Caxiapa
Caxiapa[1] (em védico: कश्यप; romaniz.: Kaśiapa), no hinduísmo, é um rixi (sábio) e um dos sete saptarixis.
Os outros saptarixis eram:
- Atri,
- Vasishtha,
- Vixua Mitra,
- Gótama Rishi,
- Yamadagni,
- Bharaduaya[2]
Segundo a mitología indiana, foi o pai dos devas, asuras, nagas e de toda a humanidade. Está casado com Aditi, com quem foi pai de Agni, os Aditias, e o mais importante: do próprio deus Vixenu, que nasceu com o nome de Vamana (o avatar anão), como filho de Aditi, no sétimo manu antara.[3] Com sua segunda esposa, Diti, teve aos daitias (demónios). Diti e Aditi eram filhas do rei Daquexa e irmãs de Daquexaiani (esposa do poderoso asceta Xiva). Caxiapa recebeu o mundo de mãos de Paraxurama, quem tinha-o conquistado ao matar ao rei Kartaviria Aryuna e desde esse momento à Terra chama-lha Caxiapi.
Há um Caxiapa autor do tratado Caxiapa Samita (ou Braddha Yivakiia Tantra), que é considerado um livro de referência clássico sobre o Airveda, especialmente em cuidado do menino (pediatria), ginecologia e obstetrícia.[4][5][6]
Geralmente supõe-se que teve vários Caxiapas e que o nome indica o status e não a um indivíduo.
Nascimento e linhagem de Caxiapa
editarCaxiapa era filho de Marichi, que era um dos dez manasa-putras (filhos mentais) do deus criador Brama.
Seu sogro foi o prajapati Daquexa, que tinha tido treze filhas:
Filhos de Caxiapa
editarEles começaram a dinastia solar (Suria vansha), que mais tarde conhecer-se-ia como a dinastia Ikshuaku, depois de sua bisneto, o rei Ikshwaku, cujos reis seguintes foram Kukshi, Vikukshi, Bana, Anarania, Prithu, Trishanku e Raghu, após o qual a dinastia se chamou raghu vansha (dinastia de Raghu), onde terminaria aparecendo o rei Ramo, filho do rei Dasharatha.[8]
- Filhos com sua esposa Diti:
- Jiraniakashipu (demónio que foi morto pelo deus leão Narasimja; teve quatro filhos: Anujlada, Jlada, Prajlada e Sanjlada, que estenderam aos daitias).
- Jirania Akshá (demónio matado pelo deus jabali Varaja).
- Sinka (filha que mais tarde se casou com Viprachitti).
- Filhos com sua esposa Vinata[9]
- Garuda (o ave portadora de Vishnu) e
- Aruna (o mágico cochero do deus do Sol).
- Filhos com sua esposa Kadru
- nagas (serpentes humanas).
- Filhos com sua esposa Danu.
- danavas (demónios).
- Filhos com sua esposa Muni
- apsaras (segundo o Bagavata Purana.
Na linha familiar de Caxiapa, há outros dois criadores de mantras (aparte dele):
- Avatsara e seus dois filhos (netos de Caxiapa).
- Nidhruva e
- Rebha
- Asita.
- Shandila, quem não foi escritor de mantras mas começou a famosa dinastia (gotra) Shandilia.
Vale de Caxiapa
editarAcha-se que o vale e a região de Caxemira (nos Himalaias) receberam seu nome de Caxiapa.
A lenda diz que o actual vale de Caxemira era um imenso lago de altura que se chamava Caxiapa-olha (mar de Caxiapa). Caxiapa mandou-o drenar, e ali ficou um formoso vale. Com o tempo seu nome converteu-se em Kash-mir.
Em outros manu-antaras
editarCaxiapa converteu-se num dos saptarixis no actual período manuantara (que dura milhões de anos dantes de voltar a se repetir).
No período manu-antara (‘dentro de [do período de] um Manu’) chamado Swarochisha, Caxiapa foi um dos sete sábios principais.
Notas
- ↑ Pereira 1991, p. 271.
- ↑ Habitantes de los mundos», de Mahanirvana Tantra, traduzido por Arthur Avalon (sir John Woodroffe escriveu a introdução e o prefácio em 1913): «Os rishi são videntes que sabem, e por seu conhecimento são os criadores de shastra e vêm todos os mantras.
- ↑ «Lista dos variados Manus y Manwantaras», de Visnu-purana, traduzido por Horace Hayman Wilson (em 1840), livro 3, capítulo 1, 265: «Vishnu, a pedido dos deuses, nasceu como um enano, Vamana, o filho de Aditi e Caxiapa; ele le pediu limosna ao rey Bali, quem le prometeu que le daria qualquer coisa que pedira, apesar de que Śukra, o guru dos daitias, lhe avisou com quêm estava tratando.
- ↑ Kashyap Samhita Arquivado em 12 de junho de 2008, no Wayback Machine., traduzido por o profesor P.
- ↑ Q7 Arquivado em 14 de março de 2008, no Wayback Machine. IndianMedicine.nic.in] (pergunta 7).
- ↑ Os principais textos clássicos acerca dos princípios da medicina hinduista são:
- ↑ a b Visnú-purana, livro 1, capítulo 15.
- ↑ ValmikiRamayan.net (a linhagem de Caxiapa, no Ramaiana do escritor Valmiki, aiodhia kanda [capítulo sobre Ayodhia], sarga 110).
- ↑ Nascimiento de Garuda Majabharata traduzido por Kisari Mohan Ganguli (entre 1883 e 1896), livro 1: Adi Parva, Astika Parva, secção 31, pág. 110.
Bibliografia
editar- Dalal, Roshen (2010). Hinduism: An Alphabetical Guide. Londres: Penguin. ISBN 978-0-14-341421-6
- Pereira, A. B. de Bragança (1991). Etnografia da Índia Portuguesa. Vol. I - As Civilizações da Índia. Introdução. Nova Déli, Madras: Serviços Educacionais Asiáticos