Ifigénia
Ifigénia (português europeu) ou Ifigênia (português brasileiro) (em grego clássico: Ἰφιγένεια), também Ifigenia,[nota 1] na mitologia grega, era a filha mais velha de Agamemnon e Clitemnestra, irmã de Orestes e Electra e sobrinha de Menelau e Helena. Princesa de Micenas e símbolo de auto-sacrifício feminino. Seu nome significa "forte desde o nascimento".[1] Eurípedes morreu sem concluir as peças, então várias versões existem na tentativa de concluí-la seguindo as inteções originais do autor. Acredita-se que Eurípedes, o jovem, filho ou sobrinho de Eurípedes, concluiu a peça e a apresentou 400 a.C. onde ganhou o primeiro lugar pela obra.
Ifigénia | |
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O sacrifício de Ifigênia Afresco antigo de Pompeia. | |
Genealogia | |
Pais | Agamemnon e Clitemnestra |
Irmão(s) | Orestes, Crisótemis e Electra |
Família
editarAgamemnon e Clitemnestra tiveram um filho, Orestes, e três filhas, Crisótemis, Ifigênia e Electra.[2] Agamemnon e Menelau eram filhos de Atreu,[3][4][5][6][7] sendo sua mãe Aérope.[4][8] ou, de acordo com outras versões, filhos de Plístene, filho de Atreu.[9][10]
Clitemnestra era filha de Tíndaro e Leda; Leda teve um filho e uma filha de Zeus, Pólux e Helena, e um filho e uma filha de Tíndaro, Castor e Clitemnestra.[11] Clitemnestra havia sido casada com Tântalo, filho de Tiestes; tanto Tântalo quanto o filho recém nascido do casal foram assassinados por Agamemnon, que, em seguida, desposara Clitemnestra.[12]
A briga entre os descendentes de Atreu e do seu irmão Tiestes começou com o adultério de Aérope, esposa de Atreu, com Tiestes.[13] Em seguida, Atreu assassinou os filhos de Tiestes, e deu para ele comer os filhos, revelando, ao final, quem ele estava comendo.[14] Tiestes engravidou sua própria filha, com quem teve um filho, Egisto; Egisto matou Atreu e entregou Micenas a Tiestes.[15] Tíndaro removeu Tiestes do trono de Micenas, entregando a cidade a Agamemnon, e casando suas duas filhas Clitemnestra e Helena, respectivamente, com Agamemnon e Menelau.[12]
Ifigênia em Áulis
editarSegundo Eurípedes, antes de partir para Troia, Agamemnon irritou Ártemis ao caçar um cervo em uma floresta sagrada e se gabar de ser o melhor caçador. Como punição os ventos no porto de Áulis pararam e Agamenon deveria sacrificar sua filha em um altar a Ártemis, para que a deusa fizesse soprar bons ventos para a partida dos exércitos gregos a Troia. Agamemnon manda uma carta a sua esposa, Clitemnestra, para que traga a filha com a promessa que ela se casaria com Aquiles. Depois se arrepende e tenta mandar uma nova carta, que é lida por Menelau que briga com o irmão. Mas já é tarde demais e Clitemnestra, Orestes e Ifigênia já haviam chegado a Áulis. [16]
Agamemnon tenta convencer Clitemnestra voltar para Micenas mas ela se recusa a não participar do casamento da filha. Quando encontra Aquiles, que desconhece a trama, ambos descobrem a verdade sobre o cruel destino a espera da filha, e que fora enganada pelo marido. O exército se revolta com a demora, mas Aquiles defende Ifigênia mesmo da raiva dos mirmidões. Ifigênia decide se sacrificar para impedir que a revolta continue, para que Aquiles não seja ferido em vão e para ajudar os gregos a seguirem para Troia. Para admiração de Aquiles ela segue para o altar ignorando as súplicas da mãe que se desespera com seu destino cruel. No último momento, Ártemis substituiu a princesa por uma corça, e a fez sua suma sacerdotisa, levando-a para Táurida. [16] Em outra versão ela é realmente sacrificada mas sua alma é resgatada e imortalizada pelos deuses.
Orestes e as fúrias
editarClitemnestra não admitiu Agamemnon sacrificar sua própria filha, e por isso matou-o quando ele estava na piscina do palácio. Sete anos depois, quando Orestes, irmão de Ifigênia, retorna a Micenas e descobre o que havia ocorrido, por pressão de Electra, sua irmã mais nova, mata sua mãe e o amante dela na tentativa de vingar a morte de seu pai. Por ter cometido matricídio passou a ser castigado pelas fúrias com chicotadas e tochas até enlouquecer. Seu melhor amigo desde a infância, Pílades, o acompanha tentando mantê-lo são.
Ifigênia em Táurida
editarOrestes procurou o Oráculo de Delfos para descobrir como se livrar das chicotadas das Fúrias. O oráculo revelou que ele só seria libertado caso conseguisse se apossar de uma estátua de Ártemis em Táurida. Seu amigo Pílades o acompanha nessa viagem e ambos são protegidos por Atena por sua coragem. Quando chegam, Orestes tem um ataque de loucura e tenta matar os bezerros dos camponeses acreditando que eles são as Fúrias que o atormentam. Ambos são capturados e levados para serem sacrificados pela suma sacerdotisa virgem no templo de Ártemis.[17]
Ifigênia e Orestes não se reconhecem imediatamente, mas durante os ritos pré-sacrifício, ao descobrir que ele é de Micenas, questina-o se Orestes ainda está vivo. Ele diz que sim, então ela propõe que poupará sua vida caso ele entregue uma carta a Orestes. Orestes pede a seu amigo que retorne a Micenas para entregar a carta deixando lá para ser sacrificado sozinho, mas este se recusa e revela a identidade de Orestes. Após esclarecimentos, Ifigênia planeja uma fuga com sua sagacidade e engana os outros sacerdotes dizendo que o estrangeiro não serve como sacrifício por ser um matricida e por seu amigo ser cumplice e que agora deverá levar a estátua maculada para ser purificada no mar. Com a ajuda de Atenas os três conseguem fugir de volta para Micenas e derrotar quem os perseguia. Quando chegam ao palácio, Electra reencontra Ifigênia que conta o ocorrido. Quando menciona que deveria sacrificar o irmão Electra ameaça matar sua irmã, mas Orestes se revela e a salva do mal entendido. Orestes recupera sua sanidade e se torna rei, casando-se com sua prima Hermíone. Sua irmã Electra se casa com Pílades e Ifigênia seguiu como sacerdotisa de Ártemis. [18]O destino da estátua de Ártemis ainda é disputado por mais de cinco cidades diferentes. Existem relatos de que por muitos anos diversos rituais onde eram aplicadas chicotadas em jovens até cobrir a estátua de sangue foram feitos diante dessas estátuas na tentativa de agradar a deusa.
Notas
- ↑ Da tônica latina, Maria Helena Ureña Prieto recomenda Ifigenia como forma correta, mas não desabona as exceções do uso corrente da acentuação grega. Prieto, Maria Helena de Teves Costa Ureña; Torres, Maria Isabel Greck; Abranches, Cristina Maria Negrão (1995). Do grego e do latim ao português (em grego). [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian. Citada por Marta, Eunice; Rocha, Carlos (23 de setembro de 2010). Acentuação de nomes de origem grega. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
Referências
- ↑ «ἰφι^-γένεια^». Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 2.16
- ↑ Pausânias, Descrição da Grécia, 3.1.5
- ↑ a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 3.12
- ↑ Higino, Fabulae, CXXIV, Reis dos Aqueus
- ↑ Higino, Fabulae, LXXXVIII, Atreu
- ↑ Higino, Fabulae, XCV, Ulisses
- ↑ Higino, Fabulae, XCVII, Os que foram à Guerra contra Troia, e o número dos seus navios
- ↑ João Tzetzes, Exeg. Iliad. 68. 19H
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.2.2
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.10.7
- ↑ a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 2.15
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 2.10
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 2.13
- ↑ Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, Epítome, 2.14
- ↑ a b Ifigênia em Áulis de Eurípides
- ↑ Robert Graves. O grande livro dos mitos gregos. Ifigênia em Táurida.
- ↑ «Encyclopedia of Greek and Roman mythology». Choice Reviews Online (01): 48–0022-48-0022. 1 de setembro de 2010. ISSN 0009-4978. doi:10.5860/choice.48-0022. Consultado em 23 de julho de 2023