Esporte Clube Siderúrgica

clube de futebol brasileiro

O Esporte Clube Siderúrgica, mais conhecido como Siderúrgica, é um clube de futebol brasileiro, da cidade de Sabará, no estado de Minas Gerais.

Siderúrgica
Nome Esporte Clube Siderúrgica
Alcunhas Esquadrão de Aço
Esquadrão de Ferro
Sidera
Tartaruga
Tartaruga do Napoleão[1]
Torcedor(a)/Adepto(a) Siderurgicano
Alvi-anil
Mascote Tartaruga
Fundação 31 de maio de 1930 (94 anos)
Estádio Praia do Ó
Capacidade 1.000 espectadores[1]
Localização Sabará, Minas Gerais, Brasil
Presidente Gilberto Evangelista
Treinador(a) Ginelton Mares
Material (d)esportivo Produzida por Gabi Arte Gráfica e Copiadora (Sabará - MG)
Competição Minas Gerais Campeonato Mineiro - 2ª Divisão
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Uniforme
titular
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Uniforme
alternativo

É proprietário do Estádio Eli Seabra Filho, também conhecido como Praia do Ó, tem como mascote uma Tartaruga (criação do cartunista Fernando Pierucetti, o Mangabeira,[2] por encomenda do jornal 'Folha de Minas', em 1943) e ostenta como suas cores, o branco e o azul.

Conquistou duas vezes o Campeonato Mineiro de Futebol, com seu título de 1964 marcando tanto o último torneio antes da inauguração do Mineirão[3] como o último de um time fora de Belo Horizonte até a década de 2000.[4]

Por um longo período, Siderúrgica havia encerrado as suas operações, isso desde 1967, após perder o patrocínio da Belgo-Mineira. O clube tentou retornar ao cenário do futebol profissional de Minas Gerais em 1993, 1997, 2011, 2012, 2015 e 2016, jogando as divisões inferiores, mas não obteve o acesso em nenhuma oportunidade.

História

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Fundação e ascensão

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O Siderúrgica foi fundado no dia 31 de maio de 1930, por iniciativa de funcionários da Usina Siderúrgica Belgo-Mineira. O estatuto do clube foi elaborado por uma comissão de 10 membros, presidida por Felicio Roberto, que ocupou o cargo de primeiro presidente da história do Siderúrgica.[5]

O clube foi inicialmente organizado para ser um Clube de Recreação Esportivo dos funcionários da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira. A Companhia Siderúrgica Belgo Mineira foi patrocinadora do clube, empenhando-se para o aprimoramento dos diversos departamentos deste, principalmente seu quadro de atletas profissionais. Contribuindo materialmente e financeiramente, possibilitou aos atletas satisfação, alegria e aprimoramento técnico e físico. Isso foi um exemplo de responsabilidade social em seu tempo, pois oferecia, através da Belgo Mineira, uma garantia de aprendizado de uma outra profissão, com a possibilidade, quando encerrava-se a carreira futebolística, do jogador trabalhar no ramo siderúrgico.

O primeiro campo de futebol foi construído em terreno da Praia do Ó, doado pelo Recreio Club Siderúrgica, e com o patrocínio da Belgo-Mineira. A primeira partida aconteceu em 17 de agosto de 1930, contra o também sabarense Alves Nogueira Football Club, no campo deste, atual PRAESA. O Siderúrgica foi derrotado por 5 a 4.

Em 1931, filiou-se a Liga Mineira de Desportos Terrestres e disputou seu primeiro torneio oficial, e em 1913, conquistou o título de Campeão da 2ª Divisão de Amadores. Em 1933, fez sua primeira partida como profissional, vencendo o Palestra Itália, atual Cruzeiro, pelo placar de 2 a 1.

Já em 1937, alcançou uma de suas mais importantes glórias: a conquista do Campeonato Mineiro, vencendo o tradicional Villa Nova na decisão. Teve o artilheiro da competição, Arlindo, com 10 gols. Este também marcou o gol da vitória do Siderúrgica no terceiro jogo das finais.[1]

Em 1942, teve a honra de ceder à Seleção Brasileira, para disputa do Sul-Americano, seu meio-campista Paulo Florêncio.[1]

Em 1943 o criador dos mascotes dos principais clubes mineiros, o cartunista Fernando Pierucetti (Mangabeira), definiu como mascote da equipe uma tartaruga.

Em 1954 foi disputada a Taça Louis Ensch, em homenagem ao patrono do Siderúrgica e ex-presidente da Companhia Belgo Mineira. Todas as partidas foram disputadas em Belo Horizonte e o título ficou com o Esporte Clube Siderúrgica.[6]

O clube manteve outras atividades além do futebol, tendo êxito nas modalidades de basquetebol, voleibol, tênis e futebol de salão. Neste último, se sagrou campeão estadual em 1960 e 1962.[1]

Auge e queda

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O Siderúrgica foi o último campeão mineiro antes do início da Era Mineirão, em 1964, ao vencer o América no Estádio da Alameda por 3 a 1.[3] O título se valeu pelo comando do técnico Dorival "Yustrich" Knipel, que ordenou a construção de uma nova concentração, pediu aos jogadores tirarem licença de seus empregos na Belgo Mineira, e requisitou a contratação do atacante Aldeir (que marcou o primeiro gol da final) junto ao America do Rio.[5] A alcunha da equipe de "Tartaruga do Napoleão", citada em seu hino, remete ao apelido de seu famoso treinador. Durante a histórica campanha da Tartaruga, o time de Sabará sofreu apenas uma derrota, para o Cruzeiro, no Barro Preto, por 1 a 0, com um gol do jovem Tostão, muito contestado pelo Siderúrgica, alegando que este teria sido feito em impedimento.

Curiosamente, o hino do Esporte Clube Siderúrgica foi gravado dentro de uma siderúrgica, e em sua letra são mencionados os rivais "Galo, Raposa e Leão", fazendo referência ao Atlético Mineiro, Cruzeiro e Villa Nova, respectivamente. O único hino também retrata e referencia o momento mais glorioso do clube.

O Siderúrgica foi o primeiro clube de Minas Gerais a jogar uma partida interestadual no recém inaugurado Mineirão, pela Taça Brasil de 1965. Eliminou o Atlético Goianiense e chegou às oitavas-de-final, na qual foi superado pelo Grêmio.[5] Destaca-se também o fato do clube ter disputado a partida inaugural do Estádio Pelezão, maior de Brasília até aquele momento. No Campeonato Mineiro de 1965, mais uma campanha de destaque do Esquadrão, que terminou na terceira colocação e foi proclamado o primeiro campeão mineiro do interior.

Endividado pelos gastos para a campanha de título em 1964, o Siderúrgica perdeu o apoio financeiro da Belgo-Mineira em 1967. A equipe pediu licenciamento à Federação Mineira de Futebol e foi rebaixada do Campeonato Mineiro após o término da edição de 1966. Posteriormente extinguiu seu departamento de futebol profissional.[1]

Retorno

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Depois de 26 anos desativado, voltou a disputar, em 1993 e 1997, o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão, mas sem o mesmo sucesso do passado.[3]

Em 2007, voltou a disputar o futebol profissional, integrando o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão. Após uma capanha ruim, terminou em último em seu grupo, e foi eliminado logo na primeira fase.

Em 2011, o clube novamente se inscreveu para a disputa da Segunda Divisão, porém não obteve sucesso e foi eliminado ainda na primeira fase.

Em 2012, o Siderúrgica inscreveu-se novamente para a disputa deste campeonato, mas novamente acabou sendo eliminado na primeira fase e ficando na lanterna do grupo sem nenhuma vitória.

A falta de verbas do Siderúrgica impediram o retorno de uma equipe profissional para a Segunda Divisão em 2014, mantendo apenas seis equipes de base, nas categorias pré-mirim, mirim, infantil e juvenil. Como não poderiam usar o Estádio da Praia do Ó, treinavam em uma escola estadual de Sabará.[5] Retomou novamente as atividades em 2015, e para a disputa da Segunda Divisão, utilizou o Estádio Israel Pinheiro, em Itabira, para mando de suas partidas, o que ocorreu novamente em 2016.

Atual jejum histórico de vitórias

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A última partida que o Siderúrgica jogou ainda patrocinado pela Belgo Mineira foi a vitória fora de casa, pelo Campeonato Mineiro, contra o Renascença em Belo Horizonte, no dia 8 de dezembro de 1966.

A Tartaruga voltou a campo, em jogos oficiais, apenas em 1993 para a disputa da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, correspondente ao atual Módulo II. Com uma campanha ruim, jogou sete vezes, com dois empates e cinco derrotas, terminando a competição em último lugar.

Após quatro anos, a equipe sabarense voltou a disputar um campeonato profissional, a Segunda Divisão de 1997 (terceira divisão do futebol mineiro), onde novamente fez uma campanha pífia, com apenas duas vitórias em oito jogos. A primeira dessas duas vitórias aconteceu no dia 20 de setembro 1997, por 2 a 1 sobre o Fabril, quase 31 anos depois da sua última vitória. A segunda vitória aconteceu no dia 31 de agosto, por 4 a 2 contra o Esportivo de Passos, sendo essa a última vitória a nível profissional do Siderúrgica em sua história. No último jogo de 1997, um empate por 1 a 1 com a Aciara em Ipatinga, não foi suficiente para avançar à fase seguinte e a equipe novamente terminou o campeonato em último lugar na classificação geral.

O próximo campeonato profissional que o Siderúrgica disputou, após uma década de inatividade, foi a Segunda Divisão de 2007, retornando para as edições de 2011, 2012, 2015 e 2016. Neste período a equipe disputou 36 jogos com 10 empates, 26 derrotas e nenhuma vitória, levando a um jejum de 19 anos sem vencer, que é ainda maior ao contar-se partidas amistosas.

Atualmente, não disputa nenhuma divisão do Futebol Profissional do Campeonato Mineiro, focando-se em seu departamento de futebol feminino de base.[7][8]

Formações históricas

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  • Time-base Campeão Mineiro de 1937:

Tonho, Rômulo Januzzi, Ferreira, Chico Preto, Mascote, Paulo Florêncio, Moraes, Geraldo Rebelo, Chiquinho, Arlindo e Princesa. Treinadores: Tonheca e Capitão.

  • Time-base Campeão Mineiro de 1964:

Djair, Geraldinho, Chiquito, Ze Luiz e Dawson Laviolla; Edson e Paulista; Ernani, Silvestre, Noventa (Aldeir) e Tião Cavadinha. Treinador: Yustrich.

Estatísticas

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Participações

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Participações em 2024
Competição Temporadas Melhor campanha Anos P   R  
  Campeonato Mineiro 34 Campeão (1937 e 1964) 1933-1966 1
Módulo II 2 Campeão (1932) 1932, 1993 1
Segunda Divisão 6 5º colocado (1997) 1997, 2007, 2011-2012, 2015-2016
  Campeonato Brasileiro 1 7º colocado (1965) 1965

Desempenho em competições oficiais

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  Campeonato Brasileiro
Ano 1965
Pos.
  Campeonato Mineiro Módulo I
Ano 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939
Pos. - - -
Ano 1940 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949
Pos.
Ano 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959
Pos.
Ano 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969
Pos. 11º* - - -

*1966 : A equipe terminou na penúltima posição, a qual livraria o clube do rebaixamento. Contudo, por pedir licenciamento para a Federação, foi excluído do Módulo I. Até o presente momento, o Siderúrgica não voltou a disputar a elite do Futebol Mineiro.

Títulos

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ESTADUAIS
Competição Títulos Temporadas
  Campeonato Mineiro 2
1937 e 1964
  Campeonato Mineiro - Módulo II 1
1932
  Torneio Início de Minas Gerais 4
1942, 1951, 1956 e 1965
  Campeonato Mineiro do Interior 1
1965

Outras conquistas

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INTERESTADUAIS
Competição Títulos Temporadas
  Taça Brasil - Zona Sudeste Central 1
1965
ESTADUAIS
Competição Títulos Temporadas
  Campeonato Mineiro de Aspirantes 1
1938
  Torneio da Zona Metalúrgica de Minas Gerais 1
1959
  Copa Belo Horizonte - Juiz de Fora 1
1961 
  Taça Louis Ensch 1
1954 
MUNICIPAIS
Competição Títulos Temporadas
  Campeonato Amador de Sabará 2
1969 e 1986
Notas

  Campeão invicto

Futebol feminino

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  • Copa Litoral Paulista de Futebol Feminino: 2021

Referências

  1. a b c d e f Sérgio Mello (17 de setembro de 2020). «Esporte Clube Siderúrgica – Sabará (MG): Fundado em 1930». História do Futebol. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  2. IstoÉ Gente - O Rei dos Animais
  3. a b c Um Título a Ferro e Fogo[ligação inativa]
  4. [1]
  5. a b c d Um Dia no Topo[ligação inativa]
  6. Brasileiro, Arquivos Do Futebol (26 de dezembro de 2011). «ARQUIVOS DO FUTEBOL BRASILEIRO: TAÇA LOUIS ENSCH - 1954». ARQUIVOS DO FUTEBOL BRASILEIRO. Consultado em 30 de março de 2023 
  7. «Clube Siderúrgica lança time de futebol feminino». Folha de Sabará. 26 de fevereiro de 2021. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  8. «Copa Centenário 2022 começa com primeira rodada do Feminino Sub-20». Prefeitura de Belo Horizonte. 4 de março de 2022. Consultado em 4 de janeiro de 2024