Em prisões baixas fui um tempo atado,
Vergonhoso castigo de meus erros;
inda agora arrojando levo os ferros,
Que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.
Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
que amor não quer cordeiros nem bezerros,
vi mágoas, vi misérias, vi desterros.
parece-me que estava assi ordenado.
Contentei-me com pouco, conhecendo
que era o meu contentamento vergonhoso,
só por ver que cousa era viver ledo.
Mas minha estrela, que eu já agora entendo,
A Morte cega, e o Caso duvidoso,
Me fizeram de gostos haver medo.