Domingos Sequeira

pintor português

Domingos António de Sequeira (Lisboa, 10 de Março de 1768Roma, 8 de Março de 1837) foi um pintor português.[1]

Domingos Sequeira
Domingos Sequeira
Auto-retrato por Domingos Sequeira
Nome completo Domingos António de Sequeira
Nascimento 10 de março de 1768
Santa Maria de Belém, Lisboa, Portugal
Morte 8 de março de 1837 (68 anos)
Roma, Itália
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Área Pintor
Movimento(s) Neoclassicismo
Assinatura
Assinatura de Domingos Sequeira

Biografia

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De origem modesta, era filho de um barqueiro farense, António do Espírito Santo, e da mulher Rosa Maria de Lima. Foi do seu padrinho, Domingos de Sequeira Chaves, que recebeu o nome próprio, e de quem, mais tarde, aos 17 anos, adoptou o apelido.[1]

Desde muito criança manifestou uma viva inteligência e uma grande vocação artística. O pai vendo aquele talento que alvorecia tão auspicioso, desejou dar-lhe uma posição mais elevada e estudos superiores, destinando-o para médico, mas afinal, por conselho dos que admiravam a vocação tão decidida que a criança manifestava para o desenho, condescendeu em a aproveitar. Nasceu em Belém (Que, na época, pertencia à paróquia da Ajuda), Lisboa, na Rua da Ponte ao Pátio das Vacas, tinha duas irmãs, Maria Rosa e Maria Joaquina, e um irmão, Manuel Vicente, falecido em 1813 na Batalha de Vitória.

Foi educado na Casa Pia de Lisboa, após o qual frequentou o curso de Desenho e Figura na Aula Régia e trabalhou como decorador. Com uma pensão de D. Maria I, em 1788, com 20 anos, partiu para Itália e estudou na Academia Portuguesa em Roma, onde recebeu aulas de pintura e desenho de Antonio Cavallucci.

Admitido, depois, como professor na Accademia di San Luca, aí pintou a Degolação de São João Baptista, a Alegoria da Fundação da Casa Pia de Belém e a O Milagre de Ourique, ganhando vários prémios concedidos pelas academias italianas.

Regressou a Lisboa em 1795 e de 1798 a 1801 viveu no Convento da Cartuxa de Laveiras, em Caxias (Oeiras).

Nomeado pintor da corte em 1802 e co-director da empreitada de pintura do Palácio da Ajuda, aí pintou abundantemente. Em 1803 foi professor de Desenho e Pintura das princesas, e em 1806, dirige a aula da Academia de Marinha, Porto. Neste período pintou alegorias patrióticas e retratos, fazendo o desenho das peças para oferecer a Beresford.

Viveu intensamente as convulsões políticas da época — foi, sucessivamente, partidário do exército de invasão francês (Junot Protegendo a Cidade de Lisboa, 1808), da aliança inglesa (Apoteose de Wellington, 1811), da revolução liberal (retratos de 33 deputados, 1821) e da Carta Constitucional (D. Pedro IV e Maria II, 1825), exilando-se em França com a contra-revolução absolutista da Vila-Francada, onde expôs, no Salão do Louvre, A Morte de Camões (quadro desaparecido no Brasil), obra que lhe mereceu medalha de ouro e colocação entre os pintores românticos mais representativos, ao lado de Eugène Delacroix.

Últimos anos e morte

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Acabou por se fixar em Roma em 1826, onde se dedicou à pintura religiosa, em visões de luminosidade já romântica (Vida de Cristo, 1828; Juízo Final, 1830). Morreu naquela cidade, sem rever Portugal, encontrando-se o seu túmulo na Igreja de Santo António dos Portugueses. Foi igualmente autor da baixela neoclássica de cem peças oferecida a Wellington em 1811-1816 que se encontra presentemente na Apsley House.

Em termos estéticos é considerado o pintor de transição do Neoclassicismo para o Romantismo.

Casamento e descendência

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Casou a 16 de outubro de 1809 na Basílica dos Mártires com Mariana Benedita Vitória Verde (São Julião, Lisboa, 17 de janeiro de 1778 - Santos-o-Velho, Lisboa, 15 de fevereiro de 1814), filha de um comerciante de ascendência italiana, Manuel Baptista Verde (Lisboa, São Paulo, 17 de Setembro de 1735 - Lisboa, Mártires, 12 de Fevereiro de 1806), e de sua mulher Joaquina Vitória de Meireles (bap. Lisboa, Mártires, 1 de Janeiro de 1744 - 1782), sendo irmã de João Baptista Verde, que travou amizade com o pintor Domingos Sequeira, o qual ajudou aquando da sua prisão em 1809. Saído da prisão, Sequeira casou-se com a irmã de João Baptista.[1] Sequeira executou um conhecido quadro (actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga), onde figuram João Baptista e Mariana Benedita; ele fardado de Voluntário Real do Comércio, onde assentou praça no regimento de infantaria a 30 de Janeiro de 1809.[1] Mariana era também tia-avó do poeta e escritor Cesário Verde.

Deste matrimónio nasceram os seguintes filhos:

  • Mariana Benedita Vitória Verde / de Sequeira (Anjos, Lisboa, 7 de Fevereiro/Dezembro de 1812 - Roma, Itália, ?), que serviu de modelo de um dos mais famosos retratos de Sequeira, em 1822 (Museu Nacional de Arte Antiga); casou com João Pedro Miguéis de Carvalho e Brito (21 de Setembro de 1786 - Pombal, Venda da Cruz, 21 de Novembro de 1853), 1.º Barão de Venda da Cruz, filho de João Pedro Miguéis de Carvalho e de sua mulher Bárbara Libéria Madalena, tendo dois filhos: Filipe Miguéis de Carvalho e Brito (Roma, 1849 - Civitavecchia, 13 de Setembro de 1867), 2.º Barão de Venda da Cruz, que morreu jovem, e Ana de Jesus Verde de Carvalho e Brito / Miguéis de Carvalho e Brito (c. 1835 / 1830 - ?), que casou com o conde russo Dimitri Petrovich Buturlin (1828 - 1879), filho do conde Piotr Dmitrievich Buturlin (1794 - 1853) e de sua mulher Aurora Poniatowska (c. 1800 - 1872), neto paterno do conde Dmitri Petrovich Buturline e de sua mulher a condessa Anna Artemievna Vorontzova e neto materno natural de Józef Poniatowski e de Julia Grocholska, com descendência;
  • Domingos António de Sequeira Júnior (Santos-o-Velho, Lisboa, 15 de fevereiro de 1814 - Santos-o-Velho, Lisboa, 27 de março de 1816), em cujo parto faleceu a sua mãe.

Galeria

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Referências

  1. a b Infopédia. «Domingos António Sequeira - Infopédia». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 6 de janeiro de 2023 

Ligações externas

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