segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Estudo revela por que gostamos de pessoas que são ruins para nós





Você acredita que “homem bonzinho só se dá mal”? Você acha que mulheres precisam pisar nos caras para eles gostarem?

Embora tudo isso pareça contraditório, um novo estudo
espanhol publicado na revista Evolution and Human Behavior descobriu que há um pouco de verdade por trás da afirmação de que gostamos de pessoas que não são boas para nós.

De acordo com a pesquisa, quanto mais neurótica e impulsiva uma pessoa é, mais propensa também é de ter mais parceiros sexuais.

Impulsividade
O estudo analisou diversos traços de personalidade de 959 homens e mulheres heterossexuais com idades entre 16 e 67 anos, incluindo distúrbios comportamentais, mentais e físicos extremos, variando em gravidade de inexistentes a medicamente diagnosticáveis.

Os indivíduos responderam perguntas relativas ao seu histórico de relacionamento, o número de filhos que tiveram, seu tipo de trabalho e renda, nível de escolaridade e outros fatores socioeconômicos.

De particular interesse para os pesquisadores eram os traços de neuroticismo, transtorno obsessivo-compulsivo e impulsividade.

Os resultados revelaram que mulheres e homens patologicamente imprudentes – aqueles que agem sem pensar muito ou sem ter cuidado – atraíram muito mais parceiros de curto prazo do que os participantes com personalidades “médias”, que não mostravam traços patológicos pronunciados.

Pessoas impulsivas tiveram o maior número de parceiros de curto prazo, em média. “Enquanto [tomadores de risco] são egoístas, quebradores de regras, imprudentes e rebeldes, eles também são corajosos, temerários, independentes e autossuficientes, e vivem vidas frenéticas.

 Isso cativa muitas pessoas”, disse Fernando Gutiérrez, do Hospital Clínico de Barcelona, que liderou a pesquisa.

Obsessivos e neuróticas

Uma diferença entre os sexos foi observada no quesito transtorno obsessivo-compulsivo: apenas homens com essa característica foram mais bem sucedidos em garantir parceiras de longo prazo.

Isso estava fortemente associado ao elevado rendimento que os homens obsessivo-compulsivos tendiam a ter – eles ganhavam duas vezes mais que seus colegas, de acordo com os autores do estudo.

“Do ponto de vista darwiniano, dinheiro significa sobrevivência, segurança e recursos para as crianças. Eles [os homens obsessivos-compulsivos] também são sérios, confiáveis e cautelosos”, afirmou Gutiérrez à revista Scientific American.

Para a mulher, valia mais a pena ser neurótica. O estudo concluiu que as mais neuróticas tinham 34% mais companheiros de longo prazo e 73% mais filhos do que a média.

Calma lá

Antes de sairmos por aí confirmando estereótipos e sensos comuns, no entanto, é importante lembrar que o estudo tem suas limitações: envolveu um número relativamente pequeno de participantes em apenas uma cidade, Barcelona, sem contar que muitas vezes as pessoas mentem sobre seu histórico sexual.

“Isso pode ser especialmente verdadeiro para indivíduos cujas características de personalidade os tornam mais propensos a desonestidade”, comenta Corinna E. Löckenhoff, psicóloga do desenvolvimento humano da Universidade de Cornell, que não estava envolvida no estudo.

Apesar disso, os pesquisadores observam que transtornos de personalidade podem ter evoluído nos seres humanos como uma estratégia social e sexual, em oposição a ter se desenvolvido como uma doença desvantajosa.

 Evolution and Human Behavior 
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