Palácio Farnésio (Roma)

Palácio em Roma, Itália

O Palácio Farnésio (em italiano: Palazzo Farnese [paˈlattso farˈneːze]), em Roma, é um proeminente palácio do Alto Renascimento situado no rione Regola de Roma, a capital italiana. Actualmente, acolhe a Embaixada da França na Itália.

Palácio Farnese
Palácio Farnésio (Roma)
Informações gerais
Arquiteto Antonio da Sangallo o Jovem
Construção 1515
Função atual Embaixada da França na Itália
Altura 29 metro
Geografia
País Itália
Localização Rione Regola, Roma,  Itália
Coordenadas 41° 53′ 41″ N, 12° 28′ 15″ L
Mapa
Localização em mapa dinâmico

História

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"O mais imponente palácio italiano do século XVI", de acordo com sir Banister Fletcher (1), este edifício foi desenhado por Antonio da Sangallo o Jovem (1484-1546), um dos assistentes de Donato Bramante no desenho da Basílica de São Pedro. A construção começou em 1515, depois de um ou dois anos de preparação[nota 1], encomendada por Alexandre Farnésio, o qual havia sido nomeado cardeal, em 1493, com a idade de 25 anos (graças à sua irmã, que era amante oficial do papa Alexandre VI Bórgia) e tinha um estilo de vida principesco. A obra foi interrompida pelo Saque de Roma, em 1527. Foi considerado uma das "quatro maravilhas de Roma"[2]: "Il cembalo di Borghese / il dado di Farnese / la scala di Caetani / il portone di Carboniani"[a].

 
Palácio Farnésio
Gravura do século XVIII, por Giuseppe Vasi

Quando, em janeiro de 1534, o cardeal Alessandro foi eleito Papa (Paulo III), encarregou Michelangelo de completar o terceiro andar, com a sua profunda cornija, e de rever o pátio, como uma emblemática "casa de poder" apropriada para a família Farnésio. A fachada maciça domina uma pequena praça; os elementos mais memoráveis da sua fachada são os frontões que cobrem as janelas do piano nobile (andar nobre), o portal central rusticado e a proeminente cornija de Michelangelo. A janela central foi revista por Michelangelo quando o cardeal se tornou Papa, tendo o arquitecto adicionado uma arquitrave para suportar o maior brasão com a tiara papal que Roma alguma vez vira. Quando Paulo III subia à varanda, toda a fachada se tornava num cenário para a sua pessoa.[nota 2] O pátio, inicialmente com arcadas abertas, é cercado por um exercício académico em ordens ascendentes (dórica, jónica e coríntia). O andar nobre foi embelezado por Michelangelo.

 
A Virgem e o Unicórnio provavelmente de Domenichino (cerca de 1602), obra presente no palácio.

O palácio foi redesenhado en 1534 e em 1541, modificado por Michelangelo, depois da morte de Sangallo, a partir de 1546, ajustado para o sobrinho papal Ranuccio Farnésio por Giacomo Vignola e completado por Giacomo della Porta, com as fachadas porticadas em direcção ao Tibre, para o segundo cardeal Alessandro Farnésio, sendo concluído em 1589. Várias salas principais receberam afrescos com elaborados programas alegóricos, incluindo uma série de afrescos de Hércules e outra com "Os Amores" dos Deuses", por Annibale Carracci e outros artistas, executada entre 1597 e 1608. Durante gerações, a sala com os afrescos de Hércules (Sala d'Ercole) acolheu a famosa escultura da Antiguidade Greco-Romana conhecida como o Hércules Farnésio. No palácio também estiveram instalados outros trabalhos da colecção de escultura clássica da família.

 
Palácio Farnésio
gravura do século XVIII.

No lado do jardim, o qual enfrenta o Tibre, Michelangelo propôs dar à vasta massa do palácio algumas salas arejadas com uma ponte que, atravessando a Via Giulia, ligasse o centro da fachada do jardim com a villa dos papas, a Villa Farnesina, no lado do Trastevere. Para a Praça Farnésio, a face "urbana" do palácio, chegaram, no século XVI, dois tanques vindos das Termas de Caracala.

Depois da morte do cardeal Odoardo Farnese, em 1626, o palácio manteve-se virtualmente inabitado durante vinte anos. No final das Guerras de Castro com o papado, o duque Odoardo Farnese ficou habilitado a recuperar as propriedades da sua família, as quais haviam sido confiscadas. O inventário resultante é o mais antigo inventário completo sobrevivente do Palácio Farnésio Depois da morte de Eduardo, o papa Alexandre VII permitiu que a rainha Cristina da Suécia se alojasse no palácio durante vários meses, mas ela "revelou-se uma inquilina do inferno".[4] Depois da sua partida para Paris, as autoridades papais descobriram que os seus indisciplinados criados haviam, não só, roubado as pratas, tapeçarias e pinturas, como também tinham "destruído portas para usá-las como lenha" e removido secções da cobertura de cobre.[5]

O Palácio Farnésio passou por herança dos Farnésio para os Bourbon, Reis de Nápoles, de quem o governo francês o comprou em 1874. Embora o governo de Benito Mussolini tenha resgatado o edifício em 1936, a embaixada francesa permanece no palácio através de um arrendamento por 99 anos.

Uso actual

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A bandeira da França hasteada no balcão da fachada principal

O Palácio Farnésio abrigou os embaixadores de Luís XIV junto à Santa-Sé no século XVII; a partir de 1874, tornou-se a sede da embaixada da França junto ao Reino de Itália e, em seguida, à República Italiana. Além da Embaixada da França, o palácio também abriga, desde 1876, a École Française de Rome ("Escola Francesa de Roma") e sua grande biblioteca erudita, concentrada especialmente na arqueologia da Itália e na história papal da Idade Média. A École Française de Rome embarcou num projecto maciço de publicação de grande parte da documentação de construção do palácio, os seus afrescos, mobiliário, biblioteca e obras de arte, totalmente anotada e indexada. Os primeiros três volumes são:

  • F.C. Uginet, Le palais farnèse à travers les documents financiers[nota 3] (Roma, 1980).
  • A. Chastel, Le Palais Farnèse. Ecole Française de Rome I.1 e I.2, e II [nota 4] (Roma, 1980-1982).
  • F. Fossier. Le Palais Farnèse III.2. La bibliothèque Farnèse. Étude des manuscrits latins et en langue vernaculaire[nota 5](Roma, 1982).
  • B. Jestaz, Le Palais Farnèse III.3. L'inventaire du palais et des propriétés Farnèse à Rome en 1644[nota 6] (Roma, 1994)

Influências

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  • Na ópera Tosca de Puccini (1900), situada na Roma napoleónica, a confrontação da heroína com o malévolo chefe de polícia, Scarpia, tem lugar no Palácio Farnésio.

Visitas

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As visitas ao Palácio Farnésio são permitidas às segundas e quintas-feiras, às 15, 16 e 17 horas. São visitas guiadas, em francês ou em italiano.[carece de fontes?]

Notas

  1. A data definitiva, baseada em nova informações documentadas, foi publicada por Christoph Frommel. [1]Murray 1963 cita que a construção começou em 1513, enquanto Giedion afirma que foi em 1514.
  2. A magnificência incrivelmente pretensiosa desta residência para um único homem aponta para a eminência do Barroco (...) Esta monumental janela parece aguardar a chegada do grande senhor que está prestes a mostrar-se à populaça.[3]
  3. O Palácio Farnésio através dos documentos financeiros
  4. O Palácio Farnésio. Escola Francesa de Roma
  5. A biblioteca Farnese. Estudo dos manuscritos latins e em língua vernácula
  6. O inventário do palácio e das propriedades Farnésio em Roma em 1644
  1. "O cembalo di Borghese" é uma referência ao formato do Palazzo Borghese, o "dado di Farnese", ao formato quadrado do Palazzo Farnese, a "scala di Caetani", à escadaria do Palazzo Ruspoli e o "portone di Carboniani", ao portal do Palazzo Sciarra Colonna.

Referências

  1. A. Chastel, ed. Le palais Farnèse
  2. Guattani, Giuseppe Antonio (1805). Roma Descritta ed illustrata (em italiano). [S.l.]: Stamperia Pagliarini 
  3. Siegfried Giedion, em Space, Time and Architecture (1941) 1962, pp 56-57
  4. Colvin, Clare. Eccentric Rebel Without a Crown (Rebelde Excêntrica sem Coroa). Independent, 24 de maio de 2004.
  5. Pavel Muratov, Imagens de Itália, Berlim, 1924. Reeditado em São Petersburgo, 2005. ISBN 5352014762. Vol. 2, página 155.

Bibliografia

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  • Murray, Peter (1963). The Architecture of the Italian Renaissance. [S.l.]: Schocken Books, New York. pp. 158–164 

Ligações externas

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