Abacate

Fruto comestível do abacateiro

O abacate é o fruto comestível do abacateiro (nome científico: Persea americana), uma árvore da família da Lauraceae nativa do México e da América do Sul, hoje extensamente cultivada em regiões tropicais e subtropicais, inclusive nas Ilhas Canárias, na Ilha da Madeira[1] e na Sicília.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAbacate
Abacate
Abacate
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Laurales
Família: Lauraceae
Género: Persea
Espécie: P. americana
Nome binomial
Persea americana

Etimologia

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"Abacate" originou-se do náuatle, língua falada por grupos indígenas que habitavam o México e El Salvador. O vocábulo āhuacatl, naquele idioma, significa "testículo" e foi utilizado para nomear o fruto.[2][3]

Composição

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Tem mais de 30% de gorduras (extraída comercialmente da semente, como do mesocarpo do fruto e de aplicação cosmética[4]), é rico em açúcares e vitaminas e possui um dos mais elevados teores de proteínas e vitamina A entre as frutas. Possui, ainda, quantidades úteis de ferro, magnésio e vitaminas C, E e B6,[5] além da vitamina A.[6] É consumido isoladamente ou em saladas[7] temperadas com molhos, como no guacamole, prato da culinária mexicana, ou como sobremesa, batido com leite e açúcar ou com açúcar e limão, em Moçambique e no Brasil.

Colheita

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De janeiro a dezembro, com ênfase em abril e maio. É realizada normalmente utilizando escadas e tesouras apropriadas, ou "apanhadores de saco" que são utilizados para colher os frutos nas partes mais altas da árvore. Os frutos não devem ser colhidos sem pedúnculo, os quais devem ser aparados, deixando-se 6 mm a 10 mm de seu comprimento para facilitar o acondicionamento na embalagem.[8]

História

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Abacateiro com frutos

O abacate era amplamente cultivado antes da conquista espanhola, mas só mereceu a atenção dos horticultores no século XIX. O nome náuatle do fruto é ahuacatl (o qual significa "testículo", em referência a sua forma), que originou, em espanhol, a palavra aguacate.[9] O abacate é um fruto arredondado ou piriforme, de peso médio de 500 g a 1500 g. Sua casca varia, em colorido, do verde ao vermelho-escuro, passando pelo pardo, violáceo ou negro. As suas duas principais variedades são a Strong (cor verde) e a Hass (cor roxa). A árvore, o abacateiro, atinge até 30 m e cresce melhor em climas quentes.

Recentemente começou a ser comercializado na Europa uma nova variedade de abacate, desenvolvido pela empresa norte-americana Apeel, e que irá ter uma vida média 2 vezes superior ao das variedades existentes.[10]

Uso medicinal

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Além do seu valor nutritivo a Persea americana é amplamente utilizada na Medicina Ayurvédica para o tratamento de várias doenças, tais como hipertensão, dor de estômago, bronquite, diarreia, e diabetes.[carece de fontes?] Pesquisas tem evidenciado que seu extrato aquoso tem atividade analgésica e anti-inflamatória comparável ao ácido acetilsalicílico.[11]

Colesterol

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Abacate cru
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia 670 kJ (160 kcal)
Carboidratos
Carboidratos totais 8.53 g
 • Açúcares 0.66 g
 • Fibra dietética 6.7 g
Gorduras
Gorduras totais 14.66 g
 • saturada 2.13 g
 • monoinsaturada 9.80 g
 • poli-insaturada 1.82 g
Proteínas
Proteínas totais 2 g
Água 73.23 g
Vitaminas
Vitamina A equiv. 7 µg (1%)
- Betacaroteno 62 µg (1%)
- Luteína e Zeaxantina 271 µg
Tiamina (vit. B1) 0.067 mg (6%)
Riboflavina (vit. B2) 0.13 mg (11%)
Niacina (vit. B3) 1.738 mg (12%)
Ácido pantotênico (B5) 1.389 mg (28%)
Vitamina B6 0.257 mg (20%)
Ácido fólico (vit. B9) 81 µg (20%)
Vitamina C 10 mg (12%)
Vitamina E 2.07 mg (14%)
Vitamina K 21 µg (20%)
Minerais
Cálcio 12 mg (1%)
Ferro 0.55 mg (4%)
Magnésio 29 mg (8%)
Manganês 0.142 mg (7%)
Fósforo 52 mg (7%)
Potássio 485 mg (10%)
Sódio 7 mg (0%)
Zinco 0.64 mg (7%)
Fluoride 7 µg
Beta-sitosterol 76 mg
Link to USDA Database entry
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.
Fonte: USDA Nutrient Database

Na década de 1960 alguns estudos realizados por Grant demonstraram que o consumo do abacate ocasionou uma diminuição do colesterol de 8,7 a 42,8%. Mais tarde, no ano de 1992, uma pesquisa no Hospital Geral de Morélia observou uma diminuição significativa tanto no nível de colesterol quanto no nível plasmático de triglicérides. A diminuição do triglicérides foi inesperada visto que o abacate caracteriza-se como uma das frutas mais ricas em triglicérides. (Pamplona, p. 75)[12]

Anemia

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Normalmente o ferro que se encontra nos vegetais é assimilado com maior dificuldade pelo organismo, no entanto, o ferro do abacate é relativamente melhor assimilado do que outros alimentos de origem vegetal, mesmo este não sendo do tipo "hem" (Ibid., 75).[12]

Diabetes Mellitus tipo 2

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O abacate é um ótimo aliado na dieta de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2, pois é um alimento com alta carga energética atribuída a uma maior composição lipídica em comparação com outras frutas que apresentam menos lipídios e mais açúcares, apresentando ótimos níveis de ácidos graxos e ômega 9, compostos bioativos (esteróis, tocoferóis e carotenoides), antioxidantes e vitaminas lipossolúveis (A, B, D e E).[13][14] Além disso, uma revisão sistemática dos benefícios do abacate em doenças metabólicas publicada em 2017 na revista Phytotherapy Research revelou que seu consumo tem importante impacto no controle da DM tipo 2. O estudo revelou que o monossacarídeo D-manno-heptulose presente no abacate exerceu efeito hipoglicemiante em mulheres com DM tipo 2, além de ter reduzido os níveis de insulina no sangue e ter controlado o apetite. Também revelou que o consumo do extrato obtido pela fervura da semente do abacate exerceu esses mesmos efeitos em ratos diabéticos, além de ter atenuado os danos causados pela DM tipo 2 nos hepatócitos. In vitro, o extrato das folhas e das cascas do abacate também demonstraram efeitos importantes na inibição da α-amilase e da α-glicosidase, enzimas que degradam carboidratos e que atuam no surgimento e agravamento da doença.[15]

Anacronismo evolutivo

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Originária na Era Cenozoica, foi bem sucedida no processo de seleção natural daquele período, já que a preferência da megafauna por seu consumo, já que frutos pequenos deveriam ser ingeridos em grande quantidade para suprir as necessidades alimentares de animais de enorme porte, ao passo que quantias relativamente pequenas de abacates saciariam os referidos animais.[3][16][17]

Após seu consumo, as sementes eram dispersas em meio às fezes dos animais que ingeriam, um meio eficiente de distribuição da planta. Tais fatores favoreceram o sucesso evolutivo do abacate em tempos remotos. Com a extinção de tal fauna, por volta de 10 000 a.C., o mecanismo também deixou de existir. O mesmo processo ocorreu com outros frutos tropicais, como a manga, o mamão, o durião e a cássia-imperial; além de raízes, como a mandioca. Entretanto, graças ao apreço humano pelos vegetais citados, sua existência pôde perdurar até a atualidade. Povos da América Central cultivavam a planta, o que propiciou a sobrevivência do vegetal.[3][16][17]

O fenômeno em questão é chamado de anacronismo, já que tais espécies estariam "fora de sua devida época".

Produção mundial

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País Produção em 2018
(toneladas anuais)
  México 2.184.663
  República Dominicana 644.306
  Peru 504.517
  Indonésia 410.094
  Colômbia 326.666
  Brasil 235.788
  Quênia 233.933
  Estados Unidos 168.528
  Venezuela 139.685
  Israel 131.720
Fonte: Food and Agriculture Organization[18]

Produção no Brasil

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Em 2018, o Brasil produziu 235 mil toneladas de abacate, sendo o 6º maior produtor do mundo.[19] Os estados que mais produzem são, principalmente, São Paulo (121 mil toneladas), Minas Gerais (50 mil toneladas) e Paraná (20 mil toneladas). Desta produção, quase 98% são consumidos no país e apenas 2% é exportado.[20]

Em 2019, foram comercializadas 51.109,81 toneladas de abacate na CEAGESP, sendo 33,46% de abacate fortuna, 22,94% de abacate quintal, 13,82% de abacate breda, 12,63% de abacate geada e 11,43% de abacate margarida.[21] No entreposto da capital de São Paulo, o abacate é o 22º produto mais comercializado, tendo como principais cidades produtoras: Carmo da Cachoeira/MG (23,81%) e Três Corações/MG (9,81%).[22]

Referências

  1. «Abacateiro». ednatureza.com.br. Consultado em 24 de setembro de 2011 
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.2
  3. a b c Kelly, Guy (1 de abril de 2018). «Cómo el aguacate pasó de ser "un anacronismo evolutivo" a conquistar el mundo». BBC Mundo (em inglês) 
  4. «O Abacate na Cosmética». uraonline.com.br. 26 de abril de 2005 
  5. «Os Benefícios do Abacate Para a Saúde». Lifestyle Saudável. 23 de outubro de 2014. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2014 
  6. Aline da Silva. «Tabela de alimentos e informações nutricionais». Unesp. Arquivado do original em 22 de Outubro de 2011 
  7. «Aprenda a fazer salada com abacate». Portal G1. 26 de abril de 2011 
  8. «Abacate». Portal São francisco. Consultado em 24 de setembro de 2011 
  9. Jornal Estado (16 de fevereiro de 2011). «Abacate vira avocado e é exportado». Jornal O Estado de São Paulo 
  10. «Há um novo tipo de abacate na Europa». Marketeer. 9 Dez 2019. Consultado em 10 Dez 2019 
  11. Yasir, Mohammad; Das, Sattwik; Kharya M. D. The phytochemical and pharmacological profile of Persea americana Mill. Pharmacogn Rev. 2010 Jan-Jun; 4(7): 77–84. Disponível em HTML Acesso Abril 2014
  12. a b Roger, Jorge Pamplona (2015). O Poder Medicinal dos Alimentos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 272 páginas. ISBN 85-345-0979-4 
  13. Duarte, Patrícia Fonseca; Chaves, Marcia Alves; Borges, Caroline Dellinghausen; Mendonça, Carla Rosane Barboza (abril de 2016). «Avocado: characteristics, health benefits and uses». Ciência Rural (em inglês): 747–754. ISSN 0103-8478. doi:10.1590/0103-8478cr20141516. Consultado em 22 de julho de 2022 
  14. Nogueira-de-Almeida, Carlos Alberto; Ued, Fábio da Veiga; Almeida, Carla Cristina João Nogueira de; Almeida, Ane Cristina Fayão; Del Ciampo, Luiz Antonio; Ferraz, Ivan Savioli; Silva, Luiz Fernando de Oliveira da; Zambom, Carolina Ruiz; Oliveira, Adelson Francisco de (18 de outubro de 2018). «Perfil nutricional e benefícios do azeite de abacate (Persea americana): uma revisão integrativa». Brazilian Journal of Food Technology. ISSN 1981-6723. doi:10.1590/1981-6723.21417. Consultado em 22 de julho de 2022 
  15. Tabeshpour, Jamshid; Razavi, Bibi Marjan; Hosseinzadeh, Hossein (junho de 2017). «Effects of Avocado (Persea americana) on Metabolic Syndrome: A Comprehensive Systematic Review: Avocado and Metabolic Syndrome». Phytotherapy Research (em inglês) (6): 819–837. doi:10.1002/ptr.5805. Consultado em 22 de julho de 2022 
  16. a b poligonautas (8 de maio de 2018), O Abacate NÃO Deveria Existir: Entenda o Porquê | AstroPocket, consultado em 14 de maio de 2018 
  17. a b It's Okay To Be Smart (25 de novembro de 2013), Ghosts of Evolution, consultado em 14 de maio de 2018 
  18. fao.org (FAOSTAT). «Avocado production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020 
  19. «Agricultura do Brasil em 2018, pela FAO». FAO. Consultado em 2 de março de 2021 
  20. O Abacate no Estado de São Paulo: 2009 a 2018
  21. CEAGESP. «Guia da Ceagesp - Abacate breda». Consultado em 27 de abril de 2022 
  22. CEAGESP. «Guia da Ceagesp - Abacate margarida». Consultado em 27 de abril de 2022 

Ligações externas

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