Mostrar código-fonte de Fungi

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{{Info/Taxonomia
| nome = Fungi
| cor = lightblue
| período_fóssil = Início do [[Devoniano|Devónico]] – Recente ([[#Evolução|ver texto]]) {{período_fóssil|410|0|}}
| imagem = Fungi_collage.jpg
| imagem_legenda = No sentido horário, desde em cima à esquerda: ''[[Amanita muscaria]]'', um basidiomicete; ''[[Sarcoscypha coccinea]]'', um ascomicete; pão coberto de [[mofo]]; um quitrídio; um [[conidióforo]] de ''[[Aspergillus]]''.
| domínio = [[Eukaryota]]
| reino_sc = [[Opisthokonta]]
| reino = Fungi
| reino_autoridade = ([[Carolus Linnaeus|L.]], 1753) R.T. Moore, 1980<ref>{{citar periódico|autor = Moore RT. |ano=1980|título=Taxonomic proposals for the classification of marine yeasts and other yeast-like fungi including the smuts |periódico=Botanica Marine | volume=23 |páginas=361–73}}</ref>
| subdivisão_nome = Subreinos/Filos/Subfilos<ref>Miguel A. Naranjo‐Ortiz et Toni Gabaldón.  [https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/brv.12550 Fungal evolution: diversity, taxonomy and phylogeny of the Fungi] Wiley Online Library.</ref>
| subdivisão = * [[Opisthosporidia]]
** [[Aphelidea]] (Aphelidiomycota)<ref>[http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000067&Rec=566824&Fields=All Aphelidiomycota Mycobank]</ref>
** [[Rozellidea]] (Rozellomycota)<ref>[http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000067&Rec=520483&Fields=All Rozellomycota Mycobank]</ref>
** [[Microsporidia]] (Microsporidiomycota)<ref>[http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000067&Rec=92365&Fields=All Microsporidiomycota Mycobank]</ref>
* [[Eumycota]]<ref>[http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?TableKey=14682616000000067&Rec=452624&Fields=All Eumycota Mycobank]</ref>
** [[Blastocladiomycota]]
** [[Chytridiomycota]]
** [[Neocallimastigomycota]]
** [[Amastigomycota]]<ref>R. H. Whittaker 1969, [http://www.ib.usp.br/inter/0410113/downloads/Whittaker_1969.pdf New Concepts of Kingdoms of Organisms.] {{Wayback|url=http://www.ib.usp.br/inter/0410113/downloads/Whittaker_1969.pdf |data=20171117160137 }} Science, Vol. 163</ref>
*** [[Glomeromycota]]
*** [[Mucoromycota]]
**** [[Mucoromycotina]]
**** [[Mortierellales|Mortierellomycotina]]
*** [[Zoopagomycota]]
**** [[Entomophthoromycotina]]
**** [[Kickxellomycotina]]
**** [[Zoopagomycotina]]
*** [[Dikarya]] 
**** [[Entorrhizomycota]]
**** [[Ascomycota]]
***** [[Pezizomycotina]]
***** [[Saccharomycotina]]
***** [[Taphrinomycotina]]
**** [[Basidiomycota]]
***** [[Agaricomycotina]]
***** [[Pucciniomycotina]]
***** [[Ustilaginomycotina]]
}}
[[File:Holomycota.jpg|thumb|283px|Estruturação filogenética dos Fungi.]]
O [[Reino (biologia)|reino]] '''Fungi''' é um grupo de organismos [[Eukaryota|eucariotas]] (ou eucariontes), que inclui [[micro-organismo]]s tais como as [[levedura]]s, os [[bolor]]es, bem como os mais familiares [[cogumelo]]s.

Os fungos são classificados num reino separado das [[Plantae|plantas]], [[Animalia|animais]] e [[bactéria]]s. Uma grande diferença é o fato de as células dos fungos terem [[parede celular|paredes celulares]] que contêm [[quitina]] e [[glucano]]s, ao contrário das células vegetais, que contêm [[celulose]]. Estas e outras diferenças mostram que os fungos formam um só grupo de organismos relacionados entre si, denominado Eumycota (fungos verdadeiros ou Eumycetes), e que partilham um [[Antepassado|ancestral comum]] (um grupo [[monofilético]]). Este grupo de fungos é distinto dos estruturalmente similares Myxomycetes (agora classificados em [[Myxogastria]]) e [[Oomycetes]]. A disciplina da [[biologia]] dedicada ao estudo dos fungos é a [[micologia]], muitas vezes vista como um ramo da [[botânica]], mesmo apesar de os estudos genéticos terem mostrado que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas.

Abundantes em todo mundo, a maioria dos fungos é inconspícua devido ao pequeno tamanho das sua estruturas, e pelos seus modos de vida crípticos no solo, na matéria morta, e como [[Simbiose|simbiontes]] ou [[parasita]]s de plantas, animais, e outros fungos. Podem tornar-se notados quando [[Esporocarpo (fungos)|frutificam]], seja como cogumelos ou como bolores. Os fungos desempenham um papel essencial na decomposição da matéria orgânica e têm papéis fundamentais nas trocas e [[Ciclo biogeoquímico|ciclos de nutrientes]]. São desde há muito tempo utilizados como uma fonte direta de alimentação, como no caso dos cogumelos e [[trufa]]s, como agentes levedantes no pão, e na [[fermentação]] de vários produtos alimentares, como o [[vinho]], a [[cerveja]], e o [[Molho shoyu|molho de soja]]. Desde a década de 1940, os fungos são usados na produção de [[antibiótico]]s, e, mais recentemente, várias [[enzima]]s produzidas por fungos são usadas industrialmente e em detergentes. São também usados como agentes biológicos no controlo de [[erva daninha|ervas daninhas]] e pragas agrícolas. Muitas espécies produzem compostos [[Atividade biológica|bioativos]] chamados [[micotoxina]]s, como [[alcaloide]]s e [[policetídeo]]s, que são tóxicos para animais e humanos. As estruturas frutíferas de algumas espécies contêm compostos [[Droga psicoativa|psicotrópicos]], que são consumidos [[Droga recreativa|recreativamente]] ou em [[Enteógeno|cerimónias espirituais]] tradicionais. Os fungos podem decompor materiais artificiais e construções, e tornar-se [[Patogénese|patogénicos]] para animais e humanos. As perdas nas colheitas devidas a doenças causadas por fungos ou à deterioração de alimentos podem ter um impacto significativo no [[Segurança alimentar|fornecimento de alimentos]] e nas economias locais.

O reino dos fungos abrange uma enorme diversidade e [[táxon]]s, com ecologias, estratégias de [[ciclo de vida|ciclos de vida]] e [[Morfologia (biologia)|morfologias]] variadas, que vão desde os [[Chytridiomycota|quitrídios]] aquáticos unicelulares aos grandes cogumelos. Contudo, pouco se sabe da verdadeira [[biodiversidade]] do reino Fungi, que se estima incluir 1,5 milhões de espécies, com apenas cerca de 5% destas formalmente classificadas. Desde os trabalhos [[Taxonomia|taxonómicos]] pioneiros dos séculos XVII e XVIII efetuados por [[Carolus Linnaeus|Lineu]], [[Christiaan Hendrik Persoon]], e [[Elias Magnus Fries]], os fungos são [[Classificação científica|classificados]] segundo a sua morfologia (i.e. caraterísticas como a cor do esporo ou caraterísticas microscópicas) ou segundo a sua [[fisiologia]]. Os avanços na [[genética molecular]] abriram o caminho à inclusão da [[Sequenciamento de ADN|análise de ADN]] na taxonomia, o que desafiou por vezes os antigos agrupamentos baseados na morfologia e outros traços. Estudos [[Filogenia|filogenéticos]] publicados no último decénio têm ajudado a modificar a classificação do reino Fungi, o qual está dividido em um sub-reino, sete filos e dez subfilos.

== Etimologia ==
{{wiktionary}}
A palavra portuguesa ''fungo'' deriva do termo [[latim|latino]] ''fungus'' (cogumelo), usado nos escritos de [[Horácio]] e [[Plínio, o Velho]].<ref>{{citar livro|último =Simpson DP.|título= Cassell's Latin Dictionary|publicado=Cassell Ltd|ano=1979 |edição=5|local=London|páginas=883|isbn=0-304-52257-0}}</ref> Por seu lado, ''fungus'' é derivado do [[Grego antigo|grego]] ''sphongos''/σφογγος ("esponja"), que se refere às estruturas e morfologia macroscópicas dos cogumelos e bolores. O termo ''micologia'', derivado do grego ''mykes''/μύκης (cogumelo) e ''logos''/λόγος (discurso),<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 1.</ref> para denotar o estudo científico dos fungos, terá sido usado pela primeira vez em 1836, pelo naturalista inglês [[Miles Joseph Berkeley]] na obra ''The English Flora of Sir James Edward Smith, Vol. 5.''<ref name=Ainsworth2>Ainsworth, p. 2.</ref>

== Características ==
Antes da introdução dos [[Filogenética molecular|métodos moleculares]] de análise filogenética, os [[Taxonomia|taxonomistas]] consideravam que os fungos eram membros do reino [[Plantae]] devido a semelhanças nos seus modos de vida: tanto os fungos como as plantas são na sua maioria [[Séssil|imóveis]], e apresentam semelhanças na morfologia geral e no habitat em que se desenvolvem. Tal como as plantas, muitas vezes os fungos crescem no solo, e no caso dos [[cogumelo]]s formam [[corpo frutífero|corpos frutíferos]] conspícuos, que por vezes se assemelham a plantas como os [[musgos]]. Os fungos são agora considerados um reino separado, distintos das plantas e animais, dos quais parecem ter divergido há cerca de 1 bilhão de anos.<ref name="Bruns">{{citar periódico|autor =Bruns T.|ano= 2006|título=Evolutionary biology: a kingdom revised|periódico=[[Nature]]|volume=443|páginas=758–61|pmid=17051197| doi = 10.1038/443758a|número=7113|issn=0028-0836}}</ref><ref>{{citar periódico| pmid = 8265589 |ano= 1993 |autor1 = Baldauf |primeiro2 = JD |título= Animals and fungi are each other's closest relatives: congruent evidence from multiple proteins | volume = 90 |número= 24 |páginas= 11558–62 | pmc = 48023 |periódico= [[Proceedings of the National Academy of Sciences|Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America]] | doi = 10.1073/pnas.90.24.11558 |último2 = Palmer}}</ref> Algumas caraterísticas morfológicas, bioquímicas, e genéticas são partilhadas com outros organismos, enquanto outras são exclusivas dos fungos, separando-os claramente dos outros reinos:

Caraterísticas partilhadas:
* Com os demais eucariotas: como nos restantes eucariotas, os [[Núcleo celular|núcleos]] das células dos fungos estão limitados por uma [[membrana]] e contêm [[Cromossomo|cromossomas]] que contêm [[Ácido desoxirribonucleico|ADN]] com [[DNA não-codificante|regiões não-codificantes]] chamadas [[intrão|intrões]] e regiões codificantes chamadas [[Exão|exões]]. Além disso, os fungos possuem [[organelo]]s citoplasmáticos delimitados por membrana tais como [[mitocôndria]]s, membranas que contêm [[esterol|esterois]], e [[Ribossomo|ribossomas]] do tipo [[80S]].<ref>Deacon, p. 4.</ref> Têm um conjunto caraterístico de carboidratos e compostos armazenados solúveis, incluindo [[poliol|polióis]] (como [[manitol]]), [[dissacarídeo]]s (como a [[trealose]]) e [[polissacarídeo]]s (como o [[glicogénio]], que também é encontrado em animais<ref name=Deacon4>Deacon, pp. 128–29.</ref>).
* Com os animais: os fungos carecem de [[cloroplasto]]s e são organismos [[Heterotrofismo|heterotróficos]], requerendo [[composto orgânico|compostos orgânicos]] preformados como fontes de energia.<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 28–33.</ref>
* Com as plantas: os fungos possuem uma parede celular<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 31–32.</ref> e [[vacúolo]]s.<ref name="Shoji ">{{citar periódico|autor =Shoji JY, Arioka M, Kitamoto K.|ano= 2006|título=Possible involvement of pleiomorphic vacuolar networks in nutrient recycling in filamentous fungi|periódico=Autophagy |volume=2|páginas=226–27|pmid=16874107|número=3}}</ref> Reproduzem-se por meios sexuados e assexuados, e tal como os grupos basais de plantas (como os [[feto]]s e [[musgos]]) produzem [[esporo]]s. Tal como os musgos e [[alga]]s, os fungos têm núcleos tipicamente [[haploide]]s.<ref name=Deacon58>Deacon, p. 58.</ref>
* Com os [[Euglenófita|euglenoides]] e bactérias: os fungos mais desenvolvidos, os euglenoides e algumas bactérias, produzem o [[aminoácido]] [[Lisina|L-lisina]] em passos específicos de [[biossíntese]], a [[via do alfa-aminoadipato]].<ref name="pmid10714900">{{citar periódico|autor =Zabriskie TM, Jackson MD. |título=Lysine biosynthesis and metabolism in fungi |periódico=Natural Product Reports |volume=17 |número=1 |páginas=85–97 |ano=2000 |pmid=10714900 |doi=10.1039/a801345d}}</ref><ref name="Xu">{{citar periódico|autor =Xu H, Andi B, Qian J, West AH, Cook PF.|ano= 2006|título=The α-aminoadipate pathway for lysine biosynthesis in fungi|periódico=Cellular Biochemistry and Biophysics|volume=46|páginas=43–64|pmid=16943623|doi=10.1385/CBB:46:1:43|número=1}}</ref>
* As células da maioria dos fungos crescem como estruturas tubulares, alongadas e filamentosas designadas [[hifa]]s. Estas podem conter múltiplos núcleos e crescer a partir das suas extremidades. Cada extremidade contém um conjunto de [[vesícula]]s - estruturas celulares compostas por [[proteína]]s, [[lípido]]s e outras moléculas orgânicas - chamado ''[[Spitzenkörper]]''.<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 27–28.</ref> Tanto fungos como Oomycetes crescem como células hifais filamentosas.<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 685.</ref> Em contraste, organismos de aspecto semelhante, como as [[algas verdes]] filamentosas, crescem por divisão celular repetida ao longo de uma cadeia de células.<ref name=Deacon4/>
* Em comum com algumas espécies de plantas e animais, mais de 60 espécies de fungos apresentam [[bioluminescência]].<ref name="Desjardins et al">{{citar periódico|autor =Desjardin DE, Oliveira AG, Stevani CV.|ano= 2008|título=Fungi bioluminescence revisited|periódico=Photochemical & Photobiological Sciences|volume=7|páginas=170–82|pmid=18264584|doi=10.1039/b713328f|número=2}}</ref>
* Alguns chegam a possuir uma cor esverdeada, outros esbranquiçada.

Caraterísticas únicas:

* Algumas espécies crescem como leveduras unicelulares que se reproduzem por [[gemulação]] ou por [[fissão binária]]. Os [[Fungo dim��rfico|fungos dimórficos]] podem alternar entre uma fase de levedura e uma fase com hifas, em função das condições ambientais.<ref name="Alexopoulos et al., p. 30">Alexopoulos ''et al''., p. 30.</ref>
* A parede celular dos fungos é composta por [[glicano]]s e [[quitina]]; enquanto os primeiros são também encontrados em plantas e a última no [[exosqueleto]] dos [[artrópode]]s,<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 32–33.</ref><ref name="Bowman and Free">{{citar periódico|autor =Bowman SM, Free SJ.|ano= 2006|título=The structure and synthesis of the fungal cell wall|periódico=Bioessays|volume=28|páginas=799–808|pmid=16927300|doi=10.1002/bies.20441|número=8}}</ref> os fungos são os únicos organismos que combinam estas duas moléculas estruturais na sua parede celular. Ao contrário das plantas e dos Oomycetes, as paredes celulares dos fungos não contêm celulose.<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 33.</ref>

[[Imagem:Omphalotus nidiformis Binnamittalong 2 email.jpg|thumb|direita|alt=Um cogumelo com forma de funil crescendo na base de uma árvore.|''[[Omphalotus nidiformis]]'', um cogumelo bioluminescente.]]
A maioria dos fungos carece de um sistema eficiente para o transporte de água e nutrientes a longa distância, como o [[xilema]] e o [[floema]] de muitas plantas. Para ultrapassar estas limitações, alguns fungos, como os do género ''[[Armillaria]]'', formam [[rizomorfo]]s<ref name="Mikhail">{{citar periódico|autor = Mihail JD, Bruhn JN.|ano= 2005|título=Foraging behaviour of ''Armillaria'' rhizomorph systems|periódico=Mycological Research|volume=109|páginas=1195–207|pmid=16279413|doi=10.1017/S0953756205003606|número= Pt 11}}</ref> que são morfológica e funcionalmente semelhantes às [[Raiz|raízes]] das plantas. Outra característica partilhada com as plantas consiste numa via bioquímica para a produção de [[terpeno]]s que usa [[ácido mevalónico]] e [[pirofosfato]] como [[precursor (química)|precursores]].<ref name="Keller">{{citar periódico|autor =Keller NP, Turner G, Bennett JW.|ano= 2005|título=Fungal secondary metabolism—from biochemistry to genomics|periódico=Nature Reviews Microbiology|volume=3|páginas=937–47|pmid=16322742|doi=10.1038/nrmicro1286|número=12}}</ref> Porém, as plantas têm uma via bioquímica para a produção de terpenos nos seus cloroplastos, uma estrutura que os fungos não possuem.<ref name="Wu">{{citar periódico|autor =Wu S, Schalk M, Clark A, Miles RB, Coates R, Chappell J.|ano= 2007|título=Redirection of cytosolic or plastidic isoprenoid precursors elevates terpene production in plants|periódico=Nature Biotechnology|volume=24|páginas=1441–47|pmid=17057703|doi=10.1038/nbt1251|número=11}}</ref> Os fungos produzem vários [[Metabolito secundário|metabolitos secundários]] que são estruturalmente semelhantes ou idênticos aos produzidos pelas plantas.<ref name="Keller"/> Muitas das enzimas de plantas e fungos que produzem estes compostos diferem entre si na [[Estrutura primária|sequência de aminoácidos]] e outras características, o que indica origens e evolução separadas destas enzimas nos fungos e plantas.<ref name="Keller"/><ref name="Tudzynski">{{citar periódico|autor =Tudzynski B.|ano= 2005|título=Gibberellin biosynthesis in fungi: genes, enzymes, evolution, and impact on biotechnology|periódico=Applied Microbiology and Biotechnology|volume=66|páginas=597–611|pmid=15578178|doi=10.1007/s00253-004-1805-1|número=6}}</ref>

== Diversidade ==
[[Imagem:Fungus in a Wood.JPG|thumb|[[Orelha-de-pau]] (''Polyporus sanguineus'').]]

Os fungos têm uma distribuição mundial, e desenvolvem-se numa grande variedade de habitats, incluindo ambientes extremos como [[Fungos do deserto|desertos]], áreas com elevadas concentrações de sais<ref name="pmid18343697">{{citar periódico|autor =Vaupotic T, Veranic P, Jenoe P, Plemenitas A. |título=Mitochondrial mediation of environmental osmolytes discrimination during osmoadaptation in the extremely halotolerant black yeast ''Hortaea werneckii'' |periódico=Fungal Genetics and Biology |volume=45 |número=6 |páginas=994–1007 |ano=2008|pmid=18343697 |doi=10.1016/j.fgb.2008.01.006 |url=}}</ref> ou [[radiação ionizante|radiações ionizantes]],<ref name="Dadachova"/> bem como em sedimentos de [[Zona abissal|mar profundo]].<ref name="Raghukumar & Raghukumar">{{citar periódico|autor =Raghukumar C, Raghukumar S.|título=Barotolerance of fungi isolated from deep-sea sediments of the Indian Ocean|periódico=Aquatic Microbial Ecology|volume=15|número=|páginas=153–63|ano=1998|doi=10.3354/ame015153|url=http://hdl.handle.net/2264/1892}}</ref> Alguns podem sobreviver às intensas radiações [[Radiação ultravioleta|ultravioleta]] e [[Raio cósmico|cósmica]] encontradas durante as viagens espaciais.<ref name="pmid17630840">{{citar periódico|autor =Sancho LG, de la Torre R, Horneck G, Ascaso C, de Los Rios A, Pintado A, Wierzchos J, Schuster M. |título=Lichens survive in space: results from the 2005 LICHENS experiment |periódico=Astrobiology |volume=7 |número=3 |páginas=443–54 |ano=2007 |pmid=17630840 |doi=10.1089/ast.2006.0046}}</ref>

A maioria desenvolve-se em ambientes terrestres, embora várias espécies vivam parcial ou totalmente em ambientes aquáticos, como o fungo [[Chytridiomycota|quitrídio]] ''[[Batrachochytrium dendrobatidis]]'', um [[parasita]] responsável pelo [[Declínio das populações de anfíbios|declínio global das populações de anfíbios]]. Este organismo passa parte do seu ciclo de vida na forma de um [[zoósporo]] móvel, o que lhe permite propulsar-se através da água e entrar no seu hóspede anfíbio.<ref name="pmid18998584">{{citar periódico|autor =Brem FM, Lips KR.|título=''Batrachochytrium dendrobatidis'' infection patterns among Panamanian amphibian species, habitats and elevations during epizootic and enzootic stages |periódico=Diseases of Aquatic Organisms |volume=81 |número=3 |páginas=189–202 |ano=2008|pmid=18998584 |doi= 10.3354/dao01960|acessodata=2009-02-21}}</ref> Outros exemplos de fungos aquáticos incluem aqueles que vivem em zonas [[Circulação hidrotermal|hidrotermais]] dos oceanos.<ref name="Le Calvez et al 2009">{{citar periódico|autor =Le Calvez T, Burgaud G, Mahé S, Barbier G, Vandenkoornhuyse P.|título=Fungal diversity in deep sea hydrothermal ecosystems|periódico=Applied and Environmental Microbiology|volume=75|número=20|páginas=6415–21|ano=2009|doi=10.1128/AEM.00653-09|url= |pmid=19633124 |pmc=2765129}}</ref>

Estão descritas formalmente pelos taxonomistas cerca de 100 000 espécies de fungos,<ref>Esta estimativa é obtida combinando a contagem de espécies em cada filo, baseada nos valores obtidos na 10ª edição de ''Dictionary of the Fungi'' (Kirk ''et al''., 2008): Ascomycota, 64163 species (p. 55); Basidiomycota, 31515 (p. 78); Blastocladiomycota, 179 (p. 94); Chytridiomycota, 706 (p. 142); Glomeromycota, 169 (p. 287); Microsporidia, >1300 (p. 427); Neocallimastigomycota, 20 (p. 463).</ref> mas a biodiversidade global do reino dos fungos não é totalmente compreendida.<ref name="Mueller&Schmit">{{citar periódico|autor =Mueller GM, Schmit JP.|ano= 2006|título=Fungal biodiversity: what do we know? What can we predict?|periódico=Biodiversity and Conservation|volume=16|páginas=1–5|doi=10.1007/s10531-006-9117-7}}</ref> Com base em observações do quociente entre o número de espécies de fungos e o número de espécies de plantas em ambientes selecionados, estima-se que o reino dos fungos contenha cerca de 1,5 milhões de espécies.<ref name="Hawksworth">{{citar periódico|autor =Hawksworth DL.|ano= 2006|título=The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation|periódico=Mycological Research|volume=95|páginas=641–55|doi=10.1016/S0953-7562(09)80810-1}}</ref> Em termos históricos, em [[micologia]], as espécies têm sido distinguidas por vários métodos e conceitos. A classificação baseada nas caraterísticas morfológicas, como o tamanho e forma dos esporos ou das estruturas frutíferas, tem dominado tradicionalmente a taxonomia dos fungos.<ref name="Kirk et al., p. 489">Kirk ''et al''., p. 489.</ref> As espécies podem também ser distinguidas pelas suas caraterísticas [[bioquímica]]s e [[Fisiologia|fisiológicas]], tais como a sua capacidade para metabolizar certos compostos bioquímicos, ou a sua reação a testes químicos. O conceito biológico de [[espécie]] discrimina as espécies com base na sua capacidade de acasalamento. A aplicação de [[Biologia molecular|ferramentas moleculares]], como a [[Sequenciamento de ADN|sequenciação de ADN]] e a análise filogenética, no estudo da diversidade melhorou significativamente a resolução e aumentou a robustez das estimativas da [[diversidade genética]] nos vários grupos taxonómicos.<ref name="Hibbett">{{citar periódico |autor=Hibbett DS, ''et al''. |ano=2007 |título=A higher level phylogenetic classification of the ''Fungi'' |periódico=Mycological Research |volume=111 |número=5 |páginas=509–47 |doi=10.1016/j.mycres.2007.03.004 |url=http://www.clarku.edu/faculty/dhibbett/AFTOL/documents/AFTOL%20class%20mss%2023,%2024/AFTOL%20CLASS%20MS%20resub.pdf |formato=PDF |acessodata=2010-03-21 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090326135053/http://www.clarku.edu/faculty/dhibbett/AFTOL/documents/AFTOL%20class%20mss%2023%2C%2024/AFTOL%20CLASS%20MS%20resub.pdf |arquivodata=2009-03-26 |urlmorta=yes }}</ref>

== Morfologia ==
=== Estruturas microscópicas ===
[[Imagem:Penicillium labeled.jpg|thumb|esquerda|Micrografia de ''[[Penicillium]]'' spp. (1-hifa, 2-conidióforo, 3-fiálide, 4-conídios, 5-septos)]]
A maioria dos fungos desenvolve-se como [[hifa]]s, que são estruturas filamentosas, cilíndricas, com dois a 10 [[Micrómetro (unidade de medida)|µm]] de diâmetro e até vários centímetros de comprimento.

As hifas crescem nas suas extremidades (ápices); novas hifas formam-se tipicamente por meio da emergência de novas extremidades ao longo da hifa existente num processo designado “ramificação”, ou ocasionalmente por bifurcação de extremidades de uma hifa em crescimento, dando origem a duas hifas com crescimento paralelo.<ref name="Harris2008">{{citar periódico|autor =Harris SD.|ano= 2008|título=Branching of fungal hyphae: regulation, mechanisms and comparison with other branching systems|periódico=Mycologia|volume=50|páginas=823–32|pmid=19202837|doi=10.3852/08-177|número=6}}</ref> A combinação do crescimento apical com a ramificação/bifurcação conduz ao desenvolvimento de um [[micélio]], uma rede interconectada de hifas.<ref name="Alexopoulos et al., p. 30"/> As hifas podem ser septadas ou [[Cenócito|cenocíticas]]: as hifas septadas são divididas em compartimentos separados por paredes transversais (paredes celulares internas, chamadas septos, que se formam perpendicularmente à parede celular, dando à hifa a sua forma) e são uninucleares, ou seja, cada compartimento possui um único núcleo; as hifas cenocíticas não são compartimentadas.<ref>Deacon, p. 51.</ref> Os septos têm poros que permitem a passagem de [[citoplasma]], [[organelo]]s, e por vezes núcleos; um exemplo é o septo doliporo dos fungos do filo Basidiomycota.<ref>Deacon, p. 57.</ref> As hifas cenocíticas são essencialmente supercélulas multinucleadas.<ref>{{citar livro|título=Mushrooms: Cultivation, Nutritional Value, Medicinal Effect and Environmental Impact |último =Chang S-T, Miles PG. |ano=2004 |publicado=CRC Press |isbn=0849310431}}</ref>

Muitas espécies desenvolveram estruturas hifais especializadas na absorção de nutrientes dos hospedeiros vivos; dois exemplos são os [[haustório]]s nas espécies parasitas de plantas da maioria dos filos de fungos, e os [[Micorriza arbuscular|arbúsculos]] de vários fungos [[micorriza|micorrízicos]], que penetram nas células do hospedeiro para consumir nutrientes.<ref name="pmid18794914">{{citar periódico|autor =Parniske M. |título=Arbuscular mycorrhiza: the mother of plant root endosymbioses |periódico=Nature Reviews. Microbiology |volume=6 |número=10 |páginas=763–75 |ano=2008 |pmid=18794914 |doi=10.1038/nrmicro1987}}</ref>

Embora os fungos sejam [[Opisthokonta|opistocontes]] – um agrupamento de organismos evolutivamente aparentados, caraterizados em termos gerais por possuírem um único [[flagelo]] posterior – todos os filos, exceto o dos [[quitrídio]]s, perderam os seus flagelos posteriores.<ref>{{citar periódico|último =Steenkamp ET, Wright J, Baldauf SL.|ano=2006 |título=The protistan origins of animals and fungi |periódico=Molecular Biology and Evolution |volume=23 |número=1 |páginas=93–106|url=http://mbe.oxfordjournals.org/cgi/content/full/23/1/93|doi=10.1093/molbev/msj011 |pmid=16151185}}</ref> Os fungos são incomuns entre os eucariotas por terem uma parede celular que, além dos [[glicano]]s (p.e. β-1,3-glicano) e outros componentes típicos, contém também o [[biopolímero]] quitina.<ref name="Stevens">{{citar periódico|autor =Stevens DA, Ichinomiya M, Koshi Y, Horiuchi H.|ano= 2006|título=Escape of ''Candida'' from caspofungin inhibition at concentrations above the MIC (paradoxical effect) accomplished by increased cell wall chitin; evidence for β-1,6-glucan synthesis inhibition by caspofungin|periódico=Antimicrobial Agents and Chemotherapy|volume=50|páginas=3160–61|pmid=16940118|doi=10.1128/AAC.00563-06|número=9|pmc=1563524}}</ref>

=== Estruturas macroscópicas ===
[[Imagem:Armillaria ostoyae MO.jpg|direita|thumb|alt=Um aglomerado de grandes cogumelos de caules grossos, crescendo na base de uma árvore| |''[[Armillaria ostoyae]]''.]]
Os micélios dos fungos podem tornar-se visíveis a olho nu em várias superfícies e substratos, tais como paredes úmidas e comida deteriorada, sendo vulgarmente chamados [[bolor]]es ou mofos. Os micélios desenvolvidos em meio de [[Ágar-ágar|ágar]] sólido em [[placa de Petri|placas de Petri]] de laboratório são usualmente designados colónias. Estas colónias podem apresentar formas e cores de crescimento (devido aos esporos ou a [[pigmento|pigmentação]]) que podem ser usadas como caraterísticas de diagnóstico na identificação de espécies ou grupos.<ref>Hanson, pp. 127–41.</ref> Algumas colónias individuais de fungos podem atingir dimensões e idades extraordinárias, como é o caso de uma colónia [[Clone|clonal]] de ''[[Armillaria ostoyae]]'', que se estende por mais de 900 [[hectare|ha]], com uma idade estimada em cerca de 9 000 anos.<ref name="Ferguson et al.">{{citar periódico|autor =Ferguson BA, Dreisbach TA, Parks CG, Filip GM, Schmitt CL.|ano= 2003|título=Coarse-scale population structure of pathogenic ''Armillaria'' species in a mixed-conifer forest in the Blue Mountains of northeast Oregon|periódico=[[Canadian Journal of Forest Research]]|volume=33|páginas=612–23|doi=10.1139/x03-065}}</ref>

O [[apotécio]] – uma estrutura especializada importante na [[reprodução sexuada]] de [[Ascomycetes]] – é um [[corpo frutífero]] em forma de taça que contém o [[himénio]], uma camada de tecido contendo as células portadoras de esporos.<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 204–205.</ref> Os corpos frutíferos dos basidiomicetes e de alguns ascomicetes podem, por vezes, atingir grandes dimensões, e muitos são bem conhecidos como [[cogumelo]]s.

== Crescimento e fisiologia ==
O crescimento dos fungos como hifas em substratos sólidos ou como células singulares em ambientes aquáticos, está adaptado para a extração eficiente de nutrientes, pois estas formas de crescimento têm uma razão entre a área superficial e o volume bastante alta.<ref name="isbn0-521-30899-2">{{citar livro|autor =Moss ST. |título=The Biology of Marine Fungi |publicado=[[Cambridge University Press]] |local=Cambridge, UK |ano=1986 |página=76 |isbn=0-521-30899-2}}</ref> As hifas estão especificamente adaptadas ao crescimento sobre superfícies sólidas e à invasão de [[Substrato (ecologia)|substratos]] e tecidos.<ref name="Peñalva1 and Arst">{{citar periódico|autor =Peñalva MA, Arst HN.|ano=2002|título=Regulation of gene expression by ambient pH in filamentous fungi and yeasts|periódico= Microbiology and Molecular Biology Reviews|volume=66|páginas=426–46|pmid=12208998|doi=10.1128/MMBR.66.3.426-446.2002|número=3|pmc=120796}}</ref> Podem exercer grandes forças mecânicas penetrativas; por exemplo, o patógeno vegetal ''[[Magnaporthe grisea]]'' forma uma estrutura chamada apressório que evoluiu de forma a perfurar tecidos vegetais.<ref name="Howard et al.">{{citar periódico|autor =Howard RJ, Ferrari MA, Roach DH, Money NP.|ano=1991|título=Penetration of hard substrates by a fungus employing enormous turgor pressures|periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=88|páginas=11281–84|pmid=1837147|doi=10.1073/pnas.88.24.11281|número=24|pmc=53118}}</ref> A pressão gerada pelo apressório, dirigida contra a [[Epiderme (botânica)|epiderme]] da planta, pode exceder os 8 [[Pascal (unidade)|MPa]] (80 [[Bar (unidade)|bar]]).<ref name="Howard et al."/> O fungo filamentoso ''[[Paecilomyces lilacinus]]'', usa uma estrutura semelhante para penetrar os ovos de [[nemátodo]]s.<ref name="Money">{{citar livro|último =Money NP.|capítulo=Mechanics of invasive fungal growth and the significance of turgor in plant infection.|título=Molecular Genetics of Host-Specific Toxins in Plant Disease: Proceedings of the 3rd Tottori International Symposium on Host-Specific Toxins, Daisen, Tottori, Japan, August 24–29, 1997|publicado=Kluwer Academic Publishers|data=1998|local=Netherlands|páginas=261–71|isbn=0-7923-4981-4}}</ref>

[[Imagem:DecayingPeachSmall.gif|frame|esquerda|alt=Time-lapse photography sequence of a [[peach]] becoming progressively discolored and disfigured|Bolor cobrindo um pêssego em decomposição. As imagens foram obtidas a intervalos de aproximadamente 12 horas ao longo de seis dias.]]
A pressão mecânica exercida pelo apressório é gerada a partir de processos fisiológicos que aumentam o [[turgor]] intracelular ao produzirem [[osmólito]]s como o [[glicerol]].<ref name="Wang et al.">{{citar periódico|autor =Wang ZY, Jenkinson JM, Holcombe LJ, Soanes DM, Veneault-Fourrey C, Bhambra GK, Talbot NJ.|ano=2005|título=The molecular biology of appressorium turgor generation by the rice blast fungus ''Magnaporthe grisea''|periódico=Biochemical Society Transactions|volume=33|páginas=384–88|pmid=15787612|doi=10.1042/BST0330384|número=Pt 2}}</ref> Adaptações morfológicas como estas são complementadas por [[Celulase|enzimas hidrolíticas]] segregadas para o ambiente para a digestão de grandes moléculas orgânicas – como [[polissacarídeo]]s, [[proteína]]s, [[lípido]]s, e outros substratos orgânicos – em moléculas menores que podem então ser absorvidas como nutrientes.<ref name="Pereira">{{citar periódico|autor =Pereira JL, Noronha EF, Miller RN, Franco OL.|ano= 2007|título=Novel insights in the use of hydrolytic enzymes secreted by fungi with biotechnological potential|periódico=Letters in Applied Microbiology|volume=44|páginas=573–81|pmid=17576216|doi=10.1111/j.1472-765X.2007.02151.x|número=6}}</ref><ref name="Schaller">{{citar periódico|autor =Schaller M, Borelli C, Korting HC, Hube B.|ano= 2007|título=Hydrolytic enzymes as virulence factors of ''Candida albicans''|periódico=Mycoses|volume=48|páginas=365–77|pmid=16262871|doi=10.1111/j.1439-0507.2005.01165.x|número=6}}</ref><ref name="Farrar">{{citar periódico|autor =Farrar JF.|ano=1985|título=Carbohydrate metabolism in biotrophic plant pathogens|periódico=Microbiological Sciences|volume=2|páginas=314–17|pmid=3939987|número=10}}</ref> A vasta maioria dos fungos filamentosos cresce de um modo polar – i.e., por extensão numa direção – por alongamento no ápice da hifa.<ref name="Fischer et al 2008">{{citar periódico|autor =Fischer R, Zekert N, Takeshita N.|ano= 2008|título=Polarized growth in fungi—interplay between the cytoskeleton, positional markers and membrane domains|periódico=Molecular Microbiology|volume=68|páginas=813–26|pmid=18399939|doi=10.1111/j.1365-2958.2008.06193.x|número=4}}</ref> Formas alternativas de crescimento dos fungos incluem a extensão intercalar (i.e. por expansão longitudinal de compartimentos hifais que estão abaixo do ápice), como é o caso em alguns fungos [[endófito]]s,<ref name="Christensen et al 2008">{{citar periódico|autor =Christensen MJ, Bennett RJ, Ansari HA, Koga H, Johnson RD, Bryan GT, Simpson WR, Koolaard JP, Nickless EM, Voisey CR.|ano= 2008|título=''Epichloë'' endophytes grow by intercalary hyphal extension in elongating grass leaves|periódico=Fungal Genetics and Biology|volume=45|páginas=84–93|pmid=17919950|doi=10.1016/j.fgb.2007.07.013|número=2}}</ref> ou o crescimento por expansão do volume durante o desenvolvimento dos [[Estipe (micologia)|estipes]] dos cogumelos e doutros grandes órgãos.<ref name="Money 2002">{{citar periódico|autor =Money NP.|ano= 2002|título=Mushroom stem cells|periódico=[[Bioessays]]|volume=24|páginas=949–52|pmid=12325127|doi=10.1002/bies.10160|número=10}}</ref> O crescimento dos fungos como [[Multicelular|estruturas multicelulares]] consistindo de [[célula somática|células somáticas]] e reprodutoras – uma característica que evoluiu de modo independente nos animais e plantas<ref name="Willensdorfer">{{citar periódico|autor =Willensdorfer M.|ano= 2009|título=On the evolution of differentiated multicellularity|periódico=[[Evolution (journal)|Evolution]]|volume=63|páginas=306–23|pmid=19154376|doi=10.1111/j.1558-5646.2008.00541.x|número=2}}</ref> - tem várias funções, incluindo o desenvolvimento de corpos frutíferos para a disseminação dos esporos sexuais (ver acima) e de [[biofilme]]s para a colonização de substratos e [[comunicação intercelular]].<ref name="Daniels">{{citar periódico|autor =Daniels KJ, Srikantha T, Lockhart SR, Pujol C, Soll DR.|ano= 2006|título=Opaque cells signal white cells to form biofilms in ''Candida albicans''|periódico=[[EMBO Journal]]|volume=25|páginas=2240–52|pmid=16628217|doi=10.1038/sj.emboj.7601099|número=10|pmc=1462973}}</ref>

Tradicionalmente, os fungos são considerados [[heterotróficos]], organismos que dependem exclusivamente do [[Fixação do carbono|carbono fixado]] por outros organismos para o seu metabolismo. Os fungos desenvolveram um grau elevado de versatilidade metabólica, o que lhes permite utilizar uma variedade de substratos orgânicos para o seu crescimento, incluindo compostos simples como [[nitrato]], [[amónia]], [[acetato]], ou [[etanol]].<ref name="Marzluf">{{citar periódico|autor =Marzluf GA.|ano=1981|título=Regulation of nitrogen metabolism and gene expression in fungi|periódico=Microbiological Reviews|volume=45|páginas=437–61|pmid=6117784|número=3|pmc=281519}}</ref><ref name="Heynes">{{citar periódico|autor =Heynes MJ.|ano=1994|título=Regulatory circuits of the ''amdS'' gene of ''Aspergillus nidulans''|periódico=Antonie Van Leeuwenhoek|volume=65|páginas=179–82|pmid=7847883|doi=10.1007/BF00871944|número=3}}</ref> Demonstrou-se para algumas espécies que o pigmento [[melanina]] pode ter um papel na extração de energia da [[radiação ionizante]], como a [[raios gama|radiação gama]]; porém, esta forma de crescimento [[Fungo radiotrófico|radiotrófico]] foi descrita apenas em algumas poucas espécies, os efeitos nas velocidades de crescimento são pequenos, e os processos [[Biofísica|biofísicos]] e bioquímicos subjacentes são desconhecidos.<ref name="Dadachova">{{citar periódico|autor =Dadachova E, Bryan RA, Huang X, Moadel T, Schweitzer AD, Aisen P, Nosanchuk JD, Casadevall A.|ano= 2007|título=Ionizing radiation changes the electronic properties of melanin and enhances the growth of melanized fungi|periódico=[[PLoS ONE]]|volume=2|páginas=e457|pmid=17520016|doi=10.1371/journal.pone.0000457|número=5|pmc=1866175}}</ref> Os autores especulam que este processo pode ter semelhança com a fixação do [[dióxido de carbono]] via [[luz visível]], mas utilizando radiação ionizante como a fonte de energia.<ref name="Dadachova&Casadevall">{{citar periódico|autor =Dadachova E, Casadevall A.|ano= 2008|título=Ionizing radiation: how fungi cope, adapt, and exploit with the help of melanin|periódico=Current opinion in Microbiology|volume=11|páginas=525–31|pmid=18848901|doi=10.1016/j.mib.2008.09.013|número=6|pmc=2677413}}</ref>

== Reprodução ==
[[Imagem:Polyporus squamosus Molter.jpg|thumb|direita| ''[[Polyporus squamosus]].'']]
A reprodução dos fungos é complexa, refletindo as diferenças de modos de vida e da constituição genética existentes neste reino.<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 48–56.</ref>
Estima-se que um terço de todos os fungos pode reproduzir-se usando mais do que um modo de propagação; por exemplo, a reprodução pode ocorrer em dois estágios bem diferenciados no [[ciclo de vida]] de uma espécie, o [[teleomorfo]] e o [[anamorfo]].<ref>Kirk ''et al''., p. 633.</ref> As condições ambientais desencadeiam estados de desenvolvimento geneticamente determinados que conduzem à criação de estruturas especializadas para a reprodução sexuada ou assexuada. Estas estruturas auxiliam a reprodução ao dispersarem eficientemente esporos ou [[propágulo]]s contendo esporos.

=== Reprodução assexuada ===
A [[reprodução assexuada]] por meio de esporos vegetativos ([[conídio]]s) ou através da fragmentação do [[micélio]] é comum; ela mantém populações [[Clone|clonais]] adaptadas a um [[nicho ecológico]] específico e permite uma dispersão mais rápida do que a [[reprodução sexuada]].<ref name="Heitman">{{citar periódico|autor =Heitman J.|título=Sexual reproduction and the evolution of microbial pathogens|periódico=[[Current Biology]]|volume=16 |número=17 |páginas=R711–25 |ano=2005 |pmid=16950098 |doi=10.1016/j.cub.2006.07.064 |url=}}</ref> Os ''[[fungi imperfecti]]'' ou [[Deuteromycota]] (fungos que não apresentam estágio sexuado) incluem todas as espécies que não possuem um ciclo sexual observável.<ref name="isbn0-7637-0067-3">{{citar livro|autor =Alcamo IE, Pommerville J. |título=Alcamo's Fundamentals of Microbiology |publicado=Jones and Bartlett |local=Boston |ano=2004 |página=590 |isbn=0-7637-0067-3}}</ref>

=== Reprodução sexuada ===
A [[reprodução sexuada]] com [[meiose]] existe em todos os filos de fungos, exceto [[Glomeromycota]].<ref name="pmid17486965"/> Difere da reprodução sexuada de animais e plantas. Existem também diferenças entre grupos de fungos, as quais podem ser usadas para discriminar espécies em função de diferenças morfológicas nas estruturas sexuais e das estratégias de reprodução.<ref name="Guarro et al 1999">{{citar periódico|autor =Guarro J, Gené J, Stchigel AM.|título=Developments in fungal taxonomy |periódico=Clinical Microbiology Reviews|volume=12|páginas=454–500|pmid=10398676|url=http://cmr.asm.org/cgi/content/full/12/3/454|número=3|pmc=100249|ano=1999}}</ref><ref name="Taylor et al 2000">{{citar periódico|autor =Taylor JW, Jacobson DJ, Kroken S, Kasuga T, Geiser DM, Hibbett DS, Fisher MC.|ano= 2000|título=Phylogenetic species recognition and species concepts in fungi|periódico=Fungal Genetics and Biology|volume=31|páginas=21–32|doi=10.1006/fgbi.2000.1228|pmid=11118132|número=1}}</ref> Experiências de acasalamento entre isolados de fungos podem identificar espécies com base no [[conceito biológico de espécie]].<ref name="Taylor et al 2000"/> Os principais agrupamentos de fungos foram inicialmente delineados com base na morfologia das suas estruturas sexuais e esporos; por exemplo, as estruturas portadoras de esporos, [[Asco (fungos)|asco]]s e [[basídio]]s, podem ser usadas na identificação de ascomicetes e basidiomicetes, respetivamente. Algumas espécies permitem o acasalamento apenas entre indivíduos de tipo reprodutor oposto, enquanto noutras podem acasalar e reproduzir-se sexuadamente com qualquer outro indivíduo ou com eles mesmos. As primeiras dizem-se [[Heterotalia|heterotálicas]] e as segundas [[Homotalismo|homotálicas]].<ref name="Metzenberg">{{citar periódico|autor =Metzenberg RL, Glass NL.|ano= 1990|título=Mating type and mating strategies in ''Neurospora''|periódico=Bioessays|volume=12|páginas=53–59|pmid=2140508|doi=10.1002/bies.950120202|número=2}}</ref>

A maioria dos fungos tem um estágio [[haploide]] e um estágio [[diploide]] nos seus ciclos de vida. Nos fungos de reprodução sexuada, os indivíduos compatíveis podem combinar-se fundindo as suas hifas numa rede interconetada; este processo, [[anastomose]], é requerido para o início do ciclo sexual. Os ascomicetes e os basidiomicetes passam por um estágio [[dicariótico]], no qual os núcleos herdados dos dois ''pais'' não se combinam imediatamente após a fusão celular, antes permanecendo separados nas células hifais (ver [[heterocariose]]).<ref>Jennings and Lysek, pp. 107–114.</ref>
[[Imagem:Morelasci.jpg|thumb|esquerda| Ascos de ''[[Morchella elata]]'' com oito esporos, vistos com [[microscópio de contraste de fase]].]]

Nos ascomicetes, as hifas dicarióticas do [[himénio]] (a camada de tecido portador de esporos) formam um ''gancho'' caraterístico no septo hifal. Durante a [[divisão celular]], a formação do gancho assegura a correta distribuição dos núcleos recém-divididos nos compartimentos hifais apical e basal. Forma-se então um asco, no qual ocorre [[cariogamia]] (fusão dos núcleos). Os ascos estão contidos num [[ascocarpo]], ou corpo frutífero. A cariogamia nos ascos é imediatamente seguida de meiose e pela produção de [[ascósporo]]s. Após a dispersão, os ascósporos podem germinar e formar um novo micélio haploide.<ref>Deacon, p. 31.</ref>

A reprodução sexuada dos basidiomicetes é semelhante à dos ascomicetes. Hifas haploides compatíveis fundem-se para dar origem a um micélio dicariótico. Porém, a fase dicariótica é mais extensa nos basidiomicetes, estando muitas vezes presente também no micélio em crescimento vegetativo. Uma estrutura anatómica especializada, chamada [[Fíbula (micologia)|fíbula]], forma-se em cada septo hifal. Tal como com o gancho estruturalmente similar dos ascomicetes, a fíbula dos basidiomicetes é requerida para a transferência controlada de núcleos durante a divisão celular, para manter um estágio dicariótico com dois núcleos geneticamente diferentes em cada compartimento hifal.<ref>Alexopoulos ''et al''., pp. 492–93.</ref> Forma-se um [[basidiocarpo]], no qual estruturas em forma de bastão chamadas [[basídio]]s geram [[basidiósporo]]s haploides após cariogamia e meiose.<ref>Jennings and Lysek, p. 142.</ref> Os basidiocarpos mais vulgarmente conhecidos são os [[cogumelo]]s, mas também podem assumir outras formas (ver secção [[Fungos#Morfologia|Morfologia]]).

Nos [[Glomeromycetes]] (antes Zygomycetes), as hifas haploides de dois indivíduos fundem-se, formando um [[gametângio]], uma estrutura celular especializada que se torna uma célula produtora de [[gâmeta]]s férteis. O gametângio evolui para um [[zigósporo]], um esporo com parede espessa formado pela união de gâmetas. Quando o zigósporo germina, sofre meiose, gerando novas hifas haploides, as quais podem então formar [[esporangiósporo]]s assexuados. Estes esporangiósporos permitem ao fungo dispersar-se rapidamente e germinar como micélios haploides geneticamente idênticos.<ref>Deacon, pp. 21–24.</ref>

=== Dispersão de esporos ===
[[Imagem:Cyathus stercoreus Fruchtkörper.JPG|thumb|esquerda|O fungo ninho-de-pássaro ''[[Cyathus stercoreus]].'']]

Tanto os esporos assexuados como os sexuados (esporangiósporos) são frequentemente dispersos por ejeção forçada desde as suas estruturas reprodutoras. Esta ejeção garante a saída dos esporos das estruturas reprodutoras bem como a deslocação através do ar por grandes distâncias.

Mecanismos fisiológicos e mecânicos especializados, bem como as estruturas superficiais dos esporos (como as [[hidrofobina]]s), permitem a ejeção eficiente do esporo.<ref name="pmid16219510">{{citar periódico|autor =Linder MB, Szilvay GR, Nakari-Setälä T, Penttilä ME. |título=Hydrophobins: the protein-amphiphiles of filamentous fungi |periódico=FEMS Microbiology Reviews |volume=29 |número=5 |páginas=877–96 |ano=2005 |pmid=16219510 |doi=10.1016/j.femsre.2005.01.004 |url=}}</ref> Por exemplo, a estrutura das [[asco (fungos)|células portadoras de esporos]] de algumas espécies de ascomicetes é tal, que a acumulação de [[Osmólito|substâncias]] que afetam o volume celular e o equilíbrio de fluidos, permite a descarga explosiva dos esporos no ar.<ref name="Trail">{{citar periódico|autor =Trail F.|ano= 2007|título=Fungal cannons: explosive spore discharge in the Ascomycota|periódico=FEMS Microbiology Letters|volume=276|páginas=12–18|pmid=17784861|doi=10.1111/j.1574-6968.2007.00900.x|número=1}}</ref> A descarga forçada de esporos individuais, designados «balistósporos», envolve a formação de uma pequena gota de água (gota de Buller), que por contacto com o esporo leva à sua libertação com uma aceleração inicial superior a 10 000[[G (Física)|g]];<ref name="Pringle et al.">{{citar periódico|autor =Pringle A, Patek SN, Fischer M, Stolze J, Money NP.|ano= 2005|título=The captured launch of a ballistospore|periódico=[[Mycologia]]|volume=97|páginas=866–71|pmid=16457355|doi=10.3852/mycologia.97.4.866|número=4}}</ref> o resultado é o esporo ser ejetado a 0,01 – 0,02&nbsp;cm, distância suficiente para que caia através das [[Lamela (micologia)|lamelas]], ou poros, para o ar abaixo.<ref>Kirk ''et al''., p. 495.</ref> Outros fungos, como os do género ''[[Lycoperdon]]'', dependem de mecanismos alternativos para a libertação dos esporos, como forças mecânicas exteriores. O [[Nidulariaceae|fungo ninho-de-pássaro]] usa a força das gotas de água em queda para libertar os esporos dos corpos frutíferos em forma de taça.<ref>{{citar livro |ultimo=Brodie |primeiro=HJ. |titulo=The Bird's Nest Fungi |editora=University of Toronto Press |local=Toronto|ano=1975|isbn=0-8020-5307-6 |pagina=80}}</ref> Outra estratégia é observada em [[Phallaceae]], um grupo de fungos com cores vivas e odor pútrido, que atraem insetos para dispersarem os seus esporos.<ref>Alexopoulos ''et al''., p. 545.</ref>

=== Outros processos sexuados ===
[[Imagem:Amanita muscaria 01.jpg|thumb|200x200px|''[[Amanita muscaria]].'']]
Além da reprodução sexuada normal com meiose, certos fungos, como os dos géneros ''[[Penicillium]]'' e ''[[Aspergillus]]'', podem trocar material genético por processos parassexuais, iniciados pela anastomose entre as hifas e [[plasmogamia]] das células dos fungos.<ref>Jennings and Lysek, pp. 114–15.</ref>
A frequência e importância relativa dos eventos parassexuais não são claras, e podem ser menores que as dos outros processos sexuados. Sabe-se que tem um papel na hibridização intra-específica.<ref name="Furlaneto">{{citar periódico|autor =Furlaneto MC, Pizzirani-Kleiner AA.|ano= 1992|título=Intraspecific hybridisation of ''Trichoderma pseudokoningii'' by anastomosis and by protoplast fusion|periódico= FEMS Microbiology Letters|volume=69|páginas=191–95|pmid=1537549|doi=10.1111/j.1574-6968.1992.tb05150.x|número=2}}</ref> e é provavelmente requerida para a hibridização entre espécies, a qual foi associada com os principais eventos na evolução dos fungos.<ref name="Schardl">{{citar periódico|autor =Schardl CL, Craven KD.|ano= 2003|título=Interspecific hybridization in plant-associated fungi and oomycetes: a review|periódico= Molecular Ecology|volume=12|páginas=2861–73|pmid=14629368|doi=10.1046/j.1365-294X.2003.01965.x|número=11}}</ref>

== Evolução ==
Em contraste com os dados conhecidos sobre a história evolutiva das plantas e animais, o registo fóssil antigo dos fungos é muito escasso. Entre os fatores que provavelmente contribuem para a sub-representação das espécies de fungos no registo fóssil incluem-se a natureza dos [[Esporocarpo (fungos)|esporocarpos]], que são tecidos moles, carnosos, e facilmente degradáveis, bem como as dimensões microscópicas da maioria das estruturas fúngicas, as quais não são, portanto, muito evidentes. Os fósseis de fungos são difíceis de distinguir daqueles de outros micróbios, e são mais facilmente identificáveis quando se assemelham a fungos atualmente existentes.<ref name="isbn0-19-517234-5">{{citar livro|autor =Donoghue MJ, Cracraft J. |título=Assembling the tree of life |publicado=Oxford University Press |local=Oxford (Oxfordshire)|ano=2004 |página=187 |isbn=0-19-517234-5}}</ref> Muitas vezes recuperadas de um hospedeiro vegetal ou animal [[Permineralização|permineralizado]], estas amostras são tipicamente estudadas usando preparações em [[lâmina delgada]] que podem ser examinadas com o [[microscópio ótico]] ou por [[microscópio eletrónico de transmissão]].<ref>Taylor and Taylor, p. 19.</ref> Os [[Fóssil de compressão|fósseis de compressão]] são estudados por dissolução da matriz circundante com ácido e usando os meios de microscopia já indicados para examinar os detalhes da sua superfície.<ref>Taylor and Taylor, pp. 7–12.</ref>

Os mais antigos fósseis que apresentam caraterísticas típicas dos fungos datam do éon [[Proterozoico]], há cerca de 1 430 milhões de anos; estes organismos [[bêntico]]s multicelulares possuíam estruturas filamentosas com septos, e eram capazes de anastomose.<ref name="Butterfield2005">{{citar periódico|autor = Butterfield NJ.|ano= 2005|título= Probable Proterozoic fungi|periódico= Paleobiology| volume = 31|número= 1|páginas= 165–82| url = http://paleobiol.geoscienceworld.org/cgi/content/abstract/31/1/165| doi =10.1666/0094-8373(2005)031<0165:PPF>2.0.CO;2}}</ref> Estudos mais recentes (2009), estimam o aparecimento de organismos fúngicos há aproximadamente 760 – 1060 milhões de anos com base em comparações das taxa de evolução em grupos aparentados.<ref name="Lucking et al2009">{{citar periódico|autor =Lucking R, Huhndorf S, Pfister D, Plata ER, Lumbsch H.|título=Fungi evolved right on track|periódico=Mycologia|volume=101|número=6|páginas=810–822|ano=2009|doi=10.3852/09-016|url=http://www.mycologia.org/cgi/content/abstract/09-016v1|pmid=19927746}}</ref> Durante grande parte da era [[Paleozóico|paleozoica]] (há 542 – 251 milhões de anos), os fungos parecem ter sido aquáticos e consistiriam de organismos semelhantes aos atuais [[quitrídio]]s, com esporos flagelados.
<ref name="James">{{citar periódico|autor =James TY, ''et al''.|ano= 2006|título=Reconstructing the early evolution of Fungi using a six-gene phylogeny|periódico=Nature|volume=443|páginas=818–22|pmid=17051209 | doi = 10.1038/nature05110|número=7113}}</ref> A adaptação evolutiva a um modo de vida terrestre necessitou uma diversificação das estratégias ecológicas para a obtenção de nutrientes, incluindo o [[parasitismo]], o [[Saprófita|saprobismo]], e o desenvolvimento de relações [[mutualismo (biologia)|mutualistas]] como as [[micorriza]]s e a liquenização.<ref>Taylor and Taylor, pp. 84–94 and 106–107.</ref> Estudos recentes (2009) sugerem que o estado ecológico ancestral dos Ascomycota era o saprobismo e que eventos independentes de liquenização ocorreram múltiplas vezes.<ref>{{citar periódico|último =Schoch CL, Sung G-H, López-Giráldez F ''et al''. |ano=2009 |título=The Ascomycota tree of life: A phylum-wide phylogeny clarifies the origin and evolution of fundamental reproductive and ecological traits |periódico=Systematic Biology |volume=58 |número=2 |páginas=224–39 |doi=10.1093/sysbio/syp020}}</ref>

Os fungos colonizaram a terra provavelmente durante o [[Câmbrico]] (há 542 – 488 milhões de anos), muito antes das plantas terrestres.<ref name="Brundrett2002">{{citar periódico|autor = Brundrett MC.|ano= 2002|título= Coevolution of roots and mycorrhizas of land plants|periódico= New Phytologist| volume = 154|número= 2|páginas= 275–304| doi = 10.1046/j.1469-8137.2002.00397.x}}</ref> Hifas fossilizadas e esporos recuperados do [[Ordovícico]] de Wisconsin (460 milhões de anos) assemelham-se a [[Glomerales]] atuais, e existiram numa altura em que a flora terrestre provavelmente consistia apenas de plantas avasculares semelhantes às [[Bryophyta sensu stricto|briófitas]].<ref name="pmid10988069">{{citar periódico|autor =Redecker D, Kodner R, Graham LE. |título=Glomalean fungi from the Ordovician |periódico=Science |volume=289 |número=5486 |páginas=1920–21 |ano=2000 |pmid=10988069 |doi= 10.1126/science.289.5486.1920|url=}}</ref> ''[[Prototaxites]]'', que era provavelmente um fungo ou um líquen, terá sido o organismo mais alto do final do [[Silúrico]]. Os fósseis de fungos apenas se tornam comuns e incontroversos no início do [[Devónico]] (há 416 – 359 milhões de anos), sendo abundantes no [[cherte de Rhynie]], sobretudo Zygomycota e Chytridiomycota.<ref name="Brundrett2002"/><ref>{{citar periódico|último = Taylor TN, Taylor EL. |ano= 1996 |título=The distribution and interactions of some Paleozoic fungi |periódico=Review of Palaeobotany and Palynology |volume=95 |número=1–4 |páginas=83–94 |doi=10.1016/S0034-6667(96)00029-2}}</ref><ref>{{citar periódico|último =Dotzler N, Walker C, Krings M, Hass H, Kerp H, Taylor TN, Agerer R. |ano=2009|título=Acaulosporoid glomeromycotan spores with a germination shield from the 400-million-year-old Rhynie chert|periódico=Mycological Progress|volume=8 |número=1 |páginas=9–18 |doi=10.1007/s11557-008-0573-1}}</ref> Por esta mesma altura, há cerca de 400 milhões de anos, os Ascomycota e os Basidiomycota divergiram,<ref name="pmid17486961">{{citar periódico|autor =Taylor JW, Berbee ML. |título=Dating divergences in the Fungal Tree of Life: review and new analyses |periódico=Mycologia |volume=98 |número=6 |páginas=838–49 |ano=2006 |pmid=17486961 |doi= 10.3852/mycologia.98.6.838|url=}}</ref> e todas as [[Classe (biologia)|classes]] de fungos modernos estavam presentes no final do [[Carbónico]] ([[Pennsylvaniano]], há 318 – 299 milhões de anos).<ref name="urlFungi">{{citar web|url=http://tolweb.org/Fungi/2377 |título=Fungi. Eumycota: mushrooms, sac fungi, yeast, molds, rusts, smuts, etc. |autor =Blackwell M, Vilgalys R, James TY, Taylor JW.|publicado=Tree of Life Web Project|data=2009 |acessodata=2009-04-25}}</ref> A evidência mais antiga de fungo terrestre pode ser um pequeno microfóssil com 635 milhões de anos, encontrado em uma caverna no sul da China.<ref>{{Citar web |ultimo=January 2021 |primeiro=Mindy Weisberger-Senior Writer 31 |url=https://www.livescience.com/fungi-fossil-oldest-terrestrial-life.html |titulo=635 million-year-old fossil is the oldest known land fungus |acessodata=2021-02-01 |website=livescience.com |lingua=en}}</ref>

Fósseis semelhantes a [[líquen]]es foram encontrados na [[formação Doushantuo]] no sul da China, datados de há 635 a 551 milhões de anos.<ref name="pmid15890881">{{citar periódico|autor =Yuan X, Xiao S, Taylor TN. |título=Lichen-like symbiosis 600 million years ago |periódico=Science (New York, N.Y.) |volume=308 |número=5724 |páginas=1017–20 |ano=2005 |pmid=15890881 |doi=10.1126/science.1111347 |url=http://www.sciencemag.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=15890881}}</ref> Os líquenes eram um componente dos primeiros ecossistemas terrestres, e a idade estimada do mais antigo fóssil de líquen terrestre é 400 milhões de anos;<ref>{{citar periódico|último =Karatygin IV, Snigirevskaya NS, Vikulin SV. |ano=2009 |título=The most ancient terrestrial lichen ''Winfrenatia reticulata'': A new find and new interpretation |periódico=Paleontological Journal |volume=43 |número=1 |páginas=107–14|url=http://www.springerlink.com/content/g8l8708r5gr36646/fulltext.pdf |doi=10.1134/S0031030109010110}}</ref> esta data corresponde à idade do mais antigo esporocarpo fóssil conhecido, uma espécie de ''Paleopyrenomycites'' encontrada no cherte de Rhynie.<ref name="pmid16389979">{{citar periódico|autor =Taylor TN, Hass H, Kerp H, Krings M, Hanlin RT. |título=Perithecial Ascomycetes from the 400 million year old Rhynie chert: an example of ancestral polymorphism |periódico=Mycologia |volume=97 |número=1 |páginas=269–85 |ano=2005 |pmid=16389979 |doi= 10.3852/mycologia.97.1.269|url= |acessodata=}}</ref> O mais antigo fóssil com caraterísticas microscópicas semelhantes aos atuais basidiomicetes é ''Palaeoancistrus'', encontrado permineralizado com um [[feto]] do Pennsylvaniano.<ref>{{citar periódico|último = Dennis RL.|ano=1970 |título=A Middle Pennsylvanian basidiomycete mycelium with clamp connections |periódico=Mycologia |volume=62 |número= 3|páginas=578–84 |doi= 10.2307/3757529}}</ref> Raros no registo fóssil são os Homobasidiomycetes (um [[táxon]] aproximadamente equivalente às espécies produtoras de cogumelos de [[Agaricomycetes]]). Dois espécimes preservados em [[âmbar]] constituem evidência de que os mais antigos fungos produtores de cogumelos que se conhecem (a espécie extinta ''Archaeomarasmius legletti'') surgiram durante o [[Cretáceo]] Médio, há 90 milhões de anos.<ref>{{citar periódico|último =Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. |ano=1995|título=Cretaceous mushrooms in amber |periódico=Nature |volume=487|página=487}}</ref><ref>{{citar periódico|último = Hibbett DS, Grimaldi D, Donoghue MJ. |ano=1997 |título=Fossil mushrooms from Miocene and Cretaceous ambers and the evolution of homobasidiomycetes|periódico=American Journal of Botany |volume=84 |número= 7|páginas=981–91 |doi= 10.2307/2446289}}</ref>

Algum tempo após a [[extinção permo-triássica]] (há 251 milhões de anos), ocorreu um pico de abundância de fungos (originalmente entendido como uma abundância extraordinária de esporos de fungos nos [[sedimento]]s), sugerindo que os fungos eram a forma de vida dominante deste período, representando quase 100% do [[registo fóssil]] disponível para o mesmo.<ref name="eshet">{{citar periódico|último =Eshet Y, Rampino MR, Visscher H.|ano=1995|título=Fungal event and palynological record of ecological crisis and recovery across the Permian-Triassic boundary |periódico=Geology |volume=23 |número=1 |páginas=967–70 |doi=10.1130/0091-7613(1995)023<0967:FEAPRO>2.3.CO;2}}</ref> Contudo, a proporção relativa de esporos fúngicos relativamente aos esporos formados por espécies de [[algas]], é difícil de avaliar,<ref name="FosterEtAl2002">{{citar periódico|autor = Foster CB, Stephenson MH, Marshall C, Logan GA, Greenwood PF. |ano= 2002 |título= A revision of Reduviasporonites Wilson 1962: description, illustration, comparison and biological affinities|periódico= Palynology | volume = 26 |número= 1 |páginas= 35–58 | doi = 10.2113/0260035 | url=http://palynology.geoscienceworld.org/cgi/content/abstract/26/1/35}}</ref> o pico não apareceu em todo o mundo,<ref>{{citar periódico|título=Permian-Triassic transition in Spain: a multidisciplinary approach |periódico=Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology |volume=229 |número=1–2 |ano=2005 |páginas=1–2 |doi=10.1016/j.palaeo.2005.06.028 | url=http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V6R-4GR8RWF-5&_user=1495569&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000053194&_version=1&_urlVersion=0&_userid=1495569&md5=537a1a5b0a8e04cca2221ecb12afb1e9 |autor =López-Gómez J, Taylor EL.}}</ref><ref name="LooyEtAl2005EndPermianDeadZone">{{citar periódico|autor = Looy CV, Twitchett RJ, Dilcher DL, Van Konijnenburg-van Cittert JHA, Visscher H.|ano=2005|título= Life in the end-Permian dead zone |periódico= Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume = 162 |número= 4|páginas= 653–59 |doi = 10.1073/pnas.131218098|citação= See image 2 | pmid = 11427710|pmc = 35436}}</ref> e em muitos locais não diminuiu no limite permo-triássico.<ref name="wardetal">{{citar periódico|autor =Ward PD, Botha J, Buick R, De Kock MO, Erwin DH, Garrison GH, Kirschvink JL, Smith R.|ano=2005|título=Abrupt and gradual extinction among late Permian land vertebrates in the Karoo Basin, South Africa|periódico=Science|volume=307|número=5710|páginas=709–14|doi=10.1126/science.1107068|pmid=15661973}}</ref>

== Taxonomia ==

Embora tradicionalmente incluídos em muitos programas e manuais de botânica, pensa-se agora que os fungos estão mais próximos dos animais do que das plantas e são colocados juntamente com os animais no grupo [[monofilético]] dos [[Opisthokonta|opistocontes]].<ref name="pmid18461162">{{citar periódico|autor =Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T.|título=Multigene phylogeny of choanozoa and the origin of animals |periódico=PLoS ONE |volume=3 |número=5 |páginas=e2098 |ano=2008 |pmid=18461162 |pmc=2346548 |doi=10.1371/journal.pone.0002098 |url=http://dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0002098 |acessodata=2009-04-25}}</ref> Análises feitas usando a [[filogenética molecular]] suportam a origem monofilética dos fungos.<ref name="Hibbett"/> A taxonomia dos fungos encontra-se num estado de fluxo constante, especialmente devido a pesquisas recentes baseadas em comparações de ADN ([[ácido desoxirribonucleico]]). Estas análises filogenéticas atuais revogam frequentemente classificações baseadas em métodos mais antigos e menos discriminatórios, baseados em traços morfológicos e conceitos biológicos de espécie, obtidos de acasalamentos experimentais.<ref>Ver {{link|en|http://www.palaeos.com/Fungi/default.htm| Palaeos: Fungi |4=para uma introdução à taxonomia dos fungos, incluindo controvérsias recentes.}}</ref>

Não existe um sistema único de aceitação geral para os níveis taxonómicos mais elevados e ocorrem frequentes mudanças de nomes em todos os patamares acima de espécie. Existem actualmente esforços entre os investigadores para estabelecer e encorajar o uso de uma [[Nomenclatura botânica|nomenclatura]] unificada e mais consistente.<ref name="Hibbett"/><ref name="Celio et al 2006">{{citar periódico|autor =Celio GJ, Padamsee M, Dentinger BT, Bauer R, McLaughlin DJ.|título=Assembling the Fungal Tree of Life: constructing the structural and biochemical database |periódico=Mycologia|volume=98|número=6 |páginas=850–59|ano=2006 |pmid=17486962 |pmc=|doi=10.3852/mycologia.98.6.850}}</ref> As espécies de fungos podem também ter múltiplos nomes científicos dependendo do seu ciclo de vida e modo de reprodução (sexuada ou assexuada). Os sítios da internet como [[Index Fungorum]] e [[Integrated Taxonomic Information System|ITIS]] listam nomes atuais das espécies de fungos (com referências cruzadas para os sinónimos mais antigos).

A classificação do reino Fungi de 2007 é o resultado de um trabalho de investigação colaborativa em grande escala envolvendo dezenas de micologistas e outros cientistas que trabalham sobre a taxonomia dos fungos.<ref name="Hibbett"/> Esta classificação reconhece oito [[filo]]s, dois dos quais - Ascomycota e Basidiomycota – estão contidos num ramo que representa o sub-reino [[Dikarya]]. O [[Árvore filogenética|cladograma]] à direita representa os principais táxons de fungos e a sua relação com os organismos opistocontes e unicontes. Os comprimentos dos ramos desta árvore não são proporcionais às distâncias evolutivas.<ref> "The Mycota: A Comprehensive Treatise on Fungi as Experimental Systems for Basic and Applied Research"</ref><ref>{{citar periódico |ultimo1= Tedersoo |primeiro1= Leho |ultimo2= Sanchez-Ramırez |primeiro2= Santiago |ultimo3= Koljalg |primeiro3= Urmas |ultimo4= Bahram |primeiro4= Mohammad |ultimo5= Doring |primeiro5= Markus |ultimo6= Schigel |primeiro6= Dmitry |ultimo7= May |primeiro7= Tom |ultimo8= Ryberg |primeiro8= Martin |ultimo9= Abarenkov |primeiro9= Kessy |titulo= High-level classification of the Fungi and a tool for evolutionary ecological analyses |periódico= Fungal Diversity |data= 22 de fevereiro de 2018 |volume= 90 |numero= 1 |páginas= 135–159 |doi= 10.1007/s13225-018-0401-0}}</ref><ref name="Spatafora">{{citar periódico |ultimo= Spatafora |primeiro= Joseph W. |ultimo2= Chang |primeiro2= Ying |ultimo3= Benny |primeiro3= Gerald L. |ultimo4= Lazarus |primeiro4= Katy |ultimo5= Smith |primeiro5= Matthew E. |ultimo6= Berbee |primeiro6= Mary L. |ultimo7= Bonito |primeiro7= Gregory |ultimo8= Corradi |primeiro8= Nicolas |ultimo9= Grigoriev |primeiro9= Igor |data=  |ano= 2016 |titulo= A phylum-level phylogenetic classification of zygomycete fungi based on genome-scale data |url=  |periódico= Mycologia |editora=  |volume= 108 |numero= 5 |páginas= 1028–1046 |doi= 10.3852/16-042 |issn= 0027-5514 |ref= harv |via=  |ultimo10= Gryganskyi |primeiro10= Andrii |ultimo11= James |primeiro11= Timothy Y. |ultimo12= O’Donnell |primeiro12= Kerry |ultimo13= Roberson |primeiro13= Robert W. |ultimo14= Taylor |primeiro14= Thomas N. |ultimo15= Uehling |primeiro15= Jessie |ultimo16= Vilgalys |primeiro16= Rytas |ultimo17= White |primeiro17= Merlin M. |ultimo18= Stajich |primeiro18= Jason E. |pmc= 6078412 |pmid= 27738200}}</ref>

{{Clade
| style= font-size:100%; line-height:100%
| label1='''Fungi'''&nbsp;
 |1={{Clade
 |1={{Clade
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   | 1={{Clade
       | 1=&nbsp;[[Rozellomycota]] [[File:Rozella allomycis2.jpg|80px]]
       | 2=&nbsp;[[Microsporidia|Microsporidiomycota]] [[File:Msp_tubule_EM.jpg|70px]]}} }}
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   | 1=&nbsp;[[Aphelidiomycota]] [[File:Amoeboaphelidium.jpg|50px]]
  | label2=[[Eumycota]]
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     | 1={{Clade
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         | 1=[[Zoopagomycota]] [[File:Rhopalomyces elegans 215425.jpg|70px]]
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             | label2=&nbsp;[[Dikarya]]&nbsp;
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                 | 1=&nbsp;[[Ascomycota]] [[File:2011-04-30 Morchella esculenta.jpg|80px]]
                 | 2=&nbsp;[[Basidiomycota]] [[File:2006-10-25 Amanita muscaria crop.jpg|81px]]}} }} }} }} }} }} }} }} }} }}

=== Grupos taxonómicos ===
{{VT|Lista de ordens de fungos}}

Os filos principais (por vezes chamados divisões) dos fungos foram classificados sobretudo com base nas características das suas estruturas [[reprodução|reprodutoras]]. Correntemente, são propostos sete filos: Microsporidia, Chytridiomycota, Blastocladiomycota, Neocallimastigomycota, Glomeromycota, Ascomycota, e Basidiomycota.<ref name="Hibbett"/>

[[Imagem:Arbuscular mycorrhiza microscope.jpg|thumb|direita|[[Micorriza arbuscular]] vista ao microscópio. Células corticais da raiz de [[linho]] contendo arbúsculos emparelhados.]]

A análise filogenética demonstrou que os [[Microsporidia]], parasitas unicelulares de animais e [[protista]]s, são fungos endobióticos altamente derivados (vivem nos tecidos de outra espécie) e bastante recentes.<ref name="James"/><ref name="pmid16626896">{{citar periódico|autor =Gill EE, Fast NM. |título=Assessing the microsporidia-fungi relationship: Combined phylogenetic analysis of eight genes |periódico=Gene |volume=375 |número= |páginas=103–9 |ano=2006 |pmid=16626896 |doi=10.1016/j.gene.2006.02.023 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0378-1119(06)00206-X}}</ref> Um estudo de 2006 conclui que os Microsporidia constituem um grupo irmão dos fungos verdadeiros, isto é, cada um deles é o parente evolutivo mais próximo do outro.<ref name="pmid17010206">{{citar periódico|autor =Liu YJ, Hodson MC, Hall BD. |título=Loss of the flagellum happened only once in the fungal lineage: phylogenetic structure of kingdom Fungi inferred from RNA polymerase II subunit genes |periódico=BMC Evolutionary Biology |volume=6 |página=74 |ano=2006 |pmid=17010206 |pmc=1599754 |doi=10.1186/1471-2148-6-74 |url=http://www.biomedcentral.com/1471-2148/6/74}}</ref> Hibbett e colegas sugerem que esta análise não colide com a sua classificação de Fungi, e embora Microsporidia tenha sido elevado ao estatuto de filo, reconhece-se que é necessária análise suplementar para clarificar as relações evolutivas no seio deste grupo.<ref name="Hibbett"/>

Os [[Chytridiomycota]] são vulgarmente conhecidos como quitrídios e têm uma distribuição mundial. Produzem [[zoósporo]]s capazes de movimento ativo através de fases aquosas, com um único flagelo, o que levou os [[Taxonomia|taxonomistas]] antigos a classificá-los como [[protista]]s. As filogenias moleculares, inferidas de sequências de [[ARN ribossômico|ARN ribossómico]] em [[Ribossomo|ribossomas]], sugerem que os quitrídios são um grupo [[Basal (filogenética)|basal]] divergente dos outros filos de fungos, consistindo de quatro [[clado]]s principais com evidências sugestivas de [[Parafilético|parafilia]] ou possivelmente [[Polifilético|polifilia]].<ref name="James2">{{citar periódico|autor =James TY, Letcher PM, Longcore JE, Mozley-Standridge SE, Porter D, Powell MJ, Griffith GW, Vilgalys R.|ano=2006|título=A molecular phylogeny of the flagellated fungi (Chytridiomycota) and description of a new phylum (Blastocladiomycota)|periódico=[[Mycologia]]|volume=98|páginas=860–71|pmid=17486963|doi=10.3852/mycologia.98.6.860|número=6}}</ref>

Os [[Blastocladiomycota]] eram antes considerados um clado taxonómico dos Chytridiomycota. Contudo, dados moleculares recentes e caraterísticas [[ultraestrutura]]is, colocam-nos como um clado irmão de Zygomycota, Glomeromycota, e Dikarya (Ascomycota e Basidiomycota). São [[saprófita]]s, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, e são parasitas de todos os grupos eucariotas. Ao contrário dos seus parentes mais próximos, os quitrídios, que apresentam sobretudo meiose zigótica, os blastocladiomicetes apresentam meiose espórica.<ref name="James"/>

Os [[Neocallimastigomycota]] estavam antes colocados no filo Chytridomycota. Os membros deste pequeno filo são [[Anaerobiose|organismos anaeróbicos]], vivendo no sistema digestivo de grandes mamíferos herbívoros e possivelmente em outros ambientes terrestres e aquáticos. Não têm [[mitocôndria]]s mas contêm [[Hidrogenossomo|hidrogenossomas]] de origem mitocondrial. Como os quitrídios, os neocallimastigomicetes formam zoósporos que são posteriormente uniflagelados ou poliflagelados.<ref name="Hibbett"/>

Os membros de [[Glomeromycota]] formam [[Micorriza arbuscular|micorrizas arbusculares]], uma forma de [[simbiose]] na qual hifas fúngicas invadem células das raízes de plantas e ambas as espécies beneficiam do aumento resultante no fornecimento de nutrientes. Todas as espécies conhecidas de Glomeromycota reproduzem-se assexuadamente.<ref name="pmid17486965">{{citar periódico|autor =Redecker D, Raab P. |título=Phylogeny of the Glomeromycota (arbuscular mycorrhizal fungi): recent developments and new gene markers |periódico=Mycologia |volume=98 |número=6 |páginas=885–95  |ano=2006 |pmid=17486965 |doi=10.3852/mycologia.98.6.885}}</ref>
A associação simbiótica entre Glomeromycota e as plantas é antiga, existindo provas da sua existência há 400 milhões de anos.<ref name="Remy et al."/> Anteriormente parte de [[Zygomycota]], Glomeromycota foi elevado ao estatuto de filo em 2001 e actualmente substitui o filo Zygomycota.<ref>{{citar periódico|último = Schüssler A, Schwarzott D, Walker C.|ano=2001 |título=A new fungal phylum, the ''Glomeromycota'': phylogeny and evolution |periódico=Mycological Research|volume=105 |número=12 |páginas=1413–21 |doi= 10.1017/S0953756201005196}}</ref> Fungos antes classificados em Zygomycota estão agora a ser reclassificados em Glomeromycota, ou nos subfilos ''[[incertae sedis]]'' [[Mucoromycotina]], [[Kickxellomycotina]], [[Zoopagomycotina]] e [[Entomophthoromycotina]].<ref name="Hibbett"/> Alguns exemplos bem conhecidos de fungos anteriormente incluídos em Zygomycota incluem o bolor preto do pão (''[[Rhizopus stolonifer]]''), e espécies do género ''[[Pilobolus]]'', capazes de ejectar esporos a vários metros de altura através do ar.<ref>Alexopoulos ''et al.'', p. 145.</ref> Entre os géneros medicamente relevantes incluem-se ''[[Mucor]]'', ''[[Rhizomucor]]'', e ''[[Rhizopus]]''.

[[Imagem:Ascocarp2.png|thumb|direita|alt=Cross-section of a cup-shaped structure showing locations of developing meiotic asci (upper edge of cup, left side, arrows pointing to two gray-colored cells containing four and two small circles), sterile hyphae (upper edge of cup, right side, arrows pointing to white-colored cells with a single small circle in them), and mature asci (upper edge of cup, pointing to two gray-colored cells with eight small circles in them)|Diagrama de um [[apotécio]] (a estrutura reprodutora em forma de taça típica de Ascomycetes) mostrando tecidos estéreis além de ascos maduros e em desenvolvimento.]]

Os [[Ascomycota]], vulgarmente conhecidos como fungos de saco ou ascomicetes, constituem o maior grupo taxonómico entre os Eumycota.<ref name="Kirk et al., p. 489"/> Estes fungos formam esporos meióticos chamados [[ascósporo]]s, envolvidos por uma estrutura semelhante a um saco chamada [[asco (fungos)|asco]]. Este filo inclui o género ''[[Morchella]]'', alguns cogumelos e [[trufa]]s, [[levedura]]s unicelulares (por exemplo dos géneros ''[[Saccharomyces]]'', ''[[Kluyveromyces]]'', ''[[Pichia]]'', e ''[[Candida (género)|Candida]]''), e muitos fungos filamentosos que vivem como saprófitas, parasitas, e simbiontes mutualistas. Entre os géneros de ascomicetes mais importantes e relevantes incluem-se ''[[Aspergillus]]'', ''[[Penicillium]]'', ''[[Fusarium]]'', e ''[[Claviceps]]''. Em muitas espécies de ascomicetes foi apenas observada reprodução assexuada (ditas espécies [[anamorfo|anamorfas]]), mas a análise de dados moleculares tem sido frequentemente capaz de identificar os seus [[teleomorfo]]s mais próximos entre os Ascomycota.<ref name="pmid18943925">For an example, see {{citar periódico|autor =Samuels GJ. |título=''Trichoderma'': systematics, the sexual state, and ecology |periódico=Phytopathology |volume=96 |número=2 |páginas=195–206 |ano=2006 |pmid=18943925 |doi=10.1094/PHYTO-96-0195 |url=}}</ref> Uma vez que os produtos da meiose são retidos no asco, os ascomicetes têm sido usados para elucidar os princípios da genética e da hereditariedade (por exemplo ''[[Neurospora crassa]]'').<ref name="pmid9290240">{{citar periódico|autor =Radford A, Parish JH. |título=The genome and genes of ''Neurospora crassa'' |periódico=Fungal Genetics and Biology: FG & B |volume=21 |número=3 |páginas=258–66 |ano=1997 |pmid=9290240 |doi=10.1006/fgbi.1997.0979 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1087-1845(97)90979-8}}</ref>

Os membros de [[Basidiomycota]], vulgarmente chamados fungos de bastão ou basidiomicetes, produzem [[meiósporo]]s chamados [[basidiósporo]]s em estruturas chamadas [[basídio]]s. A maioria dos comuns cogumelos pertence a este grupo, bem como as [[Uredinales|ferrugens]] e os [[Ustilaginomycetes|carvões]] (como o carvão-do-milho, ''[[Ustilago maydis]]''),<ref name="pmid7632354">{{citar periódico|autor =Valverde ME, Paredes-López O, Pataky JK, Guevara-Lara F. |título=Huitlacoche (''Ustilago maydis'') as a food source—biology, composition, and production |periódico=Critical Reviews in Food Science and Nutrition |volume=35 |número=3 |páginas=191–229 |ano=1995 |pmid=7632354 |doi=10.1080/10408399509527699}}</ref> espécies [[Comensalismo|comensais]] humanas do género ''[[Malassezia]]'',<ref name="pmid19437895">{{citar periódico|autor =Zisova LG. |título=''Malassezia'' species and seborrheic dermatitis |periódico=Folia Medica |volume=51 |número=1 |páginas=23–33 |ano=2009 |pmid=19437895}}</ref> e o patógeno [[Doença oportunista|oportunista]] humano, ''[[Cryptococcus neoformans]]''.<ref name="pmid16696642">{{citar periódico|autor =Perfect JR. |título=''Cryptococcus neoformans'': the yeast that likes it hot |periódico=FEMS Yeast Research |volume=6 |número=4 |páginas=463–68 |ano=2006 |pmid=16696642 |doi=10.1111/j.1567-1364.2006.00051.x |url=}}</ref>

=== Organismos semelhantes aos fungos ===
Por causa das semelhanças morfológicas e de modo de vida, Myxomycetes e Oomycetes eram anteriormente classificados no reino Fungi. Ao contrário do que sucede com os fungos verdadeiros, as paredes celulares destes organismos contêm celulose e não têm quitina. Os Myxomycetes são unicontes como os fungos, mas são agrupados em [[Amoebozoa]]. Os Oomycetes são [[Bikonta|bicontes]], agrupados no reino [[Chromalveolata]]. Nenhum destes dois grupos é aparentado com os fungos verdadeiros, e, portanto, os [[Taxonomia|taxonomistas]] já não os incluem no reino Fungi. Apesar disso, estudos sobre Oomycetes e Myxomycetes são ainda frequentemente incluídos em manuais de [[micologia]] e em literatura de pesquisa primária.<ref name="isbn0-12-509551-1">{{citar livro|último =Blackwell M, Spatafora JW.|editor-sobrenome =Bills GF, Mueller GM, Foster MS.|capítulo=Fungi and their allies |título=Biodiversity of Fungi: Inventory and Monitoring Methods |publicado=Elsevier Academic Press |local=Amsterdam |ano=2004 |páginas=18–20 |isbn=0-12-509551-1}}</ref>

Os [[Nucleariida]], actualmente agrupados em [[Choanozoa]], poderão ser um grupo irmão do clado Eumycetes, e como tal poderiam ser incluídos num reino Fungi aumentado.<ref name="tabrizi">{{citar periódico|autor =Shalchian-Tabrizi K, Minge MA, Espelund M, Orr R, Ruden T, Jakobsen KS, Cavalier-Smith T.|título= Multigene phylogeny of Choanozoa and the origin of animals|periódico=PLoS ONE |volume=3|número=5|páginas= e2098 |ano=2008|pmid=18461162|pmc= 2346548 |doi= 10.1371/journal.pone.0002098|url= http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0002098}}</ref>

== Ecologia ==
Embora frequentemente inconspícuos, os fungos ocorrem em todos os ambientes da [[Terra]] e desempenham papéis muito importantes na maioria dos [[ecossistema]]s. Ao lado das bactérias, os fungos são os principais [[decompositor]]es na maioria dos ecossistemas terrestres (e em alguns aquáticos), tendo, portanto, um papel crítico nos [[Ciclo biogeoquímico|ciclos biogeoquímicos]],<ref name="pmid17307120">{{citar periódico|autor =Gadd GM. |título=Geomycology: biogeochemical transformations of rocks, minerals, metals and radionuclides by fungi, bioweathering and bioremediation |periódico=Mycological Research |volume=111 |número=Pt 1 |páginas=3–49 |ano=2007 |pmid=17307120 |doi=10.1016/j.mycres.2006.12.001 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0953-7562(06)00336-4 |acessodata=2009-07-15}}</ref> e em muitas [[cadeia trófica|cadeias tróficas]]. Como decompositores, têm um papel essencial nos ciclos de nutrientes, especialmente como saprófitas e simbiontes, ao degradarem a [[matéria orgânica]] em moléculas inorgânicas, que podem então reentrar nas vias metabólicas anabólicas das plantas ou outros organismos.<ref name="Lindahl">{{citar periódico|autor =Lindahl BD, Ihrmark K, Boberg J, Trumbore SE, Högberg P, Stenlid J, Finlay RD|ano= 2007|título=Spatial separation of litter decomposition and mycorrhizal nitrogen uptake in a boreal forest|periódico=New Phytologist|volume=173|páginas=611–20|pmid=17244056|doi=10.1111/j.1469-8137.2006.01936.x|número=3}}</ref><ref name="Barea">{{citar periódico|autor =Barea JM, Pozo MJ, Azcón R, Azcón-Aguilar C.|ano= 2005|título=Microbial co-operation in the rhizosphere|periódico=Journal of Experimental Botany|volume=56|páginas=1761–78|pmid=15911555|doi=10.1093/jxb/eri197|número=417}}</ref>

=== Simbiose ===
Muitos fungos têm importantes relações [[Simbiose|simbióticas]] com organismos da maioria dos [[Reino (biologia)|reinos]] (ou mesmo de todos).<ref name="Aanen">{{citar periódico|autor =Aanen DK.|ano= 2006|título=As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi|periódico=[[Biology Letters]]|volume=2|páginas=209–12|pmid=17148364|doi=10.1098/rsbl.2005.0424|número=2|pmc=1618886}}</ref><ref name="Nikoh and Fukatsu">{{citar periódico|autor =Nikoh N, Fukatsu T.|ano= 2000|título=Interkingdom host jumping underground: phylogenetic analysis of entomoparasitic fungi of the genus ''Cordyceps''|periódico=Molecular Biology and Evolution|volume=17|páginas=2629–38|pmid=10742053|número=4}}</ref><ref name="Perotto and Bonfante">{{citar periódico|autor =Perotto S, Bonfante P.|ano=1997|título=Bacterial associations with mycorrhizal fungi: close and distant friends in the rhizosphere|periódico=Trends in Microbiology|volume=5|páginas=496–501|pmid=9447662|doi=10.1016/S0966-842X(97)01154-2|número=12}}</ref> Estas interacções podem ser de natureza [[mutualismo (biologia)|mutualista]] ou antagonística; no caso dos fungos [[Comensalismo|comensais]] parecem não trazer prejuízo nem benefício ao hospedeiro.<ref name="Arnold">{{citar periódico|autor =Arnold AE, Mejía LC, Kyllo D, Rojas EI, Maynard Z, Robbins N, Herre EA.|ano=2003|título=Fungal endophytes limit pathogen damage in a tropical tree|periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=100|páginas=15649–54|pmid=14671327|doi=10.1073/pnas.2533483100|número=26|pmc=307622}}</ref><ref name="Paszkowski">{{citar periódico|autor =Paszkowski U.|ano=2006|título=Mutualism and parasitism: the yin and yang of plant symbioses|periódico=Current Opinion in Plant Biology|volume=9|páginas=364–70|pmid=16713732|doi=10.1016/j.pbi.2006.05.008|número=4}}</ref><ref name="Hube">{{citar periódico|autor =Hube B.|ano=2004|título=From commensal to pathogen: stage- and tissue-specific gene expression of ''Candida albicans''|periódico=Current Opinion in Microbiology|volume=7|páginas=336–41|pmid=15288621|doi=10.1016/j.mib.2004.06.003|número=4}}</ref>

==== Com as plantas ====
A simbiose [[Micorriza|micorrízica]] entre plantas e fungos é uma das mais bem conhecidas associações entre plantas e fungos e tem uma importância significativa para o crescimento e persistência das plantas em muitos ecossistemas; mais de 90% das plantas estabelecem relações micorrízicas com fungos e dependem desta relação para sobreviverem.<ref name="Bonfante 2003">{{citar periódico|autor =Bonfante P.|ano=2003|título= Plants, mycorrhizal fungi and endobacteria: a dialog among cells and genomes|periódico= The Biological Bulletin|volume=204|páginas=215–20|pmid=12700157|url= http://www.biolbull.org/cgi/content/full/204/2/215?view=long&pmid=12700157|acessodata=2009-07-29|doi=10.2307/1543562|número=2}}</ref>
[[Imagem:Neotyphodium coenophialum.jpg|thumb|esquerda|upright|alt=A microscopic view of blue-stained cells, some with dark wavy lines in them|Os filamentos escuros são hifas do fungo endofítico ''[[Neotyphodium coenophialum]]'' nos espaços intercelulares do tecido da bainha da folha de ''[[Festuca arundinacea]].'']]
A simbiose micorrízica é antiga, datando de há pelo menos 400 milhões de anos.<ref name="Remy et al.">{{citar periódico|autor =Remy W, Taylor TN, Hass H, Kerp H. |ano=1994|título= 4-hundred million year old vesicular-arbuscular mycorrhizae|periódico= Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=91|páginas=11841–43|pmid=11607500|doi= 10.1073/pnas.91.25.11841|número=25|pmc=45331}}</ref> Frequentemente, esta relação aumenta a absorção de compostos inorgânicos pela planta, tais como [[nitrato]] e [[fosfato]], de solos com baixas concentrações destes nutrientes imprescindíveis para as plantas.<ref name="Lindahl"/><ref name="Heijden">{{citar periódico|autor =van der Heijden MG, Streitwolf-Engel R, Riedl R, Siegrist S, Neudecker A, Ineichen K, Boller T, Wiemken A, Sanders IR.|ano= 2006|título=The mycorrhizal contribution to plant productivity, plant nutrition and soil structure in experimental grassland|periódico=New Phytologist|volume=172|páginas=739–52|pmid=17096799 | doi = 10.1111/j.1469-8137.2006.01862.x|número=4}}</ref> Os parceiros fúngicos podem também mediar a transferência de carboidratos e outros nutrientes entre plantas.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Heijden|primeiro=Marcel G. A. van der|data=2016-04-15|titulo=Underground networking|url=http://science.sciencemag.org/content/352/6283/290|jornal=Science|lingua=en|volume=352|numero=6283|paginas=290–291|doi=10.1126/science.aaf4694|issn=0036-8075|pmid=27081054}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Trees Have Their Own Internet|url=https://www.theatlantic.com/science/archive/2016/04/the-wood-wide-web/478224/|obra=The Atlantic|data=2016-04-14|acessodata=2019-03-09|lingua=en-US|primeiro=Ed|ultimo=Yong}}</ref> Tais comunidades micorrízicas são chamadas «redes micorrízicas comuns».<ref name="Selosse">{{citar periódico|autor =Selosse MA, Richard F, He X, Simard SW.|ano= 2006|título=Mycorrhizal networks: des liaisons dangereuses?|periódico=Trends in Ecology and Evolution|volume=21|páginas=621–28|pmid=16843567|doi=10.1016/j.tree.2006.07.003|número=11}}</ref> Um caso especial de micorriza é a mico-heterotrofia, em que uma planta parasita o fungo, obtendo todos os seus nutrientes do seu fungo simbionte.<ref name="Merckx et al">{{citar periódico|autor =Merckx V, Bidartondo MI, Hynson NA.|ano= 2009|título=Myco-heterotrophy: when fungi host plants|periódico=Annals of Botany|volume=in press|páginas=1255|pmid=|doi=10.1093/aob/mcp235}}</ref> Algumas espécies de fungos vivem nos tecidos no interior das raízes, caules e folhas, sendo então designados endófitos.<ref name="Schulz & Boyle">{{citar periódico|autor =Schulz B, Boyle C.|ano= 2005|título=The endophytic continuum|periódico=Mycological Research|volume=109|páginas=661–86|pmid=16080390|doi=10.1017/S095375620500273X|número=Pt 6}}</ref> Tal como nas micorrizas, a colonização endofítica por fungos pode beneficiar os dois simbiontes; por exemplo, os endófitos de ervas fornecem ao seu hospedeiro resistência aumentada aos herbívoros e a outras pressões ambientais, recebendo em troca alimento e abrigo.<ref name="Clay & Schardl">{{citar periódico|autor =Clay K, Schardl C.|ano= 2002|título=Evolutionary origins and ecological consequences of endophyte symbiosis with grasses|periódico=American Naturalist|volume=160 Suppl 4|páginas=S99–S127|pmid=18707456|doi=10.1086/342161}}</ref>

==== Com algas e cianobactérias ====
[[Imagem:Lobaria pulmonaria 010108a.jpg|direita|thumb|alt=A green, leaf-like structure attached to a tree, with a pattern of ridges and depression on the bottom surface|O líquen ''[[Lobaria pulmonaria]]'', uma simbiose de espécies de fungos, algas e cianobactérias.]]
Os [[líquen]]es são formados por uma relação simbiótica entre [[algas]] ou [[cianobactéria]]s (designados na terminologia dos líquenes como "fotobiontes") e fungos (sobretudo várias espécies de [[Ascomycota|ascomicetes]] e alguns [[Basidiomycota|basidiomicetes]]), na qual células fotobiontes individuais encontram-se disseminadas num tecido formado pelo fungo.<ref name="lichens">{{citar livro|título=Lichens of North America |último =Brodo IM, Sharnoff SD.|ano=2001 |publicado=Yale University Press |isbn=0300082495}}</ref> Os líquenes ocorrem em todos os ecossistemas e em todos os continentes, e desempenham um papel-chave na [[formação do solo]] e na iniciação da [[Sucessão ecológica|sucessão biológica]],<ref name="Raven2005">{{citar livro|autor =Raven PH, Evert RF, Eichhorn, SE.|título= Biology of Plants|edição=7|publicado=W. H. Freeman |data=2005|página=290 |capítulo=14—Fungi |isbn=978-0716710073}}</ref> sendo as formas de vida dominantes em ambientes extremos, incluindo as regiões desérticas [[Zona polar|polares]], [[Clima alpino|alpinas]] e [[Clima semiárido|semiáridas]].<ref>Deacon, p. 267.</ref> São capazes de crescer em superfícies inóspitas, incluindo solos e rochas nus, [[Súber|cascas de árvores]], madeira, conchas, [[craca]]s e folhas.<ref name="isbn1-56098-879-7">{{citar livro|autor = Purvis W. |título=Lichens |publicado=Smithsonian Institution Press in association with the Natural History Museum, London |local=Washington, D.C. |ano=2000 |páginas=49–75 |isbn=1-56098-879-7}}</ref> Como no caso das micorrizas, o fotobionte fornece açúcares e outros carboidratos através da [[fotossíntese]], enquanto o fungo fornece minerais e água. As funções de ambos os organismos simbióticos estão tão intimamente relacionadas que eles funcionam quase como um só organismo; na maioria dos casos o organismo resultante difere muito dos componentes individuais. A linquenização é um modo comum de nutrição; cerca de 20% dos fungos – entre 17 500 e 20 000 espécies – são liquenizados.<ref>Kirk ''et al''., p. 378.</ref> Entre as caraterísticas comuns à maioria dos líquenes incluem-se a obtenção de [[carbono orgânico]] por fotossíntese, crescimento lento, tamanho reduzido, vida longa, estruturas [[Reprodução vegetativa|reprodutoras vegetativas]] de longa duração (sazonais), nutrição mineral obtida sobretudo de fontes aéreas, e maior tolerância à [[dessecação]] que a da maioria dos organismo fotossintéticos no mesmo habitat.<ref>Deacon, pp. 267–76.</ref>

==== Com os insetos ====
Muitos insetos têm relações mutualistas com fungos. Vários grupos de formigas cultivam fungos da ordem [[Agaricales]] como fonte de alimento primária, enquanto algumas espécies de [[caruncho]]s cultivam várias espécies de fungos nas cascas das árvores que infestam.<ref name="pmid2696562">{{citar periódico|autor =Douglas AE. |título=Mycetocyte symbiosis in insects |periódico=Biological Reviews of the Cambridge Philosophical Society |volume=64 |número=4 |páginas=409–34|ano=1989 |pmid=2696562|acessodata=2009-04-25 |doi=10.1111/j.1469-185X.1989.tb00682.x}}</ref> De igual modo, as fêmeas de várias espécies de vespas-da-madeira (género ''[[Sirex]]'') injetam os seus ovos juntamente com os esporos de um fungo decompositor de madeira (''Amylostereum areolatum'') no [[alburno]] de [[pinheiro]]s; o crescimento do fungo fornece as condições nutricionais ideais para o desenvolvimento das larvas da vespa.<ref>Deacon, p. 277.</ref> Sabe-se que também as [[térmita]]s da [[savana]] africana cultivam fungos,<ref name="pmid17148364">{{citar periódico|autor =Aanen DK. |título=As you reap, so shall you sow: coupling of harvesting and inoculating stabilizes the mutualism between termites and fungi |periódico=Biology Letters |volume=2 |número=2 |páginas=209–12 |ano=2006|pmid=17148364 |pmc=1618886 |doi=10.1098/rsbl.2005.0424 |url=http://rsbl.royalsocietypublishing.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=17148364 |acessodata=2009-04-25}}</ref> e leveduras dos géneros ''[[Candida (género)|Candida]]'' e ''[[Lachancea]]'' habitam no [[trato gastrointestinal]] de uma grande variedade de insetos, incluindo ''[[Neuroptera]]'', [[escaravelho]]s, e [[barata]]s; não se sabe se estes fungos obtêm algum benefício dos seus hospedeiros.<ref name="Nguyen et al.">{{citar periódico|autor =Nguyen NH, Suh SO, Blackwell M.|título=Five novel ''Candida'' species in insect-associated yeast clades isolated from ''Neuroptera'' and other insects |periódico=Mycologia |volume=99 |número=6 |páginas=842–58|ano=2007|pmid=18333508|doi=10.3852/mycologia.99.6.842}}</ref>

==== Como patógenos e parasitas ====
[[Imagem:Aecidium magnellanicum.jpg|direita|thumb|alt=A thin brown stick positioned horizontally with roughly two dozen clustered orange-red leaves originating from a single point in the middle of the stick. These orange leaves are three to four times larger than the few other green leaves growing out of the stick, and are covered on the lower leaf surface with hundreds of tiny bumps. The background shows the green leaves and branches of neighboring shrubs.|O patógeno vegetal ''Aecidium magellanicum'' causa uma ferrugem, vista aqui num arbusto de ''[[Berberis]]'' no Chile.]]

Muitos fungos são parasitas de plantas, animais (incluindo humanos), e doutros fungos. Entre os patógenos importantes de muitas plantas cultivadas que causam danos e prejuízos à agricultura e silvicultura incluem-se o fungo da [[brusone do arroz]], ''[[Magnaporthe oryzae]]'',<ref name="Talbot">{{citar periódico|autor =Talbot NJ.|ano=2003|título=On the trail of a cereal killer: Exploring the biology of ''Magnaporthe grisea''|periódico=Annual Reviews in Microbiology|volume=57|páginas=177–202|pmid=14527276|doi=10.1146/annurev.micro.57.030502.090957}}</ref> patógenos de árvores que causam a [[grafiose do ulmeiro]], tais como ''[[Ophiostoma ulmi]]'' e ''[[Ophiostoma novo-ulmi]]'',<ref name="Paoletti ">{{citar periódico|autor =Paoletti M, Buck KW, Brasier CM.|ano=2006|título=Selective acquisition of novel mating type and vegetative incompatibility genes via interspecies gene transfer in the globally invading eukaryote ''Ophiostoma novo-ulmi''|periódico=Molecular Ecology|volume=15|páginas=249–62|pmid=16367844|doi=10.1111/j.1365-294X.2005.02728.x|número=1}}</ref> e ''[[Cryphonectria parasitica]]'' responsável pelo [[cancro do castanheiro]],<ref name="Gryzenhout">{{citar periódico|autor =Gryzenhout M, Wingfield BD, Wingfield MJ.|ano=2006|título=New taxonomic concepts for the important forest pathogen ''Cryphonectria parasitica'' and related fungi|periódico=FEMS Microbiology Letters|volume=258|páginas=161–72|pmid=16640568|doi=10.1111/j.1574-6968.2006.00170.x|número=2}}</ref> e patógenos vegetais dos géneros ''[[Fusarium]]'', ''[[Ustilago]]'', ''[[Alternaria]]'', e ''[[Cochliobolus]]''.<ref name="Paszkowski"/> Alguns [[fungos carnívoros]], como ''[[Paecilomyces lilacinus]]'', são [[Fungo nematófago|predadores]] de [[nemátodo]]s, que capturam usando um conjunto de estruturas especializadas como anéis constritores ou malhas adesivas.<ref name="pmid17494736">{{citar periódico|autor =Yang Y, Yang E, An Z, Liu X. |título=Evolution of nematode-trapping cells of predatory fungi of the Orbiliaceae based on evidence from rRNA-encoding DNA and multiprotein sequences |periódico=Proceedings of the National Academy of Sciences USA|volume=104 |número=20 |páginas=8379–84 |ano=2007|pmid=17494736 |pmc=1895958 |doi=10.1073/pnas.0702770104 |url=http://www.pnas.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=17494736 |acessodata=2009-04-25}}</ref>

Alguns fungos podem causar doenças graves em humanos<ref>{{Citar periódico |url=https://www.ingentaconnect.com/content/wk/mpg/2022/00000074/00000003/art00016 |título=Fungi: Friend or Foe? A Mycobiome Evaluation in Children With Autism and Gastrointestinal Symptoms |data=2022-03-29 |acessodata=2022-12-13 |periódico=Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition |número=3 |ultimo=Alookaran |primeiro=Jane |ultimo2=Liu |primeiro2=Yuying |paginas=377–382 |doi=10.1097/MPG.0000000000003349 |ultimo3=Auchtung |primeiro3=Thomas A. |ultimo4=Tahanan |primeiro4=Amirali |ultimo5=Hessabi |primeiro5=Manouchehr |ultimo6=Asgarisabet |primeiro6=Parisa |ultimo7=Rahbar |primeiro7=Mohammad H. |ultimo8=Fatheree |primeiro8=Nicole Y. |ultimo9=Pearson |primeiro9=Deborah A.}}</ref>, várias delas fatais se não tratadas. Entre estas incluem-se [[aspergilose]]s, [[candidíase]]s, [[coccidioidomicose]], [[criptococose]], [[histoplasmose]], [[micetoma]]s, e [[paracoccidioidomicose]]. Também as pessoas com [[imunodeficiência]]s são particularmente suscetíveis a doenças causadas por géneros como ''[[Aspergillus]]'', ''[[Candida (género)|Candida]]'', ''[[Cryptococcus]]'',<ref name="Hube"/><ref name="Nielsen and Heitman">{{citar periódico|autor =Nielsen K, Heitman J.|ano=2007|título=Sex and virulence of human pathogenic fungi|periódico=Advances in Genetics|volume=57|páginas=143–73|pmid=17352904|doi=10.1016/S0065-2660(06)57004-X}}</ref><ref name="Brakhage">{{citar periódico|autor =Brakhage AA.|ano=2005|título=Systemic fungal infections caused by ''Aspergillus'' species: epidemiology, infection process and virulence determinants|periódico=Current Drug Targets|volume=6|páginas=875–86|pmid=16375671 | doi = 10.2174/138945005774912717|número=8}}</ref> ''[[Histoplasma]]'',<ref name="Kauffman">{{citar periódico|autor =Kauffman CA.|ano=2007|título=Histoplasmosis: a clinical and laboratory update|periódico=Clinical Microbiology Reviews|volume=20|páginas=115–32|pmid=17223625|doi=10.1128/CMR.00027-06|número=1|pmc=1797635}}</ref> e ''[[Pneumocystis]]''.<ref name="Cushion">{{citar periódico|autor =Cushion MT, Smulian AG, Slaven BE, Sesterhenn T, Arnold J, Staben C, Porollo A, Adamczak R, Meller J.|ano=2007|título=Transcriptome of ''Pneumocystis carinii'' during fulminate infection: carbohydrate metabolism and the concept of a compatible parasite|periódico=PLoS ONE|volume=2|páginas=e423|pmid=17487271 | doi = 10.1371/journal.pone.0000423|número=5|pmc=1855432}}</ref> Outros fungos podem atacar os olhos, unhas, cabelo, e especialmente a pele, os chamados fungos [[dermatófito]]s e queratinófitos, causando infecções locais como [[dermatofitose]] e [[pé-de-atleta]].<ref name="isbn1-4160-4470-1">{{citar livro|autor =Cook GC, Zumla AI. |título=Manson's Tropical Diseases: Expert Consult |publicado=Saunders Ltd|ano=2008 |página=347 |isbn=1-4160-4470-1}}</ref> Os esporos dos fungos são também uma causa de [[alergia]]s, e fungos de diferentes grupos taxonómicos podem provocar reações alérgicas.<ref name="pmid17709917">{{citar periódico|autor =Simon-Nobbe B, Denk U, Pöll V, Rid R, Breitenbach M. |título=The spectrum of fungal allergy |periódico=International Archives of Allergy and Immunology |volume=145 |número=1 |páginas=58–86 |ano=2008 |pmid=17709917 |doi=10.1159/000107578 |url=}}</ref>Deve-se atentar para Esporotricose, doença causada pelo fungo [[Sporothrix schenckii]]<ref name="pmid17709917">{{citar periódico|autor =Simon-Nobbe B, Denk U, Pöll V, Rid R, Breitenbach M. |título=The spectrum of fungal allergy |periódico=International Archives of Allergy and Immunology |volume=145 |número=1 |páginas=58–86 |ano=2008 |pmid=17709917 |doi=10.1159/000107578 |url=}}</ref>

== Uso humano ==
[[Imagem:S cerevisiae under DIC microscopy.jpg|thumb|upright|direita|alt=Microscopic view of five spherical structures; one of the spheres is considerably smaller than the rest and attached to one of the larger spheres|Células de ''[[Saccharomyces cerevisiae]]'' vistas com microscopia de contraste de interferência diferencial.]]
O uso humano dos fungos na preparação e conservação de alimentos e com outros fins, é extenso e tem uma longa história. A apanha e o cultivo de cogumelos são grandes indústrias em muitos países. O estudo dos usos históricos e impacto sociológico dos fungos é conhecido como [[etnomicologia]]. Por causa da capacidade deste grupo para produzir uma enorme variedade de [[produto natural|produtos naturais]] com atividades [[antimicrobiano|antimicrobianas]] ou outras, muitas espécies são há muito usadas, ou estão em estudo, para a produção de [[antibiótico]]s, vitaminas,<ref>{{Citar periódico |titulo=A Review of Mushrooms as a Potential Source of Dietary Vitamin D |primeiro=Glenn |primeiro4=Lucinda J. |ultimo3=James |primeiro3=Anthony P. |ultimo2=Bornman |primeiro2=Janet F. |ultimo=Cardwell |doi=10.3390/nu10101498 |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6213178/ |acessodata=2020-10-31 |numero=10 |pmid=30322118 |pmc=6213178 |issn=2072-6643 |data=2018-10-13 |jornal=Nutrients |ultimo4=Black}}</ref> e drogas [[Taxol|anticancerígenas]] e [[Lovastatina|redutoras do colesterol]]. Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos de [[engenharia genética]] para fungos,<ref name="Finsham 1989">{{citar periódico|autor =Fincham JRS.|título=Transformation in fungi|periódico=Microbiological Reviews|volume=53|número=1 |páginas=148–70|ano=1989 |pmid=2651864 |doi=|url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=2651864 |pmc=372721}}</ref> permitindo a [[engenharia metabólica]] de espécies de fungos. Por exemplo, modificações genéticas de espécies de leveduras<ref name="Hawkins & Smolke 2008">{{citar periódico|autor =Hawkins KM, Smolke CD.|título=Production of benzylisoquinoline alkaloids in ''Saccharomyces cerevisiae''|periódico=Nature Chemical Biology|volume=4|número=9 |páginas=564–73|ano=2008 |pmid=18690217 |doi= 10.1038/nchembio.105|url=}}</ref>— que são fáceis de cultivar com taxas de crescimento elevadas em grandes vasos de fermentação—abriu novos caminhos à produção [[farmacêutica]] e são potencialmente mais eficientes do que a produção pelos organismos-fonte originais.<ref name="Huang et al 2008">{{citar periódico|autor =Huang B, Guo J, Yi B, Yu X, Sun L, Chen W.|título=Heterologous production of secondary metabolites as pharmaceuticals in ''Saccharomyces cerevisiae''|periódico=Biotechnology Letters|volume=30 |número=7 |páginas=1121–37|ano=2008 |pmid=18512022 |doi= 10.1007/s10529-008-9663-z|url=}}</ref>

=== Antibióticos ===
{{artigo principal|[[Antibiótico]]}}

Muitas espécies produzem metabolitos que são fontes importantes de drogas [[farmacologia|farmacologicamente]] activas. Particularmente importantes são os antibióticos, incluindo as [[penicilina]]s, um grupo estruturalmente relacionado de antibióticos [[Antibiótico betalactâmico|betalactâmicos]] sintetizados a partir de pequenos [[péptido]]s. Apesar de as penicilinas de ocorrência natural como a [[penicilina G]] (produzida por ''[[Penicillium chrysogenum]]'') terem um espectro de atividade biológica relativamente estreito, uma grande variedade de outras penicilinas podem ser produzidas por [[Síntese química|modificação química]] das penicilinas naturais.

As penicilinas modernas são compostos [[semissíntese|semissintéticos]], obtidos inicialmente de culturas de [[fermentação]], mas em seguida estruturalmente alterados para obtenção de propriedades desejáveis específicas.<ref name="pmid15719552">{{citar periódico|autor =Brakhage AA, Spröte P, Al-Abdallah Q, Gehrke A, Plattner H, Tüncher A. |título=Regulation of penicillin biosynthesis in filamentous fungi |periódico=Advances in Biochemical Engineering/biotechnology |volume=88 |número= |páginas=45–90 |ano=2004 |pmid=15719552 |doi= |url= |acessodata=}}</ref> Entre outros antibióticos produzidos por fungos incluem-se: [[griseofulvina]] de ''Penicillium griseofulvin'' usada no tratamento de infecções da pele, cabelo e unhas, causadas por [[dermatófito]]s;<ref name="pmid17249298">{{citar periódico|autor =Loo DS. |título=Systemic antifungal agents: an update of established and new therapies |periódico=Advances in Dermatology |volume=22 |número= |páginas=101–24 |ano=2006 |pmid=17249298 |doi= 10.1016/j.yadr.2006.07.001|url= |acessodata=}}</ref> [[ciclosporina]], usada como [[imunossupressor]] em [[Transplantação de órgãos|cirurgia de transplantação]]; e o [[ácido fusídico]], usado para ajudar no controlo de infecção pela bactéria [[Staphylococcus aureus resistente à meticilina|''Staphylococcus aureus'' resistente à meticilina]].<ref name="pmid18221183">{{citar periódico|autor =Pan A, Lorenzotti S, Zoncada A.|título=Registered and investigational drugs for the treatment of methicillin-resistant ''Staphylococcus aureus'' infection |periódico=Recent Patents on Anti-infective Drug Discovery |volume=3 |número=1 |páginas=10–33 |ano=2008|pmid=18221183 |doi= 10.2174/157489108783413173|url=}}</ref> O uso em larga escala destes antibióticos no tratamento de doenças bacterianas, como a [[tuberculose]], [[sífilis]], [[lepra]], e muitas outras, começou no início do {{séc|XX}} e continua a desempenhar um papel principal na [[quimioterapia]] [[Anti-séptico|antibacteriana]]. Na natureza, os antibióticos de origem fúngica ou bacteriana, parecem desempenhar um duplo papel: em concentrações elevadas agem como defesa química contra a competição de outros micro-organismos em ambientes ricos em espécies, como a [[rizosfera]], e em baixas concentrações funcionam como moléculas de [[deteção de quórum]] para sinalização intra ou interespecífica.<ref name="Fajardo&Martínez 2008">{{citar periódico|autor =Fajardo A, Martínez JL.|título=Antibiotics as signals that trigger specific bacterial responses|periódico=Current Opinion in Microbiology|volume=11|número=2 |páginas=161–67 |ano=2008|pmid=18373943 |doi= 10.1016/j.mib.2008.02.006|url=}}</ref>

=== Usos alimentares ===
A levedura de padeiro ou ''[[Saccharomyces cerevisiae]]'', um fungo unicelular, é usado para fazer pão e outros produtos à base de trigo.<ref>{{citar livro|título=Handbook of Cereal Science and Technology |último =Kulp K. |ano=2000 |publicado=CRC Press |isbn=0824782941}}</ref> Espécies de leveduras do género ''[[Saccharomyces]]'' são também usadas na produção de [[Bebida alcoólica|bebidas alcoólicas]] por fermentação.<ref name="Piskur">{{citar periódico|autor=Piskur J, Rozpedowska E, Polakova S, Merico A, Compagno C.|ano= 2006|titulo=How did ''Saccharomyces'' evolve to become a good brewer?|jornal=Trends in Genetics|volume=22|paginas=183–86|pmid=16499989|doi=10.1016/j.tig.2006.02.002|numero=4}}</ref> O bolor ''shoyu koji'' (''[[Aspergillus oryzae]]'') é um ingrediente essencial na preparação de ''[[shoyu]]'' ([[molho de soja]]), [[saqué]], e [[miso]],<ref name="Abe et al 2006">{{citar periódico|autor =Abe K, Gomi K, Hasegawa F, Machida M.|ano= 2006|título=Impact of ''Aspergillus oryzae'' genomics on industrial production of metabolites|periódico=Mycopathologia|volume=162|número=3|páginas=143–53|pmid=16944282|doi=10.1007/s11046-006-0049-2}}</ref> enquanto espécies de ''[[Rhizopus]]'' são usadas para fazer [[tempeh]].<ref name="Hachmeister & Fung 1993">{{citar periódico|autor =Hachmeister KA, Fung DY|ano= 1993|título=Tempeh: a mold-modified indigenous fermented food made from soybeans and/or cereal grains|periódico=Critical Reviews in Microbiology|volume=19|número=3|páginas=137–88|pmid=8267862|doi=10.3109/10408419309113527}}</ref> Vários destes fungos são espécies [[Domesticação|domesticadas]] que foram selecionadas segundo a sua capacidade de fermentar alimentos sem produzirem [[micotoxina]]s (ver abaixo) prejudiciais, as quais são produzidas pelos muito aparentados ''[[Aspergillus flavus|Aspergillus]]''.<ref name="Jørgensen">{{citar periódico|autor =Jørgensen TR.|ano=2007|título=Identification and toxigenic potential of the industrially important fungi, ''Aspergillus oryzae'' and ''Aspergillus sojae''|periódico=Journal of Food Protection|volume=70|número=12|páginas=2916–34|pmid=18095455|doi=}}</ref> ''[[Quorn]]'', um [[substituto de carne]], é feito a partir de ''[[Fusarium venenatum]]''.<ref name="pmid9501477">{{citar periódico|autor =O'Donnell K, Cigelnik E, Casper HH. |título=Molecular phylogenetic, morphological, and mycotoxin data support reidentification of the Quorn mycoprotein fungus as ''Fusarium venenatum'' |periódico=Fungal Genetics and Biology|volume=23 |número=1 |páginas=57–67 |ano=1998 |pmid=9501477 |doi=10.1006/fgbi.1997.1018 |url=http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1087-1845(97)91018-5}}</ref>

=== Uso medicinal ===
{{artigo principal|[[Cogumelos medicinais]]}}
{{Imagem dupla|left/right/center|CordycepsSinensis.jpg|120|Ganoderma lucidum 01.jpg|100|''[[Ophiocordyceps sinensis]]''.|''[[Ganoderma lucidum]]''.}}

Certos cogumelos são utilizados com fins terapêuticos em [[medicina tradicional|medicinas tradicionais]], como acontece na [[medicina tradicional chinesa]]. Entre os cogumelos medicinais notáveis, e com uma história de uso bem documentada, incluem-se ''[[Agaricus blazei]]'',<ref name="pmid18782264">{{citar periódico|autor =Hetland G, Johnson E, Lyberg T, Bernardshaw S, Tryggestad AM, Grinde B. |título=Effects of the medicinal mushroom ''Agaricus blazei'' Murill on immunity, infection and cancer |periódico=Scandinavian Journal of Immunology |volume=68 |número=4 |páginas=363–70 |ano=2008 |pmid=18782264 |doi=10.1111/j.1365-3083.2008.02156.x}}</ref><ref name="pmid18317543">{{citar periódico |autor=Firenzuoli F, Gori L, Lombardo G. |título=The medicinal mushroom ''Agaricus blazei'' Murrill: review of literature and pharmaco-toxicological problems |periódico=Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM |volume=5 |número=1 |páginas=3–15 |ano=2008 |pmid=18317543 |pmc=2249742 |doi=10.1093/ecam/nem007 |url=http://ecam.oxfordjournals.org/cgi/pmidlookup?view=long&pmid=18317543 }}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref> ''[[Ganoderma lucidum]]'',<ref name="pmid16905165">{{citar periódico|autor =Paterson RR.|ano= 2006|título=''Ganoderma'' – a therapeutic fungal biofactory|periódico= Phytochemistry|volume=67|número=18|páginas=1985–2001|pmid=16905165|doi = 10.1002/chin.200650268}}</ref> ''[[Ophiocordyceps sinensis]],''<ref name="pmid18343466">{{citar periódico|autor =Paterson RR.|ano= 2008|título=''Cordyceps'': a traditional Chinese medicine and another fungal therapeutic biofactory?|periódico= Phytochemistry|volume=69|número=7|páginas=1469–95|pmid=18343466|doi = 10.1016/j.phytochem.2008.01.027}}</ref> e [[Cogumelo alucinógeno|"cogumelos mágicos"]], que contém [[psilocibina]] e [[psilocina]].<ref>{{Citar web|titulo=The New Science of Psychedelics|url=https://michaelpollan.com/articles-archive/the-new-science-of-psychedelics/|obra=michaelpollan.com|acessodata=2019-03-09|lingua=en-US}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=FDA "Breakthrough" Ruling on Magic Mushrooms, Explained by Scientists|url=https://www.inverse.com/article/50176-fda-okays-psilocybin-therapy-for-depression|obra=Inverse|acessodata=2019-03-09|lingua=en|primeiro=Peter|ultimo=Hess}}</ref> As pesquisas identificaram compostos produzidos por estes e outros fungos, os quais têm efeitos biológicos inibidores contra [[vírus]]<ref name="pmid9862140">{{citar periódico|autor =el-Mekkawy S, Meselhy MR, Nakamura N, Tezuka Y, Hattori M, Kakiuchi N, Shimotohno K, Kawahata T, Otake T.|ano= 1998|título=Anti-HIV-1 and anti-HIV-1-protease substances from ''Ganoderma lucidum''|periódico= Phytochemistry|volume=49|número=6|páginas=1651–57|pmid=9862140|doi = 10.1016/S0031-9422(98)00254-4}}</ref><ref name="pmid18547117">{{citar periódico|autor =El Dine RS, El Halawany AM, Ma CM, Hattori M.|ano= 2008|título=Anti-HIV-1 protease activity of lanostane triterpenes from the vietnamese mushroom ''Ganoderma colossum''|periódico= Journal of Natural Products|volume=71|número=6|páginas=1022–26|pmid=18547117|doi = 10.1021/np8001139}}</ref> e [[cancro (tumor)|células cancerosas]].<ref name="pmid18782264"/><ref name="pmid16351502">{{citar periódico|autor =Yuen JW, Gohel MD.|título=Anticancer effects of ''Ganoderma lucidum'': a review of scientific evidence |periódico=Nutrition and Cancer |volume=53 |número=1 |páginas=11–17 |ano=2005 |pmid=16351502 |doi=10.1207/s15327914nc5301_2}}</ref>
Metabolitos específicos, como [[polissacarídeo-K]], [[ergotamina]] e antibióticos betalactâmicos, são usados de modo rotineiro em medicina clínica. O cogumelo ''[[shiitake]]'' é uma fonte de [[lentinano]], uma droga clínica aprovada para utilização em vários países, incluindo o [[Japão]], em tratamentos oncológicos.<ref name="pmid16702701">{{citar periódico|autor =Sullivan R, Smith JE, Rowan NJ. |título=Medicinal mushrooms and cancer therapy: translating a traditional practice into Western medicine |periódico=Perspectives in Biology and Medicine |volume=49 |número=2 |páginas=159–70 |ano=2006 |pmid=16702701 |doi=10.1353/pbm.2006.0034}}</ref><ref name="isbn0-87131-981-0">{{citar livro|autor =Halpern GM, Miller A. |título=Medicinal Mushrooms: Ancient Remedies for Modern Ailments |publicado=M. Evans and Co |local=New York |ano=2002 |página=116 |isbn=0-87131-981-0}}</ref>
Na [[Europa]] e no Japão, o [[polissacarídeo-K]], um químico obtido de ''[[Trametes versicolor]]'', é um [[adjuvante]] aprovado em terapia oncológica.<ref name="pmid12168863">{{citar periódico|autor =Fisher M, Yang LX. |título=Anticancer effects and mechanisms of polysaccharide-K (PSK): implications of cancer immunotherapy |periódico=Anticancer Research |volume=22 |número=3 |páginas=1737–54 |ano=2002 |pmid=12168863}}</ref> Muitos fungos desempenham papel comensal na [[microbiota intestinal]], bem como desequlibrios de sua população, local e mutações são fatores causais de algumas doenças<ref>{{Citar periódico |titulo=Dysbiotic microbiota in autistic children and their mothers: persistence of fungal and bacterial wall-deficient L-form variants in blood |url=http://dx.doi.org/10.1038/s41598-019-49768-9 |jornal=Scientific Reports |data=2019-09-16 |issn=2045-2322 |numero=1 |acessodata=2020-11-09 |doi=10.1038/s41598-019-49768-9 |primeiro=N. |ultimo=Markova}}</ref>. 
=== Espécies comestíveis e venenosas ===
[[Imagem:Amanita phalloides 1.JPG|direita|thumb|alt=Two light yellow-green mushrooms with stems and caps, one smaller and still in the ground, the larger one pulled out and laid beside the other to show its bulbous stem with a ring|''[[Amanita phalloides]]'' é responsável pela maioria das mortes por [[Envenenamento por cogumelos|envenenamentos por cogumelos]] que ocorrem em todo o mundo.]]
Os [[cogumelos comestíveis]] são exemplos bem conhecidos de fungos. Muitos são cultivados comercialmente, mas outros têm de ser colhidos no estado selvagem. ''[[Agaricus bisporus]]'', vendidos como [[champignon]] enquanto pequenos e como cogumelos Portobello quando maiores, é uma espécie bastante consumida, usada em saladas, sopas e outros pratos. Muitos fungos asiáticos são cultivados comercialmente e são cada vez mais populares no Ocidente. Estão frequentemente disponíveis frescos em mercearias e mercados, incluindo o cogumelo-de-palha (''[[Volvariella volvacea]]''), cogumelo-ostra (''[[Pleurotus ostreatus]]''), ''shiitake'' (''[[Lentinula edodes]]''), e ''[[enokitake]]'' (''[[Flammulina]]'' spp.).<ref name="isbn1-58008-175-4">{{citar livro|autor =Stamets P. |título=Growing Gourmet and Medicinal Mushrooms = [Shokuyō oyobi yakuyō kinoko no saibai] |publicado=Ten Speed Press |local=Berkeley, Calif |ano=2000 |páginas=233–48 |isbn=1-58008-175-4}}</ref>

Há muitas outras espécies de cogumelos que são colhidas no estado silvestre, quer para consumo pessoal quer para venda comercial. Exemplos: [[Lactarius deliciosus|sancha]], ''[[Morchella]]'', [[Cantharellaceae|cantarelos]], [[trufa]]s, [[Craterellus|trombetas-negras]], e [[Boletus edulis|cepe-de-bordéus]] (também conhecido como cogumelo ''porcini'', boleto ou tortulho) têm um preço elevado no mercado. São muitas vezes usados em pratos ''gourmet''.<ref>Hall, pp. 13–26.</ref>

Certos tipos de queijos requerem a inoculação dos coalhos do leite com espécies de fungos que fornecem um sabor e textura únicos ao queijo. Entre eles contam-se os [[Queijo azul|queijos azuis]] como o [[Roquefort (queijo)|Roquefort]] ou o [[Stilton]], inoculados com ''[[Penicillium roqueforti]]''.<ref name="pmid21770">{{citar periódico|autor =Kinsella JE, Hwang DH.|título=Enzymes of ''Penicillium roqueforti'' involved in the biosynthesis of cheese flavor |periódico=CRC Critical Reviews in Food Science and Nutrition |volume=8 |número=2 |páginas=191–228 |ano=1976 |pmid=21770 |doi=10.1080/10408397609527222}}</ref> Os bolores usados na produção de queijo não são tóxicos e portanto são seguros para consumo humano; contudo, pode ocorrer acumulação de micotoxinas (aflatoxinas, [[roquefortina C]], patulina, ou outras) devido ao crescimento de outros fungos durante o processo de maturação e armazenamento do queijo.<ref name="Erdogan">{{citar periódico|autor =Erdogan A, Gurses M, Sert S.|ano= 2004|título=Isolation of moulds capable of producing mycotoxins from blue mouldy Tulum cheeses produced in Turkey|periódico=International Journal of Food Microbiology|volume=85|páginas=83–85|pmid=12810273|doi=10.1016/S0168-1605(02)00485-3|número=1-2}}</ref>
[[Imagem:Blue Stilton Quarter Front.jpg|thumb|esquerda|alt=A corner of cheese with greenish streaks through it|[[Queijo Stilton]] com veios de ''[[Penicillium roqueforti]].'']]
Muitas espécies de cogumelos são [[Envenenamento por cogumelos|venenosas]] para os humanos, com toxicidades que podem ir desde problemas digestivos ligeiros ou reações alérgicas, e [[alucinação|alucinações]] até a falha de órgãos e morte. Entre os géneros com cogumelos tóxicos incluem-se ''[[Conocybe]]'', ''[[Galerina]]'', ''[[Lepiota]]'', e o mais infame, ''[[Amanita]]''.<ref name=Orr1979>{{citar livro|autor =Orr DB, Orr RT. |título=Mushrooms of Western North America |publicado=University of California Press |local=Berkeley |ano=1979 |página=17 |isbn=0-520-03656-5}}</ref> Este último género, inclui o anjo-destruidor ''([[Amanita virosa]])'' e o chapéu-da-morte ''([[Amanita phalloides|A.&nbsp;phalloides]])'', a causa mais comum de envenenamento mortal por cogumelos.<ref name="Vetter 1998">{{citar periódico|autor =Vetter J.|ano=1998|título=Toxins of ''Amanita phalloides''|periódico=Toxicon|volume=36|páginas=13–24|pmid=9604278|doi=10.1016/S0041-0101(97)00074-3|número=1}}</ref> ''[[Gyromitra esculenta]]'' é ocasionalmente considerado uma especialidade culinária quando cozinhado, porém, pode ser muito tóxico quando consumido cru.<ref name="Leathem and Dorran">{{citar periódico|autor =Leathem AM, Dorran TJ.|ano=2007|título=Poisoning due to raw ''Gyromitra esculenta'' (false morels) west of the Rockies|periódico=Canadian Journal of Emergency Medicine|volume=9|páginas=127–30|pmid=17391587|número=2}}</ref> O [[Tricholoma equestre|míscaro-amarelo]] (''Tricholoma equestre'') era considerado comestível até ter sido implicado em envenamentos sérios causadores de [[rabdomiólise]].<ref name="Karlson-Stiber and Persson">{{citar periódico|autor =Karlson-Stiber C, Persson H.|ano=2003|título=Cytotoxic fungi—an overview|periódico=Toxicon|volume=42|páginas=339–49|pmid=14505933|doi=10.1016/S0041-0101(03)00238-1|número=4}}</ref> O [[Amanita muscaria|mata-moscas]] (''Amanita muscaria'') pode também causar envenenamentos ocasionais não fatais, sobretudo como resultado da sua ingestão como [[enteógeno|droga recreativa]], devido às suas propriedades alucinogénicas. Historicamente, este cogumelo foi usado por diferentes povos europeus e asiáticos e o seu uso presente com propósitos religiosos ou [[Xamã|xamanísticos]] é relatado em alguns grupos étnicos como os [[coriacos]] do nordeste da [[Sibéria]].<ref name="Michelot&Melendez-Howell 2003">{{citar periódico|autor =Michelot D, Melendez-Howell LM.|ano=2003|título=''Amanita muscaria'': chemistry, biology, toxicology, and ethnomycology|periódico=Mycological Research|volume=107|páginas=131–46|pmid=12747324|doi=10.1017/S0953756203007305|número=Pt 2}}</ref>

Uma vez que é difícil identificar com exatidão um cogumelo seguro sem treino e conhecimento apropriados, é frequentemente indicado que se deve assumir que um cogumelo selvagem é venenoso e não consumi-lo.<ref>Hall, p. 7.</ref><ref name="isbn0-295-96480-4">{{citar livro|autor =Ammirati JF, McKenny M, Stuntz DE. |título=The New Savory Wild Mushroom |publicado=University of Washington Press |local=Seattle |ano=1987 |páginas=xii – xiii |isbn=0-295-96480-4}}</ref>

=== Controlo de pragas ===
[[Imagem:Beauveria.jpg|thumb|direita|alt=Two dead grasshoppers with a whitish fuzz growing on them|Gafanhotos mortos por ''[[Beauveria bassiana]].'']]
Em agricultura, os fungos podem ser úteis se competirem ativamente com micro-organismos patogénicos como bactérias e outros fungos, pelos nutrientes e espaço, segundo o [[princípio da exclusão competitiva]],<ref name="López-Gómez and Molina-Meyer">{{citar periódico|autor =López-Gómez J, Molina-Meyer M.|ano= 2006|título=The competitive exclusion principle versus biodiversity through competitive segregation and further adaptation to spatial heterogeneities|periódico=Theoretical Population Biology|volume=69|páginas=94–109|pmid=16223517|doi=10.1016/j.tpb.2005.08.004|número=1}}</ref> ou se forem parasitas desses patógenos. Por exemplo, certas espécies podem ser usadas para eliminar ou suprimir o crescimento de patógenos vegetais, como [[inseto]]s, [[pulgão|pulgões]], ervas daninhas, [[nemátodo]]s, e outros fungos causadores de doenças em [[colheita]]s importantes.<ref name="urlSetting the Stage To Screen Biocontrol Fungi">{{citar web|url=http://www.ars.usda.gov/is/AR/archive/jul98/fung0798.htm |autor =Becker H.|título=Setting the Stage To Screen Biocontrol Fungi |publicado=United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service|ano=1998 |acessodata=2009-02-23}}</ref> Isto gerou um forte interesse nas aplicações práticas que utilizam fungos como [[controlo biológico]] destas pragas agrícolas. [[Fungo entomopatogénico|Fungos entomopatogénicos]] podem ser usados como [[biopesticida]]s, pois matam ativamente os insetos.<ref name="urlwww.uvminnovations.com">{{citar web |url=http://www.uvminnovations.com/graphics/PDF_ORIG/microfactory.pdf |autor=Keiller TS |título=Whey-based fungal microfactory technology for enhanced biological pest management using fungi |formato=PDF |publicado=UVM Innovations |acessodata=2009-02-23 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20111229102219/http://www.uvminnovations.com/graphics/PDF_ORIG/microfactory.pdf |arquivodata=2011-12-29 |urlmorta=yes }}</ref> Exemplos de fungos usados como inseticidas biológicos são ''[[Beauveria bassiana]]'', ''[[Metarhizium anisopliae]]'', ''[[Hirsutella]]'' spp, ''[[Paecilomyces]]'' spp, e ''[[Verticillium lecanii]]''.<ref name="Deshpande">{{citar periódico|autor =Deshpande MV.|ano= 1999|título=Mycopesticide production by fermentation: potential and challenges|periódico=Critical Reviews in Microbiology |volume=25|páginas=229–43|pmid=10524330|doi=10.1080/10408419991299220|número=3}}</ref><ref name="Thomas">{{citar periódico|autor =Thomas MB, Read AF.|ano=2007|título=Can fungal biopesticides control malaria?|periódico=Nature Reviews in Microbiology|volume=5|páginas=377–83|pmid=17426726 | doi = 10.1038/nrmicro1638|número=5}}</ref> Os fungos [[Endófito|endofíticos]] de ervas do género ''[[Neotyphodium]]'', como ''[[Neotyphodium coenophialum|N. coenophialum]]'', produzem alcalóides que são tóxicos para vários [[herbívoro]]s invertebrados e vertebrados. Estes alcaloides protegem as ervas da herbivoria, mas vários alcaloides endofíticos podem envenenar animais de pasto, como gado bovino e ovelhas.<ref name="Bush">{{citar periódico|autor =Bush LP, Wilkinson HH, Schardl CL.|ano=1997|título=Bioprotective alkaloids of grass-fungal endophyte symbioses|periódico=Plant Physiology|volume=114|páginas=1–7|pmid=12223685|número=1|pmc=158272}}</ref> A infecção de cultivares de ervas de pastagem e forragens com endófitos de ''Neotyphodium'' é uma abordagem em uso em programas de criação de ervas; as estirpes fúngicas são selecionadas por produzirem apenas alcaloides que aumentam a resistência a herbívoros como os insetos, mas que não são tóxicos para o gado.<ref name="Bouton">{{citar periódico|autor=Bouton JH, Latch GCM, Hill NS, Hoveland CS, McCannc MA, Watson RH, Parish JA, Hawkins LL, Thompson FN.|ano=2002|título=Use of nonergot alkaloid-producing endophytes for alleviating tall fescue toxicosis in sheep|periódico=Agronomy Journal|volume=94|páginas=567–74|url=http://agron.scijournals.org/cgi/content/full/94/3/567|acessodata=2010-03-21|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100107010748/http://agron.scijournals.org/cgi/content/full/94/3/567|arquivodata=2010-01-07|urlmorta=yes}}</ref>

=== Biorremediação ===
{{artigo principal|[[Micorremediação]]}}
Alguns fungos, em particular a podridão-branca, podem degradar [[inseticida]]s, [[herbicida]]s, [[pentaclorofenol]], [[creosoto]], [[alcatrão de hulha]], e combustíveis pesados, transformando-os em [[dióxido de carbono]], água, e elementos básicos.<ref name="pmid15875713">{{citar periódico|autor =Christian V, Shrivastava R, Shukla D, Modi HA, Vyas BR.|título=Degradation of xenobiotic compounds by lignin-degrading white-rot fungi: enzymology and mechanisms involved |periódico=Indian Journal of Experimental Biology |volume=43 |número=4 |páginas=301–12 |ano=2005 |pmid=15875713 |doi= |url= |acessodata=}}</ref> Demonstrou-se que há fungos capazes de [[Biomineralização|biomineralizar]] óxidos de [[urânio]], sugerindo que podem ter aplicação na biorremediação de sítios poluídos radioactivamente.<ref>BBC (2008). [http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/scotland/tayside_and_central/7384500.stm Fungi to fight 'toxic war zones'|accessed 2009-07-29]</ref><ref name="pmid18460315">{{citar periódico|autor =Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Livens F, Gadd GM. |título=Role of fungi in the biogeochemical fate of depleted uranium |periódico=Current Biology |volume=18 |número=9 |páginas=R375–77 |ano=2008|pmid=18460315 |doi=10.1016/j.cub.2008.03.011 |url=}}</ref><ref name="pmid17564604">{{citar periódico|autor =Fomina M, Charnock JM, Hillier S, Alvarez R, Gadd GM. |título=Fungal transformations of uranium oxides |periódico=Environmental Microbiology |volume=9 |número=7 |páginas=1696–710 |ano=2007|pmid=17564604 |doi=10.1111/j.1462-2920.2007.01288.x |url=}}</ref> O fungo ''[[Pestalotiopsis microspora]]'' é capaz de alimentar-se de [[plástico]]s compostos à base de [[poliuretano]].<ref>{{pt}} [http://www.tecmundo.com.br/ciencia/18714-descoberto-fungo-que-sobrevive-comendo-plastico-e-que-pode-ajudar-a-salvar-o-planeta.htm Tecmundo] - Descoberto fungo que sobrevive comendo plástico e que pode ajudar a salvar o planeta. Acessado em 12/03/2012.</ref><ref>{{en}} [http://aem.asm.org/content/early/2011/07/15/AEM.00521-11.abstract?maxtoshow=&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=+Pestalotiopsis+microspora+&searchid=1&FIRSTINDEX=0&resourcetype=HWCIT American Society for Microbiology] - Biodegradation of Polyester Polyurethane by Endophytic Fungi. Acessado em 12/03/2012.</ref>

=== Organismos modelo ===
Algumas descobertas fulcrais da biologia foram feitas por investigadores que usavam fungos como [[organismos modelo]], isto é, fungos que crescem e reproduzem-se sexuadamente de forma rápida em laboratório. Por exemplo, a [[hipótese um gene-uma enzima]] foi formulada por cientistas que usaram o bolor do pão ''[[Neurospora crassa]]'' para testar as suas teorias bioquímicas.<ref name="Beadle&Tatum">{{citar periódico| doi =10.1073/pnas.27.11.499| volume = 27|número= 11|páginas= 499–506|autor =Beadle GW, Tatum EL.|título= Genetic control of biochemical reactions in ''Neurospora''|periódico= Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA| url = http://www.pnas.org/content/27/11/499.short|ano=1941| pmid =16588492| pmc =1078370}}</ref> Outros fungos modelo importantes, ''[[Aspergillus nidulans]]'' e as leveduras, ''Saccaromyces cerevisiae'' e ''[[Schizosaccharomyces pombe]]'', têm cada um uma longa história de uso na investigação de questões da [[genética]] e [[biologia celular]] dos eucariotas, como a regulação do [[ciclo celular]], estrutura da [[cromatina]], e [[Regulação genética|regulação dos genes]]. Outros modelos fúngicos surgiram mais recentemente, direccionados para questões biológicas específicas relevantes para a [[medicina]], [[fitopatologia]] e usos industriais; entre os exemplos incluem-se ''[[Candida albicans]]'', um fungo dimórfico, e patógeno humano oportunista,<ref name="pmid2700541">{{citar periódico|autor =Datta A, Ganesan K, Natarajan K. |título=Current trends in ''Candida albicans'' research |periódico=Advances in Microbial Physiology |volume=30 |número= |páginas=53–88 |ano=1989 |pmid=2700541 |doi= 10.1016/S0065-2911(08)60110-1|url=}}</ref> ''[[Magnaporthe grisea]]'', um patógeno vegetal,<ref name="pmid15846337">{{citar periódico|autor =Dean RA, Talbot NJ, Ebbole DJ, ''et al.'' |título=The genome sequence of the rice blast fungus ''Magnaporthe grisea'' |periódico=Nature |volume=434 |número=7036 |páginas=980–86 |ano=2005 |pmid=15846337 |doi=10.1038/nature03449}}</ref> e ''[[Pichia pastoris]]'', uma levedura amplamente usada na [[expressão de proteína]]s eucariotas.<ref name="pmid15565717">{{citar periódico|autor =Daly R, Hearn MT. |título=Expression of heterologous proteins in ''Pichia pastoris'': a useful experimental tool in protein engineering and production |periódico=Journal of Molecular Recognition: JMR |volume=18 |número=2 |páginas=119–38 |ano=2005 |pmid=15565717 |doi=10.1002/jmr.687}}</ref>

=== Outros ===
Os fungos são muito utilizados na produção industrial de produtos químicos como os ácidos [[ácido cítrico|cítrico]], [[ácido glucónico|glucónico]], [[ácido láctico|láctico]] e [[ácido málico|málico]],<ref name="isbn0-521-43980-9">{{citar livro|autor =Schlegel HG. |título=General Microbiology |publicado=Cambridge University Press |local=Cambridge, UK |ano=1993 |página=360 |isbn=0-521-43980-9}}</ref> antibióticos, e até de gangas deslavadas.<ref>{{citar web|url=http://www.nysaes.cornell.edu/ent/biocontrol/pathogens/trichoderma.html|título=''Trichoderma'' spp., including ''T. harzianum'', ''T. viride'', ''T. koningii'', ''T. hamatum'' and other spp. Deuteromycetes, Moniliales (asexual classification system)|acessodata=2007-07-10|obra=Biological Control: A Guide to Natural Enemies in North America}}</ref> Os fungos são também fontes de enzimas industriais, como as [[lipase]]s usadas em [[detergente biológico|detergentes biológicos]],<ref name="pmid18571355">{{citar periódico|autor =Joseph B, Ramteke PW, Thomas G. |título=Cold active microbial lipases: some hot issues and recent developments |periódico=Biotechnology Advances |volume=26 |número=5 |páginas=457–70 |ano=2008 |pmid=18571355 |doi=10.1016/j.biotechadv.2008.05.003}}</ref> [[amilase]]s,<ref name="pmid16769167">{{citar periódico|autor =Olempska-Beer ZS, Merker RI, Ditto MD, DiNovi MJ. |título=Food-processing enzymes from recombinant microorganisms—a review |periódico=Regulatory Toxicology and Pharmacology |volume=45 |número=2 |páginas=144–58 |ano=2006|pmid=16769167 |doi=10.1016/j.yrtph.2006.05.001}}</ref> [[celulase]]s,<ref name="pmid18338189">{{citar periódico|autor =Kumar R, Singh S, Singh OV. |título=Bioconversion of lignocellulosic biomass: biochemical and molecular perspectives |periódico=Journal of Industrial Microbiology and Biotechnology |volume=35 |número=5 |páginas=377–91 |ano=2008 |pmid=18338189 |doi=10.1007/s10295-008-0327-8}}</ref> [[invertase]]s, [[protease]]s e [[xilanase]]s.<ref name="pmid15944805">{{citar periódico|autor =Polizeli ML, Rizzatti AC, Monti R, Terenzi HF, Jorge JA, Amorim DS. |título=Xylanases from fungi: properties and industrial applications |periódico=Applied Microbiology and Biotechnology |volume=67 |número=5 |páginas=577–91 |ano=2005 |pmid=15944805 |doi=10.1007/s00253-005-1904-7}}</ref> Algumas espécies, mais particularmente cogumelos do género ''[[Psilocybe]]'' (coloquialmente chamados ''cogumelos mágicos''), são ingeridos pelas suas propriedades [[Droga psicadélica|psicadélicas]], tanto [[droga recreativa|recreativamente]] como religiosamente.

== Micotoxinas ==
[[Imagem:Ergotamine3.png|thumb|direita|alt=(6aR,9R)-N-((2R,5S,10aS,10bS)-5-benzyl-10b-hydroxy-2-methyl-3,6-dioxooctahydro-2H-oxazolo[3,2-a] pyrrolo[2,1-c]pyrazin-2-yl)-7-methyl-4,6,6a,7,8,9-hexahydroindolo[4,3-fg] quinoline-9-carboxamide|[[Ergotamina]], uma das principais micotoxinas, produzida por espécies de ''[[Claviceps]]'', que ingerida, pode causar [[gangrena]], convulsões, e [[alucinação|alucinações]].]]
Muitos fungos produzem compostos [[actividade biológica|biologicamente ativos]], vários dos quais são [[Toxina|tóxicos]] para animais ou plantas, os quais são designados [[micotoxina]]s. Particularmente relevantes para os humanos são as micotoxinas produzidas pelos bolores que causam a deterioração de alimentos, e os cogumelos venenosos (ver acima). Particularmente dignas de nota são as [[amatoxina]]s de alguns cogumelos ''[[Amanita]]'', e [[ergotamina]]s, as quais têm uma longa história de causarem sérias epidemias de [[ergotismo]] em pessoas que consomem [[centeio]] e cereais relacionados contaminados com [[esclerócio]]s de ''[[Claviceps purpurea]]''.<ref name="Schardl et al.2007">{{citar periódico|autor =Schardl CL, Panaccione DG, Tudzynski P.|ano=2006|título=Ergot alkaloids—biology and molecular biology|periódico= The Alkaloids. Chemistry and Biology|volume=63|páginas=45–86|pmid=17133714|doi=10.1016/S1099-4831(06)63002-2}}</ref> Outras micotoxinas notáveis são as [[aflatoxina]]s, as quais são [[Hepatotoxicidade|toxinas hepáticas]] insidiosas e metabolitos altamente [[carcinogénico]]s produzidos por certas espécies de ''[[Aspergillus]]'', que muitas vezes se desenvolvem em cereais ou em nozes consumidas por humanos, [[ocratoxina]]s, [[patulina]], e [[tricoteceno]]s (por exemplo, [[micotoxina T-2]]) e [[fumonisina]]s, as quais têm um impacto significativo sobre as reservas alimentares e no gado.<ref name="van Egmond">{{citar periódico|autor =van Egmond HP, Schothorst RC, Jonker MA.|ano= 2007|título=Regulations relating to mycotoxins in food: perspectives in a global and European context|periódico=Analytical and Bioanalytical Chemistry|volume=389|páginas=147–57|pmid=17508207|doi=10.1007/s00216-007-1317-9|número=1}}</ref>

As micotoxinas são metabolitos secundários, e as pesquisas demonstraram a existência nos fungos de vias bioquímicas com o único propósito de produzir micotoxinas e outros produtos naturais.<ref name="Keller, Turner, & Bennett">{{citar periódico|autor =Keller NP, Turner G, Bennett JW.|ano= 2005|título=Fungal secondary metabolism – from biochemistry to genomics|periódico=Nature Reviews in Microbiology|volume=3|páginas=937–47|pmid=16322742|doi=10.1038/nrmicro1286|número=12}}</ref> As micotoxinas podem fornecer benefícios de aptidão em termos de adaptação fisiológica, competição com outros micróbios e fungos, e protecção contra o consumo ([[fungívoro|fungivoria]]).<ref name="Demain and Fang">{{citar periódico|autor =Demain AL, Fang A.|ano= 2000|título=The natural functions of secondary metabolites|periódico=Advances in Biochemical Engineering/Biotechnology|volume=69|páginas=1–39|pmid=11036689|doi=10.1007/3-540-44964-7_1}}</ref><ref name="Rohlfs et al.">{{citar periódico|autor =Rohlfs M, Albert M, Keller NP, Kempken F.|ano= 2007|título=Secondary chemicals protect mould from fungivory|periódico=Biology Letters|volume=3|páginas=523–5|pmid=17686752|doi=10.1098/rsbl.2007.0338|número=5|pmc=2391202}}</ref>

== Micologia ==
A [[micologia]] é um ramo da [[biologia]] que se ocupa do estudo sistemático dos fungos, incluindo as suas propriedades genéticas e bioquímicas, a sua taxonomia, e a sua utilidade para os humanos como fontes de medicamentos, alimento, [[Enteógeno|substâncias psicotrópicas]] consumidas com propósitos religiosos, bem como os seus perigos, como o envenenamento e infecção. O campo da [[fitopatologia]], o estudo das doenças das plantas, está estreitamente relacionado com a micologia, pois muitos dos patógenos vegetais são fungos.<ref name="isbn1-4020-4580-8">Segundo uma estimativa de 2001, conhecem-se cerca de 10 000 doenças causadas por fungos. {{citar livro|último =Struck C.|editor-sobrenome =Cooke BM, Jones DG, Kaye B |título=The Epidemiology of Plant Diseases |publicado=Springer |local=Berlin |ano=2006 |página=117 |isbn=1-4020-4580-8|capítulo=Infection strategies of plant parasitic fungi}}</ref>

O uso dos fungos pelos humanos data da pré-história. [[Ötzi]], o Homem do Gelo, uma múmia de um homem do [[Neolítico]] com 5 300 anos de idade encontrada nos Alpes austríacos, transportava consigo duas espécies de cogumelos [[poliporo]]s que podem ter sido usados como mecha (''[[Fomes fomentarius]]''), ou para fins medicinais (''[[Piptoporus betulinus]]'').<ref name="pmid">{{citar periódico|autor =Peintner U, Pöder R, Pümpel T.|título=The Iceman's fungi|periódico=Mycological Research |volume=102 |número=10 |páginas=1153–62 |ano=1998|doi=10.1017/S0953756298006546}}</ref> Os povos antigos usaram os fungos como fontes de alimento – frequentemente sem o saberem – durante milénios, na preparação de pão levedado e sumos fermentados. Alguns dos mais antigos registos escritos contêm referências a destruições de colheitas provavelmente causadas por fungos patogénicos.<ref>Ainsworth, p. 1.</ref>

=== História ===
A micologia é uma ciência relativamente recente que se tornou sistemática após o desenvolvimento do [[microscópio]] no {{séc|XVI}}. Embora os esporos de fungos tenham sido observados pela primeira vez por [[Giambattista della Porta]] em 1588, o trabalho seminal no desenvolvimento da micologia terá sido a publicação em 1729 da obra ''Nova plantarum genera'' de [[Pier Antonio Micheli]].<ref>Alexopoulos ''et al.'', pp. 1–2.</ref> Micheli não só observou esporos, como mostrou que sob as condições apropriadas, eles poderiam ser induzidos a desenvolverem-se na mesma espécie de fungo da qual haviam sido originados.<ref>Ainsworth, p. 18.</ref> Estendendo o uso do [[sistema binomial]] de [[Carl Linnaeus]] no seu ''[[Species plantarum]]'' (1753), o neerlandês [[Christiaan Hendrik Persoon]] (1761–1836) estabeleceu a primeira classificação de cogumelos com tal perícia, que é considerado um dos fundadores da micologia moderna. Mais tarde, [[Elias Magnus Fries]] (1794–1878) melhorou a [[Classificação científica|classificação]] dos fungos, usando a cor dos esporos e várias características microscópicas, métodos ainda hoje usados pelos taxonomistas. Entre outros contribuidores notáveis no desenvolvimento da micologia nos séculos XVII-XIX e início do {{séc|XX}} incluem-se [[Miles Joseph Berkeley]], [[August Carl Joseph Corda]], [[Anton de Bary]], os irmãos [[Louis René Tulasne|Louis René]] e [[Charles Tulasne]], [[Arthur Henry Reginald Buller|Arthur H. R. Buller]], [[Curtis Gates Lloyd|Curtis G. Lloyd]], e [[Pier Andrea Saccardo]]. O {{séc|XX}} assistiu à modernização da micologia, devido aos avanços na [[bioquímica]], [[genética]], [[biologia molecular]] e [[biotecnologia]]. O uso das tecnologias de [[sequenciação de ADN]] e da análise filogenética, forneceu novas pistas sobre as relações dos fungos e a [[biodiversidade]], e desafiou as classificações tradicionais da [[taxonomia]] dos fungos baseadas na morfologia.<ref>{{citar periódico|último =Hawksworth DL. |ano=2006 |título=Pandora's Mycological Box: Molecular sequences vs. morphology in understanding fungal relationships and biodiversity |periódico=Revista Iberoamericana de Micologia |volume=23 |páginas=127–33 |doi=10.1016/S1130-1406(06)70031-6 |pmid=17196017|número=3}}</ref>

{{Referências|Notas de rodapé|col=3|scroll=sim}}
{{Tradução/ref|en|Fungus|oldid=347273401}}

== Bibliografia ==
* {{citar livro|autor =Ainsworth GC. |título=Introduction to the History of Mycology |publicado=Cambridge University Press |local=Cambridge, UK |ano=1976|isbn=0-521-11295-8}}
* {{citar livro|autor =Alexopoulos CJ, Mims CW, Blackwell M.|título=Introductory Mycology |ano=1996 |publicado=John Wiley and Sons | isbn=0471522295}}
* {{citar livro|autor =Deacon J.|título=Fungal Biology |publicado=Blackwell Publishers |local=Cambridge, MA |ano=2005 |isbn=1-4051-3066-0}}
* {{citar livro|autor =Hall IR. |título=Edible and Poisonous Mushrooms of the World |publicado=Timber Press |local=Portland, Oregon |ano=2003 |página= |isbn=0-88192-586-1}}
* {{citar livro|autor =Hanson JR.|título=The Chemistry of Fungi |ano=2008 |publicado=Royal Society Of Chemistry| isbn=0854041362}}
* {{citar livro|autor =Jennings DH, Lysek G.|título=Fungal Biology: Understanding the Fungal Lifestyle|ano=1996 |publicado=Bios Scientific Publishers Ltd |local=Guildford, UK |isbn=978-1859961506}}
* {{citar livro|autor =Kirk PM, Cannon PF, Minter DW, Stalpers JA. |título=Dictionary of the Fungi. 10th ed |publicado=CABI |local=Wallingford |ano=2008|isbn=0-85199-826-7}}
* {{citar livro|autor =Taylor EL, Taylor TN. |título=The Biology and Evolution of Fossil Plants |publicado=Prentice Hall |local=Englewood Cliffs, N.J |ano=1993|isbn=0-13-651589-4}}

== Ligações externas ==
{{sisterlinks|wikt=fungi|commons=Category:Fungi|species=Fungi}}
* {{Link||2=http://tolweb.org/fungi |3=Tree of Life web project: Fungi}}
* {{eol|5559}}

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