Maurício, Príncipe-Eleitor da Saxônia

Maurício (Freiberga, 21 de março de 1521 – Sievershausen, 9 de julho de 1553) foi Duque e, mais tarde, Príncipe-Eleitor da Saxônia. Sua inteligente manipulação de alianças e disputas ganharam as extensas terras e a dignidade eleitoral do ramo albertino da Dinastia Wettin.

Maurício
Príncipe-Eleitor da Saxônia
Duque da Saxônia
Margrave da Mísnia
Maurício, Príncipe-Eleitor da Saxônia
Maurício, Príncipe-Eleitor da Saxônia
Príncipe-Eleitor da Saxônia
Reinado 1547 - 1553
Antecessor(a) João Frederico I
Sucessor(a) Augusto I
Duque da Saxônia
Reinado 1541 - 1547
Predecessor(a) Henrique IV
Sucessor(a) João Frederico I
Margrave da Mísnia
Reinado 1541 - 1553
Predecessor(a) Henrique IV
Sucessor(a) fusão com o Eleitorado
Nascimento 21 de março de 1521 (503 anos)
  Freiberga, Distrito de FreibergaSaxônia, Alemanha
Morte 9 de julho de 1553 (32 anos)
  Sievershausen, Hanôver, Baixa Saxônia, Alemanha
Sepultado em Catedral de Freiberga
Cônjuge Inês de Hesse
Descendência
Casa Casa de Wettin
Pai Henrique IV, Duque da Saxônia
Mãe Catarina de Mecklemburgo
Religião Luterano

1521-1541: Infância e juventude

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Maurício era o quarto filho (primeiro filho homem) do futuro reiHenrique IV, Duque da Saxônia, então católico, e sua esposa protestante, Catarina de Mecklemburgo. Henrique era o irmão mais novo de Jorge, Duque da Saxônia.

Em dezembro de 1532, Maurício, ao 11 anos, foi morar no castelo de seu padrinho, o Cardeal Alberto de Brandemburgo, Arcebispo de Magdeburgo e Arcebispo da Mogúncia. Por dois anos, ele viveu uma vida contemplativa, até que seu tio, o Duque Jorge, ordenou seu retorno para a Saxônia. Jorge começou a formação do futuro Duque e a educá-lo como católico. Mas em 1536, o pai de Maurício tornou-se protestante, e quando ele sucedeu ao Duque Jorge, em 1539, ele fez o Ducado se tornar protestante. Henrique e Catarina tomaram a educação de seu filho em suas mãos. Nesse mesmo ano, Maurício, agora com 18 anos, passou a viver em Torgau, com seu primo mais velho, João Frederico I, a quem ele desprezou, e isso levou a um forte ódio entre eles. Com outro primo, no entanto, Filipe I, Landgrave de Hesse, que ele conheceu em Dresda, Maurício desenvolveu uma amizade de longa vida.

Depois que Maurício atingiu a maioridade, em 1539, seus pais começaram a procurar uma esposa para ele. O favorito era a filha mais velha de Filipe, Inês de Hesse. Os planos para o casamento ameaçaram falhar, no entanto, devido à bigamia ilegal do Landegrave. Sem o conhecimento de seus pais, Maurício permaneceu comprometido com o seu noivado com Inês. O casamento, particularmente reprovado por sua mãe, tocorreu em Marburgo, a 9 de janeiro de 1541. Cartas da época ilustram a forte devoção mútua do casal. Juntos tiveram dois filhos:

Descendência

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  1. Ana da Saxónia (23 de dezembro de 1544 - 18 de dezembro de 1577), segunda esposa do príncipe Guilherme I de Orange; com descendência.
  2. Alberto da Saxónia (28 de novembro de 1545 - 12 de abril de 1546), morreu aos quatro meses de idade

1541-1548: O conflito dos wurzener e a Guerra de Esmalcalda

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Em 18 de agosto de 1541, o Duque Henrique morreu e, Maurício, como filho mais velho, o sucedeu como Duque da Saxônia e Chefe da Linhagem Albertina. Ele substituiu a maioria de seus conselheiros, porque eles haviam se oposto ao seu casamento com Inês, desde o início. George von Carlowitz, um dos novos confidentes do Duque, aconselhou Maurício (a fim de evitar uma guerra com o Imperador Carlos V e seu irmão Ferdinando I, que era, ao mesmo tempo, Rei dos Romanos e seu vizinho como Rei da Boêmia) a não colocar a sobrevivência do Movimento Protestante em risco.

Assim, ele participou no exército do imperador na guerra contra as forças do Sultão Solimão, o Magnífico, do Império Otomano (1542), do Duque Guilherme de Jülich-Cleves-Berg (1543) e do Rei Francisco I da França (1544). No entanto, por outro lado, o Duque confiscou as propriedades da Igreja Católica em suas terras. A partir da riqueza dos mosteiros dissolvidos em seu país, Maurício fundou as escolas de príncipes (Fürstenschulen) de Schulpforta (100 lugares), Mísnia (60 lugares) e Grimma (70 lugares). A base legal para isto foi a "Nova Ordem Nacional" (Neue Landesordnung), de 1543.

Mais tarde, Maurício se recusou a participar da protestante Liga de Esmalcada, embora o Landegrave Felipe de Hesse, seu amigo e sogro, fosse o líder. A principal razão para a sua recusa de fazê-lo é geralmente associada ao seu ódio pelo seu primo ernestino João Frederico I e a promessa imperial do eleitorado saxão, então, mantido por João Frederico I. Na Semana Santa de 1542, durante o conflito dos wurzener (Wurzener Fehde), quase se chegou a uma guerra fratricida, porque João frederico ocupou o, administrado conjuntamente, "País Wurzener". Havia anteriormente tido uma controvérsia entre Maurício e João frederico sobre o uso dos impostos desta área. A intervenção do Landegrave Felipe de Hesse e Martinho Lutero impediu a guerra.

 
Retrato de Maurício com armadura, por Lucas Cranach, o Jovem.

Devido à enérgica persistência do Eleitor João Frederico no estabelecimento de Fé Protestante, o Imperador Carlos V, em 20 de julho de 1546, impôs o Banimento Imperial (Reichsacht) sobre ele, com a concordância dos Domínios Imperiais Católicos, aplicação que foi imposta a Maurício após o Conflito dos Wurzener. O imperador tentou, assim, atingir ainda mais profundamente o acampamento protestante, a fim de impedir maior propagação da Fé Protestante. Em caso de sucesso da execução, Maurício esperava ser investido pelo imperador com o Eleitorado. Maurício hesitou por um longo tempo, já que por esta ação punitiva seu sogro, Filipe de Hesse, teria sido afetado também. Mas quando o irmão do imperador, Fernando I, quis iniciar uma campanha contra o Eleitorado da Saxônia, ele teve que abortar,para não perder a iniciativa em suas próprias terras para os Habsburgo.

Maurício retornou para o acampamento de Carlos. Após os sucessos iniciais — ele ocupou o Eleitorado da Saxônia quase sem luta — Maurício, com seu exército, foi conduzido de volta pela Liga de Esmalcada e retirou-se para a Boêmia. Na crucial Batalha de Mühlberg, no Rio Elba, o Imperador e seu irmão Fernando, bem como Maurício, foram capazes de derrotar a Liga de Esmalcada, capturando o Landegrave Felipe e João Frederico. De acordo com crônicas contemporâneas, tudo isso aconteceu no mesmo dia, 24 de abril de 1547. A fim de escapar da guilhotina, João Frederico cedeu o Eleitorado e consideráveis terras a Maurício na Rendição de Wittemberg. Em uma breve cerimônia, no acampamento do campo, depois da batalha de 4 de junho de 1547, o Duque Maurício foi elevado à posição digna de Eleitor da Saxônia. A nomeação oficial ocorreu mais tarde, mas a um alto custo: Ele tinha traído a Fé Protestante e deixou seu sogro, Filipe de Hesse, em uma situação irremediável. Maurício garantiu que ele não seria preso, se ele se entregasse ao imperador. No entanto, Filipe foi aprisionado e exilado, depois de se ajoelhar diante de Carlos V.

1548-1553: A Dieta de Augsburgo e a Paz de Passau

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Maurício, insultado depois desses incidentes por seus compatriotas e chamado de "Judas", também estava decepcionado pela atitude do imperador (porque agora Carlos V tentava reintroduzir o catolicismo nos territórios protestantes do Império e continuou a prisão de seu sogro, o Landegrave Felipe de Hesse, cuja liberdade Carlos V havia garantido), ele se escondeu seus sentimentos até a Dieta de Augsburgo, em 25 de fevereiro de 1548, onde ocorreu a cerimônia formal da estreia de Maurício, como Eleitor da Saxônia. Carlos V esperava que, com a nomeação de Maurício a Eleitor da Saxônia, com a assinatura do acordo conhecido como o Interim de Augsburgo, e com a sua própria ajuda, eles poderiam colocar um fim às discórdias religiosas que estavam dividindo seu império.

Quando contratado para capturar a rebelada cidade luterana de Magdeburgo (1550), Maurício aproveitou a oportunidade para levantar um exército e assinou pactos anti-Habsburgo os príncipes protestantes da França e da Germânia.

No Tratado de Chambord, assinado com o rei francês Henrique II, em janeiro de 1552, Maurício prometeu ao rei dinheiro e armas para auxiliá-lo em sua campanha contra Carlos V. Em troca, Henrique foi capaz de tomar quatro cidades Imperiais (Metz, Toul, Verdun e Cambrai), bem como seus bispados, apesar de Maurício não ter direito a eles.

Em março de 1552, os rebeldes invadiram os estados ao sul da Germânia, incluindo partes da Áustria, forçando o Imperador a fugir e a libertar Filipe de Hesse. Enquanto Henrique avançava até o Reno e ocupava as terras imperias o prometidas, o imperador, surpreendido pelo ataque, fugia, pelos Alpes, para Villach, no austríaco Ducado da Caríntia. Em vista desse sucesso, Maurício abandonou sua aliança com o rei Henrique II e negociou um tratado com o irmão de Carlos, o Rei Fernando I, com o qual Carlos concordou de bom grado. Quando a Paz de Passau foi assinada, em agosto de 1552, a posição luterana foi provisoriamente garantida. Como parte da Paz, seu ex-adversários da Guerra da Esmalcada, João Frederico I da Saxônia e o Landegrave Philipp de Hesse, foram libertados. A guerra foi encerrada em 1556, por Fernando I e as cidades Imperiais permaneceram em posse dos franceses.

Quando Maurício retornou à Saxônia, depois da Paz de Passau, ele não era mais visto como um traidor. Tanto os protestantes quanto os católicos lhe declararam igual respeito. Além disso, o imperador, em correspondência para ambas as partes, exortou-os a manter a paz no seu império. Pouco depois, ele fez campanha contra os Otomanos, na Hungria. O Margrave Alberto Alcibíades (que havia rejeitado o armistício de Passau), logo em seguida, conquistou o bispado de Wurzburgo e Bamberga — que tinham estado sob seu controle pelos onze anos anteriores, depois que seu ex-proprietário, João Fredrico, os havia cedido a ele. Este foi o início da Segunda Guerra Margrave, que só terminou com a Paz de Augsburgo, em 1555.

Em 1552, Maurício, com o exército do Sacro Império Romano (11.000 homens) marchou para a Hungria. Os otomanos sitiaram Eger, mas a Peste Negra eclodiu na Hungria, e Maurício não ousou mover suas forças.[1]

 
Monumento de Maurício, em Dresda

Alberto Alcibíades era um ex-aliado de Maurício, que lutou ao seu lado na Guerra da Esmalcada. Mas agora Maurício, envolvido em uma aliança de príncipes, com Fernando I, entre outros, foi obrigado a lutar contra Alberto Alcibíades. Em 9 de julho de 1553, a Batalha de Sievershausen, tomou lugar em Lehrte. Maurício ganhou esta batalha, mas foi gravemente ferido no estômago, por um disparo pelas costas, e morreu dois dias depois, no acampamento, aos 32 anos. Ele foi enterrado na Catedral de Freiberga. Em 1853, cerca de 300 anos após a batalha, o lugar de sua morte foi comemorado por um monumento, erguido em sua memória. O pesado monumento de granito, de 7,5 toneladas, veio de sua terra natal, a Saxônia.

Por Maurício ter moriido sem um herdeiro homem, seu irmão, Augusto I, sucedeu-o como Eleitor. Em Dresda, logo após a morte de Maurício, ele ergueu o "Monumento de Maurício" (Moritzmonument), o primeiro monumento histórico a ser erguido na Saxônia.

Ancestrais

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16. Frederico I, Eleitor da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
8. Frederico II, Eleitor da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Catarina de Brunsvique-Luneburgo
 
 
 
 
 
 
 
4. Alberto III, Duque da Saxónia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Ernesto, Duque da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
9. Margarida da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Cimburga da Mazóvia
 
 
 
 
 
 
 
2. Henrique IV, Duque da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Vítor de Kunštát e Poděbrady
 
 
 
 
 
 
 
10. Jorge de Poděbrady
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Ana de Wartenberg
 
 
 
 
 
 
 
5. Sidônia de Poděbrady
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Smilo de Sternberg
 
 
 
 
 
 
 
11. Cunegunda de Sternberg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Bárbara de Pardubice
 
 
 
 
 
 
 
1. Maurício, Príncipe-Eleitor da Saxônia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. João IV, Duque de Mecklemburgo
 
 
 
 
 
 
 
12. Henrique IV, Duque de Mecklemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Catarina de Saxe-Lauemburgo
 
 
 
 
 
 
 
6. Magno II, Duque de Mecklemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Frederico I de Brandemburgo
 
 
 
 
 
 
 
13. Doroteia de Brandemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. Isabel da Baviera-Landshut
 
 
 
 
 
 
 
3. Catarina de Mecklemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Vartislau IX, Duque da Pomerânia
 
 
 
 
 
 
 
14. Érico II, Duque da Pomerânia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Sofia de Saxe-Lauemburgo-Ratzeburg
 
 
 
 
 
 
 
7. Sofia da Pomerânia-Estetino
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Bogislau IX, Duque da Pomerânia
 
 
 
 
 
 
 
15. Sofia da Pomerânia-Słupsk
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Maria da Mazóvia
 
 
 
 
 
 

Ver também

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  • A Biblioteca Da Universidade De Leipzig

Referências

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  1. Ágnes Várkonyi: Idade de reforma (Megújulások kora), Magyar Könyvklub, Budapeste, 2001.

Literatura

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  • Georg Voigt, Moritz von Sachsen, Leipzig 1876.
  • Erich Brandenburg, Moritz von Sachsen, Bd. Eu, Leipzig 1899.
  • Günther, Wartenberg, Landesherrschaft und Reforma. Moritz von Sachsen und die albertinische Kirchenpolitik bis 1546. De Weimar, 1988.
  • Karlheinz Blaschke, Moritz von Sachsen. Ein Reformationsfürst der zweiten Geração. Göttingen 1983.
  • Johannes Herrmann, Moritz von Sachsen. Beucha 2003.
  • Hans Baumgarten, Moritz von Sachsen, Berlim, 1941.
  • Hof und Hofkultur unter Moritz von Sachsen (1521-1553), hrsg. von André Thieme und Jochen Vötsch, unter Mitarbeit von Ingolf Gräßler im Auftrag des Vereins für sächsische Landesgeschichte, Beucha de 2004.
  • Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
  • Hans-Joachim böttcher o, Anna Prinzessin von Sachsen (1544-1577) - Eine Lebenstragödie, Dresden 2013, ISBN 978-3-941757-39-4.