351–5 |ano=1984 |pmid=6428190 |doi=10.1007/BF01973825}}</ref>

=== Sintomas ===
Os sintomas de envenenamento são tipicamente [[gastrointestinal|gastrointestinais]] e [[neurologia|neurológicos]].<ref name="Karlson">{{citar periódico|autor =Karlson-Stiber C, Persson H |título=Cytotoxic fungi—an overview |periódico=Toxicon |volume=42 |número=4 |páginas=339–49 |ano=2003 |pmid=14505933 |doi=10.1016/S0041-0101(03)00238-1}}</ref> Os sintomas ocorrem 6 a 12 horas após a ingestão, embora casos mais graves de envenenamento possam apresentar-se mais cedo, como 2 horas após a ingestão. Os sintomas iniciais são gastrointestinais, com aparecimento súbito de náusea, vómito, e [[diarreia]] aquosa que pode ser sanguinolenta. Pode ocorrer [[desidratação]] se o vómito e a diarreia forem severos. Tonturas, letargia, [[vertigem|vertigens]], tremores, [[ataxia]], [[nistagmo]], e dores de cabeça surgem pouco depois;<ref name="Karlson"/> frequentemente ocorre [[febre]], uma característica distintiva que não ocorre após envenenamento com outros tipos de cogumelos.<ref>Benjamin, p. 273</ref> Na maioria dos casos de envenenamento, os sintomas não progridem para lá destes sintomas iniciais, e os pacientes recuperam-se após 2 a 6 dias de doença.<ref name="Lampe"/>

Em alguns casos pode existir uma fase assintomática a seguir aos sintomas iniciais e que é seguida de sintomas de toxicidade mais significativa incluindo [[Nefrotoxicidade|danos renais]],<ref>{{citar periódico|autor =Braun R, Kremer J, Rau H |título=Renal functional response to the mushroom poison gyromitrin |periódico=Toxicology |volume=13 |número=2 |páginas=187–96 |ano=1979 |pmid=42171}}</ref> [[Hepatotoxicidade|hepáticos]], e [[neurotoxicidade|disfunção neurológica]] incluindo convulsões e coma.<ref name="Michelot">{{citar periódico|autor =Michelot D, Toth B |título=Poisoning by Gyromitra esculenta—a review |periódico=Journal of applied toxicology |volume=11 |número=4 |páginas=235–43 |ano=1991 |pmid=1939997|doi=10.1002/jat.2550110403}}</ref> Estes sinais desenvolvem-se geralmente em 1 a 3 dias nos casos sérios.<ref name="Karlson"/> O paciente desenvolve [[icterícia]] e o [[fígado]] e [[baço]] aumentam de tamanho, em alguns casos os níveis de glicemia aumentam ([[hiperglicemia]]) e em seguida baixam ([[hipoglicemia]]) e é observada toxicidade hepática. Adicionalmente, [[hemólise]] intravascular causa a destruição de glóbulos vermelhos resultando num aumento da hemoglobina livre e [[hemoglobinúria]] que pode conduzir a toxicidade renal ou [[falha renal]]. A metemoglobinemia pode também ocorrer em alguns casos, devido a níveis de [[metemoglobina]] no sangue mais altos do que o normal (a metemoglobina é uma forma de hemoglobina que não pode transportar oxigénio). Causa dificuldades respiratórias e [[cianose]] no paciente.<ref>Benjamin, p. 274</ref> Casos de envenenamento grave podem progredir para uma fase neurológica terminal, com [[Delirium|delírio]], [[fasciculação|fasciculações]] musculares e convulsões, e [[midríase]] progredindo para o coma, colapso circulatório, e [[paragem respiratória]].<ref>{{citar periódico|autor =Giusti GV, Carnevale A |título=A case of fatal poisoning by Gyromitra esculenta |periódico=Archives of toxicology |volume=33 |número=1 |páginas=49–54 |ano=1974 |pmid=4480349}}</ref> A morte pode ocorrer cinco a sete dias após a ingestão.<ref>{{citar periódico|autor =Hanrahan JP, Gordon MA |título=Mushroom poisoning. Case reports and a review of therapy |periódico=JAMA |volume=251 |número=8 |páginas=1057–61 |ano=1984 |pmid=6420582|doi=10.1001/jama.251.8.1057}}</ref>

=== Tratamento ===
O tratamento é sobretudo de suporte; a descontaminação gástrica com [[carvão ativado]] pode ser benéfica se for procurada assistência médica até algumas horas após a ingestão. Contudo, muitas vezes os sintomas levam mais tempo a desenvolver-se, e os pacientes geralmente não buscam tratamento até muitas horas após a ingestão, limitando a sua eficácia.<ref>{{citar periódico|autor =Köppel C |título=Clinical symptomatology and management of mushroom poisoning |periódico=Toxicon |volume=31 |número=12 |páginas=1513–40 |ano=1993 |pmid=8146866|doi=10.1016/0041-0101(93)90337-I}}</ref> Pacientes com vómito ou diarreia severos podem ser reidratados com fluidos [[intravenoso]]s.<ref name="Lampe">{{citar periódico|autor =Lampe KF |título=Toxic fungi |periódico=Annual Review of Pharmacology and Toxicology |volume=19|páginas=85–104 |ano=1979 |pmid=378111 |doi=10.1146/annurev.pa.19.040179.000505}}</ref> É feita a monitorização dos parâmetros bioquímicos como nível de metemoglobina, eletrólitos, funções renal e hepática, [[urinálise]] e [[hemograma]], e quaisquer anomalias são corrigidas. Pode ser utilizada [[Hemodiálise|diálise]] se a função renal estiver diminuída ou se os rins estiverem a falhar. A ocorrência de hemólise pode requerer uma [[transfusão de sangue]] para substituir os [[eritrócito]]s perdidos, enquanto que a metemoglobinemia é tratada com [[azul de metileno]] intravenoso.<ref>Benjamin, p. 276</ref>

A piridoxina, também conhecida como [[vitamina B6]], pode ser usada para contrariar a [[Inibidor enzimático|inibição]] da monometilidrazina sobre o passo dependente da piridoxina na síntese do [[neurotransmissor]] [[Ácido gama-aminobutírico|AGAB]]. Assim, a síntese de AGAB pode continuar e os sintomas são aliviados.<ref>{{citar periódico|autor =Wright AV, Niskanen A, Pyysalo H, Korpela H |título=Amelioration of toxic effects of ethylidene gyromitrin (false morel poison) with pyridoxine chloride|periódico=Journal of Food Safety |volume=3|páginas=199–203|ano=1981 |doi=10.1111/j.1745-4565.1981.tb00422.x}}</ref> No entanto, a piridoxina é útil apenas para os sintomas neurológicos e não diminui a toxicidade hepática,<ref name="Braun"/><ref>{{citar periódico|autor =Toth B, Erickson J |título=Reversal of the toxicity of hydrazine an analogues by pyridoxine hydrochloride |periódico=Toxicology |volume=7 |número=1 |páginas=31–36 |ano=1977 |pmid=841582|doi=10.1016/0300-483X(77)90035-X}}</ref> administrando-se com a dosagem de 25 [[miligrama|mg]]/[[quilograma|kg]]; pode ser repetidamente administrada até ser atingido o máximo total de 15 a 30 g/dia se os sintomas não melhorarem.<ref>{{citar periódico|doi=10.1056/NEJM197604222941708 |autor =Kirklin JK, Watson M, Bondoc CC, Burke JF |título=Treatment of hydrazine-induced coma with pyridoxine |periódico=New England Journal of Medicine |volume=294 |número=17 |páginas=938–9 |ano=1976 |pmid=815813}}</ref> São administradas [[benzodiazepina]]s para controlar as convulsões; como elas modulam também os receptores de AGAB elas podem potencialmente aumentar o efeito da piridoxina. Adicionalmente a monometilidrazina inibe a transformação química do [[ácido fólico]] na sua forma ativa, o [[ácido folínico]]; esta situação pode ser tratada com a administração de ácido folínico, entre 20 a 200&nbsp;mg/dia.<ref name="Michelot"/>

=== Carcinogenicidade ===
Foi demonstrado que a monometilidrazina,<ref>{{citar periódico|autor =Toth B, Shimizu H |título=Methylhydrazine tumorigenesis in Syrian golden hamsters and the morphology of malignant histiocytomas |periódico=Cancer Research |volume=33 |número=11 |páginas=2744–53 |ano=1973 |pmid=4355982}}</ref> os seus precursores metilformilidrazina<ref name="toth">{{citar periódico|autor =Toth B, Nagel D |título=Tumors induced in mice by N-methyl-N-formylhydrazine of the false morel Gyromitra esculenta |periódico=Journal of the National Cancer Institute |volume=60 |número=1 |páginas=201–04 |ano=1978 |pmid=628017}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Toth B, Patil K, Erickson J, Kupper R |título=False morel mushroom Gyromitra esculenta toxin: N-methyl-N-formylhdrazine carcinogenesis in mice |periódico=Mycopathologia |volume=68 |número=2 |páginas=121–28 |ano=1979 |pmid=573857 |doi=10.1007/BF00441091}}</ref> e giromitrina<ref>{{citar periódico|autor =Toth B, Smith JW, Patil KD |título=Cancer induction in mice with acetaldehyde methylformylhydrazone of the false morel mushroom |periódico=Journal of the National Cancer Institute |volume=67 |número=4 |páginas=881–87 |ano=1981 |pmid=6944556}}</ref> bem como ''Gyromitra esculenta'' cru,<ref>{{citar periódico|autor =Toth B, Patil K, Pyysalo H, Stessman C, Gannett P |título=Cancer induction in mice by feeding the raw false morel mushroom Gyromitra esculenta |periódico=Cancer Research |volume=52 |número=8 |páginas=2279–84 |ano=1992 |pmid=1559231}}</ref> são [[Carcinógeno|carcinogénicos]] em animais. Embora não se tenha observado que ''Gyromitra esculenta'' causa cancro em humanos,<ref name="Bresinsky"/> é possível que haja um risco carcinogénico para as pessoas que ingerem estes cogumelos.<ref name="toth"/> As toxinas podem ter efeitos cumulativos<ref name="coulet">{{citar periódico|autor =Coulet M, Guillot J |título=Poisoning by Gyromitra : a possible mechanism |periódico=Medical Hypotheses |volume=8 |número=4 |páginas=325–34 |ano=1982 |pmid=7099057|doi=10.1016/0306-9877(82)90024-X}}</ref> e mesmo pequenas quantidades poderão ter um efeito carcinogénico.<ref>Benjamin, p. 128–29</ref> Foram isoladas a partir de ''Gyromitra esculenta'' pelo menos onze hidrazinas, e não se sabe se os potenciais carcinógenos podem ser completamente removidos pela escalda.<ref name="dart"/>

== Consumo ==
[[Ficheiro:False morels for sale in Helsinki 2.jpg|thumb|direita|À venda em [[Helsínquia]].]]
Apesar da sua reconhecida toxicidade, ''Gyromitra esculenta'' é comercializado e consumido em vários países ou estados na Europa e América do Norte. Anteriormente era consumido na [[Alemanha]], sobretudo cogumelos colhidos e exportados pela [[Polónia]]; porém, mais recentemente, a Alemanha e a [[Suíça]] desencorajaram o consumo ao proibirem a sua venda.<ref name="Zeitl"/><ref name="Bresinsky">{{citar livro|autor = Bresinsky A, Besl H. |título= A Colour Atlas of Poisonous Fungi |ano= 1990 |publicado= Wolfe Publishing |páginas=62–68|isbn = 0-7234-1576-5}}</ref>
Também na [[Suécia]] a Autoridade Alimentar Nacional avisa que não é próprio para consumo humano,<ref>{{sv}} {{Citar web| último = Andersson| primeiro = Christer| título = Stenmurklan - olämplig att äta| obra = Livsmedelsverket (National Food Administration)| publicado = Swedish National Food Administration| ano = 2007| url = http://www.slv.se/templates/SLV_Page.aspx?id=11600&epslanguage=SV| acessodata = 07-03-2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20071006105549/http://www.slv.se/templates/SLV_Page.aspx?id=11600&epslanguage=SV| arquivodata = 2007-10-06| urlmorta = yes}}</ref> e restringe a compra de cogumelos apenas aos restaurantes.<ref>{{sv}} {{Citar web| último = Andersson| primeiro = Christer| título = Frågor och svar om stenmurkla| obra = Livsmedelsverket (National Food Administration)| publicado = Autoridade Nacional Alimentar da Suécia| ano = 2007| url = http://www.slv.se/templates/SLV_Page.aspx?id=14181&epslanguage=SV| acessodata = 07-03-2008| arquivourl = https://web.archive.org/web/20090323052549/http://www.slv.se/templates/SLV_Page.aspx?id=14181&epslanguage=SV| arquivodata = 2009-03-23| urlmorta = yes}}</ref> O cogumelo é ainda bastante apreciado e consumido na [[Bulgária]], onde é vendido em mercados e colhido para exportação.<ref>{{en}} {{Citar web| autor =  Drumeva-Dimcheva M, Gyosheva-Bogoeva M  | título = Section One: Bulgaria's Biological Diversity - The Macromycetes Fungi of Bulgaria | obra = Bulgaria's Biological Diversity: Conservation Status and Needs Assessment | publicado = Biodiversity Support Program (WWF, The Nature Conservancy, and World Resources Institute Consortium) | ano = 1998 | url = http://www.worldwildlife.org/bsp/publications/europe/bulgaria/bulgaria1.html |acessodata= 06-03-2008}}</ref> Em alguns países como a [[Espanha]], especialmente na região oriental dos Pirenéus, este cogumelo é considerado uma especialidade, e muitas pessoas afirmam que o consomem há anos sem efeitos nefastos.<ref>{{ca}} {{Citar web |url=http://www.elcargol.com/bolets.htm |título=Bolets |acessodata=08-06-2008 |publicado=Revista el cargol |ano=2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070128174400/http://www.elcargol.com/bolets.htm |arquivodata=2007-01-28 |urlmorta=yes }}</ref> Ainda assim, é listado como perigoso nas listas oficiais de cogumelos publicadas pelo governo catalão<ref name="Gencat" /> e a venda ao público é proibida em toda Espanha.<ref>{{es}} {{citar periódico|url=http://www.boe.es/boe/dias/2004/02/06/pdfs/A05061-05065.pdf|formato=PDF |título= ORDEN SCO/190/2004, de 28 de enero, por la que se establece la lista de plantas cuya venta al público queda prohibida o restringida por razón de su toxicidad |periódico= [[Boletín Oficial del Estado|BOE]] |número= 32 |páginas= 5061–65 |acessodata=2008-06-08 |autor =Ministerio de Sanidad y Consumo |data=2004-02-06}}</ref> A compra e venda destes cogumelos frescos é legal na Finlândia, onde são muito apreciados.<ref>{{citar periódico|último =Härkonën |primeiro =M |ano=1998 |título=Uses of mushrooms by Finns and Karelians |periódico=International Journal of circumpolar Health |volume=57 |número=1 |páginas=40–55 |pmid= 9567575}}</ref> Contudo, por lei, os cogumelos têm de ser acompanhados de um aviso informando que são venenosos, e de instruções de preparação legalmente prescritas.<ref>{{en}} {{Citar web| título =False morels must be accompanied by warning and handling instructions| publicado =The Finnish Food Safety Authority Evira| data =24 de Abril de 2007| url =http://www.evira.fi/portal//en/evira/current_issues/archive/?bid=1276| acessodata =06-01-2010}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> São também comercializados preparados e enlatados, caso em que estão prontos para serem consumidos. Os números oficiais do Ministério da Agricultura e Florestas finlandês reportam que a quantidade destes cogumelos vendida em 2006 na Finlândia foi 21,9&nbsp;[[tonelada]]s e 32,7&nbsp;toneladas, considerada como acima da média, em 2007.<ref>{{fi}} {{citar livro|autor =Suomen Gallup Elintarviketieto Oy |título= MARSI 2007 — Luonnonmarjojen ja -sienien kauppaantulomäärät vuonna 2007 [Amounts of wild berries and mushrooms offered for sale in 2007] |páginas=10 | month = Março |ano= 2007 |publicado= Ministério da Agricultura e Florestas da Finlândia|local=Helsinki}}</ref> Em 2002, a Autoridade de Segurança Alimentar da Finlândia estimou que o consumo anual seja de várias centenas de toneladas em anos de grande abundância.<ref>{{fi}} {{citar livro|título= Riskiraportti – elintarvikkeiden ja Talousveden kemialliset vaarat [Risk report on toxins in food and tapwater]|páginas=38 |ano=2002 |autor = Finnish Food Safety Authority}}</ref> Fora da Europa, ''Gyromitra esculenta'' é consumido na região dos [[Grandes Lagos da América do Norte|Grandes Lagos]] e em alguns estados ocidentais dos Estados Unidos.<ref>{{citar periódico|último =Simons |primeiro =DM |ano=1971|título=The Mushroom Toxins |periódico=Delaware Medical Journal |volume=43 |páginas=177–87}}</ref>

Na [[culinária da Finlândia]] podem ser cozinhados em [[omelete]]s, ou ligeiramente [[Saltear|salteados]] com manteiga, com adição de farinha e leite para fazer um [[molho béchamel]] ou enchimento de tartes. Em alternativa, pode ser adicionado mais líquido para obter uma sopa. Os condimentos tipicamente adicionados são a [[Salsa (planta)|salsa]], o [[cebolinho]], o [[aneto]] e a [[pimenta-preta]].<ref>{{fi}} {{Citar web |url=http://www.lapinkeittiomestarit.fi/sivut/teemat/toukokuu.htm#muhennos |título=Kevät on aikaa korvasienen ja väinönputken |publicado=Lapin Keittiömestarit |acessodata=22 de junho de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20080526001334/http://www.lapinkeittiomestarit.fi/sivut/teemat/toukokuu.htm#muhennos |arquivodata=2008-05-26 |urlmorta=yes }}</ref><ref>{{citar livro|título=North Atlantic Seafood: A Comprehensive Guide with Recipes|autor =Davidson A |ano=2003 |publicado=Ten Speed Press|isbn=1-58008-450-8 |páginas=361}}</ref>

=== Preparação ===
[[Ficheiro:False morel sauce with vegetables.jpg|direita|thumb|Cozinhados num [[molho de natas]].]]
A maior parte da giromitrina tem que ser removida para tornar os cogumelos comestíveis. O procedimento recomendado requer que os cogumelos sejam primeiro secos e depois fervidos, ou que sejam fervidos os cogumelos frescos.<ref name="EVIRA">{{en}} {{Citar web  | título =False Morel Fungi - poisonous when raw  | publicado =EVIRA - Autoridade de Segurança Alimentar da Finlândia  | ano =2008  | url =http://www.evira.fi/files/products/1285582882992_false_morel_fungi.pdf  | acessodata =04-03-2008  | arquivourl =https://web.archive.org/web/20150817111525/http://www.evira.fi/files/products/1285582882992_false_morel_fungi.pdf  | arquivodata =2015-08-17  | urlmorta =yes  }}</ref> Para preparar os cogumelos frescos é recomendado cortá-los em pequenos pedaços e escaldá-los duas vezes em quantidades copiosas de água, pelo menos três partes de água para uma parte de cogumelos cortados, durante pelo menos cinco minutos, e enxaguá-los cuidadosamente com água limpa após cada escalda.<ref name="EVIRA"/> Cada vez que o cogumelo é escaldado o teor de giromitrina é reduzido em 90%.<ref name="Pyysalo">{{citar periódico|autor =Pyysalo H, Niskanen A |título=On the occurrence of N-methyl-N-formylhydrazones in fresh and processed false morel, Gyromitra esculenta |periódico=Journal of Agricultural and Food Chemistry |volume=25 |número=3 |páginas=644–47 |ano=1977 |pmid=558239 |doi=10.1021/jf60211a006}}</ref> A giromitrina é lixiviada para a água, na qual permanecerá, portanto a água usada na escalda tem de ser descartada e e substituída com água limpa após cada ronda de escalda. Secar os cogumelos pode também reduzir a concentração de giromitrina; dez dias de dessecação ao ar livre reduz a quantidade de giromitrina em 90%.<ref name="coulet"/> Contudo, continua a ser recomendado que os cogumelos sejam fervidos depois de secos.<ref name="EVIRA"/>

A monometilidrazina entra em ebulição aos 87,5&nbsp;°C e portanto vaporiza-se prontamente para o ar quando a água que contém os cogumelos é fervida.<ref name="Leathem">{{citar periódico|autor =Leathem AM, Dorran TJ |título=Poisoning due to raw Gyromitra esculenta (false morels) west of the Rockies |periódico=Canadian Journal of Emergency Medical Care |volume=9 |número=2 |páginas=127–30 |ano=2007 |pmid=17391587}}</ref> Espaços fracamente ventilados permitem a acumulação de vapor que pode resultar em envenenamento por giromitrina. Caso os cogumelos sejam escaldados dentro de portas, deve-se ter o cuidado de assegurar uma ventilação adequada, e, se surgirem sintomas de envenenamento por giromitrina, procurar de imediato ar fresco.<ref>Benjamin, p. 269</ref> Mesmo após a fervura, pequenas quantidades de giromitrina permanecem nos cogumelos. Dada a possibilidade de acumulação de toxinas, não é recomendado o seu consumo repetido.<ref>Benjamin, p. 278</ref>

=== Perspetivas de cultivo ===
Apesar da sua toxicidade, ''Gyromitra esculenta'' é bastante apreciado em várias regiões. Foram descobertas estirpes com concentrações muito menores de giromitrina, e o fungo foi já cultivado até à frutificação com sucesso.<ref>{{citar periódico|autor =List PH, Sundermann G |ano=1974|título=Achtung! Frühjahrslorcheln |periódico=Deutsche Apotheker Zeitung |volume=114 |páginas=331–32}}</ref> Existe portanto objeto para pesquisas futuras sobre o cultivo de estirpes mais seguras.<ref>Benjamin, p. 279</ref>

== Ver também ==
* [[Lista de cogumelos mortais]]

{{Referências|col=3|scroll=s}}

== Bibliografia adicional ==
* {{citar livro|último =Benjamin|primeiro = Denis R. |título=Mushrooms: poisons and panaceas—a handbook for naturalists, mycologists and physicians |publicado=WH Freeman and Company|local=New York |ano=1995| isbn=0-7167-2600-9}}

== Ligações externas ==
{{Correlatos
|commons    =Gyromitra esculenta
|wikispecies=Gyromitra esculenta
}}
* {{link|en|2=http://botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/may2002.html|3="''Gyromitra esculenta'', one of the false morels"}}
* {{link|en|2=http://www.mykoweb.com/CAF/species/Gyromitra_esculenta.html|3=California Fungi—Gyromitra esculenta}}
* {{link|en|2=http://www.dlc.fi/~marianna/gourmet/morel.htm#instrc|3=Official Finnish instructions for the processing of false morels}}

{{Artigo destacado}}
{{título em itálico}}

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[[Categoria:Discinaceae]]
[[Categoria:Fungos mortais]]
[[Categoria:Culinária da Finlândia]]

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