Ramessés III (Titulatura real egípcia: Usermaat-re-meryamun) foi o segundo faraó da XX dinastia egípcia, e é considerado como o último grande faraó do Império Novo a exercer uma grande autoridade sobre o Egito. Ele era filho do faraó Setnakht com a rainha Tiy-merenese. O reinado de Ramessés III durou, aproximadamente, de 1194 – 1163 a.C., 31 anos.
Ramessés III
Ramsès III, imatge de la seva tomba a la Vall dels Reis.
Durante o longo reinado de Ramessés III, meio ao caos político da Idade das Trevas na Grécia, o Egito foi atormentado por invasores estrangeiros (incluindo os então denominados Povos do Mar e os líbios) e experimentou o início da dificuldade econômica e das guerras internas que, eventualmente, levariam ao colapso da XX dinastia.
As guerras internas se prolongaram do 2º ao último ano de reinado de Ramessés III. Dá a entender que já havia desordem no país antes de sua subida ao trono, mas como alguns funcionários sobreviveram desde o tempo de Merneptá (5 faraós antes), acredita-se que a violência estava limitada à corte e aos círculos militares. Ramessés III conseguiu controlar as crises que terminaram com a derrota dos rebeldes.
No ano 8 de seu reinado, os Povos do Mar, incluindo os Filisteus, etc., invadiram o Egito pelo mar, no que foram vencidos por Ramessés III em duas grandes batalhas. Embora os egípcios antigos tivessem uma reputação de inexperientes no mar, eles batalharam e venceram, tenazmente. A tática de Ramessés III era criar uma linha de arqueiros que, com saraivadas de flechas contra os navios inimigos, impediam que esses desembarcassem nas margens do Nilo e depois atacar com os barcos da marinha egípcia. Todos os ataques foram rechaçados e o Egito conseguiu manter o controle do Sinai e do Sul da Palestina.
Após a colonização de Canaã por grupos de "povos do mar", Ramessés III tentou consolidar o seu predomínio recrutando soldados entre os referidos povos para o exército egípcio e estabelecendo novas guarnições no sul da Palestina.
Por fim, Ramessés III, com aproximadamente 60 anos, acabou por ser vítima de uma conspiração conhecida como "a conspiração do harém" [1], um dos episódios mais sombrios do antigo Egito, relatado em documentos da época, em particular o "Judicial Papyrus Of Turin"[2], conservado em Turim, na Itália, e que relata a tentativa de golpe de Estado de uma das esposas de Ramessés III, Tiyi, que desejava levar ao trono seu filho, quando o sucessor legítimo de Ramessés III era o filho de Isis, a primeira esposa. No Antigo Egito, era comum que dentre as esposas e mulheres do harém, o faraó tivesse uma principal, a “grande esposa”, mas durante o reinado de Ramessés III, isso parece não ter sido bem definido, o que pode ter inflamado a disputa pelo poder, resultando na conspiração. Os principais envolvidos no esquema eram a esposa Tiyi, o provável “tesoureiro” real Pabakkamen, e o príncipe Pentawere, filho de Tiyi e Ramessés III. De acordo com egiptólogos, Pentawere seria, inclusive, a múmia conhecida como “a múmia que grita” e “o Desconhecido E”[3]; testes de DNA relacionaram positivamente o material genético da múmia de Ramsés III com a polêmica múmia, identificando o primeiro como pai do segundo. [4] Documentos oficiais revelam que a tentativa de golpe fracassou e dezenas de envolvidos foram condenados, porém, não relatam se os conspiradores conseguiram por as mãos no faraó durante a execução do plano. No entanto, sabe-se que Ramsés III morreu na mesma época da conspiração, e tomografias feitas em sua múmia constataram um corte profundo no pescoço, lesões no esôfago e nos vasos sanguíneos (o que teria provocado uma intensa hemorragia que provavelmente o levou a morte) e um outro corte em um dedo do pé, feito com um tipo de lâmina diferente da usada no pescoço, o que sugere um assassinato. [5] O faraó foi enterrado na tumba KV11[6], mas sua múmia atualmente reside no Museu Egípcio do Cairo.
Grandes Impérios e Civilizações - O Mundo Egípcio Vol. 1, pg. 46 - Tradução de Maria Emília Vidigal, Edições del Prado (Brasil e Portugal), 1996. ISBN 84-7838-736-6