Filosofia continental
Filosofia continental é um termo de origem Anglo-Americana utilizado para denominar a filosofia não-analítica. Popularizou-se no âmbito da filosofia acadêmica analítica como um conjunto vagamente organizado de tendências filosóficas contemporâneas da europa continental, às vezes acompanhado de uma desqualificação do valor filosófico dessas produções, em comparação com os critérios da análise filosófica britânica.[2] Por esta razão, não há uma definição consensual para o que constitui a 'tradição filosófica continental', com alguns autores até mesmo rejeitando a ideia de uma tradição continental, negando qualquer coerência interna entre essas tendências, e afirmando alternativamente que se trata mais de uma divisão cultural, acadêmica e histórica do que propriamente filosófica.[3]
Alguns pensadores comumente identificados como exemplos de filósofos continentais são - Hegel, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Sartre, Gadamer, Derrida, Michel Foucault e Baudrillard. São também listadas como correntes continentais o hegelianismo, Marxismo, estruturalismo, pós-estruturalismo, a desconstrução, teoria crítica, hermenêutica, fenomenologia e o pós-modernismo.[2] Críticas levantadas contra essas tentativas de organização da filosofia continental apontam, entre outras coisas, que são deixadas de fora correntes que foram relevantes no meio filosófico do continente mas não cativaram a atenção Anglo-Americana - entre elas o Personalismo, a Epistemologia Francesa, a Neoescolástica e outras formas de filosofia católica, por exemplo.[4] É também criticada a forma como a ênfase na divisão entre filosofia analítica/continental torna invisíveis as inspirações comuns e intersecções entre ambas, como é o caso da fenomenologia, que apesar de citada como um projeto distintamente continental, está presente em autores analíticos centrais, como J. L. Austin, Gilbert Ryle e Ludwig Wittgenstein.[5]
Entretanto, apesar da origem e das críticas ao termo, a ideia de filosofia continental tem sido reividicada de maneira positiva por novos filósofos tanto dentro do espaço familiarmente continental quanto no ambiente acadêmico de hegemonia anaítica. Alguns filósofos franceses contemporâneas tem se descrito como continentais.[6] No ambiente anglofóno, uma filosofia continental local é apresentada como uma nova onda na filosofia contemporânea.[7]
Referências
- ↑ Glendinning 2006, p. 10.
- ↑ a b West 1996, p. 1.
- ↑ Maoilearca & Lord 2009, p. 260.
- ↑ Maoilearca & Lord 2009, p. 262.
- ↑ Glendinning 2006, p. 26/27.
- ↑ . 2015, p. 32.
- ↑ Glendinning 2006, p. 123.
Bibliografia
editar- Domingues, Ivan (2009). O continente e a ilha: duas vias da filosofia contemporânea. [S.l.]: Ed. Loyola
- Serequeberhan, Tsenay (2015). Existence and heritage: hermeneutic explorations in African and continental Philosophy (em inglês). [S.l.]: SUNY Press
- Leiter, Brian; Rosen, Michael (2007). The Oxford handbook of continental philosophy (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press
- Critchley, Simon (2001). Continental philosophy: A very short introduction (em inglês). [S.l.]: OUP Oxford
- Glendinning, Simon (2006). The Idea of Continental Philosophy (em inglês). [S.l.]: Edinburgh University Press
- Maoilearca, John Ó.; Lord, Beth (2009). The Continuum Companion to Continental Philosophy (em inglês). [S.l.]: A&C Black
- Todd, May (2014). Emerging Trends in Continental Philosophy (em inglês). [S.l.]: Routledge
- Davis, Bret W.; Schroeder, Brian; Wirth, Jason M. (2011). Japanese and Continental Philosophy: Conversations with the Kyoto School (em inglês). [S.l.]: Indiana University Press
- Mullarkey, John (2006). Post-continental philosophy: An outline (em inglês). [S.l.]: Bloomsbury Publishing
- Bell, Jeffrey; Cutrofello, Andrew; Livingston, Paul (2016). Beyond the analytic-continental divide (em inglês). [S.l.]: Routledge
- West, David (1996). An Introduction to Continental Philosoph (em inglês). [S.l.]: Polity
- , Vários (2015). Plastic materialities: Politics, legality, and metamorphosis in the work of Catherine Malabou. [S.l.]: Duke University Press